Beatrice, que até então parecia estar sob controle, muda completamente. Seu rosto se contorce de raiva, e ela rapidamente tira uma arma de debaixo da bancada, apontando-a diretamente para Zoe.— Não, filha! — ela grita. — Afaste-se dessa mulher! Ela não é sua mãe, eu sou sua mãe agora!Liah para no meio do caminho, olhando para Beatrice. Ao ver a arma, seus olhinhos se arregalam, e sinto meu coração acelerar. Zoe também para, claramente em choque, mas com o olhar fixo em Liah, decidindo o que fazer.— Beatrice… — digo, tentando manter minha voz calma, apesar do pavor que sinto. — Não faça isso. Solte a arma e vamos conversar.— Não há mais o que conversar! — ela retruca, rindo histericamente. — Você me traiu e ainda teve a audácia de trazer essa mulher para dentro da nossa casa!— Beatrice… — respondo, dando um passo em sua direção, mas paro quando ela aponta a arma para mim. — Por favor, abaixe isso. Sou eu quem você quer, então vamos deixar a Liah ir com a mãe dela e ficaremos nós do
Enquanto Beatrice continua seu discurso insano, sinto uma frieza invadir meu corpo. Cada palavra dela é como uma faca cravada em minha pele, arrancando qualquer resquício de dúvida que ainda pudesse existir. O brilho nos olhos dela, o sorriso doentio nos lábios, tudo me faz perceber o quanto fui manipulado, como cada momento da minha vida foi calculado por essa mulher que agora se revela como o verdadeiro monstro.Não consigo encontrar mais nada naquela pessoa que um dia pensei conhecer. O choque se mistura com um ódio mortal, um ódio por mim mesmo por ter sido tão cego, por ter deixado que minha vida se transformasse num mar de raiva, ódio e ressentimento, graças à obsessão de alguém tão… cruel e perverso.— Você realmente acreditou nisso? — pergunto, tentando compreender o nível de insanidade. — Pensou que tudo o que aconteceu entre mim e Elena foi por causa de uma manipulação dela? Você estava errada, porque eu a amava, Beatrice. Mesmo quando cogitei que aquele bebê não fosse meu, a
“Por Zoe Adkins”O mundo parece parar ao meu redor enquanto o corpo de Sean desaba em meus braços. Meu coração bate descompassado, e a única coisa que consigo pensar é que isso não está acontecendo. Tento estancar o sangue com minhas mãos trêmulas, mas parece que estou perdendo a batalha.— Por favor, abra os olhos… — sussurro, olhando para seu rosto pálido. Minhas lágrimas caem sem controle, misturando-se ao sangue que mancha minhas mãos. — Não me deixe, Sean, por favor…Beatrice continua chorando descontroladamente, mas de repente sua tristeza se transforma em raiva, e ela se aproxima enquanto grita:— Tire as mãos dele! — ela vocifera, parando à minha frente. — Você é a culpada por tudo isso! Se você não tivesse aparecido em nossas vidas, nada disso estaria acontecendo! Respiro fundo, tentando controlar o choro, e levanto o olhar, vendo-a pelo que ela realmente é: a personificação de todo o mal que destruiu nossas vidas.— Chega! A única culpada por tudo isso é você! — grito de vo
São quatro dias desde aquela noite terrível. Quatro dias desde que Sean foi levado às pressas para a cirurgia, com os médicos me dizendo que as chances eram mínimas, que ele havia perdido muito sangue e que o projétil havia atingido o abdômen, perfurando o fígado e causando uma hemorragia grave. Eles foram honestos, quase cruéis, ao dizer que ele poderia não sobreviver.Mas Sean é forte, sempre foi, e contra todas as probabilidades, ele lutou. Agora, ele está sedado, uma medida necessária para ajudar seu corpo a se recuperar. Sei que é o melhor para ele, mas a espera é torturante.Como parte de uma rotina que se tornou uma extensão da minha própria vida, após passar a manhã com Liah, termino de pegar minhas coisas para voltar ao hospital. Os dias se misturam, e o tempo parece ter perdido grande parte de seu significado.Desço as escadas e encontro Liah brincando com Ellie no tapete da sala. Com um discreto gesto, chamo a atenção da ruiva apenas para avisar que estou saindo. No entanto
