“Por Sean Gallagher” Ao receber a notícia de que ela me acompanhará durante a viagem, quase posso ouvir as engrenagens de Zoe girando enquanto ela permanece imóvel. Apesar de suas tentativas de disfarce, a expressão de surpresa estampada em seu rosto me traz uma sensação de satisfação. — Comigo? — Ela sussurra para si mesma, mas o silêncio no ambiente permite que eu ouça claramente. — Disse algo, Srta. Adkins? — Não, senhor. Estava apenas… — É parte do seu trabalho. Por que está tão surpresa com a notícia? — pergunto, interrompendo suas palavras. — Afinal, você costumava acompanhar meu pai em viagens de negócios. — Seu pai não me odiava. — ela resmunga, arregalando os olhos ao perceber que seu pensamento escapou por seus lábios. — Olhe, Sr. Gallagher, eu tinha outros planos para a próxima semana e acompanhá-lo não estava entre eles. Mas como disse, faz parte do meu trabalho. — Ótimo. — afirmo, voltando ao meu lugar. — Preciso do relatório que será discutido na próxima reu
“Por Zoe Adkins”Meu corpo inteiro parece congelar enquanto as palavras de Sean ecoam na minha mente. Tento controlar a náusea que ameaça subir novamente, enquanto encaro a expressão indecifrável de Sean, esperando sua resposta.— É isso, certo? — insisto, após ver uma troca de olhares entre os dois. — Você só pode ser louco se pensa que eu conseguiria fazer mal ao Richard.— Meu pai morreu, você se beneficiou. Convenhamos que muitas coincidências envolvem o seu nome, não acha?— Eu nunca faria mal a ele. Richard foi um grande amigo para mim.— Que tal acalmarem os ânimos por aqui? — Stefano tenta amenizar a tensão, mas Sean o ignora, aproximando-se de mim. — Ouça, Srta. Adkins, — Sean começa, encarando-me intensamente —, por enquanto estou apenas tentando entender os fatos, mesmo que seja difícil ignorar as circunstâncias.— Circunstâncias que surgiu na sua cabeça por conta de uma infeliz coincidência. O nosso… encontro, foi um erro mútuo, mas não justifica acusações infundadas. —
“Por Sean Gallagher” A tarde de sábado começa com a mesma monotonia que tem marcado meus dias desde que cheguei a Manhattan. No quarto onde improvisei uma pequena academia, apenas o som da minha respiração corta o silêncio tenso, em contraste com a agitação que sempre esteve presente na minha vida em Milão. A necessidade de mudança me trouxe à cidade que nunca dorme, mas não contava que um encontro despretensioso com Zoe me faria reviver experiências que eu tanto lutava para esquecer. Aprendi da maneira mais difícil que confiar nas pessoas pode ser uma faca de dois gumes. Você se entrega totalmente e, no fim, descobre que o que realmente importa não são os sentimentos, mas quem você é e o que pode oferecer. Seja em Milão ou Nova York, sempre há algo que me lembra das cicatrizes que o passado deixou. — Por que estou com a impressão de que há algo errado novamente? — resmungo, enquanto forço meus músculos em mais uma série de flexões. — Falando sozinho… O auge da solidão. — a v
“Por Zoe Adkins” Acordo com uma sensação desagradável no estômago. Ainda meio sonolenta, antes de conseguir assimilar o desconforto, corro para o banheiro, mal chegando a tempo antes de vomitar. Segurando a borda do vaso, respiro fundo, tentando acalmar meu estômago revoltado. Depois de alguns minutos, o enjoo começa a diminuir e me sinto capaz de me levantar. — Mas o que é isso? — resmungo, pegando minha escova de dentes. — Então é assim que as grávidas são normalmente acordadas? Após fazer minha higiene pessoal, deito-me na cama novamente, na esperança de conseguir dormir um pouco mais antes de mergulhar nas tarefas impostas por Sean. No entanto, após rolar de um lado para o outro, acabo esticada na cama como uma estrela-do-mar, encarando o teto. — Droga! — resmungo, soltando um suspiro frustrado. — Voltar a dormir seria pedir muito, não é? Passando a mão no rosto, decido me levantar para iniciar o dia. Ao sair do quarto e passar pelo corredor, sinto o cheiro de café rec
