POV: DAIMON
“Inadmissível!”
Fenrir rugiu em minha mente, tomado pela fúria. “Deveríamos arrancar a cabeça desse Beta insolente.”
Cerrei os punhos, contendo a raiva.
— Symon não interromperia sem um bom motivo. — Minha voz saiu áspera, carregada de irritação.
Meus olhos voltaram para a pequena despida em minha cama. O desejo ainda latejava sob minha pele, o cheiro dela impregnado no ar. Mordi a parte interna da bochecha, lutando contra o instinto de voltar e a tomar como deveria. Mas não agora.
“Para o bem dele, que seja algo relevante.”
Levantei-me, ignorando o desconforto no corpo tenso e segui para fora, cada passo pesado, marcado pela frustração. Atravessei a mansão com pressa, subi no carro e fui direto para a sede. Assim que passei
POV: DAIMONOs representantes respiravam devagar, tensos, temendo qualquer movimento errado.— Rei Lycan, imagino que já esteja ciente do que aconteceu. — A voz grave do ancião ressoou. Ele era um dos descendentes diretos dos primeiros Alfas que fundaram o conselho. — As pedras foram levadas… junto com muitas vidas inocentes.— Eles sabiam a planta da alcateia. Sabiam como entrar e sair sem serem notados. — Hazin, Alfa da Abyssum, rosnou. — Não foi apenas um ataque. Eles queriam nos pegar desprevenidos, queriam o caos.— Eles atearam fogo na creche da minha alcateia! — A voz de Kael, líder da Ventus Lucis, explodiu na reunião. — Filhotes, desprotegidos, queimados sem piedade!O peso de suas palavras caiu sobre todos. Murmúrios se espalharam, carregados de choque e indignação.
POV: AIRYSSete longos dias se passaram sem nenhuma notícia, sem sua presença. Nada. O vazio em torno de mim parecia sufocante. Estava ali, sozinha, naquele quarto enorme, cercada por seu cheiro e pela irritação crescente.— Parabéns, Airys. Mais um Alfa fugindo da sua vida. — Murmurei para mim mesma, revirando os olhos.A rotina se resumia a ser levada ao hospital, onde uma médica loba, aparentemente perdida, me dava ordens. Depois, era trazida de volta para essa prisão de luxo sob vigilância constante. Dois guardas se revezavam para me vigiar, como se eu fosse um perigo iminente.Parei diante da porta, encarando Jasper, que mais parecia uma estátua inexpressiva.— Quero voltar para o meu antigo quarto. — Cruzei os braços. — Não há motivo para me manterem aqui.
POV: AIRYS— Terá que servir. — Murmurei, voltando para perto dele. Empurrei suas pernas para abrir espaço entre elas. Ele tombou a cabeça para o lado, me encarando em silêncio enquanto tomava outro gole.— Não deveria beber estando ferido. — Resmunguei, preparando o material.— O que pensa que está fazendo, pequena? — Sua voz saiu grave e rouca, carregada de um aviso.— Tentando impedir que sangre até morrer. — Retruquei, pegando a garrafa ao lado e despejando um pouco da bebida sobre a ferida. Ele rosnou baixo, mas não se moveu.— Isso vai doer. Ainda não quer ir ao hospital ou ao lago? — Questionei, encarando-o.— Não há necessidade de fazer isto. — Daimon deu de ombros, pegando a garrafa da minha mão e virando mais um gole, indiferente.— Você que sabe. — Murmurei, passando a agulha pela sua carne, fechando o corte com precisão. Ele não resmungava, não rosnava, sequer se movia. Apenas me observava. Terminei o último ponto, apliquei um curativo e assoprei levemente sobre a pele que
