DarykUm dia inteiro tinha se passado, ainda assim, do lado de fora continuava claro. Eu não tive notícias, estava mais impaciente. A todo momento sou observado, servido, mas até isso aumenta meu nervosismo, ninguém fala coisa alguma sobre Selene, não importa o quanto eu pergunte.Novamente, me aproximei da pequena janela esculpida na pedra e olhei para baixo. A mesa de pedra estava vazia, não havia ninguém, mas bastava eu pôr os pés para fora e uma delas apareceria para regrar meus passos. Talvez eu deva pular daqui e farejar minha fêmea até encontrar.Olhei para a pedra que mantinha uma chama acesa, era o suficiente para iluminar o cômodo pequeno, tudo que tinha ali era uma cama desconfortável em cima do chão duro. Voltei-me novamente para a janela, mas virei-me ao ouvir passos. Antes que alcançasse a porta sem nenhuma proteção, Maya entrou com Selene nos braços.Ela ainda estava desacordada, mas seu coração batia. Maya me entregou e ao sentir seu peso em meus braços, me acalmei. S
Daryk— E como é Maya?— Termine de comer antes que esfrie, mais tarde poderemos falar com ela.— Você parece não gostar dela.— Não é isso, é que estou no território dela, sob suas regras, não me sinto à vontade.— Hmm, bem, eu espero me dar bem com ela.— Você é uma fêmea doce, Selene, só não se dá bem com alguém se não quiser.— Não é bem assim.— Acredite no que eu digo. — Tudo bem.Olhei para dentro de sua tigela e tinha a metade ainda, enquanto a minha estava quase vazia, ela comia tão devagar.— Tem uma fonte aqui de águas mornas, quer tomar um banho?— Oh, nossa, nem me lembro quando mergulhei em uma água morna. — Seu gemido foi longo. — Desculpe por não te proporcionar mais conforto. — Suspirei ao colocar o recipiente vazio na bandeja. — Eu costumava ter tudo isso, uma casa confortável e água quente.— Eu não estou reclamando, sei que sempre me oferece o melhor possível. — Está no seu direito reclamar, Selene, é papel do macho oferecer o melhor para sua fêmea. Mas em breve
Daryk— Me devore, lobo. Você sabe do que eu preciso. — Selene insistiu diante da minha hesitação.Eu não devia, não agora quando ainda estava fraca, mas seu pedido carregado de algo a mais entrava em mim agressivamente.Alisei seu rosto, esfregando meu polegar em seus lábios úmidos e vermelhos. Eu seria um tolo se negasse isso a minha fêmea, então apenas cobri sua boca com a minha. Mesmo que meus instintos gritassem me avisando que algo está errado. Eu não podia lutar agora, não quando Selene me tem nas mãos dessa maneira. É ela quem está me controlando agora.Nos arrastei até suas costas encostarem na pedra, nosso beijo estava mais intenso e ela me apertava com as pernas, esfregando-se. Eu não queria machucá-la, mas ela não me dava escolha.A invadi com força, fazendo-a deixar minha boca para gemer dolorosamente. Ela pulsou ao meu redor e isso fez eu me mover. Suas unhas arranhando minhas costas, me enlouquecendo mais. Senti minha razão se esvaindo, o lobo forçando-se para comandar.
