Parte 93...IsabelaRimos juntos. Estava muito bom esse encontro nosso. Marco estava se abrindo para mim, revelando coisas de sua vida pessoal. Eu gosto disso, me faz ter mais confiança.Também o ponto que fez com que ele se afastasse de mim, o beijo em Londres, parece que ficou para trás realmente. Só falamos isso por poucos minutos, para entrar em um acordo.O que ele fez com relação ao cara que torturaram, me causou um certo receio, uma preocupação sobre essa questão da violência, mas eu não posso dizer que foi errado. O fundo da história me faz acreditar que foi uma ação correta. Mesmo sendo baseada em violência para curar violência. Se as pessoas não começarem a separar as coisas e entender que certos comportamentos não são aceitáveis dentro da sociedade, nada vai mudar.E é aí que eu me sinto um pouco incomodada também. Até que ponto eu vou poder aceitar o que Marco faz? Quanto eu tenho que descobrir, até ter a coragem de decidir, se devo ou não ficar com ele pra valer?— E qua
Parte 94...IsabelaDois dias depois...— Sério que você vai se mudar para a casa dele? - Mariane me passa um vestido para colocar na mala — Pensei que fosse demorar mais.— Eu não estou me mudando - começo a dobrar uma blusa — Conversei com Marco e vou ficar um mês na casa dele, depois eu dou minha palavra final - dei de ombro — É só para decidir se vai ser bom ou não. Assim a gente se conhece mais, com a rotina no meio, entende?— Eu entendo seu ponto, mas é que desde que o Túlio revelou que eles são mafiosos... Sei lá, acho que fiquei com medo. Essa gente é perigosa, Isabela.— Também não é assim, amiga - Angel entra no quarto — Existem casos e casos. E se ela gosta dele, tem que dar uma chance - ergueu a mão — Sou eu quem diz isso, não o dinheiro que ele me pagou.— Eu acho bom mesmo. E prometo que estou levando isso em consideração também. Acho que se ficar mais perto dele, posso entender esse mundo em que ele vive, saber como as coisas acontecem de verdade e assim evitar julgame
Parte 95...IsabelaJá me enturmei com alguns empregados depois desses poucos dias que estou aqui. São todos gentis e educados. Com os seguranças nem tanto, apenas com o Túlio e um que está sempre andando com ele.Túlio me deixa à vontade, mas notei que ele tem um certo desacordo por eu estar na casa. E apesar de pedir que me diga qual o problema para ele, não chegou a me dizer muito, a não ser que eu deveria ficar mais atenta.Isso é algo que me preocupa. Se estou morando aqui justamente para saber se essa relação vai pra frente ou não, ele deveria ser mais direto comigo, já que está namorando com Mariane e parece gostar muito dela.Na primeira noite em que dormi aqui, cometi um erro que depois percebi que já havia cometido antes. Transamos sem usar nenhuma proteção. Foi um deslize de ambas as partes. Foi empolgação pura. Parei para analisar e lembrei que por duas outras vezes, nós cometemos esse erro.E sendo honesta, minha preocupação maior nem foi de pegar alguma doença, porque pe
Parte 96...IsabelaEu sinto que posso desabar a qualquer momento e isso é tudo o que eu não quero. Sinto até um gosto amargo na boca.Os dois discutem de uma forma acalorada, como se eu não estivesse presente. Respiro fundo duas vezes para me controlar e sinto uma pontada na cabeça, uma dor que me avisa que vou ter uma enxaqueca em breve.Não quero continuar aqui, preciso me afastar. Meus olhos estão cheios de lágrimas e pisco rápido para detê-las. Aqui não. Na frente deles eu não posso chorar. É muito humilhante.Deus foi tão bom comigo que me fez ter um rompante e me mexer para sair dali. Andei depressa com o coração na garganta. Ainda cheguei perto da porta da frente, quando senti meu braço ser agarrado e fui puxada para trás.— Isabela, espere eu tenho que...Olhei para ele com o rosto corado de raiva e vergonha. Em um ímpeto de revolta pelo que ele me fez passar, puxei o braço com força e dei um tapa na cara dele. Com toda força da vergonha que eu estava sentindo e abri a porta
