5. Apenas Um Resfriado Bobo?

Nas últimas duas semanas, enfrentei a intensa pressão e hostilidade de Sean, que fez de tudo para me desestabilizar. Apesar disso, mantive-me focada no trabalho, recusando-me a ceder. Como consequência, trabalhei muito mais nestes últimos dias do que em anos ao lado de Richard.

Sean não estava mentindo quando disse que tornaria a minha vida um inferno, mas o que ele não sabe é que vim de um e não estou disposta a ceder tão facilmente.

Após essas semanas de intensa batalha, mesmo com a exaustão atingindo seu ápice e os sintomas de uma gripe se aproximando, dar o gostinho a Sean de me ver desistir está fora de cogitação. Afinal, meu futuro depende disso.

— A sua cara está péssima. — Emily comenta, assim que nos encontramos na cafeteria em frente à empresa. — Você tem certeza que pode trabalhar assim? Você deveria ir ao médico.

— É apenas um resfriado bobo, Emily. Tomei um remédio antes de vir trabalhar, daqui a pouco isso passa. Atchim!

— Saúde! — ela deseja, entregando-me um guardanapo. — Zoe, sério, você sabe que não precisa passar por isso.

— Tenho os meus motivos, apenas preciso aguentar um pouco mais.

— Você e esses motivos misteriosos. Enfim, que tal a noite das meninas nesse fim de semana?

— Obrigada, mas dispenso, Emily. — afirmo, revirando os olhos enquanto finalizo meu café expresso. — Há um mês, tivemos uma noite das meninas e ela me trouxe dores de cabeça que me acompanham até hoje. Prefiro aproveitar esse tempo para descansar e me recuperar dessa gripe.

— Também é uma boa ideia. Vamos?

Com um aceno de cabeça, concordo com sua sugestão e pego minhas coisas. Ao me levantar, uma leve tontura me atinge, fazendo com que eu segure no encosto da cadeira. Emily me olha, arqueando as sobrancelhas enquanto me dá um olhar desconfiado, mas se mantém em silêncio.

No caminho, tento ignorar o cansaço e os diversos bocejos causados pela gripe, desejando que esse dia passe o mais rápido possível para que eu reencontre minha cama logo.

— Você deveria mesmo ir ao médico, Zoe. — Emily recomenda assim que o elevador começa a se mover. — Isso não é saudável.

— Obrigada pela preocupação.

Com um sorriso, tento disfarçar meu incômodo com sua recomendação. Para alguém que precisou aprender a se virar sozinha logo cedo, a ideia de admitir fraqueza sempre foi um desafio. Logo, chegamos ao departamento administrativo e nos despedimos.

Me preparo psicologicamente para o meu carrasco e, em poucos minutos, chego à minha mesa. Solto um suspiro pesado ao ver a montanha de documentos e tarefas que me aguardam.

— O quê? — murmuro ao ver a lista que Sean deixou em meu e-mail. — Buscar meu terno no alfaiate? Providenciar alguém para limpar meu apartamento? Sean realmente está tentando me enlouquecer! Argh!

Com um suspiro resignado, começo a organizar as prioridades e a planejar como executar as tarefas, mesmo aquelas que nem sequer são minhas.

Após alguns minutos, vou até a sala de Sean para passar a sua agenda. Exatamente como tem sido nessas últimas semanas, passo seus compromissos, enquanto ele permanece de costas para mim, como se fosse apenas um mosquito tentando atrapalhar a sua paz.

Ao sair da sala da presidência, não consigo evitar um suspiro de frustração. Nosso relacionamento profissional parece cada vez mais desgastante, e eu me pergunto por que ele simplesmente não opta por me demitir de uma vez.

— Por Deus! Eu não aguento mais… — sussurro ao sair da sala da presidência. — Agora, vá buscar o terninho que vale o dobro do seu salário, Srta. Adkins. — resmungo, andando em direção ao elevador para ir ao alfaiate que, para variar, é bem distante daqui. — Está acabando. Em menos de três meses, estarei livre disso.

