Angel Camille
16 de março de 2016 - 07h30min
- Camille? Cami, acorde. - Tia Agnes balança meu ombro suavemente para me acordar.
Abro os olhos, confusa, tentando desviar da claridade ofuscante do sol que ameaça me cegar a qualquer momento. Olhando ao redor, percebo que estamos estacionadas em uma rua residencial, mas não é qualquer rua.
Nunca andei muito pela cidade onde eu morava antes, era apenas de casa para a escola e da escola para casa, visto que a boate de meu pai ficava logo abaixo, mas, ainda assim, tenho certeza que lá não haviam prédios como estes.
É como se, ao construí-los, os arquitetos e engenheiros quisessem desafiar as leis da física e da lógica. Os prédios que ficam do lado esquerdo da rua, todos com mais de cinquenta metros de altur
Angel Camille16 de março de 2016 - 08h30minQuando tia Agnes para o carro, engasgo e começo a tossir, tentando disfarçar minha surpresa, ou melhor, meu susto, enquanto olho para a pequena, velha e encardida casa a nossa frente. Quando morei em Deoiridh, a nossa casa não era das melhores, mas ao menos era nova e bem cuidada. Essa é o contrário, mas, olhando mais atenciosamente, ao menos parece aconchegante. O telhado é feito de telhas de barro marrom escuro desbotado e as paredes, outrora pintadas de branco, estão com manchas de umidade e bolor por toda a sua extensão. As janelas e a porta da frente... Não há o que falar, estão em péssimo estado. - Não está tão ruim assim, para ser bem honesta. - Digo, enquanto minha tia me olha,
Andres27 de abril de 2017 - 11h30min- Comprou tudo, mãe? - Pergunto, entrando na cozinha de mármore preto, decorada com madeira de diferentes tons de marrom escuro e creme, e indo até a pia lavar as mãos. Nosso apartamento é uma cobertura e é ridiculamente grande... Já notei isso, é óbvio, visto que moro aqui desde que nasci, mas não consigo deixar de pensar nisso toda vez que entro aqui. O apartamento tem quatro suítes, todas ocupadas, e dois quartos de hóspedes, dois lavabos, dois escritórios, um para cada um de meus pais, uma biblioteca, sala, cozinha, sala de jantar e uma área com uma vista linda do topo das árvores da minifloresta que fica na frente do prédio e das casas mais simples do outro lado das árvores... Ou seja, ridiculamente grande.<
Andres28 de abril de 2017 - 00h30minLuana, no final das contas, acaba sendo uma companhia mais útil do que eu havia imaginado quando aceitei seu convite, pois ela fala sobre a vida dela, sem perguntar sobre a minha, e me faz quase esquecer de meu pai... Mas apenas quase. - Então, o que você quer fazer agora? - Luana pergunta, assim que saímos da roda gigante, que é pequena, apertada e muito lenta, agarrando-se ao meu braço como a um colete salva vidas em meio a uma tempestade no mar. - Vai continuar me fazendo companhia ou já chegou sua hora de partir? - Ela joga os cabelos curtos para trás dos ombros, dando um sorriso doce e encantador. - Não, minha hora ainda não chegou. - Olho para ela e sorrio de volta. - Que tal se a gente... - Estou prestes a convidá-la para dar uma volta, beber ou co
Manuela28 de abril de 2017 - 06h30minAcordo assustada ao ouvir o meu despertador, alto e estridente no silêncio do quarto. Normalmente, não durmo a noite toda, pois quase todo santo dia tenho pesadelos horríveis que me fazem acordar antes que o despertador tenha a chance de fazer o seu trabalho. Paro o despertador, temendo que o barulho acorde Anna. Sento em minha cama, olhando ao redor por um tempo e tentando despertar completamente, pois preciso me levantar, me arrumar e arrumar Anna, para eu ir para a escola logo e ela para a casa da nossa vizinha. Com isso em mente, solto um suspiro e me levanto, indo em direção ao banheiro para tomar um banho antes de acordar a pequena. Andando pela casa, é praticamente impossível evitar o sorriso de orgulho e satisfação que se espalha por meu rosto. Nos mudamos par
Manuela28 de abril de 2017 - 14h20minTrabalhar no Le Petit Café é meio que a melhor parte do meu dia, pois eu preciso apenas sorrir, anotar pedidos, conversar algumas amenidades com os clientes regulares e tentar não pensar em como minha vida é, basicamente, uma merda. Eu tento muito me manter firme e não reclamar, mas não é fácil estudar quatro horas, trabalhar por oito e ainda ser uma mãe para Annabelle vinte e quatro horas por dia, tudo isso em um dia e ainda ter que repetir isso todos os dias da semana, do mês, do ano. Claro, poderia ser ainda pior, mas, porra, eu tenho dezessete anos, ou seja, eu meio que só queria curtir um pouco a vida, como a Gabi, mas eu com certeza não posso, por muitos motivos. Claro, a Gabi. Será que é por isso que eu aceitei o convite dela
Manuela28 de abril de 2017 - 20h40min- Já falei uma vez, mas vou falar novamente: Isso é uma péssima ideia. - Digo, assistindo Luana e Gabriela misturando uma quantidade inapropriada de rum branco a bebida de aparência e consistência duvidosas que está dentro do liquidificador. Quando sai do Le Petit Café, Gabriela e Luana estavam me esperando, já com uma mochila cheia de roupas minhas, para passarmos o um final de semana “divertido” no apartamento dos pais de Lu, que estão fora da cidade a trabalho, ou algo assim. Eu não queria vir, pois não me pareceu justo deixar minha mãe cuidando de Annabelle mais uma noite, mas Agnes disse que era para eu aceitar, que ela e Anna ficariam bens sem mim, então eu vim. O apartamento de Luana é imenso e lindo, com uma decora
Manuela29 de abril de 2017 - 02h40minA festa saiu totalmente de nosso controle. Sabe quando percebemos isso? Quando, ao invés de quarenta pessoas, cerca de umas sessenta, setenta invadiram o apartamento. Gritando, pulando e esbarrando em estatuetas de cerâmica extremamente fina que a mãe de Luana traz de, conforme ela nos contou, todos os lugares do mundo para onde vai. Nas primeiras horas, nós três ficamos apenas correndo para lá e para cá, escondendo objetos caros e expulsando adolescentes pervertidos dos quartos da casa e, sim, podem acreditar, da dispensa, mas, lá pelas três da manhã, as coisas começam a se acalmar e então finalmente podemos curtir um pouco a festa. Eu danço, realmente danço bem, mas hoje não estou muito no clima para isso e, nesse momento, est
Andres15 de março de 2018 - 10h30minAcho que já fazem três horas, talvez quatro, que eu estou aqui sentado, ou pelo menos é isso o que parece para mim, pois minha postura está rígida, embora minha mente continue tão confusa quanto estava antes de eu sair de casa. Só em Celosia, temos cinco Restaurantes e, em todos eles, meu pai tem um escritório. Nesse momento estou em um desses escritórios, o que fica em cima do maior Bistrô Il Nostro Mondo da cidade, e também, com certeza, o mais aconchegante, onde ele passava a maior parte do seu abundante tempo livre. Não sei o motivo de ter vindo até aqui, sei apenas que, quando recebi a ligação de Lucas Martinelli, não suportei ficar perto de minha mãe e meus irmãos, precisava ficar sozinho e, no