Parte 95...IsabelaJá me enturmei com alguns empregados depois desses poucos dias que estou aqui. São todos gentis e educados. Com os seguranças nem tanto, apenas com o Túlio e um que está sempre andando com ele.Túlio me deixa à vontade, mas notei que ele tem um certo desacordo por eu estar na casa. E apesar de pedir que me diga qual o problema para ele, não chegou a me dizer muito, a não ser que eu deveria ficar mais atenta.Isso é algo que me preocupa. Se estou morando aqui justamente para saber se essa relação vai pra frente ou não, ele deveria ser mais direto comigo, já que está namorando com Mariane e parece gostar muito dela.Na primeira noite em que dormi aqui, cometi um erro que depois percebi que já havia cometido antes. Transamos sem usar nenhuma proteção. Foi um deslize de ambas as partes. Foi empolgação pura. Parei para analisar e lembrei que por duas outras vezes, nós cometemos esse erro.E sendo honesta, minha preocupação maior nem foi de pegar alguma doença, porque pe
Parte 96...IsabelaEu sinto que posso desabar a qualquer momento e isso é tudo o que eu não quero. Sinto até um gosto amargo na boca.Os dois discutem de uma forma acalorada, como se eu não estivesse presente. Respiro fundo duas vezes para me controlar e sinto uma pontada na cabeça, uma dor que me avisa que vou ter uma enxaqueca em breve.Não quero continuar aqui, preciso me afastar. Meus olhos estão cheios de lágrimas e pisco rápido para detê-las. Aqui não. Na frente deles eu não posso chorar. É muito humilhante.Deus foi tão bom comigo que me fez ter um rompante e me mexer para sair dali. Andei depressa com o coração na garganta. Ainda cheguei perto da porta da frente, quando senti meu braço ser agarrado e fui puxada para trás.— Isabela, espere eu tenho que...Olhei para ele com o rosto corado de raiva e vergonha. Em um ímpeto de revolta pelo que ele me fez passar, puxei o braço com força e dei um tapa na cara dele. Com toda força da vergonha que eu estava sentindo e abri a porta
Parte 97...Isabela— Túlio... - me assustei.— Caralho!Me segurei na porta quando ele acelerou o carro e olhei pelo retrovisor. Tinha dois carros atrás da gente. Não era o Marco com certeza.— O que está acontecendo? - meu coração acelerou e fiquei com muito medo.Um outro carro surgiu pela esquina e barrou nossa passagem. Túlio meteu o pé no freio para evitar a batida contra o outro carro. As portas se abriram e eles vieram em nossa direção, atirando.— Túlio! - eu gritei com pavor. Nunca passei por nada parecido.— Fique abaixada... O carro é blindado!Ele pegou uma arma nem sei de onde e abaixou um pouco o vidro e revidou os tiros. O som era ensurdecedor, das balas ricocheteando na lataria do carro.Ele desceu do carro e usou a porta como um escudo, continuando a atirar. Foi um momento horrível, não sabia o que fazer e me encolhi no piso do carro, cobrindo os ouvidos.Túlio gritou e caiu sentado quando um tiro o atingiu por trás. Ergui a cabeça e vi os carros que nos seguiam para
Parte 98IsabelaAté minha coluna está me incomodando agora, devido o tempo em que estou presa a essa corrente, pendura no teto.Não sei que horas são. Tem uma janela pequena em um dos lados, mas está fechada e tem uma cortina escura, feia, parecendo suja. Não consigo ver lá fora e perceber que horas são.Tento me mexer, mas só consigo balançar o corpo para frente e para trás. Não tem como me livrar dessa corrente e meus pulsos doem. Meus braços estão dormentes e meus pés começam a formigar. Não consigo ficar mais tempo nessa posição, é muito dolorosa.Pensei em Túlio. Será que ele morreu, meu Deus? O que está acontecendo? O que essa gente quer comigo? Meu medo volta com tudo quando ouço risadas e passos se aproximando.A porta se abre e o homem entra, acompanhado de mais três. Seus olhos são frios e ao mesmo tempo irônicos. Ele para diante de mim e me olha por inteira.Corre o dedo em meu rosto, desce devagar por meu pescoço e vai até meu seio. Eu engulo em seco. Não é possível que d
