༺ Esther Fernandes ༻Ainda estava furiosa. Como eles tiveram coragem de me deixar sozinha em casa, excluída do aniversário daquele pirralho? Andava de um lado para o outro na sala, a raiva subindo a cada segundo. Bryan… Ah, ele não podia ter feito isso comigo. Não, depois do que rolou no escritório, esperava uma compensação pela humilhação. E para completar, Asli havia sumido, desistido de continuar comigo nessa história de separar Maribel e ele. Agora estou sozinha.— Isso é injusto! — murmurei, lançando um olhar raivoso pela janela da mansão. — Eu também sou tia desse garoto!Não deixaria isso barato. Eles não tinham o direito de me excluir assim, como se eu fosse qualquer uma. Decidi que, convidada ou não, iria até lá, nem que fosse só para assistir de longe. Me arrumei com cuidado. Vesti um terninho rosa impecável, ajeitei o cabelo em um coque perfeito e me olhei no espelho. Estava pronta. Mesmo que ninguém me quisesse lá, eu faria a minha presença ser notada.Cheguei ao parque te
༺ Maribel Varrozzinni ༻Peguei meu filho do colo de Bryan com cuidado e, ao ver aquele pirulito na boca dele, minha raiva aumentou mais. Como ela teve coragem? Sem pensar duas vezes, tirei o doce da mãozinha dele e o joguei no lixo mais próximo.— Essa garota é realmente louca, Bryan — comentei, balançando a cabeça. — Ela passou dos limites dessa vez.— Concordo — ele respondeu, com uma expressão séria e cansada. — Dessa vez, ela vai ter que aprender, e garantirei que isso aconteça.Enquanto Bryan ainda estava falando, meu pai apareceu, preocupado. Ele se aproximou rapidamente, o rosto tenso.— Vocês encontraram? — perguntou ele, com um tom ansioso. — Onde ele estava?— Sim, encontramos — respondi, ainda sem acreditar no que havia acontecido. — Ele estava com a louca da Esther.Minha mãe, que vinha logo atrás do meu pai, ficou chocada. Ela segurou meu braço com força, o olhar aflito.— A Esther? — ela sussurrou, como se estivesse processando a informação. — Mas o que… o que ela preten
༺ Bryan Fernandes ༻Na manhã seguinte, um sentimento de alívio me acompanhava enquanto tirava minhas malas do closet. Era hora de voltar para casa, para o meu apartamento, longe da confusão que a Esther havia criado. Enquanto abria as malas, Gioconda, a empregada da casa, entrou no quarto com sua habitual disposição.— Bom dia, menino! — cumprimentou, já se preparando para ajudar. — Posso te dar uma mão com isso?— Claro, Gioconda! — respondi, sorrindo. — Agradeço muito por sua ajuda.— Não precisa agradecer. Entendo a situação — ela disse, organizando algumas peças de roupa. — Ontem mandei uma empregada para dar uma geral no seu apartamento. Deixou tudo limpinho, como você gosta.Fiquei aliviado ao ouvir isso. Saber que o meu espaço estava organizado e limpo me trouxe uma sensação de normalidade em meio ao turbilhão que se tornou a minha vida.— Você é maravilhosa, Gioconda! — exclamei, inclinando-me para lhe dar um beijo carinhoso na bochecha.— Ah, para com isso, Bryan! — ela riu,
༺ Maribel Varrozzinni ༻Dois meses e meio se passaram, e a vida estava voltando ao normal. Eu não precisava mais das muletas para me locomover, e a sensação de liberdade era revigorante. Estava de volta ao curso de medicina, vivendo o dia a dia e cuidando do meu filho, Breno.E, claro, não poderia esquecer dos preparativos para o meu casamento. Tudo parecia perfeito, como um sonho prestes a se realizar.Estou na loja de noivas nesse instante, cercada por minha mãe, minha irmã e Pérola. O clima estava leve e animado. A luz suave da loja iluminava os tecidos delicados, e o cheiro de flores e perfumes enchia o ar. Olhei para o espelho, admirando o vestido de alças no estilo romântico que havia escolhido. Ele tinha detalhes em rendas e uma cauda que se arrastava suavemente pelo chão.— Você está maravilhosa! — comentou minha mãe, com os olhos brilhando de orgulho.Sorrindo, agradeci, já me sentindo nas nuvens. O vestido era realmente lindo, e não conseguia parar de me imaginar entrando na
