DarykNo início da madrugada estava mais frio, ainda assim, dentro desse pequeno quarto era quente, por isso abri a janela para deixar entrar o ar mais fresco. Selene dormia profundamente, ela estava cansada e não a forçaria mais que suportasse, mas estava ansioso para tê-la novamente.Selene sentia nossa ligação, eu não tinha mais dúvidas sobre isso, ela se entregou verdadeiramente, foi forte, exigente. O que aconteceu entre nós foi mais que um acasalamento, eu senti o suficiente para tirar qualquer dúvida.A deusa não ligava as almas de maneira errada, talvez eu não entendesse seu propósito agora, mas aos poucos a verdade seria revelada. Algumas coisas eu senti de maneira incomum, o lobo reagiu em um determinado momento, me deu a impressão de que ela o viu. E isso era impossível vindo de um humano.Respirei longamente e alisei mais uma vez aquela gravura na lateral do seu corpo, era pequena, mas o lobo de olhos vermelhos estava bem desenhado, era como se olhasse para mim. Um cheiro
DarykFoi possível sentir sua alegria, Zarek mais do que ninguém sabia a bênção que era encontrar nosso par de alma, afinal, ele já havia encontrado o seu, mas infelizmente, a deusa traçou planos difíceis de compreender.— Eu fiquei tão surpreso quanto você.— É uma benção, fico muito feliz por você, meu amigo. — Deu leves tapas no meu braço. — Estou ansioso para conhecê-la. O que ela é? Uma bruxa. Loba? Ou... mas o que ela está fazendo nesse mundo? — Seu sorriso morreu quando se deu conta. — Espera, é uma humana?— Talvez.— Talvez? — Arqueou uma sobrancelha — Não existe essa de talvez, ou é ou não é! É muito simples identificar uma espécie.— Acho que ela é uma descendente das bruxas anciãs.— Impossível! A última anciã não possui nenhum descendente. — Eu não sei, Zarek. Ela não possui magia no corpo, mas o colar que carrega tem a magia. Meu lobo reconheceu e sentiu receio.— A magia delas era única e perigosa, por isso foram quase extintas. Se ela for uma das bruxas anciãs, vai se
SeleneO dia estava amanhecendo, a natureza não falhava em seu horário. Daryk beijava minhas costas e suspirei apreciando o carinho.— Bom dia — desejei a ele, sorrindo.— Bom dia… — Continuou seus beijos. — Isso é uma ótima maneira de ser acordada. — Virei para ele e ele selou seus lábios nos meus brevemente.— Posso te acordar assim todos os dias. — Hmm... proposta tentadora. — Afastei uma mecha do seu cabelo para trás de sua orelha.— Está com fome?— Sim, mas quero um banho antes.— Tem certeza? — Ele se deitou quase por cima e encaixou seu rosto em meu pescoço. — Eu acho que está perfeito assim. — Seus dedos desceram por minha barriga até aquele ponto sensível, senti liso quando seu dedo me penetrou um pouco.— Hmm… Daryk, não aguento mais nada agora. — Confessei, manhosa.— Podemos testar para saber. — Continuou seus estímulos vagarosos.— Eu acho que você é bastante… grande para ficar testando.— Isso foi um elogio?Ri com mais vontade e ele retirou seu dedo me causando uma
SeleneDaryk me acompanhou até a porta de casa, ainda assim, entrei rezando para que não houvesse ninguém pelo caminho, ao menos o carro de Erik não estava aqui. Segurei o cós da calça com mais atenção, era folgado demais, a camisa chegava no meio das coxas e eu não estava usando nenhuma peça íntima. É um pouco absurdo ter as roupas rasgadas na hora do sexo, mas para falar a verdade, eu nem me lembro direito desse detalhe, porém, minha calça tinha uns rasgos estranhos além do botão e ziper arrebentado, a brusa nem se fala e minhas peças intimas…— Entrando às escondidas, cunhada? — Loren saiu pela porta da cozinha próximo às escadas.— Droga — resmunguei, mas não estava realmente irritada.— Chegando de manhã… — Ela cruzou os braços o que arrebitou mais seus seios no decote do vestido florido. — Olheiras e lábio machucado, fora os chupões… e essas roupas masculinas… — Isso é uma inspeção? Que eu saiba sou bem crescida já. — Relaxei um pouco mais e alcancei as escadas. Estava cansada
