“Por Zoe Adkins”Sentada ao lado de Ellie nas cadeiras do hangar, tento manter uma expressão calma, mas meu coração parece acelerar a cada segundo de espera, e o enjoo torna tudo ainda mais torturante. A ansiedade por essa viagem inesperada me sufoca, refletindo em movimentos repetitivos em minhas pernas.— Zoe, respira! — Ellie diz pela terceira vez, desde que chegamos aqui, colocando a mão no meu ombro como se quisesse me ancorar à realidade. Faço o que ela pede, respirando profundamente.— E se eles não gostarem de mim? — pergunto, sentindo minha voz sair mais hesitante do que eu gostaria. A ideia de tudo ficar sério entre nós, antes que eu tenha coragem de contar sobre o bebê, é um peso que parece insuportável. — Não sei se foi uma boa ideia te ouvir.— São apenas pessoas, amiga. — ela responde, dando de ombros. — E se não gostarem, paciência! O que importa é o que ele sente por você.Antes que eu possa responder, finalmente vejo Sean se aproximando de nós, aparentando estar mais
O clima no jardim muda rapidamente, deixando a tensão em evidência. Sinto Sean apertar minha mão e o encaro, percebendo seus olhos verdes, agora duros, se fixando em sua mãe.— Para quem estava prestes a morrer, a senhora está muito bem. — ele comenta, seco. Ela arregala os olhos, claramente surpresa com as palavras do filho.— Sean, eu só…Martina, a mãe de Stefano, solta Ellie e se aproxima da irmã, falando algo em italiano em tom repreensivo. Giulia suspira profundamente, como se estivesse se acalmando. Ela olha para Sean antes de me encarar novamente, mas dessa vez com menos intensidade.— Desculpe, Zoe. Fiquei surpresa, só isso. — ela explica, tentando suavizar o tom. — Depois da experiência terrível que Sean teve com Elena, ele me disse que não iria se envolver com mais ninguém. Foi difícil para todos nós.— Mamma, por favor, não piore as coisas. — Sean diz, negando com a cabeça. — Fiquei sabendo que você estava morrendo e encontrei uma mãe saudável revivendo o meu passado. Poss
“Por Sean Gallagher”Um silêncio constrangedor se forma diante da pergunta indelicada de minha tia enquanto os olhares seguem fixos em Zoe. Imediatamente, nego com a cabeça, abrindo um sorriso debochado pela ideia absurda e quase impossível. Zoe se mexe em sua cadeira, visivelmente sem jeito. Estou prestes a intervir, mas ela se adianta.— Não, claro que não. — Zoe responde, forçando um sorriso sem jeito. — Deve ter sido apenas a viagem que me deixou enjoada. Não estou acostumada com viagens tão longas.Martina parece satisfeita com a resposta, mas percebo que minha mãe permanece com o olhar indiferente, tão despreocupada com essa possibilidade quanto eu. Tento mudar de assunto rapidamente para dissipar a tensão que ainda paira no ar.— E então, Mamma, como estão as coisas por aqui? — pergunto, notando um suspiro aliviado de Zoe.— Está tudo indo bem, figlio. Com aquela personificação do trabalho que você deixou em seu lugar, é impossível que alguma coisa dê errado, Sean. Por falar ni
Abro a boca, surpreso com a abordagem da minha mãe. Tento pegar meu celular de volta, afinal, atrapalhar os planos de Beatrice e trazê-la para cá é algo surreal, mas minha mãe se esquiva, indo para o outro lado da bancada para continuar falando.— Bobagem, querida, você nunca atrapalha. — ela diz, olhando para mim. — Você está sozinha em Manhattan. Não permitirei isso. Venha para Milão e passe o Natal conosco. Tenho certeza de que seus pais fariam o mesmo pelo meu filho. — ela pausa, ouvindo o que Beatrice diz. — Certo, organize-se e venha no primeiro voo disponível. Prepararei tudo para a sua chegada. Nos vemos em breve, querida. Ciao!Minha mãe desliga o telefone e me devolve o celular, sorrindo com a satisfação de quem acabou de resolver um grande problema, mesmo que ninguém tenha solicitado. Reviro os olhos, guardando o celular no bolso.— Mamma, o que foi isso? — pergunto, negando com a cabeça. — Você acabou de convidar alguém para atravessar o oceano em cima da hora.— Sean, ela