༺ Bryan Fernandes ༻Meu coração disparava enquanto caminhava nervosamente de um lado para o outro no altar. João Paulo, estava ao meu lado e, percebendo minha ansiedade, comentou:— Você está quase fazendo um buraco no altar de tanto andar. Se não parar, acabará quebrando o piso.— Me deixe… estou nervoso! — Respondi ansioso.Quando finalmente vi Maribel na porta da igreja, um alívio tomou conta de mim. Ela estava deslumbrante, e meu Medo de que ela pudesse fugir se dissipou. O pai dela se aproximou, apertando meu ombro de maneira um pouco forte e sussurrou no meu ouvido:— Espero que dessa vez você cuide bem da minha filha, Bryan. Caso contrário, da próxima vez eu não hesitarei em te dar um tiro.Ri nervosamente, tentando desviar da seriedade da situação.— Eu nunca mais vou machucá-la e muito menos deixá-la — respondi, olhando sério nos olhos dele.Ele assentiu, ainda com uma expressão séria, antes de se afastar. Maribel se aproximou e, em um tom suave, sussurrou:— Você está com me
༺ Maribel Varrozzinni ༻A música da festa estava alta, as pessoas riam e brindavam, mas mal conseguia ouvir qualquer coisa além do som do meu coração batendo acelerado de felicidade. Sentada ao lado de Bryan, sorria com cada comentário dele, a forma como ele me olhava fazia meu peito se aquecer. Estávamos comemorando nosso casamento, rodeados por amigos e familiares.Inclinei-me suavemente em sua direção e sussurrei no seu ouvido:— Amor, vou ao banheiro, já volto.Ele desviou a atenção da conversa com o irmão, sorrindo com aquele brilho que sempre me fazia perder o ar.— Não demore, hein? — Ele respondeu, com um toque de diversão na voz.— Prometo que não vou. — Pisquei para ele antes de me levantar.A caminho do banheiro, sentia o vestido deslizar pelos meus pés, os bordados delicados refletindo a luz suave do salão. Estou apertada, então, assim que entrei no banheiro, soltei um suspiro aliviado. Caminhei para uma das cabines, fechei a porta atrás de mim e tratei de resolver logo o
༺ Vincenzo Fernandes ༻Estava ao lado de Pérola, conversando com um amigo da família sobre negócios, quando notei Maribel passar rapidamente em direção ao banheiro. Logo em seguida, vi Esther, com aquele olhar que eu conhecia bem, o olhar de quem estava prestes a causar problemas. Pedi licença ao convidado e decidir ir ver o que essa garota aprontará.— Preciso ir até lá — murmurei, já me afastando.— O que aconteceu? — perguntou Pérola, preocupada.— Vi Esther seguir Maribel para o banheiro. Isso só pode dar em briga. Você conhece bem a minha filha.Os olhos de Pérola se arregalaram, e ela assentiu rapidamente.— É melhor irmos antes que algo aconteça.Concordei, o coração acelerado enquanto caminhamos. Não havia como saber o que Esther era capaz de fazer quando estava dominada por sua inveja e raiva. Ao abrir a porta do banheiro, me deparei com a cena que nunca queria ter visto: Maribel estava encurralada, com os olhos arregalados de medo, e Esther estava com uma arma apontada para
༺ Vincenzo Fernandes ༻Na manhã seguinte, acordei mais cedo do que de costume. O peso da decisão que tomaria ainda me mantinha acordado. Peguei o telefone e liguei para um amigo de longa data, dono de uma clínica particular. Expliquei o caso de Esther em detalhes, desde o episódio violento até o comportamento descontrolado. Ele ouviu com paciência e, sem hesitar, concordou que o caso dela era grave.— Ela precisa de internação, Vincenzo — ele disse. — O comportamento dela sugere um desequilíbrio emocional sério. Talvez algo relacionado a traumas ou até algo mais profundo.Percebi que ele estava certo. Combinamos que ele viria às nove da manhã, trazendo enfermeiros para aplicar o sedativo necessário e levá-la à clínica. Não seria fácil, mas não havia outra saída.Ainda pensativo, senti Pérola se mexer ao meu lado, acordando. Ela se virou, me abraçando, com um sorriso suave no rosto. Vestia uma das minhas camisas moletom, que parecia um vestido nela.— Bom dia… — ela murmurou, com a voz