Parte 2...IsabelaIsso não importou para eles. Acho até que eles gostaram de ouvir meus gritos. Foi uma enxurrada de tapas, chutes, puxões de cabelo e eu nem sei de onde, tentava me proteger e revidar da forma que eu pudesse. Só não queria apenas ser a vítima passiva.Foi rápido e foi como o inferno. Eu nunca senti tanto pavor na vida, nunca fui tão agredida dessa forma. Aliás, eu nunca fui agredida.Minha pele ardia e isso piorou quando o que acho ser o chefe, rasgou minha pele nas costas, com o canivete. Meu grito foi mais alto até mesmo do que pensei. É um filme de terror.— Segurem essa vadia!Eles me empurraram contra a parede, segurando meus braços e pernas. Foi rápido, foi curto e foi muito dolorido. Nunca senti nada como isso antes. A dor foi intensa quando a lâmina penetrou minha barriga, fiquei sem ar.Olhei para baixo e vi a linha de sangue aumentar, quando ele puxou o canivete. Senti tontura e minhas pernas enfraqueceram. Eles riram.Como pode alguém ser tão cruel com out
Parte 1...IsabelaMarco ficou me olhando enquanto eu corria a mão por cima de minha cirurgia. Era estranho demais, não sei como me sinto realmente. Estou uma bagunça.— Eu sinto muito por isso, querida - sua voz saiu baixa, acho que triste.Sentia mesmo? E não foi porque ele mentiu pra mim que eu acabei aqui? Minha garganta dói. Eu não quero chorar, mas não sei se vou conseguir segurar por muito tempo. Não tem nenhum espelho aqui, não sei como está minha aparência, mas devo estar horrível.Puxei o ar fundo, querendo me ajeitar. Não me sinto forte o suficiente para sair da cama, mas quero me sentar, me mexer, ainda que doa. Coloco a mão livre no colchão e me apoio para erguer o corpo, mordendo o lábio ao sentir um repuxão na barriga. Solto o ar entre os lábios e uso o cotovelo para apoiar melhor.Marco tenta me ajudar e segura em meu ombro, mas isso me fez ter uma reação instantânea de pavor. Não sei o que me deu, só não queria que me tocasse.— Não me toque! - isso saiu mais alto do
Parte 101...Isabela— É bom que você tenha me trazido para um hospital público - fui irônica — Porque senão, a conta é toda sua, foi você quem me colocou aqui - disse com a voz travada de raiva — Suas mentiras fizeram isso comigo.Ele levantou. Me sinto uma merda agora, minha cabeça dói, os pontos doem, minhas costas doem... Tudo em mim dói, até minha alma.O semblante dele estava sombrio e parecia que media as palavras. Depois soltou um suspiro profundo antes de responder. Senti um quê de angústia em sua voz.— Não posso perder você agora, Isabela. Não depois de tudo que tivemos... E foi só um começo, ainda posso corrigir isso.— Que parte você não entende? - estou cheia de emoções agora — Não vai haver mais nada entre nós, Marco - fui firme — Eu não vou ficar com um homem que mente pra mim, que tenta me manipular para benefício próprio.— Pode ter sido assim no início - senti um tom de medo — Mas as coisas mudaram pra mim... Você me fez mudar de ideia.Balancei a cabeça. Eu não pos
Parte 102...Marco— Julius, vá até a casa de Marcello e pegue o filho dele mais velho... Sim, Roberto... Leve-o para o nosso ponto de conversa - a cara de Marcello mostrava seu temor — Não deixem que ele saia de lá... Isso mesmo... Agora! - desliguei.— Eu vou devolver tudo o que ele retirou... Você sabe que pode confiar em mim.— Não sei tanto... Você estava escondendo a verdade, mesmo sabendo que eu estava perdendo dinheiro - bati o celular na mão — E escondeu isso até o último instante, porque sabia que eu iria descobrir.— Porque eu sou o pai dele - falou alto.— Isso não importa - me aproximei — Você sabe que isso tem que ser resolvido do mesmo modo como resolvemos com os de fora... Roberto será um exemplo para o resto.Saí deixando os dois no quarto. Os homens vão fazer o que mandei e Roberto vai ser punido da forma como sempre fazemos. Mesmo que isso machuque Marcello, ele sabe que não posso abrir mão para ninguém.** ** *** Isabela *Mariane soltou um gemido triste ao entrar