GEORGE COLLINSAlgo dentro de mim quebrou quando Claire me deu aquela notícia. O teste de DNA confirmou que o bebê era de Alexis. Aquele maldito cachorro tinha roubado tudo de mim: Claire, o bebê, a vida que era minha por direito. Por um breve momento, o choque dominou meus pensamentos, uma lacuna silenciosa onde o vazio se instalou. Mas o vazio não durou. Ele foi rapidamente preenchido por algo muito mais sombrio, algo que eu sabia que crescia dentro de mim há muito tempo: uma obsessão fervente e destrutiva.A raiva que senti ao ouvir as palavras dela foi tão avassaladora que eu mal conseguia enxergar direito. Claire falava com uma confiança que me irritava profundamente, como se eu fosse apenas uma sombra do passado, algo que ela podia simplesmente apagar com um aceno de cabeça. Ela tinha perdido o controle de quem eu era. Tinha me subestimado.Eu a observei sair do café, mantendo aquela postura altiva, como se tivesse vencido. Como se tivesse me colocado no meu devido lugar. Eu per
VANESSA FERREREu sempre soube que, mais cedo ou mais tarde, George voltaria a bater à minha porta. Como sempre fazia quando as coisas desmoronavam na vida dele. Só que, dessa vez, algo dentro de mim tinha mudado. Eu não era mais a garota que aceitava ser a sombra de alguém, muito menos de um homem que nunca me deu o mínimo valor. Eu estava cansada. Cansada dele, cansada da Claire, cansada de ser o plano B.Quando o celular tocou e vi o nome de George brilhando na tela, suspirei, sabendo que não deveria atender. Eu sabia que ele só me procurava quando estava em apuros, quando suas manipulações desmoronavam e ele precisava de uma nova estratégia para sair por cima. Mas, por algum motivo — talvez o resquício da estúpida esperança que sempre tive de que ele fosse mudar —, acabei atendendo.— Vanessa, a gente precisa conversar — disse ele, com aquela voz controlada, como se estivesse prestes a me convencer de mais uma de suas loucuras.— Não sei se quero ouvir o que você tem a dizer, Geor
CLAIRE LEBLANCA gravidez muda tudo. Isso é o que dizem, mas eu realmente não tinha noção do quanto isso seria verdade até agora. Até sentir meu corpo, minha rotina, e até mesmo minha mente sendo afetados por essa nova realidade. Eu ainda estava tentando me acostumar com a ideia de que havia uma vida crescendo dentro de mim. Uma parte de mim e de Alexis.Alexis, claro, estava tratando essa gravidez como se fosse o maior milagre do mundo. E, de certa forma, eu entendia isso. Para ele, cada detalhe era motivo de alegria e celebração. Só que, às vezes, eu me pegava sufocada pela forma como ele exagerava em tudo.Naquela manhã, por exemplo, eu estava na cozinha, tentando fazer meu café, mas Alexis insistia que eu não devia estar em pé por muito tempo. Ele apareceu atrás de mim, envolveu a cintura com as mãos e me puxou para longe do fogão, sorrindo como sempre.— O que você pensa que está fazendo? — ele perguntou, com aquele tom de voz que ele usava quando queria ser fofo e cuidadoso.— T
GEORGE COLLINSEla achou que poderia se livrar de mim. Achou que, com Alexis e aquele bebê que nem deveria existir, teria uma nova vida, longe do nosso passado. Eu a deixei acreditar nisso por tempo demais. Claire sempre teve essa confiança arrogante, como se fosse dona do próprio destino, mas ela esqueceu uma coisa crucial: eu nunca perco. Nunca deixo as coisas saírem do meu controle.Passei semanas arquitetando o que faria. No começo, só observava de longe, planejando, esperando o momento certo. Cada detalhe tinha que ser perfeito, e eu sabia que não poderia agir por impulso. Havia muito em jogo. Mas quando soube que ela tinha consulta médica marcada e que iria sozinha, eu soube que a oportunidade perfeita tinha chegado. Alexis não estaria lá, e Claire seria vulnerável.Naquele dia, eu estava preparado. Claire nem percebeu quando comecei a segui-la. Ela nunca foi boa em perceber o que está logo na frente dela. Dirigia devagar pelas ruas da cidade, como se o mundo ao redor fosse segu