Estreito o olhar imediatamente, torcendo para a visão ser apenas fruto da minha mente cansada. No entanto, logo confirmo que ele realmente está aqui. Sentado em uma mesa do outro lado do pub, Sean está ao lado de Stefano. Sem que eu tenha controle, um misto de emoções toma conta de mim, desde a raiva pelo que ele tem me feito passar até o desejo inegável que, infelizmente, ainda sinto por ele. Ao se certificar de que eu o vi, um sorriso sarcástico brota em seus lábios antes que ele leve seu copo de uísque à boca. — Oh, meu Deus… O que fiz de errado na minha última encarnação? — resmungo, desviando o olhar rapidamente. Ellie me encara, confusa. — Parece que você viu um fantasma. Você está bem? — Sim, tudo bem. — respondo, forçando um sorriso. — Vamos dançar? — E você pode fazer isso? — Ellie, pelo amor de Deus! — exclamo, virando meu suco em um só gole, como se isso fosse capaz de me acalmar. Nunca quis tanto um pouco de álcool como agora. — Estou grávida, não morta. É claro que
Após ter jogado meu suco no rosto de Sean e saído sem olhar para trás, voltei para casa decidida a encontrar outro meio para trilhar meu caminho. No entanto, quando a manhã de domingo chegou, estando um pouco mais calma, ponderei as opções e resolvi reconsiderar minha decisão.Ainda assim, preparei-me para um eventual aviso do departamento de recursos humanos informando sobre a minha demissão. Mas, ao contrário do que previ, recebi um e-mail formal do meu chefe confirmando o horário do nosso voo, o que significa que permaneço sendo sua assistente.No entanto, a ideia de passar mais tempo ao lado de Sean após aquele contratempo faz com que meu estômago reclame imediatamente.— Por favor, de novo não — resmungo enquanto pego minha bolsa, sentindo meu estômago reclamar, insistindo em pôr para fora, pela segunda vez, meu café da manhã. — Definitivamente, preciso ir ao médico.Com um suspiro frustrado, saio do apartamento e ando em direção ao elevador, tentando ignorar o mal-estar. Ao cheg
“Por Sean Gallagher”Enquanto o elevador sobe, nos levando até a suíte que dividiremos, noto os sinais de nervosismo de Zoe. Sua respiração irregular, a mão indo diversas vezes ao encontro de seus fios castanhos… tudo demonstra seu desconforto.Sei que grande parte disso se deve àquela noite, quando deixei o álcool extravasar meus descontentamentos. Eu quis testar Zoe, provocar uma situação que a fizesse assumir quem acredito que ela seja, mas não esperava que ela jogasse suco na minha cara. Como resultado, terminei a noite com uma camisa molhada, um xingamento de sua amiga e um sermão de Stefano.Quando as portas metálicas se abrem, Zoe apressa seus passos, olhando os poucos quartos que ocupam o andar até parar em frente à nossa suíte. Com as mãos trêmulas, ela insere o cartão-chave na porta, abrindo-a em seguida.Ao ver apenas uma cama no quarto, Zoe passa a mão pelos cabelos e comenta antes que eu possa provocá-la novamente.— Preciso de um banho. — ela afirma, pegando sua pequena
“Por Zoe Adkins”Durante a tarde, imersa no trabalho, tento manter a mente ocupada para disfarçar a indiferença que não existe em mim quando estou perto de Sean. No entanto, por mais neutra que seja minha expressão facial, ninguém imagina a confusão que se passa dentro de mim.Richard costumava dizer que o silêncio é ouro, e eu sempre concordei com ele. Mas quando vem de Sean, que sempre preferiu o barulho, é algo que me deixa confusa.— Por que estou tão preocupada com isso? — resmungo, balançando a cabeça enquanto volto a atenção para o notebook. — Só preciso fazer o meu trabalho e aguentar mais esses dois meses.Tentando me convencer com minhas próprias palavras, retorno à planilha que Sean pediu. No entanto, após alguns minutos, sou interrompida pelo toque do meu celular. Ao olhar para o visor, vejo o nome de Emily.— Oi, Emily! — exclamo, empolgada por ter uma distração momentânea.— Oi, Zoe. Preciso da sua ajuda. — ela fala, claramente nervosa. — Estou finalizando o orçamento pa