Logo após apertar o botão de emergência repetidamente, os sons rápidos de passos ecoam pelo corredor. A porta se abre com força, e a equipe médica entra na sala, trazendo consigo uma mistura de apreensão e alívio. Um dos médicos se aproxima de Sean, enquanto uma enfermeira delicadamente me afasta para poderem trabalhar.— O que aconteceu? — o médico pergunta, já verificando os sinais vitais de Sean.— Ele acordou… falou comigo… mas de repente começou a ficar muito fraco, e... — tento explicar, mas minha voz falha pelo choro.O médico dá um leve aceno de cabeça, como se confirmasse algo que já esperava. — Isso é normal, Srta. Adkins, como expliquei anteriormente à Sra. Rossi — ele diz em um tom tranquilizador. — A sedação foi retirada pela manhã, e o corpo dele está lentamente se ajustando. É comum que ele se sinta fraco e tenha lapsos de consciência. O fato de ele ter acordado e falado com você já é um bom sinal de progresso.— Eu… não sabia disso. Não falei com a Sra. Rossi hoje — r
“Um ano depois… Por Zoe Adkins”Pouco mais de um ano se passou desde aquele dia em que quase perdi Sean. Sua recuperação foi lenta, mas ele se dedicou com uma determinação que me impressiona até hoje. Não foi fácil vê-lo enfrentar a dor física e emocional de retomar o controle de sua vida, mas ele fez isso com uma força que só me fez admirá-lo ainda mais.E, como prometido, ele passou cada dia desde então se certificando de que eu não me arrependesse da decisão de tê-lo perdoado. Mas, para ser sincera, o arrependimento nunca foi uma opção. Escolhi perdoá-lo, e essa foi, sem dúvida, uma das melhores decisões da minha vida. Agora, somos uma família, um ciclo forte e inquebrável. E nada pode tirar isso de nós.Quanto a Beatrice, o desfecho do seu caso revelou ainda mais sobre sua vida e sua obsessão doentia. Após a investigação que se seguiu àquela noite trágica, descobriu-se que ela armou o suicídio de Emily e que até mesmo a versão que contou a Sean sobre sua mudança para os Estados Un
No caminho para o SPA, onde encontraremos Ellie, olho para Liah, que está toda animada no banco de trás, balançando as perninhas enquanto canta baixinho uma música que aprendeu na escola. Não consigo evitar o sorriso que se forma em meus lábios, refletindo sobre o quanto esse dia significa para todos nós.Após cinco anos de relacionamento, inúmeros adiamentos sobre algo mais sério e duas “rejeições” dos pedidos de casamento que Stefano fez — uma durante um jantar romântico e outra durante uma viagem à Itália — hoje é o dia em que tudo finalmente mudará.Ellie, que sempre teve um espírito livre, precisou de tempo para aceitar a ideia de casamento, mas Stefano nunca a pressionou. Ele sempre soube que a forçar só a faria recuar.Então, no aniversário dele, há dois meses, ela preparou o que todos consideravam impossível: um pedido de casamento. Enquanto todos se divertiam e curtiam a festa organizada por ela, Ellie se aproximou de Stefano com uma pequena caixa de veludo nas mãos. Quando e
“Um ano depois… Por Zoe Adkins”No mesmo SPA onde estive com Ellie há pouco mais de um ano, reflito sobre as mudanças que ocorreram desde então. Uma dessas mudanças foi o adiamento do meu próprio casamento.Sean e eu tínhamos tudo planejado, mas, após um pedido inesperado de Liah e uma decisão que tomamos juntos, resolvemos adiar temporariamente nossos planos.Sabíamos que, devido à vasectomia que Sean refez há alguns anos, nossas chances de concepção natural eram mínimas. Então, no dia que seria o nosso casamento, estávamos a caminho da Itália com um novo propósito: expandir nossa família.Após consultas e o procedimento, retornamos para Manhattan dois meses depois com o tão esperado positivo. A felicidade de saber que nossa família iria crescer foi indescritível, e naquele momento, soube que adiar o casamento para estar grávida nesse dia foi a escolha certa.Enquanto a maquiadora trabalha no meu rosto, um movimento familiar na barriga me faz sorrir. Instintivamente, minhas mãos desc