Eu ouvia consecutivamente no gravador, a conversa que tivera com Sara horas antes.
A respiração mudava quando falava da mãe e o aparente controle em sua vida.
Ela se remexia na cadeira, ao relatar como a invasão materna lhe causava um sentimento enfastiante.
No entanto, não podia deixar passar absolutamente nada e através das informações que havia me fornecido sobre o ex-namorado, cabia a mim correr atrás desse homem, que sem dúvidas alguma, me ajudaria a entender ainda mais essa relação conturbada que Sara tinha com a mãe.
De repente com sua percepção de namorado, a pesquisa que em breve se daria também com os familiares, poderia ajudar a criar veracidade no material que eu produzia.
Uma grande aliada, com certeza foi a internet, pois com ela tudo se simplificava.
Certamente não voaria para outro Estado a procura de um ex-namorado de Sara, embora a ajuda de Camille fosse tão necessária quanto o wi-fi.
Era apenas um quest
Sara - Manhãs Indigestas Minha mãe, durante a vida cozinhou para quatro pessoas. Eu, ela e meus dois irmãos mais velhos: Raul e Anderson. Devido a fome gigantesca que ambos tinham, mamãe preparava porções de comida pela manhã e como eles trabalhavam fora, tudo era preparado muito cedo para os dois homens da casa. Com isso, passei a maior parte da vida, acordando de manhã, sentindo cheiro das refeições. No entanto, esta va tudo tudo bem, porque aquilo não me incomodava quando mais nova. O problema começou quando Raul e Anderson saíram de casa. ... Na casa em que vivíamos, tinham três quartos, dois banheiros, uma cozinha e a sala. Mamãe dormia na suíte, eu dormia no quarto que ficava na frente do dela, e os meninos dividiam o maior quarto, que ficava de frent
Saí do presídio com a cabeça latejando, o que estava se tornando comum. Sara se mostrava cada vez mais aberta ao falar da mãe, mesmo tendo nos conhecido há pouquissimo tempo. Sua confiança em mim, parecia surgir a cada encontro. Era incrível, aquela mulher irônica e debochada havia desaparecido. O que encontrava diariamente, era outra pessoa. A voz de uma mulher que precisava se livrar de seus próprios fantasmas. No entanto, quando começava a falar da mãe, não parava. Parecia estar em transe. Focava o olhar em um ponto cego e me deixava em dúvida, no que era imaginação ou o que era real. Algmas vezes precisei respirar fundo. Sara, narrava tudo de maneira fria e constante. Contudo jamais terei a oportunidade de conhecer Regina, mas começava a ver que havia naquela mulher algum descontrole emocional, talvez um distúrbio psíquico. Evidentemente, no final da nossa conversa Sara abriu um s
A conversa com Raul, tinha sido muito proveitosa. Ele era um cara calmo, tranquilo e trouxe à tona alguns aspectos importantes que precisavam ser expostos, como por exemplo a sua rotina com a mãe e a irmã após o divórcio, quando morou com as duas por quase um ano. Ele falou superficialmente da briga que teve com Sara, sem citar o motivo da briga. Porém não demonstrava ressentimentos a esse episódio. No entanto, comecei a perceber que o amor que ele nutria pela irmã, ia contra o perdão que jamais concediria à ela. O arrependimento por ter sido omisso diante de diversas queixas da mãe, ficou evidente durante nossa conversa, e em alguns momentos precisei deixar que ele se recompuseste. Disse entre lágrimas que as duas brigavam, mas que nunca pensou que Sara fosse capaz de cometer tamanho desatino. A sensação que tive, foi que Raul ainda não acredita que a mãe foi morta por sua irmã, uma assassina completamente fria e calculista. Entretanto, após
A dinâmica da família era complicada, embora a conversa com os dois irmãos, tivesse me orientado em relação as partes envolvidas, principalmente sobre o que acontecia entre Sara e a mãe. Percebi que havia três modos diferentes de ver a mesma história. cada uma com seus pontos de vistas. De um lado, Raul, o irmão adorável, calmo e tranquilo que compreendia e amava a irmã caçula, sendo talvez manipulado, segundo Anderson. Do outro, o irmão do meio, Anderson. Ciumento, com o temperamento forte e agressivo, que via em Sara o que ninguém conseguia e por causa, não se deixava influenciar. E por fim... Sara. O centro disso tudo. Manipulável, rebelde, fria, antisocial e que era controlada pela mãe que depositava nela, suas compulsões. No entanto, mesmo que ainda fosse cedo para apontar qual era a direção correta, eu ainda não possuía o material necessário e isso me deixava com muitas dúvidas. Resolvi então, colocar uma lousa branca de sessenta