Daryk— Enfim apareceram. — Maya nos esperava de braços cruzados. Sua face rígida não parecia ser de chateação, apenas uma amostra da sua personalidade.Zyon estava sentado à mesa externa e deu de ombros, mas ele também não parecia satisfeito. — Senhora, Maya. — Selene passou por mim e se aproximou dela. — Estou feliz em conhecê-la. — Eu é quem fico feliz. A última vez que te vi, você era um bebê. — Maya a tocou brevemente, mas suspirou em seguida. O clima estava tenso. — Preciso que venha comigo, temos que conversar.— Claro. — Selene olhou-me e Maya acenou para que eu fosse também, mas Zyon me deu um olhar significativo. Meu lobo agitou-se, não parecia ser algo bom.Maya entrou pela trilha oposta a que saímos e a seguimos. O silêncio era incômodo e desde nossos momentos atrás que estávamos nesse silêncio. Selene se fechou mais, suas palavras cheias de significados simplesmente ficaram no ar e eu, inquieto.Depois de uma breve caminhada, chegamos a uma clareira, o penhasco não era
Selene— Daryk, calma — pedi a ele. Mesmo que eu não tenha o direito de pedir tal coisa, eu posso entendê-lo.— Como posso ter calma, Selene? Você sabe o que isso significa? — Ele deixou seus ombros caírem, a dor era visível em seus olhos. — Eu não posso perder você.Infelizmente, eu não podia confortá-lo, gostaria, mas não podia. Eu não sei nem ao menos como me sinto, apenas que está calmo, assim como um campo silencioso e com leves ventos.— Um receptáculo não sobrevive depois que a deusa usa seu corpo, afinal, não se trata de um ser qualquer. — Maya explicou o que já esperava.— Será que sou capaz de executar essa tarefa? — perguntei-me em voz alta.— Selene… — Daryk respirou fundo e sorri levemente para ele pedindo calma. Ele sentou-se novamente e olhou para frente.— Talvez, não há como saber. Na verdade, foi escolha da sua mãe que você vivesse fora daqui, sendo que era necessário uma preparação para que seu corpo ficasse o mais resistente possível.— Se é necessário alguém resis
Selene— Eu aceito… Aceito esse destino. Aceito ser o sacrifício.— Eu vou deixá-los a sós. — Maya se despediu e eu permaneci segurando a mão de Daryk.Eu entendia o peso dessa decisão, não afetava somente a mim, mas arrastava Daryk como uma tempestade que destroi tudo por onde passa. Sentia tantos sentimentos juntos, mas não conseguia formar as palavras certas para justificar ou pedir desculpas.O que eu deveria dizer? Eu não sei. Se ele me chamar de egoísta vou aceitar, talvez eu realmente esteja sendo.— Eu não estou com raiva de você, Selene — Estremeci quando ele tomou iniciativa de falar. O olhei, mas ele não retribuiu. — Estou tentando conter a fúria por esse destino cruel. — Eu…— Eu te seguirei, Selene. — Olhou-me finalmente. — Eu irei para onde você for, mas não consigo aceitar isso. Respirei fundo sentindo o nó preso em minha garganta e o abracei. As lágrimas se formaram e escorreram pelo meu rosto. Nós ficamos abraçados por um tempo, até que eu me acalmasse, acho que ago
SeleneDaryk levantou e me ajudou a ficar de pé. Minha perna que foi chutada latejou, mas me mantive firme.— Já é hora do próximo treinamento? — Ajeitei a roupa e bati a terra do corpo.— Hoje será mais tarde, vou preparar o lugar. — Maya acenou para duas das mulheres que estavam logo atrás e elas deixaram os cestos que carregavam no chão.As ajudantes de Maya viviam aqui pelo mesmo propósito que ela, me preparar, elas eram reservadas e evitavam ter contato comigo. Bem, eu respeitava aqueles costumes estranhos.— Vá se refrescar, mas nada de sexo antes de começarmos. — Lançou um olhar significativo para Daryk, mas ele apenas ignorou. Concordei achando graça da situação e agarrei a cintura de Daryk, ele desmanchou o vinco entre suas sobrancelhas e me abraçou antes de me puxar para uma das trilhas na mata. Na verdade, ele não ficou aborrecido, o fato é que ele estava incomodado por estar aqui por muito tempo. Aqui ele é preso, embora fique na forma de lobo de vez em quando, não é suf
Selene— Selene, ela é selvagem, não é seguro tentar montar. — Daryk se aproximou.— Mas acho que ela quer. — Alisei perto de suas narinas. — Me ajude a montar, por favor.Daryk suspirou e mesmo contrariado, atendeu meu pedido. Eu subi com seu apoio e me acomodei com cuidado, não tinha onde segurar a não ser na sua crina. As asas estavam na frente das minhas pernas e quis tocá-la, porém, me contive.— Segure firme. — Daryk pediu e quando fiquei parada por um longo momento, a égua entendeu que estava pronta. Ela relinchou e balançou a cabeça e moveu-se devagar.Ela seguiu o curso do córrego e logo entendi sua intenção, meu batimentos aumentaram e olhei para Daryk que nos seguia de perto. O animal foi aumentando a velocidade à medida que chegava perto do penhasco, era o curso daquela água que caía como uma cachoeira mais na frente.Seus cascos bateram sobre a água rasa agitando-a, eu segurei firme sentindo-a ganhar velocidade até que pulou. Prendi a respiração por um momento e suas asas