“Por Zoe Adkins”A voz de Sean ecoa pela sala, carregada de uma mistura de surpresa e irritação que me faz congelar. O calor familiar do abraço de Matthew desaparece instantaneamente, substituído por um arrepio de tensão que percorre meu corpo. Meus olhos encontram os de Sean, e vejo a tempestade de emoções que ele está lutando para conter.Por um momento, tudo ao meu redor parece parar. O abraço de apoio que Matthew me deu de repente parece ter um peso maior do que deveria, e sinto o constrangimento me invadir. Tento soltar Matthew com um gesto suave, mas já sei que Sean interpretou aquilo de uma maneira diferente.— Tio Matt! — Liah exclama, totalmente alheia à tensão ao seu redor, e corre para os braços do ruivo, que a pega no colo imediatamente.— Oi, princesinha. Como você está? Como foi a escolinha?— Foi muito legal, tio Matt! — ela responde, trocando olhares com o pai. Sean força um sorriso para a filha, mas sua mandíbula travada mostra o quanto ele está se esforçando para não
A presença dele aqui, de repente, parece impossível de processar. Uma enxurrada de perguntas invade minha mente, mas a principal delas é: Lucas sabe mais do que imaginei?Minha confusão deve estar evidente, porque Sean percebe imediatamente a mudança em meu comportamento. Ele se aproxima com clara preocupação nos olhos, enquanto Ann permanece em pé na porta, aguardando minha resposta, sem saber o que fazer.— Ann, por favor, avise ao Sr. Holloway que a Srta. Adkins está ocupada no momento — Sean finalmente quebra o silêncio, assumindo o controle da situação. — Diga que ele pode esperar ou deixar um contato para que possamos retornar mais tarde.Ann finalmente acena e sai da sala, deixando-nos sozinhos novamente. Respiro fundo, tentando recuperar o controle dos meus pensamentos, mas é difícil quando toda a minha vida parece ter virado de cabeça para baixo em questão de segundos.— Filha, por que você não pega o Freddy para brincar ali no sofá? — Sean diz, acariciando os cabelos de Liah
O silêncio que se segue é pesado, quase sufocante. O olhar de Theodore se enche de dor, como se as palavras que acabei de dizer tivessem acabado de vez com qualquer esperança que ele ainda tinha de se redimir.— Zoe… — ele começa, mas sua voz falha. Vejo a culpa e a tristeza em seus olhos, refletindo o peso do que acabou de ouvir. — Eu… eu não sabia. Não tinha ideia de que… isso aconteceu. Se eu soubesse…— Mas não soube — interrompo, minha voz mais firme, embora as lágrimas ameaçassem cair. — Passei anos me perguntando por que eu estava sozinha no mundo, por que tinha que passar por tudo sozinha… enquanto você estava aí, vivendo sua vida, sem saber de nada.— Se eu soubesse, Zoe… — ele sussurra, com a voz embargada. — Eu teria feito qualquer coisa para estar lá para você. Qualquer coisa. Assim como fiz assim que Lucas disse o nome de sua nova chefe. Quando ele mencionou o sobrenome “Adkins”, algo dentro de mim congelou.— Lucas… — sussurro, mais para mim mesma, tentando processar tudo
Os últimos dias têm sido um borrão de emoções, mas, de alguma forma, sinto que estou começando a encontrar equilíbrio. Desde aquele encontro inesperado com Theodore, é como se algo dentro de mim tivesse se ajustado, permitindo que eu respirasse um pouco mais fundo, um pouco mais fácil. Surpreendentemente, isso parece ter fortalecido ainda mais os laços entre mim e Sean.Enquanto penteio os cabelos de Liah, que está sentada à minha frente, percebo a leveza em seu sorriso. Ela está animada, balançando as perninhas de um lado para o outro, mal conseguindo conter a empolgação.— Mamãe, você sabia que hoje vamos jantar com o papai? — Liah diz, como se fosse a maior novidade do mundo, mesmo que já tenha me lembrado disso umas dez vezes desde que acordou.— Sim, filha, eu sei. E você parece muito animada com isso. O que será que vamos comer de tão especial na casa do papai? — pergunto, tentando acompanhar sua animação enquanto termino de arrumar seus cabelos.— Papai disse que vai fazer aque