Parte 97...Isabela— Túlio... - me assustei.— Caralho!Me segurei na porta quando ele acelerou o carro e olhei pelo retrovisor. Tinha dois carros atrás da gente. Não era o Marco com certeza.— O que está acontecendo? - meu coração acelerou e fiquei com muito medo.Um outro carro surgiu pela esquina e barrou nossa passagem. Túlio meteu o pé no freio para evitar a batida contra o outro carro. As portas se abriram e eles vieram em nossa direção, atirando.— Túlio! - eu gritei com pavor. Nunca passei por nada parecido.— Fique abaixada... O carro é blindado!Ele pegou uma arma nem sei de onde e abaixou um pouco o vidro e revidou os tiros. O som era ensurdecedor, das balas ricocheteando na lataria do carro.Ele desceu do carro e usou a porta como um escudo, continuando a atirar. Foi um momento horrível, não sabia o que fazer e me encolhi no piso do carro, cobrindo os ouvidos.Túlio gritou e caiu sentado quando um tiro o atingiu por trás. Ergui a cabeça e vi os carros que nos seguiam para
Parte 98IsabelaAté minha coluna está me incomodando agora, devido o tempo em que estou presa a essa corrente, pendura no teto.Não sei que horas são. Tem uma janela pequena em um dos lados, mas está fechada e tem uma cortina escura, feia, parecendo suja. Não consigo ver lá fora e perceber que horas são.Tento me mexer, mas só consigo balançar o corpo para frente e para trás. Não tem como me livrar dessa corrente e meus pulsos doem. Meus braços estão dormentes e meus pés começam a formigar. Não consigo ficar mais tempo nessa posição, é muito dolorosa.Pensei em Túlio. Será que ele morreu, meu Deus? O que está acontecendo? O que essa gente quer comigo? Meu medo volta com tudo quando ouço risadas e passos se aproximando.A porta se abre e o homem entra, acompanhado de mais três. Seus olhos são frios e ao mesmo tempo irônicos. Ele para diante de mim e me olha por inteira.Corre o dedo em meu rosto, desce devagar por meu pescoço e vai até meu seio. Eu engulo em seco. Não é possível que d
Parte 2...IsabelaIsso não importou para eles. Acho até que eles gostaram de ouvir meus gritos. Foi uma enxurrada de tapas, chutes, puxões de cabelo e eu nem sei de onde, tentava me proteger e revidar da forma que eu pudesse. Só não queria apenas ser a vítima passiva.Foi rápido e foi como o inferno. Eu nunca senti tanto pavor na vida, nunca fui tão agredida dessa forma. Aliás, eu nunca fui agredida.Minha pele ardia e isso piorou quando o que acho ser o chefe, rasgou minha pele nas costas, com o canivete. Meu grito foi mais alto até mesmo do que pensei. É um filme de terror.— Segurem essa vadia!Eles me empurraram contra a parede, segurando meus braços e pernas. Foi rápido, foi curto e foi muito dolorido. Nunca senti nada como isso antes. A dor foi intensa quando a lâmina penetrou minha barriga, fiquei sem ar.Olhei para baixo e vi a linha de sangue aumentar, quando ele puxou o canivete. Senti tontura e minhas pernas enfraqueceram. Eles riram.Como pode alguém ser tão cruel com out
Parte 1...IsabelaMarco ficou me olhando enquanto eu corria a mão por cima de minha cirurgia. Era estranho demais, não sei como me sinto realmente. Estou uma bagunça.— Eu sinto muito por isso, querida - sua voz saiu baixa, acho que triste.Sentia mesmo? E não foi porque ele mentiu pra mim que eu acabei aqui? Minha garganta dói. Eu não quero chorar, mas não sei se vou conseguir segurar por muito tempo. Não tem nenhum espelho aqui, não sei como está minha aparência, mas devo estar horrível.Puxei o ar fundo, querendo me ajeitar. Não me sinto forte o suficiente para sair da cama, mas quero me sentar, me mexer, ainda que doa. Coloco a mão livre no colchão e me apoio para erguer o corpo, mordendo o lábio ao sentir um repuxão na barriga. Solto o ar entre os lábios e uso o cotovelo para apoiar melhor.Marco tenta me ajudar e segura em meu ombro, mas isso me fez ter uma reação instantânea de pavor. Não sei o que me deu, só não queria que me tocasse.— Não me toque! - isso saiu mais alto do