Manuela
01 de janeiro de 2021 - 17h
- Então, o que você tem para me falar sobre a sua vida? - Olho para Andres, que está me encarando com um interesse óbvio em seus olhos verdes.
- O que você quer saber? - Suspiro, desviando o olhar dele para minha filha, que parece estar começando a ficar entediada, apenas passando pelos habitats das aves, sem parar para observar nem uma.
- Fale o que sentir vontade de falar. - Ele pede. Abro a boca, mas Andres me interrompe, erguendo um dedo no ar. - Mas, por favor, me conte sobre ela. - Fala, apontando o dedo para Annabelle.
- Annabelle Martins, nascida em 01 de janeiro de 2016, completando cinco anos hoje... Ela é uma criança incrível. - Brinco, fazendo com que Andres revire os olhos e bufe, mas sorria ainda assim.
Manuela01 de janeiro de 2021 - 20h40min- Como foi a noite de ontem? - Perguntam Luana e Gabriela, em uníssono, assim que entro vestiário da boate. Hoje, ao contrário dos outros dias, não vim para a boate com nem uma delas, peguei emprestado o carro de minha mãe, então, para o total descontentamento das meninas, elas não puderam me interrogar durante todo o caminho como foi minha primeira noite como acompanhante de luxo. - Não foi muito legal. Na verdade foi uma bela merda. - Respondo, passando por elas e indo direto para o meu armário, com a intenção de trocar de roupas e ir para o salão. - Como assim? O que aconteceu? - Luana segura meu braço, me virando de frente para ela e me olhando de cima a baixo com atenç&at
Manuela01 de janeiro de 2021 - 18h30min- Pode deixar que eu a levo, And. Você já fez muito. - Digo, descendo do carro e estendo os braços para que Andres, que ainda não desceu do veículo, me entregue Annabelle. - Por que, Manuela? Você, por um acaso, está tentando se livrar de mim? - Ele sorri, saindo do carro sem nem uma dificuldade, como se Anna não pesasse nada. - Não, eu só... - Eu só o que? Porra, eu não sei o que eu estou querendo. De uma hora para a outra, assim que as SUVs pretas pararam em frente à minha casa, simples e com a pintura descascando, comecei a perceber a diferença entre o meu mundo e o dele. Acho que, por esse motivo, não me sinto mais confortável em sua presenç
Andres02 de janeiro de 2021 - 02h10minDou um passo para trás ao mesmo tempo em que Gabriela... Ou melhor, ao mesmo tempo em que Manuela cobre o rosto com as mãos, parecendo pequena e envergonhada por ter sido descoberta em um estabelecimento como este no qual no encontramos. Gabriela, a menina que conheci na boate anos atrás, e Manuela, a menina estranhamente maravilhosa que aparece em minha vida de vez em quando, são, no final das contas, a mesma pessoa... Sim, as duas me trazem a mesma sensação de paz e tranquilidade, fazem com que eu me sinta mais o antigo Andres e menos esse monstro que acabei me tornando, mas eu nunca pensei que poderiam ser a mesma pessoa. Isso não passou em minha cabeça nunca, até porque Manuela e Gabriela não coexistiam em meus pensamentos ao mesmo tempo
Andres02 de janeiro de 2021 - 02h40 - Então... - A voz de Manuela, propositalmente elevada para ser ouvida em meio à multidão alvoroçada que se aglomera na entrada da boate, esperando sua vez de entrar, me traz de volta para a realidade. - O que vamos fazer? - Ela inclina a cabeça para o lado, dando um leve sorriso para mim. - Como assim? - Ergo uma sobrancelha, ainda tentando colocar meus pensamentos em ordem. - Nós vamos fazer alguma coisa, ou você me tirou lá de dentro apenas para mostrar o quão poderoso é? - Manu joga os longos cabelos escuros por cima dos ombros, dando um sorriso zombeteiro. - Ah, claro. - Coloco as mãos nos bolsos da minha calça, olhando ao redor e para todo lugar, menos para Manuela. Q
Andres02 de janeiro de 2021 - 03h10minAbro a porta de meu apartamento, tão nervoso que acabo esbarando em um vaso de flores horrível de porcelana que fica sobre uma mesinha de mogno ao lado da porta, onde coloco minhas chaves sempre que chego em casa. - Puta merda. - Manuela solta, passando por mim e pegando o vaso antes que ele caia no chão e se estilhasse. - Ótimos reflexo, mulher aranha. - Ela ri e, ao ouvir o som de sua risada, sinto-me um pouco mais leve. - Garçonete. Lembra? - Manuela coloca uma mecha do cabelo molhado atrás da orelha e se abaixa, provavelmente com o intuito de juntar a meia dúzia de flores que caíram no chão quando o vaso virou. - Esqueça isso. - Digo, pegando-a pela mão e a puxando para cima novamente.
Manuela02 de janeiro de 2021 - 05hAcordo assustada e coberta de suor. Está quente no quarto onde me encontro, muito quente, e o braço de Andres ao redor da minha cintura não ajuda em nada nesse quesito. Apesar de ser surpreendentemente reconfortante acordar em seus braços. Andres? A realidade sobre os acontecimentos da noite anterior caem sobre mim como um banho de água fria. Céus, por que eu estou aqui? Por que aceitei vir para a casa dele? Mas, o que pior ainda, por que eu fiz o que fiz? Certo, não posso dizer que o que aconteceu entre nós não foi consensual, pois eu realmente o desejava, e muito, mas como esse demônio absurdamente sexy conseguiu me fazer ir contra tudo o que acredito por uma noite e me entregar? Não é como se eu estivesse guardando minha virgindade a sete chaves, como um tesouro precioso, mas eu tin
Manuela05 de maio de 2015 - 18h30min- Chocolate ao leite ou baunilha? - Minha mãe pergunta, segurando uma fava de baunilha em uma mão e uma caixa de chocolate em pó na outra. Olho para o recipiente onde eu estava misturando a farinha com os ovos e os demais ingredientes da receita, tentando imaginar de qual combinação ficara melhor para um bolo de aniversário. - Eu acho que podemos fazer a massa de baunilha com recheio de chocolate. Podemos enfeitar com chantilly e morangos depois. - Ingrid balança a cabeça para os lados, como se estivesse pensando, e então abre um sorriso radiante. - Pensamos a mesma coisa. - Ela fala, comemorando como se fossemos velhas amigas, ao invés de mãe e filha. &nbs
Andres02 de janeiro de 2021 - 10h - Você está dormindo até agora, Andres? - Acordo assustado ao ouvir a voz elevada de Débora. Como um ato reflexo, seguro as cobertas ao meu redor de meu corpo com firmeza. - A verdadeira pergunta é: o que você está fazendo aqui tão cedo? - Pergunto, ainda sonolento e com os olhos semicerrados. - Cedo? - Minha mãe abre as cortinas que cobrem as janelas, as mesmas que eu fechei pouco antes de Manuela dormir em meus braços... Manuela. - Não é cedo, Andres. Já são dez horas da manhã e você ainda está deitado. - Sério? - Pergunto, mas estou prestando atenção apenas parcialmente nas palavras de minha mãe. Nesse m