Enquanto caminho em direção à garagem, ignoro a fraqueza que mais uma vez tenta tomar conta de mim. Ao entrar no meu carro, conecto a minha playlist e mantenho-me ocupada durante todo o trajeto, cantarolando músicas animadas.

Duas horas depois, voltei à empresa. Enquanto caminho pelo corredor, rumo à sala de Sean, me vejo obrigada a diminuir a velocidade. Os sintomas da gripe parecem cada vez mais fortes, fazendo com que a dor de cabeça e a tontura se intensifiquem.

— Preciso da minha casa. — resmungo, passando a mão nos cabelos.

Ao chegar à sala de Sean, encontro-o em pé junto à janela, distraído em uma conversa ao telefone. Seus olhos encontram os meus quando entro, e ele encerra rapidamente a ligação, estendendo a mão para pegar o terno que trago.

— Finalmente, Srta. Adkins! — o CEO diz, tirando a roupa da capa protetora. Passando a mão em sua barba perfeitamente aparada, ele levanta a sobrancelha e guarda o terno novamente. — Isso não vai caber em mim, é visível que está largo. Leve-o de volta.

— Sr. Gallagher, o senhor nem sequer experimentou. — afirmo, sentindo a minha voz enfraquecer. — Não seria mais fácil se o levasse pessoalmente para tirar as medidas corretas?

— Não tenho tempo para isso, Srta. Adkins. Leve-o de volta e avise ao alfaiate para fazer os ajustes necessários. — ele finaliza sua ordem, franzindo as sobrancelhas ao me encarar.

Sinto a tontura atingir seu ápice e levo a mão à cabeça, lutando para manter o equilíbrio. Antes que eu possa procurar por algo para me apoiar, sinto a mão firme de Sean segurando minha cintura, impedindo que eu caia.

— Você está bem? — Sean pergunta, surpreendentemente num tom calmo. Ele me ajuda a sentar em uma das cadeiras e coloca uma das mãos na cintura, aguardando a minha resposta.

— Estou bem. É só… só uma gripe boba.

— Se está doente, deveria ir ao médico, Srta. Adkins. — ele afirma, voltando à sua postura habitual. — Ou quer que todos pensem que estou te sobrecarregando ao ponto de desmaiar pelos departamentos da empresa? Ligue para alguém e peça para virem te buscar.

— Não é nece…

— Não é um pedido, é uma ordem.

Com um suspiro, pego meu celular e, ao ver que já está quase no horário do almoço, ligo para Emily. Em poucos minutos, ela surge na sala com uma fisionomia preocupada.

— Srta. Davis, por favor, leve-a para casa. — Sean pede, num tom autoritário. — Você tem minha permissão para sair.

Emily concorda prontamente e me ajuda a levantar enquanto me dá um olhar de reprovação. Nem sequer me preocupo em olhar para Sean e rapidamente saímos da sala. Logo, estamos no carro de Emily.

— Esse não é o caminho para a minha casa. — digo, num tom confuso.

— Te levarei ao médico, Zoe. Como deveria ter sido.

Abro a boca para retrucar, mas o olhar que ela me dá faz com que eu me cale imediatamente e em poucos minutos chegamos ao hospital. Algum tempo depois, entre fazer a ficha médica e aguardar na sala de espera, chega finalmente a minha vez.

Após o primeiro atendimento, o médico pede alguns exames básicos e sai, me deixando no quarto com a Emily. Deitada na cama, os minutos se tornam horas, até que finalmente o médico retorna ao quarto, trazendo alguns papéis consigo. Após folhear os papéis para analisar o resultado, ele pede para Emily sair e me olha para mim com uma expressão séria.

— Srta. Adkins, todos os resultados dos exames estão dentro da normalidade, exceto um. — O médico anuncia, aproximando-se com uma expressão séria. — Você está grávida.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo