GEORGE COLLINSEla achou que poderia se livrar de mim. Achou que, com Alexis e aquele bebê que nem deveria existir, teria uma nova vida, longe do nosso passado. Eu a deixei acreditar nisso por tempo demais. Claire sempre teve essa confiança arrogante, como se fosse dona do próprio destino, mas ela esqueceu uma coisa crucial: eu nunca perco. Nunca deixo as coisas saírem do meu controle.Passei semanas arquitetando o que faria. No começo, só observava de longe, planejando, esperando o momento certo. Cada detalhe tinha que ser perfeito, e eu sabia que não poderia agir por impulso. Havia muito em jogo. Mas quando soube que ela tinha consulta médica marcada e que iria sozinha, eu soube que a oportunidade perfeita tinha chegado. Alexis não estaria lá, e Claire seria vulnerável.Naquele dia, eu estava preparado. Claire nem percebeu quando comecei a segui-la. Ela nunca foi boa em perceber o que está logo na frente dela. Dirigia devagar pelas ruas da cidade, como se o mundo ao redor fosse segu
CLAIRE LEBLANCEu não conseguia acreditar que isso estava acontecendo. Cada segundo naquela casa imunda me fazia perceber o quão longe George havia ido. Ele sempre foi controlador, mas isso... isso era um nível de loucura que eu jamais imaginei. As paredes da casa estavam cobertas de sujeira, e o ar cheirava a mofo e abandono. O som do vento lá fora era a única coisa que quebrava o silêncio sufocante daquele lugar. Estava presa ali, e a única pessoa com quem eu poderia contar, Alexis, não tinha ideia de onde eu estava.George tinha perdido completamente o juízo.Minhas mãos doíam com as cordas apertadas em volta dos pulsos. Eu tentei me acalmar, respirar fundo e pensar em uma saída. Me desesperar agora não adiantaria nada. Eu não podia pensar só em mim. O bebê. Eu precisava sair dali por mim, mas principalmente por ele. George não se importava com a vida que eu carregava. Isso ficou claro quando ele me sequestrou sem hesitar, ignorando completamente o fato de que eu estava grávida.Eu
ALEXIS GALLAGHERO telefone tocou uma, duas, três vezes. E nada. Desliguei na quarta, sentindo o pânico se espalhar pelo meu corpo como uma corrente elétrica. Claire não atendia, e eu sabia que algo estava errado. Ela nunca deixava de responder por tanto tempo. Minha mente estava a mil, mas no fundo, havia uma certeza terrível crescendo: George tinha feito algo. Ele sempre ameaçou, sempre insinuou, mas eu jamais imaginei que ele realmente chegaria a esse ponto.Eu estava sentado na sala, olhando para o celular como se ele fosse me dar alguma resposta milagrosa. O sol começava a se pôr lá fora, e a luz alaranjada atravessava a janela, lançando sombras que pareciam se estender e se enrolar pela casa. O ar estava pesado, sufocante. Eu me sentia impotente, e esse sentimento estava me destruindo."Ela tinha uma consulta médica hoje," pensei. Claire deveria ter voltado há horas. Eu não conseguia me livrar da sensação de que algo terrível estava acontecendo naquele exato momento. Peguei o ce
CLAIRE LEBLANCMeu coração estava disparado, como se estivesse tentando escapar do meu peito. Cada respiração parecia mais curta, mais desesperada. Eu mantinha a arma apontada para George, minhas mãos trêmulas segurando o gatilho como se minha vida dependesse disso. E, de certa forma, dependia. Eu sabia que ele estava prestes a tentar algo, seus olhos me diziam isso. George sempre foi imprevisível, mas agora, sua loucura estava à beira de explodir.— Claire, abaixe essa arma — ele disse, a voz baixa, mas com um veneno implícito. — Você não vai fazer isso. Você não é assim.Eu sentia o suor escorrer pela minha testa, o frio da arma pesando nas minhas mãos. Ele deu mais um passo em minha direção, os olhos fixos nos meus, cheio de ódio. O pânico crescia dentro de mim, e eu sabia que não havia como voltar atrás agora. George estava me encurralando, e eu não tinha mais escolhas. Eu precisava sobreviver.— Não se aproxima! — gritei, tentando soar firme, mas minha voz vacilou. Eu estava à be
