Não havia nada mais desagradável do que... bem, àquele ponto, não havia nada mais desagradável do que acordar.
Me chame de dramático o quanto quiser, mas se você estivesse de ressaca no meio da semana, como eu, e ainda tinha que aturar sua mãe super protetora batendo na sua porta antes das sete da manhã para de chamar para tomar café, você entenderia.
— Vamos, Tommy! Sam fez ovos com bacon! Você vai precisar de forças para a sua prova de matemática hoje!
Droga... xinguei mentalmente. Eu tinha me esquecido completamente daquela prova. Não fazia diferença de qualquer jeito. Não é como se eu fosse estudar mesmo se tivesse me lembrado.
Não havia nada mais desagradável do que despertar com uma intensa dor de cabeça causada pela ressaca no seu próprio quarto e com uma colega de trabalho ao lado. De repente, o alarme do meu celular começou a tocar.Droga.Eu estava muito atrasado. — Eliza, acorda! — falei, a cutucando. Elizabeth Paul, ou Eliza como eu costumava chamá-la para irritá-la, tinha sido uma pedra no meu sapato desde que nos conhecemos quando entrei para a empresa que ela trabalhava. Vaidosa, convencida e manipuladora, eu a odiava quando estávamos no escritório. Contudo, depois que percebemos que frequentávamos o mesmo bar, a nossa relação debaixo dos lençóis se tornou bem diferente. — Cala a boca, Jason, eu estou tentando sonhar com o dia em que você for demitido da empresa. — resmungou e
Quando voltamos para o apartamento, Ariana e seu namorado, Sam, já nos esperavam para o jantar. — Vocês estavam preparando isso? — indaguei, ao sentir o cheiro da comida no apartamento. — Ariana cozinhando seria com certeza um milagre. — Você realmente me conhece, eu não levo jeito na cozinha. — riu ela. Estava sentada no balcão da cozinha americana, com uma taça de vinho na mão. — Mas a mãe de Sam era uma excelente chefe, dona de um restaurante em Londres. — Ela me ensinou uma coisinha ou outra. E sim, eu faço mais do que peixe com batatas. — completou Sam, saindo de perto do fogão e vindo me cumprimentar.Tommy está certo, o sotaque dele é irritante,pensei. — Oi, eu sou Samuel Williams, mas todos me chamam de Sam. — ele estendeu o braço.
Mais um dia acordando com uma baita dor de cabeça. Naquela segunda-feira, eu estava sozinho na minha cama, ao lado de um buraco entre os lençóis e um bilhete que dizia "Me diverti muito ontem a noite, mas precisei sair cedo". Me sentei na beirada da cama, com a cabeça entre as mãos, me xingando mentalmente ao recordar da conversa com Eliza na noite passada. E como provavelmente eu estaria ferrado no momento em que pusesse os pés no escritório. Eliza não hesitaria ao me denunciar pela falta de produtividade e eu não tinha nenhum projeto pronto para apresentar, ou qualquer argumento para me defender. Me levantei tentando lembrar qual era o nome da mulher que deixara aquele bilhete, enquanto algumas lembranças da noite anterior surgiam na minha cabeça. Eu me vi na minha banheira, coberta de espuma, com uma taça de champanhe na mão, mesmo
Dirigi o mais rápido possível para Nova York, pensando no que poderia estar acontecendo com Tommy.Por mais rebelde e selvagem que ele fosse desde pequeno, Tommy costumava ser muito próximo de mim e de Ariana. Ele nos contava tudo, e adorava ficar conosco. Porém, eu também sabia que ele tinha um pavio curto, podia ser violento se fosse provocado e facilmente se metia em problemas. E nós, como seus pais, sempre estávamos ao seu lado para repreendê-lo e ajudá-lo a corrigir sua conduta e seus erros.Quando ele tinha uns treze anos, a situação foi por água'baixo. Ele se envolveu numa primeira briga com um colega de classe, e nunca soubemos o motivo. Contudo, desde então ele se afastara de nós. Ou estava com os amigos do time de futebol, ou estav
—Shh! Se abaixa! — falei para Tommy, o puxando para trás do balcão da cozinha.Depois de passar o final de semana comigo em New Heaven, eu havia trazido Tommy de volta para Nova York. Ele ainda tinha que arrumar suas malas para a viagem para a nossa cidade natal e ficar lá durante os feriados.— Pai?! — Tommy olhou para mim confuso e irritado.—Shh! Ela está vindo! — sussurrei, colocando o dedo indicador nos lábios. — Como um cão farejador, pronta para nos caçar até a morte!Naquele segundo, Ariana abriu a porta.— O que é isso? — indagou
— Feliz natal, Jason Martell! — gritou April, a irmã de Ariana, ao me ver entrando na casa, seguido pela minha mãe, que foi direto falar com seu neto. Se tinha uma coisa que as irmãs Baker adoravam era as festividades natalinas. Elas faziam questão de se reunir na casa dos pais, e eram responsáveis pela decoração. Haviam luzes e papais noéis para todo lado e uma grande árvore na sala de estar. — É impressão minha ou você parece muito mais velho do que da última vez que eu te vi? Me diga, como era o Egito antigo? Ah, você lutou na guerra civil americana? — Feliz natal, April. É sempre um prazer revê-la. — falei, em tom de deboche, abrindo meus braços para abraçá-la. Porém, fui impedido por alguém que batia na minha perna com um martelo de brinquedo. — Não toque na minha mãe! — bradou. Era Chidi, o filho caçula de cinco anos de Ap
Era quase uma da manhã quando o toque do meu celular me despertou. — Alô, Ariana? — atendi à ligação dela com a voz rouca. — O que aconteceu? Está tudo bem? — É o seu filho! — ela gritou, me fazendo afastar o telefone do ouvido para não ficar surdo. Soltei um longo suspiro desapontado.O que Tommy fez agora?, pensei. Se Ariana se referiu à ele como "seu filho" não podia ser nada bom. — Calma, você quase matou os últimos neurônios do meu cérebro. Por favor, explique sem gritar. — Ele estava numa festa! — vociferou ela, parecendo indignada. — Aparentemente, ele já fez amigos que são más influências e as aulas nem começaram! Fazia um mês desde que decidimos que Tommy
Nosso momento foi interrompido por uma gritaria vindo dos andares inferiores.Ariana e eu nos entreolhamos, assustados e descemos as escadas em disparado. Para o nosso azar, uma cena desagradável nos esperava lá embaixo.Haviam dois rapazes, sendo segurados por uma multidão para que não se atacassem. Um deles tinha o cabelo preto e olhos verdes, e me parecia estranhamente familiar. Suspirei ao perceber que o outro era ninguém mais, ninguém menos que Tommy.Nem um dia na escola e ele já está arrumando briga?— Parem! — gritou uma professora. Os alunos imediatamente soltaram Tommy e o garoto, que continuaram lançando olhares ameaçadores um para o