Sarah se esforçava em tudo. Melhor aluna da sala, melhores resultados em projetos, tentava agradar a todos com quem falava. E o único momento que ela tinha para ser ela mesma, era com aquele violino, até que seus pais viram que aquilo poderia ser aperfeiçoado... Sarah suava frio ao pensar em errar novamente, e fez uma apresentação impecável para sua professora.
Enquanto tudo isso se passava pela mente de Sarah, Erick se recuperava do choque da magia da bruxa, se levantando, já avançando contra a mulher. Usando Capa como impulso, Erick voou pela sala de estar de Sarah e arremessou a mulher pela janela até o jardim.
– ARGH! – Gritou a mulher. Sorte que a janela estava bem aberta. Ela caiu rolando na grama da entrada.
– Erick... – Sarah sentiu suas pernas falharem, ela tremia pelo corpo todo. – O quê... O que está acontecendo?!
– Eu... &ndas
A noite era fria, e as ruas estavam quietas. O céu estava com algumas nuvens e o vento fazia as árvores balançarem. A Praça do Centro estava vazia, e as avenidas do estádio e da ponte tinham pouco movimento.Erick pediu para os pais ficarem com Sarah. Mandou mensagem para Lucas e certificou que ele ficasse em casa também. O amigo confirmou que os pais estavam com ele, e ninguém sairia na rua. Sarah e Lucas repassaram a mensagem de Erick para seus amigos.O único que não obedeceu foi João. O loiro estava de castigo em seu quarto, olhando os pôsteres de campeonatos anteriores, do seu time (São Paulo), e as fotos e troféus de torneios que ele havia vencido.Era até difícil não sentir a magia no ar. Se tinha algo que Erick não gostava de sentir era aquele calafrio de energia mágica externa. Um arrepio, um choque e um estalo. Tudo se unia na me
Caos tomou conta da cidade após algumas horas. Era começo da noite de uma terça-feira. Mas não foi só mais um dia em Piracema. Criaturas mágicas corriam pela cidade, destruindo o que viam em seus caminhos.Os pais de João chegaram ao hospital, para verem seu filho com uma faca no peito, e começaram a chorar e gritar, arrasados. Luana, Ricardo e André deram o consolo, e Erick voltou ao seu quarto do hospital.Erick estava todo enfaixado, Capa sobre ele, mas não se mexia. Ele só conseguiu chegar lá com a ajuda do pai, e ficou na cama ainda em estado de choque tão forte que suas lágrimas caiam sem ele mudar de expressão.Uma expressão vazia, sem força para gritar de raiva ou tristeza. Erick apenas olhava ao seu redor. Para seu corpo, que ficou mais forte com o último mês de treino, porém enfaixado de curativos.Ele come&c
– Então, você adquiriu poderes mágicos novamente? – Disse Zahar, encarando Erick de cabeça aos pés. – E ao enviar as criaturas que encontrou pelo caminho de volta para o Mundo Mágico, já se desgastou. Como espera me superar? Desta vez está sozinho, ofegante e ferido. Parece que está pedindo para morrer.– Cala a boca! – Disse Erick, interrompendo o pequeno discurso de Zahar. – E qual é o seu grande plano? Abriu o Mundo Mágico para essas criaturas fazerem coisas aleatórias na minha cidade? Qual é a sua? Qual é o seu problema?!– O meu problema é a humanidade! Eu tive inúmeros mestres, e todos seguiam o padrão do egoísmo, da ganância e da luxúria, e principalmente da insatisfação. Três desejos nunca foram o bastante para saciar a fome de poder dos humanos. Eu estou colocando
