POV: AIRYS
Uma onda de calor subiu pelo meu rosto. O sangue latejava em minhas têmporas, e meu corpo reagia àquela afirmação com uma mistura de raiva e desconforto.
— Eu o seduzi! — gritei, indignada, sentindo a pele incendiar.
Symon apenas me observou, o humor em seu rosto se dissipando rapidamente. Seu semblante assumiu um tom sério, os braços se cruzaram, e sua postura ficou rígida.
— Humana, ainda não percebeu que o Supremo está testando você? Avaliando cada detalhe seu, observando cada reação? — Sua voz se aprofundou, misteriosa. — Assim como foi no julgamento.
Meu coração falhou uma batida. O peso daquelas palavras reverberou dentro de mim, como um trovão distante se aproximando rapidamente.
— No julgamento? — Minha voz vaci
POV: AIRYSRindo, Jasper continuou as provocar:— Hamissa, quantos ciclos de acasalamento são precisos para entender o recado divino? — A voz de Jasper carregava um tom de divertimento perverso, seu olhar fixo, implacável, desafiando as lobas sem o menor traço de paciência.— Que recado divino? Seu soldadinho de merda! — Sther interveio, a raiva transbordando em cada palavra. Os olhos dela ardiam de fúria enquanto seus punhos se cerravam ao lado do corpo, pronta para um confronto.Jasper sorriu, aquele tipo de sorriso que gelava o sangue e despertava um instinto de alerta. Ele inclinou levemente a cabeça, deixando a escuridão de seus olhos se aprofundar.— O recado de que vocês não são dignas de um lobo ancestral. De um Fenrir. — Sua voz ressoou com provocação calculada.
POV: AIRYSO peso de sua frustração era evidente.— Sinto muito. — Murmurei sinceramente.Ele ergueu o olhar, surpreso com minhas palavras.— Espero que Lify perceba o erro dela antes que seja tarde demais.Jasper piscou, me observando atentamente, como se estivesse tentando entender se eu realmente falava sério.— Obrigado… eu acho. — Ele passou a mão pelos cabelos, suspirando. Depois, seu olhar endureceu.— Agora é sua vez de me responder.Sorri de canto, cruzando os braços.— Essa é fácil. Eu não sei a resposta.Pisquei para ele e me virei para sair, mas antes que eu pudesse dar mais dois passos, Jasper correu para minha frente, abrindo os braços e bloqueando a passagem.
POV: AIRYSDesci as escadas em disparada, os pés tropeçando nos degraus, enquanto o som da perseguição ecoava atrás de mim.Um peso descomunal se lançou sobre mim. No último instante, atirei-me ao chão, e ele passou por cima do meu corpo, batendo com estrondo contra a parede. O impacto sacudiu a estrutura, poeira e estilhaços caindo ao redor.O enorme lobo negro ergueu-se, balançando o focinho, salivando, os olhos agora inteiramente vermelhos cravados em mim. Um arrepio violento percorreu meu corpo.Eu estava sendo caçada.— Fenrir, você não quer me ferir. — Minha voz saiu mais firme do que eu esperava, mas não surtiu efeito. Ele avançou um passo, as garras deixando marcas no chão. — Alfa idiota, estou começando a perder a paciência com você!<
POV: AIRYSSem pensar, minha mão se ergueu e estalou contra o rosto dele. O som do tapa reverberou no silêncio da caverna. Sua pele ficou avermelhada no mesmo instante. Ele levou os dedos até a marca, seus olhos semicerrando.O rosnado que veio depois fez meu corpo estremecer. As garras dele cravaram na lateral do meu quadril, e um gemido escapou dos meus lábios. A dor misturada à adrenalina me fez agir no impulso.Me inclinei e o beijei.Seu corpo travou no mesmo instante. Por um segundo, ele ficou rígido, como se não acreditasse no que eu tinha acabado de fazer. Então, algo mudou. As garras se retraíram, dando lugar a uma pegada firme e dominante. Suas mãos apertaram meu quadril com mais força, e antes que eu pudesse assimilar, fui pressionada ainda mais contra a rocha.Seu corpo nu roçou contra o meu, quente,