Raul era extremamente agradável de conversar. Sua simpatia exalava pelos poros e isso me atraía cada vez mais. Eu não me reconhecia. Não queria compreender os motivos de me sentir confortável o suficiente para flertar com um desconhecido, embora a imagem de Joaquim aparecesse em minha mente a cada minuto. Será que eu estava errada em permitir tanta abertura para outro homem que não fosse meu ex-marido, que agora estava morto? De repente, fossem apenas besteiras latejando dentro de minha cabeça, mas eu tinha o direito de me envolver com outro homem, mesmo após tantos anos fechada e de luto. Mesmo que nãoo houvesse ninguém que me interessasse verdadeiramente nos últimos anos, isso mudou quando vi Raul. Talvez fosse a qualidade da chamada de vídeo no celular, mas fisicamente, Raul parecia diferente. Mais bonito, charmoso e enigmático, o que causava uma admiração íntima e escondida dentro de mim. No entanto, m
Tudo parecia fluir com bastante naturalidade, exceto quando lembrei da lousa branca pendurada na para da sala do flat, onde quem entrasse depararia-se com informações e fotos estratégicas sobre o caso de Sara Castro. No mesmo instante, um pânico me cercou e quanto mais o elevador subia acendendo o número no painel interno a cada andar, mais inquieta ficava ao me aproximar do flat. Meu raciocínio que era sempre tão rápido, agora estava desacelerado devido as bebidas consumidas durante o jantar e em hipótese alguma poderia deixar que Raul visse o material exposto na lousa branca, afinal era sua família quem estava detalhadamente descrita em minha pesquisa. O que fazer? Qual seria a desculpa que daria? Eram essas as perguntas que martelavam em minha mente. ... Finalmente, quando a porta se abriu, saltamos para fora e andamos pelo corredor até meu apartamento. No entanto, Raul havia percebido que algo em mim mudara rapidament
Na segunda-feira de manhã, ao me levantar Raul havia ido embora. Os lençóis ainda tinham o seu cheiro e minha mente turbilhava de sensações. Estava tudo errado. Era um misto de sentimentos pois evidentemente, sabia que isso podia causar minha demissão, ou jogar minha reputação no ralo, afinal que credibilidade teria se as pessoas soubessem que eu estava misturando prazer com negócios. Era tanta coisa envolvida, que ficava difícil por a cabeça em ordem. Eu precisava voltar a rotina de visitas com Sara, independente do que estivesse vivendo ou acontecendo no momento em minha vida. Acima de tudo, precisava manter toda a situação de modo profissional, mesmo sabendo que esse discurso, era uma verdadeira mentira. Me arrumei sem conseguir tirar Raul da minha cabeça. Minha frustração era quase latejante ao perceber que ele havia ido embora sem me acordar e imediatamente, uma preocupação me atingiu em cheio. Corri para a sala e me certifi
Com as informações que Sara havia me dado, meu próximo plano era procurar pelo dono da empresa em que ela tinha trabalhado por um período de quatro anos. Precisava conhecer quem era a detenta 682 no ambiente de trabalho e com isso estar inteirada sobre seu relacionamento com os colegas de trabalho. Se realmente tinha sucesso em suas tarefas diárias, seu salário, o progresso diante dos outros, se era aceita ou rejeitada, entre outras coisas. ..... Quando consegui o contato de Ami, o filho de Doran o fundador da empresa de informática que já estava no mercado há mais de querenta anos, ele logo se prontificou para conversarmos por uma chamada de vídeo, o que se tornou habitual em minhas pesquisas. - Olá Carla! Obrigado por entrar em contato. No que posso ajudar? - Ami, assim como seu pai Doran, era um idoso. Do outro lado da tela, pai e flho me cumprimentaram amistosamente. Seu Doran, parecia debilitado. Sentado em um cadeira de rod