SeleneQuando cheguei à clareira, Daryk já estava lá, era fim de tarde, o sol estava se pondo. Ele estava sentado com os braços apoiados nos joelhos, olhando o horizonte. Olhando-o agora, meu peito se apertou.— Oi. — Sentei ao seu lado.— Oi — disse, após beijar minha boca rapidamente. — Que bom que veio.Daryk desceu os olhos para o meu colar. Hoje resolvi deixar a mostra, ele me passava segurança e já não sentia receio de mostrar a ele.— Daryk, o que está acontecendo? É algo muito grave? — perguntei, não aguentando esperar.— Não é nada grave, Selene, mas preciso que tenha a mente aberta. — Ele virou novamente para contemplar aquela vista. — Você acredita em destino?— Sim, acredito.— Eu sempre fui um pouco cético quanto a isso, sempre achei que o destino era algo sob o nosso controle, mas aí, você me encontrou exatamente no momento que saí daquela mata.O calafrio espalhou-se pelo meu corpo ao lembrar desse dia, o medo de perdê-lo agora corria em minhas veias como um veneno e o
SeleneAlgo pinicava minha pele, estava úmido. Mexi as mãos sentindo a vegetação e a terra. Aos poucos fui recordando, Daryk…Estávamos conversando, ele começou a falar coisas sem sentido e depois… Não, devia ser apenas minha imaginação, não era possível alguém se transformar em um animal, ainda mais daquele tamanho.Uma lufada de ar me forçou a finalmente abrir os olhos, a primeira coisa que vi foram os olhos do lobo. Ele encostou seu focinho na minha bochecha empurrando levemente.Certo, não era um sonho. Sente-me e o lobo ficou próximo, um grande lobo sentado e aparentemente, dócil.— Isso é loucura… — disse a mim mesma.Coloquei-me de pé e fui seguida pelo olhar atento dele. Agora eu não estava sonhando e mesmo que o sol já tivesse sumido, ainda permanecia uma pequena claridade. Ainda sob o olhar dele, alcancei a mochila e peguei a lanterna. Eu não estava nervosa, deveria, mas não estava. E por mais loucura que fosse, eu vi com meus próprios olhos. Cocei a testa antes de ligar a
Selene— Mas… — Senti aquele aperto no peito, eu sabia que esse dia chegaria, ainda assim, não consegui me preparar para me despedir. Eu não devia ter me deixado envolver dessa maneira.— Venha comigo, Selene. — Abandonar tudo assim, minha família, minha vida… Eu não sei. — Estava nervosa, sentia aquela emoção dolorosa, queria chorar.— Você não pertence a esse mundo, seu lugar agora é ao meu lado. Há muitas coisas que você precisa saber, Selene, talvez não seja tão simples agora no início, mas logo você compreenderá. Você é minha companheira, é aquela que foi destinada para ser meu par. — Eu acho que essa é uma decisão que não pode ser tomada de forma precipitada, Daryk. — Eu a entendo, Selene, você cresceu aqui, criou laços, mas independente de ser minha destinada, seu lugar realmente não é aqui. E eu não vou mentir e dizer que é apenas por isso, a verdade é que eu a quero ao meu lado e garanto que a amarei, a protegerei com a minha vida se for preciso.— Quando pretende ir?— O
DarykO cheiro fresco de sangue inundava minhas narinas e para onde eu olhasse, via apenas a morte. Os seres se enfrentavam em meio a escuridão da floresta. A lua banhava seus filhos através das pequenas frestas entre as árvores. Eu lutava pelos meus já em menor número. Estávamos morrendo.Meu lar era consumido pelas chamas e, embora meu sangue fosse o alvo, quem estivesse pelo caminho perderia a vida. Em breve eu seria o alfa, meu pai estava próximo de me passar esse título, no entanto, o destino quis de outra forma. Nosso mundo estava morrendo, sendo sugado pouco a pouco. Nós dependíamos da magia, mas ela também servia como combustível para seres malígnos que almejam poder. Havia um bruxo, ele começou tudo isso, sua ambição por controle e vida eterna plantou a escuridão nos corações de muitos, a magia limpa foi se tornando negra e o solo infértil.Mas não era só ele que se tornava estéril. Nossas fêmeas não geram mais filhotes, a última geração foi a minha e já tinha muito tempo.