POV: DAIMON— Está piorando. — A voz de Fenrir explodiu dentro da minha mente, um rugido de pura fúria e frustração. A pressão foi tão intensa que meus ossos estalaram em protesto. Mantê-lo contido exigia um esforço absurdo, como tentar segurar uma fera selvagem acorrentada dentro de mim, pronta para dilacerar qualquer coisa em seu caminho."Quase a matamos!" Ele rosnou, sua voz reverberando em minha cabeça como uma tempestade prestes a engolir tudo. Meus músculos enrijeceram, minha pele ardia como se estivesse sendo esticada ao limite.A raiva borbulhava dentro de mim, incontrolável. Meus punhos se fecharam e o impacto contra a madeira maciça da mesa ecoou pelo escritório. O móvel rangeu sob minha força descontrolada. Peguei a primeira garrafa ao meu alcance, algo forte, qualquer coisa que queimasse mais do que o fogo q
POV: AIRYSFazia dias que eu não via Daimon. Dias longos. Silenciosos, estranhamente, Incômodos.Ouvir Symon comentar com um guerreiro que o Alfa Supremo havia retornado à minha antiga alcateia. A mesma que agora estava sem um Beta e sem um líder de verdade para colocar ordem. Claro que o Supremo iria intervir para resolver o caos, e sabíamos que o seu resolver geralmente significava alguém perdendo a cabeça.— Ah! — O grito escapou rasgado da minha garganta no momento em que o chute me atingiu. Fui ao chão com violência, meu corpo rolando como boneca de pano pelo solo duro. A pele ardia, foi rasgada em vários pontos, o sangue ferveu.Quando parei de me mover, seus pés já estavam perto demais do meu rosto. Arfei. A respiração curta, quente, ofegante. Senti o gosto metálico do sangue misturado à poeira.<
POV: DAIMON"Ridículos."O rosnado de Fenrir explodiu na minha mente com nojo, enquanto eu encarava a cena patética diante da alcateia. A expressão dele era tão feroz quanto a minha.O lugar cheirava a mofo, abandono, sangue antigo. A alcateia onde o ex-marido de Airys agora se dizia Alfa parecia mais um curral de escória do que território lobo.Os relatórios que recebemos estavam cheios de mentiras. Dados manipulados, números inflados. O avaliador que deveria inspecionar a situação? Estava enjaulado em um buraco imundo chamado calabouço — sim, no singular, porque achávamos que era só um. Descobrimos que existem outros. Espalhados, escondidos. Uma rede de podridão sustentada por outros Alfas covardes que acobertam essa sujeira."O cheiro de corrupção está impregnado nas paredes," disse Fenrir, impaciente. Eu podia sentir o desconforto dele se misturando ao meu. Nossos instintos estavam em alerta.Os hospitais? Um lixo. Faltavam desde itens básicos até medicamentos essenciais. O tipo d
POV: DAIMONMe inclinei, o obrigando a me encarar novamente. Seus olhos tremiam. Ele arfava de dor, os lábios rachados, pálidos.— Se falhar... deixarei Fenrir brincar com sua carne até roer os seus ossos.Soltei um rugido firme, liberando uma fração do meu poder Lycan. A pressão tomou conta do ambiente, densa, sufocante. A estrutura estremeceu. Os guardas ao redor gemeram, dobrando os joelhos, ofegantes, dominados pela força que escapava de mim sem esforço.“Não vou colocar essa porcaria fraca em minha boca.” Bufou meu lobo, impaciente. A irritação dele queimava em mim como sempre. Ri por dentro, sentindo o desprezo na voz. “Devia ter matado logo.”Sai do local sem olhar para trás, puxando o celular. Disquei para Symon.— Por isso, Fenrir, eu cuido da burocracia... e você dá carnificina. — Estalei a língua com tédio no tom quando o beta atendeu. — Já localizou Stephano?— Estamos seguindo algumas pistas. A última vez que foi visto foi nas terras dos errantes. — A voz dele estava firm