ALEXIS GALLAGHEREu estava dirigindo há horas, a noite engolindo a estrada enquanto meus pensamentos corriam tão rápidos quanto o carro. Não conseguia tirar da cabeça a ideia de Claire sozinha com George, a cada segundo que passava longe dela parecia um golpe de desespero no meu peito. O que ele poderia estar fazendo? Ela estaria com medo, machucada, apavorada... E eu aqui, tentando rastreá-los, sem pistas concretas de onde ele poderia tê-la levado."Ela está comigo. Não adianta procurar."Aquelas palavras que ele havia enviado ecoavam na minha cabeça. George sabia exatamente como mexer comigo, como me manter à beira do colapso. Mas não importava o quão desesperado eu estivesse, eu não desistiria. Não até encontrar Claire. Não até colocá-la em segurança, onde ela e o nosso bebê estivessem longe daquele psicopata.A floresta escura à minha volta parecia interminável, mas algo dentro de mim me dizia que eu estava perto. A casa isolada onde George poderia ter levado Claire não devia esta
CLAIRE LEBLANCEu me senti flutuando, como se estivesse presa entre a consciência e a inconsciência, perdida em uma névoa densa que tornava tudo ao meu redor indistinto. Não havia dor, apenas uma sensação de vazio, uma leveza assustadora. Mas, mesmo nesse estado de entorpecimento, uma coisa permanecia clara em minha mente: o bebê. Meu bebê.Aos poucos, as vozes ao meu redor começaram a emergir. Eram abafadas, como se viessem de longe. Senti uma mão quente segurando a minha com firmeza, e me agarrei àquela sensação, como se ela fosse a única coisa que me mantivesse presa à realidade."Alexis," pensei, e a lembrança de seu rosto, ansioso e cheio de amor, me fez abrir os olhos.A luz branca do hospital me cegou por um momento, e eu pisquei repetidamente até que minha visão se ajustasse. Quando finalmente consegui focar, vi Alexis ao meu lado, segurando minha mão com tanta força que parecia temer que eu pudesse desaparecer a qualquer segundo. O rosto dele estava marcado pelo cansaço, e se
GEORGE COLLINSEu sabia que estavam me observando, todos eles. Os advogados, os juízes, até aqueles malditos policiais ao redor, achando que tinham me derrotado. Eles não faziam ideia. Estavam todos tão certos de que eu estava quebrado, que o "tratamento" seria o fim. Estúpidos. Eu nunca quebro. Nunca perco.Eu ouvia os sussurros. Os cochichos irritantes sobre como eu havia "perdido a cabeça", como se qualquer um ali soubesse o que se passava dentro de mim. Nenhum deles entendia a realidade. Eles não sabiam o que eu sabia. Eles não viam o que eu via. Claire, ela era minha. Sempre foi.Olhei ao redor da sala, aquele cheiro abafado de julgamento, de falsa moralidade, enchia o ar. Um lugar cheio de gente fingindo que entendia a diferença entre o certo e o errado, como se vivessem em algum pedestal de pureza. Idiotas hipócritas.Meu advogado, um covarde miserável, estava ao meu lado, tentando falar comigo em voz baixa. "George, você precisa colaborar. Esse tratamento é a melhor saída pra
CLAIRE LEBLANCRespirei fundo, sentindo o ar fresco da noite enquanto me encostava na cadeira acolchoada. A brisa suave balançava os fios do meu cabelo, e pela primeira vez em dias, semanas talvez, eu me senti... leve. A varanda do restaurante estava iluminada por luzes suaves que pendiam do teto, refletindo no brilho quente das velas que decoravam cada mesa. À nossa volta, a cidade parecia distante, como se fôssemos os únicos dois naquele pedaço do mundo.Eu olhei para Alexis, que, sentado à minha frente, brincava distraidamente com o guardanapo. A luz das velas dançava sobre os traços dele, deixando-o com uma aura quase etérea. Ele levantou o olhar, me pegando em flagrante o observando, e sorriu daquele jeito que fazia meu coração derreter todas as vezes.— Tá tudo bem? — ele perguntou, a voz suave, mas cheia de preocupação genuína. Esse era Alexis, sempre preocupado comigo, sempre carregando aquela doçura e aquela devoção quase irritante, mas, ao mesmo tempo, absolutamente necessár