– Alma de Gênio! – Erick deu um forte grito, e sua magia se expandiu por alguns segundos.Voando até Zahar, Erick queria encerrar aquela luta o mais rápido possível. Ele pegou a arma da mão do Diretor e a amassou como se ela fosse de papel, machucando os dedos do oponente.– ARGH! – Zahar se livrou da mão de Erick e os dois prepararam mais golpes. – Morra!Erick ficou em silêncio. O punho de Zahar passou por um centímetro do rosto de Erick, que acertou o soco dele na testa do Diretor, fazendo o turbante dele cair.– ARGH! – Zahar voou ainda mais para cima com o impacto do golpe de Erick. – JÁ CHEGA!Zahar ergueu suas duas mãos para o alto e vários tipos de armas brancas começaram a surgir no céu. Espadas, sabres, adagas, facas, machados. Zahar criava lâminas de vários tamanhos, mas todas afiadas para
O mundo é vasto para achar que tudo já foi explorado. Mesmo com similaridades, há sempre algo que muda de lugar para outro. Uma pessoa, uma paisagem, um objeto. Mas o que realmente faz a diferença é o quanto a sua alma está disposta a se manifestar.No colégio Dom Pedro I da cidade de Piracema, um rapaz pardo e magro passa com seu skate pelos colegas na saída. Em uma de suas mãos, um papel branco balança com o vento, seu primeiro boletim de provas. Os cabelos negros também ficam bagunçados com o vento. E os olhos castanhos escuros se espremiam com o sol do meio dia, ofuscando sua visão.Sentiu o celular vibrar, o pegou e viu que seu pai mandou uma mensagem, dizendo que o buscaria na escola, mas o menino avisou que o encontraria no museu. Ao pisar no asfalto com seu tênis negro de camurça, ele guardou seu boletim no bolso de trás da calça jeans, e
Erick ficou paralisado. Um homem musculoso, com pele azul, túnica branca, braceletes dourados nos braços, uma barba preta forte, um turbante na cabeça e olhos brilhando surgiu de uma lamparina de óleo antiga em meio de feixes de luz e fumaça. Um turbilhão de coisas passava na cabeça do menino, mas depois que conseguiu dizer “Bem-vindo a Piracema”, Erick tremia e encarava o Djinn.Djinn ou Jinn são antigos seres místicos, também conhecidos como Gênios da Lâmpada. Erick sabia o que aquele homem era antes mesmo de se apresentar, e não aguentou mais o silêncio constrangedor:– Você é real? Desde quando você existe? Você conhece Aladim? Como ele era? Como você conhece minha língua? Ah! – Erick não estava assustado, estava animado.– Como... Quem... O quê?! – O Djinn ergueu uma sobra
Erick ficou paralisado de início. Até que correu ao escritório, onde sua mãe guardava em um armário uma caixa com todos os remédios, pomadas e gazes que ela sabia exatamente como usar. Ele a pegou e voltou para mesa correndo, e seu susto logo virou confusão.Seus pais levantavam as cabeças e tossiam um pouco. Pareciam que tinham bebido todo o champanhe da inauguração, ou que estavam gripados, mas depois de algum tempo, eles limparam a garganta com um copo d’água e voltaram ao normal.Erick colocou a caixa de remédios na mesa, com uma sobrancelha erguida. Só depois percebeu que ele poderia ter criado aquilo tudo, e foi aí que Massin Al’Amus resolveu explicar:– (Isso não é bom.). – Começou o Djinn, com um tom meio constrangido. – (Sabia que os humanos tinham abandonado a magia, mas sofrerem com a presença dela
Erick fez o possível para explicar o que aconteceu com ele no fim de semana ao amigo. A voz no museu, o encontro com Massin Al’Amus, como a magia era algo relacionado com alma, que ele ainda não entendia tudo direito. Mas quanto mais pessoas chegavam na sala, mas Erick tomava cuidado para não ser ouvido:– Você viu que ele voava? – Disse uma voz feminina no quanto da sala.– Isso não é nada! Ele tirou uma espada do nada! – Respondeu, outra moça da turma.– E ele lutou contra dois ladrões de uma vez! Parece que ele tem nossa idade! – Um colega entrou na conversa.No entanto, Erick percebeu que não estava só recebendo elogios. Gabriel e Matheus chegaram também e sentaram perto dele. Gabriel tinha uma expressão mais séria e Matheus, como sempre, mais sorridente e amistoso:– Isso é trabalho da polícia!