CLAIRE LEBLANCEu não conseguia acreditar que isso estava acontecendo. Cada segundo naquela casa imunda me fazia perceber o quão longe George havia ido. Ele sempre foi controlador, mas isso... isso era um nível de loucura que eu jamais imaginei. As paredes da casa estavam cobertas de sujeira, e o ar cheirava a mofo e abandono. O som do vento lá fora era a única coisa que quebrava o silêncio sufocante daquele lugar. Estava presa ali, e a única pessoa com quem eu poderia contar, Alexis, não tinha ideia de onde eu estava.George tinha perdido completamente o juízo.Minhas mãos doíam com as cordas apertadas em volta dos pulsos. Eu tentei me acalmar, respirar fundo e pensar em uma saída. Me desesperar agora não adiantaria nada. Eu não podia pensar só em mim. O bebê. Eu precisava sair dali por mim, mas principalmente por ele. George não se importava com a vida que eu carregava. Isso ficou claro quando ele me sequestrou sem hesitar, ignorando completamente o fato de que eu estava grávida.Eu
ALEXIS GALLAGHERO telefone tocou uma, duas, três vezes. E nada. Desliguei na quarta, sentindo o pânico se espalhar pelo meu corpo como uma corrente elétrica. Claire não atendia, e eu sabia que algo estava errado. Ela nunca deixava de responder por tanto tempo. Minha mente estava a mil, mas no fundo, havia uma certeza terrível crescendo: George tinha feito algo. Ele sempre ameaçou, sempre insinuou, mas eu jamais imaginei que ele realmente chegaria a esse ponto.Eu estava sentado na sala, olhando para o celular como se ele fosse me dar alguma resposta milagrosa. O sol começava a se pôr lá fora, e a luz alaranjada atravessava a janela, lançando sombras que pareciam se estender e se enrolar pela casa. O ar estava pesado, sufocante. Eu me sentia impotente, e esse sentimento estava me destruindo."Ela tinha uma consulta médica hoje," pensei. Claire deveria ter voltado há horas. Eu não conseguia me livrar da sensação de que algo terrível estava acontecendo naquele exato momento. Peguei o ce
CLAIRE LEBLANCMeu coração estava disparado, como se estivesse tentando escapar do meu peito. Cada respiração parecia mais curta, mais desesperada. Eu mantinha a arma apontada para George, minhas mãos trêmulas segurando o gatilho como se minha vida dependesse disso. E, de certa forma, dependia. Eu sabia que ele estava prestes a tentar algo, seus olhos me diziam isso. George sempre foi imprevisível, mas agora, sua loucura estava à beira de explodir.— Claire, abaixe essa arma — ele disse, a voz baixa, mas com um veneno implícito. — Você não vai fazer isso. Você não é assim.Eu sentia o suor escorrer pela minha testa, o frio da arma pesando nas minhas mãos. Ele deu mais um passo em minha direção, os olhos fixos nos meus, cheio de ódio. O pânico crescia dentro de mim, e eu sabia que não havia como voltar atrás agora. George estava me encurralando, e eu não tinha mais escolhas. Eu precisava sobreviver.— Não se aproxima! — gritei, tentando soar firme, mas minha voz vacilou. Eu estava à be
ALEXIS GALLAGHEREu estava dirigindo há horas, a noite engolindo a estrada enquanto meus pensamentos corriam tão rápidos quanto o carro. Não conseguia tirar da cabeça a ideia de Claire sozinha com George, a cada segundo que passava longe dela parecia um golpe de desespero no meu peito. O que ele poderia estar fazendo? Ela estaria com medo, machucada, apavorada... E eu aqui, tentando rastreá-los, sem pistas concretas de onde ele poderia tê-la levado."Ela está comigo. Não adianta procurar."Aquelas palavras que ele havia enviado ecoavam na minha cabeça. George sabia exatamente como mexer comigo, como me manter à beira do colapso. Mas não importava o quão desesperado eu estivesse, eu não desistiria. Não até encontrar Claire. Não até colocá-la em segurança, onde ela e o nosso bebê estivessem longe daquele psicopata.A floresta escura à minha volta parecia interminável, mas algo dentro de mim me dizia que eu estava perto. A casa isolada onde George poderia ter levado Claire não devia esta