“Por Zoe Adkins”A gravidez, com todos os seus hormônios e mudanças, parece ter aflorado minha sensibilidade de uma maneira que eu nunca imaginei. Cada palavra dita durante a conversa entre eles parecia uma lâmina fina, cortando a camada frágil de coragem que eu tentava desesperadamente manter para contar sobre o bebê e acabar de vez com a culpa que carrego.— Por que você quer ir embora, bella? — Sean pergunta, num sussurro, enquanto acaricia meus cabelos, trazendo-me de volta à realidade. Solto-me de seu abraço, limpando as lágrimas teimosas que se formam em meus olhos.— Eu… sinto que não estou sendo justa com você, Sean. — respondo, tentando manter a voz firme. Ao ver seu olhar curioso, continuo: — Estou aqui, fingindo que está tudo bem, quando, na verdade, não está. Nem sabemos como ficaremos depois que tudo isso acabar. Não é justo.— Prometemos aproveitar essas semanas sem pensar no que acontecerá depois, Zoe. Por que isso agora?— Porque… — começo a dizer, mas sinto o nó na ga
“Enquanto isso, em Manhattan… Por Beatrice Espósito”.As palavras de Giulia ainda ecoam na minha mente, me fazendo abrir um sorriso satisfeito. Não vou mentir, saber que Sean foi para Milão de repente, sem me avisar, me deixou completamente irada, fazendo com que eu tentasse fazê-lo se sentir culpado por isso. Só não imaginei que, ao fazer isso, receberia um convite para me juntar a ele.— Dessa vez dará certo. — murmuro, encarando o porta-retrato onde há uma foto nossa sorrindo na nossa formatura.Passo o dedo sobre o vidro, me preparando para levantar do sofá e arrumar as minhas coisas para a viagem, quando meu celular vibra novamente. Abro um sorriso diante da possibilidade de ser ele, mas encontro uma mensagem de Giulia.“Beatrice, querida, sinto muito, mas não havia lembrado que todos os quartos estão ocupados e não quero que fique desconfortável. Marcaremos outra ocasião. Feliz Natal!”Rapidamente, começo a digitar uma resposta, disposta a dizer que posso me hospedar em um hotel
“Por Zoe Adkins”No decorrer dos últimos dois dias, a atmosfera na casa de Giulia mudou consideravelmente. Desde aquela manhã tensa na cozinha, a mãe de Sean se mostrou mais receptiva e amigável, embora ainda houvesse desconfiança em seus olhos quando eu estava por perto.Ignorando isso, minha relação com Sean melhorou consideravelmente e eu comecei a me sentir um pouco mais à vontade aqui. Foi como se essa viagem tivesse nos aproximado ainda mais. Durante o dia, explorávamos Milão ao lado de Ellie e Stefano. À noite, ele encontrava uma maneira de fugir para o meu quarto, ignorando as sutis, mas claras, instruções de sua mãe de que deveríamos dormir separados.Confesso que agir como uma adolescente apaixonada, encontrando-o escondido à noite, trouxe um ânimo inesperado à minha vida e me fez sentir viva de uma forma que há muito não sentia. Não sei como será no futuro, mas essa viagem me fez ter certeza de uma coisa: estou completamente apaixonada por ele.Agora, enquanto a Ceia de Nata
A resposta de Sean me faz abrir os lábios, realmente surpresa, enquanto me viro novamente para o portão de ferro à nossa frente. Meu coração acelera, e um milhão de pensamentos passam pela minha cabeça, mas apenas um me incomoda: “O que Elena tem a ver com isso?”— O que exatamente isso significa, Sean? — pergunto, tentando manter a calma. — Não me diga que o presente é conhecer Elena. Ainda mais aqui!— Convenhamos que esse tipo de presente seria bem estranho, não acha? — pergunta ele, arqueando as sobrancelhas. Retirando o cinto de segurança, Sean encara o para-brisa antes de me olhar vulneravelmente. — Esse é um ciclo que vou fechar, Zoe, e gostaria que você estivesse comigo. Quero dar o primeiro passo para superar meus fantasmas, mas antes quero te contar tudo o que aconteceu.— Entendo, mas… o que isso tem a ver? Por que estamos aqui?— Vamos? Prometo que você entenderá — ele conclui, abrindo a porta para sair.Meu estômago se revira quando ele abre a porta do carro para mim e se