POV: AIRYSEu pisquei várias vezes, confusa. Tentando entender o que tinha acabado de ouvir. Ele não disse com gentileza. Não usou palavras doces. Ele não sabia ser doce. Mas... era verdade. Do jeito dele, bruto e animalesco, ele estava tentando me dar algo que eu nem sabia se merecia.Meu coração bateu forte. Rápido. Alto demais.E tudo o que consegui fazer foi continuar ali, imóvel, tremendo de dentro para fora.— Agora venha, você precisa descansar. — A voz de Daimon soou baixa, autoritária, sem espaço para discussão.Antes que eu pudesse reagir, ele se ergueu comigo nos braços, com a facilidade de quem carrega algo pequeno demais. Enlacei as pernas em volta de sua cintura no mesmo instante, instintiva, sentindo os músculos dele se enrijecerem sob minhas coxas. Um rosnado escapou de sua garganta, grave e rouco, reverberando contra o meu peito. Ele fechou os olhos por um segundo e encostou a testa na minha, como se precisasse conter algo.— Não se mova assim. — Foi um aviso. A voz de
POV: DAIMONAirys permaneceu ali, parada, me encarando. Os olhos grandes, mel brilhante, fixos em mim como se tentassem entender algo que ela mesma não sabia explicar. A boca entreaberta, pronta para dizer algo..., mas desistiu no meio do caminho.Esse era o maldito problema dela. A hesitação.Ela não sabia o que sentia. Não conseguia aceitar o que queria. Tinha medo do que estava desejando.“Uma pena.” Fenrir resmungou dentro de mim, inquieto, pulsando com a mesma intensidade que eu. “Compreendo agora. Ela está perto.”— Ela está prestes a tomar uma decisão. — respondi para ele em pensamento, sem tirar os olhos dela.Suas íris claras brilhavam com um tom indecifrável, uma mistura de dúvida, curiosidade... e desejo.— Estamos a um dia da grande primeira noite.
POV: DAIMONHamissa surgiu diante de nós, sorrindo como se estivesse diante de um prêmio. Abaixou a cabeça em respeito, mas seu cheiro não mentia. Ansiedade. Excitação. Desejo.As garras de Fenrir cravaram por dentro. Queria destroçá-la. Eu também.— Alfa. — Ela sorriu, ousada. — É uma honra provar meu valor... e, quem sabe, desfrutar de um momento ao seu lado.Seu tom nos irritava, o olhar, o cheiro... pior ainda. Tudo nela nos provocava repulsa.— Se a vencer. — deixei claro, rosnando. A voz saiu mais baixa, mais densa, carregada de fúria mal contida.Fenrir rugia dentro de mim. Com muito esforço contive o impulso de destruir a loba à minha frente com as próprias mãos. Ela não fazia ideia de quão perto estava da morte.
POV: AIRYSEla me encarou em silêncio. Os olhos celestiais pareciam saber demais. Me analisou de cima a baixo, como se esperasse algo de mim que eu não era capaz de entregar. Negou com a cabeça lentamente, decepcionada.— Como ele pode ter tanta certeza sobre você, se você nem ao menos consegue ver o óbvio? — Sua voz soou como uma acusação velada, mas antes que eu pudesse rebater, passos pesados se aproximaram do corredor.O som das botas contra o piso ecoou como um alerta. Meu corpo inteiro enrijeceu. Arfei.— Vamos! — rosnou o Beta ao entrar na sala. Sua presença era agressiva. Mostrou as presas num gesto hostil para a mulher, que não recuou. Os olhos dele estavam cravados nela com fúria contida. — Você não deveria estar aqui.Ela ergueu o queixo com um meio sorriso, sem demon
POV: AIRYSDei alguns passos à frente, onde parecia ser a linha de largada para aquele maldito teste, quando senti seu cheiro inebriante. Minha pele se arrepiou antes mesmo que sua presença poderosa me envolvesse. Daimon parou ao meu lado, segurando meu rosto e forçando-me a encará-lo.— Não morra. — Ele rosnou. Seus olhos terrosos cintilavam em vermelho, Fenrir à superfície. O som rascante da sua voz fez algo vibrar dentro de mim.— Alfa. — Sorri de canto, fechando sutilmente os olhos, absorvendo seu aroma e o calor abrasador do seu toque. Meu peito vibrava com a intensidade dele. — Pela primeira vez, pretendo obedecer a uma ordem sua.Ele sorriu de lado. Sua mão deslizou devagar, os dedos roçando minha face antes de pousarem sob meu queixo em um aperto firme. Seu olhar mergulhou no meu, e minha pele formigou.&nbs
POV: AIRYS— Não é uma escolha! — Ela rugiu, soltando rosnados ameaçadores.— Ultimamente, tenho escutado muito isso. — Bufei, tentando ignorar o medo que rastejava sob minha pele.Hamissa atacou, veloz como um raio. Me esquivei por um triz, girando o corpo e erguendo a adaga. Quase cravei a lâmina em sua costela, mas ela virou o focinho e abocanhou meu pulso com força brutal. Um grunhido de dor escapou de meus lábios quando suas presas esmagaram meu osso.Com um impulso desesperado, chutei sua barriga, forçando-a a me soltar. O impacto me fez cair para trás, e a adaga escorregou da minha mão, aterrissando na neve fofa. Hamissa investiu outra vez, sem me dar tempo de recuperar o fôlego. Desta vez, sua garra rasgou meu ombro. Um grito me escapou antes que eu pudesse conter. Pressionei a mão contra o ferimento quente,
POV: AIRYSFlashes explodiam na minha mente. Gritos. Choros. Alguém implorando pela própria vida.— Por favor... você já ganhou! — A voz era trêmula, desesperada. Soava como Hamissa. — Não precisa me matar...Um sussurro invadiu minha mente, frio e cortante como uma lâmina encostada na nuca:“Sem clemência. Mate-a.”Minha respiração falhou.O que estava acontecendo?Estiquei os braços à minha frente com dificuldade. Eles estavam cobertos por um líquido espesso, escuro, quente. Sangue. Meus dedos tremiam. O cheiro de ferro queimava meu nariz. Arfei.Aquele sangue era meu?Eu estava de pé?Meus sentidos estavam embaralhados, como se eu estivesse entre o real e um pesadelo. Pisquei com força, uma, duas vezes. Cada piscada era pesada, como se minhas pálpebras estivessem presas por grilhões.Meu corpo se movia por instinto, sem que eu controlasse. Rosnados baixos vibravam ao meu redor. Sentia a presença deles, predadores por todos os lados, mas não os via claramente.Então... senti.Braços
POV: AIRYSAs lágrimas começaram a se acumular. Pisquei rápido, olhando para cima, tentando conter o medo, o nervosismo, a culpa, o desespero, todas as emoções que entalavam na minha garganta como farpas.— Daimon… — minha voz saiu fraca, engasgada. Um sussurro carregado de tudo que eu não conseguia mais esconder.A primeira lágrima escorreu pelo canto do meu olho. Ele viu.— Eu estou com medo.Um rosnado baixo reverberou de seu peito, profundo e ameaçador, enviando um arrepio violento pela minha espinha. Daimon avançou, reduzindo o espaço entre nós até que o calor de seu corpo envolvesse o meu. O ar ao redor pareceu rarefeito quando ele pegou o chuveirinho, e a água morna começou a deslizar sobre mim, carregando os resquícios da batalha. O sangue misturava-se à transpar&e