POV: DAIMON“Intensa, verdadeira e corajosa.” Fenrir rosnou em minha mente enquanto analisava a pequena humana diante de mim. Seus olhos cor de mel me fitavam com uma curiosidade ingênua, mas desafiadora. Ela era frágil, mesmo assim, não se dobrava. Eu via a coragem misturada ao medo em seus olhos delicados.— Cumpra com os seus teste, pequena Airys Monveil. — Ressoei bruscamente a soltando, me levantando, a observação fria em meu semblante. — Se torne forte e me prove sua essência e valor.Caminhei para sair, parando ao ouvir aquelas palavras.— Você também foge. — Ela disse baixo, se sentando na ponta da cama e encarando em minha direção.Meu maxilar travou. Girei o rosto para encará-la de soslaio, estreitando os olhos— Fujo? — Estalei a língua irritado com a mera sugestão.“Que Audácia” Bufou meu lobo.— Quando me aproximo, você se afasta como na cabana. — Airys se ergueu vindo em minha. Senti seu aroma antes mesmo do seu toque, um perfume doce misturado ao medo que exalava de sua
POV: AIRYS— Sou ingênua demais. — Solucei baixinho, ainda encolhida no canto do quarto escuro e frio. — Assim como ele.Sequei as lágrimas com força e raiva, engolindo o nó formado na garganta. Os dedos tocaram os lábios doloridos, sentindo o resquício do beijo feroz, bruto, impiedoso.— É isso que você deseja, Daimon Fenrir? alimentar-se do meu medo, do meu anseio? — Um riso amargo escapou, carregado de desprezo. — Ótimo. Eu darei o que tanto almeja.Levantei-me de um salto, abrindo o guarda-roupas. Vestindo-me rápida, preparei-me para sair. Quando abri a porta do quarto, percebi que não havia mais um guarda ali. A liberdade estava ao meu alcance.— Alfa arrogante demais. — Murmurei, estalando o pescoço antes de cruzar o corredor e sair para o ar géli
POV: AIRYS— O quê? — sussurrei, sentindo minha garganta secar enquanto apertava as mãos trêmulas contra o próprio corpo.Daimon desceu lentamente os olhos por mim, sem pressa, avaliando cada detalhe, cada curva revelada pela roupa de treino justa. Seu olhar queimava, mas não de desejo, era algo mais sombrio, mais intenso, quase como...“Ciúmes?” Não, estava novamente romantizando algo com uma fera.Ele bufou, irritado, semicerrando os olhos cravando sobre mim.— O que eu faço aqui? — Arrisquei perguntar, meu tom mais firme do que me sentia. Dei um passo à frente, o coração batendo dolorosamente no peito.A resposta veio como um trovão feroz e imponente:— Tragam os prisioneiros. — Ressoou friamente em uma ordem implacável carregad
POV: AIRYSMeus olhos encontraram os de Daimon. Ele se inclinou para frente, me avaliando, o cenho franzido, atento.— Por que você está fazendo isso comigo? — Minha voz era um sussurro trêmulo.Foi o Beta quem respondeu.— A testemunha possui cicatrizes em suas costas, marcas profundas. — Ele se adiantou, apresentando imagens. Fotos que eu não fazia ideia de quando ou como haviam sido tiradas. — Também temos filmagens das ações dos prisioneiros.Minha visão escureceu por um instante. O julgamento não dependia mais de mim.A verdade já havia sido selada.Um telão desceu no centro do salão, e a imagem projetada congelou meu sangue. Meu próprio rosto tomado pelo desespero, olhos inchados de tanto chorar, a pele marcada pela brutalidade.
POV: DAIMON“Ela implora por aqueles que queriam ver sua desgraça!” Brandiu Fenrir, sua raiva pulsando no ar. “Tola, ainda lhe falta uma alma guerreira.”— Saia da frente, pequena. — Rosnei, minha voz ecoando com ameaça, o solo sob meus pés estremecendo. — Não vou pedir novamente.— Não. — Airys segurou meu braço com suas mãos pequenas, o queixo erguido em desafio. — Você me deve isto, por esta noite. Me deve ao menos um pedido.— Te devo? — Franzi o cenho, analisando-a com cuidado.“Como pode ser tão ousada conosco e tão sensível com esses vermes?” Meu lobo bufou, impaciente. “Mate-os logo, deixe-me rasgar suas carnes e arrancar seus ossos!”— Eu sou sua, Daimon. Não lhe pedi benevolência ou liberdade, apenas disse o que desejava. — Seu corpo tremia, sua respiração era irregular. Eu podia ouvir a batida acelerada de seu coração, sentir o nó em sua garganta tornando sua voz falha. — Não pedi cuidados, absolutamente nada. Então, estou te pedindo agora: deixe-os ir!Cerrei os punhos, fi