“Por Beatrice Espósito”O som dos pneus na estrada é quase hipnotizante, mas o sorriso que se forma nos meus lábios é o verdadeiro combustível que me mantém firme. Dirijo com determinação, apertando os dedos no volante com força, enquanto meus olhos se movem brevemente para o retrovisor, onde a pequena Liah está sentada na cadeirinha. Ela está quieta, mas não assustada. Isso é bom. Tudo está saindo conforme o planejado.“Minha nova filha é linda como o pai”, penso, com uma satisfação tomando conta de mim. “Seu pai terá a família perfeita que ele merece. E eu serei a nova mãe que você precisa.”Planejei cada detalhe, cada movimento. Sean quer tanto ser pai de família? Pois bem, eu serei a esposa perfeita, a mãe perfeita. Darei a ele exatamente o que ele quer, mesmo que ele ainda não tenha percebido isso.Um riso curto e sem humor escapa dos meus lábios enquanto me lembro de todo o esforço que fiz. Drogar Sean, garantir que tudo estivesse perfeito, até mesmo furar aquelas malditas camis
“Por Sean Gallagher”Cada segundo no trânsito parece uma eternidade. Meus dedos tamborilam impacientemente no volante, resultado do nervosismo corroendo cada parte do meu corpo. O nome de Liah não sai da minha mente, e tudo o que consigo pensar é em chegar o mais rápido possível na escola e tentar entender o que aconteceu. Quando finalmente estaciono, mal consigo respirar.Assim que entro na sala do diretor, onde alguns policiais conversam entre si, vejo Zoe chorando enquanto abraça Ellie. A cena me dá um nó na garganta, e, sem pensar duas vezes, me aproximo rapidamente, envolvendo-a em meus braços.— Bella… — murmuro, sentindo o desespero tomar conta de mim ao vê-la assim. Suas lágrimas molham minha camisa, enquanto a seguro com força, tentando, de alguma forma, transmitir a segurança que ela precisa, mesmo que eu esteja à beira do desespero.— Ela… ela levou a nossa filha, Sean! — Zoe sussurra, entre seus soluços. Me afasto ligeiramente para encará-la, procurando uma resposta, mas el
Beatrice, que até então parecia estar sob controle, muda completamente. Seu rosto se contorce de raiva, e ela rapidamente tira uma arma de debaixo da bancada, apontando-a diretamente para Zoe.— Não, filha! — ela grita. — Afaste-se dessa mulher! Ela não é sua mãe, eu sou sua mãe agora!Liah para no meio do caminho, olhando para Beatrice. Ao ver a arma, seus olhinhos se arregalam, e sinto meu coração acelerar. Zoe também para, claramente em choque, mas com o olhar fixo em Liah, decidindo o que fazer.— Beatrice… — digo, tentando manter minha voz calma, apesar do pavor que sinto. — Não faça isso. Solte a arma e vamos conversar.— Não há mais o que conversar! — ela retruca, rindo histericamente. — Você me traiu e ainda teve a audácia de trazer essa mulher para dentro da nossa casa!— Beatrice… — respondo, dando um passo em sua direção, mas paro quando ela aponta a arma para mim. — Por favor, abaixe isso. Sou eu quem você quer, então vamos deixar a Liah ir com a mãe dela e ficaremos nós do
Enquanto Beatrice continua seu discurso insano, sinto uma frieza invadir meu corpo. Cada palavra dela é como uma faca cravada em minha pele, arrancando qualquer resquício de dúvida que ainda pudesse existir. O brilho nos olhos dela, o sorriso doentio nos lábios, tudo me faz perceber o quanto fui manipulado, como cada momento da minha vida foi calculado por essa mulher que agora se revela como o verdadeiro monstro.Não consigo encontrar mais nada naquela pessoa que um dia pensei conhecer. O choque se mistura com um ódio mortal, um ódio por mim mesmo por ter sido tão cego, por ter deixado que minha vida se transformasse num mar de raiva, ódio e ressentimento, graças à obsessão de alguém tão… cruel e perverso.— Você realmente acreditou nisso? — pergunto, tentando compreender o nível de insanidade. — Pensou que tudo o que aconteceu entre mim e Elena foi por causa de uma manipulação dela? Você estava errada, porque eu a amava, Beatrice. Mesmo quando cogitei que aquele bebê não fosse meu, a