Paulina empurrou Simon e com os dedos tensos arrumou o roupão, fechando-o ainda mais. Depois do que passara com Paola, novamente fora burra em um pequeno espaço de tempo, concentrando-se em Simon em vez de notar que deixara a porta aberta.Extremamente perturbada e envergonhada, juntou o resto de dignidade, a mente trabalhando a mil sem fazer uma conexão coerente e a face extremamente vermelha, e olhou para a matriarca Salvatore, que movia os olhos de um para o outro com um pequeno sorriso.— Mi-Mirela... não é o que es-está pe-ensando... — gaguejou nervosamente sem certeza de como se explicar. — Não é... E-eu... O Simon... — persistiu buscando controlar o nervosismo e dizer algo pelo menos aceitável sem sucesso.— O que a Lina quer dizer é que estamos juntos.Paulina encarou Simon embasbacada, depois olhou para Mirela cujo olhar desconfiado estava cravado no filho.— Juntos?— Sim. — Sem inibição Simon abraçou a cintura de uma surpresa Perez e depositou um beijo no alto de sua cabeça
Caminhavam lado a lado até o carro de Simon, ele mexendo no celular e Paulina no mesmo silêncio pesado adotado ao se “comunicada” de seu noivado.Esperara um momento em que estariam longe de todos os parentes, da alegria delirante da mãe dele e do desprazer indisfarçável de seu pai. Pensou que teria uma oportunidade quando entraram no carro Simon colocou o celular de lado, mas, antes que Paulina cobrasse uma explicação sobre o que acontecera após Mirela flagra-los, uma nova notificação fez o Salvatore estender a mão para o aparelho.O viu franzir o cenho e soltar um resmungo, os dedos digitando rapidamente antes de voltar a coloca-lo de lado e dar a partida. Percebeu que algo o desagradara, causando movimentos bruscos e o semblante carregado enquanto retirava o carro da garagem da mansão. Não querendo causar um incidente na estrada, decidiu esperar quando estivessem em um local seguro.Era bom nenhum dos dois ser muito de falar, a música que Simon colocou preencheu o ambiente durante
Simon passou o restante da tarde trabalhando no escritório do apartamento. A porta conectando o escritório a suíte não estava trancada, ele sequer a fechara, mas uma olhada para o semblante soturno do Salvatore quando o chamara para o almoço foi o suficiente para mantê-la bem longe.Por tudo isso não se atreveu a chama-lo para jantar, ficando sozinha na grande mesa da sala de jantar, remexendo sua comida enquanto desejava que ele aparecesse, mesmo de cara fechada, e compartilhasse a refeição com ela.Deu um sobressalto ao sentir o celular vibrar em seu bolso.O retirou apressada e soltou um longo suspiro ao ver a imagem do primo preenchendo a tela. Era o que precisava para fechar o dia: um novo confronto. Por um instante pensou em ignorar, mas logo censurou-se e atendeu pronta para outra reprimenda que mostrou seus pequenos dedinhos logo após as saudações.— Recebi uma ligação interessante da sua irmã. — Paulina fechou os olhos, antecipando o que ouviria e maldizendo a boca grande da
Paulina não precisou de muito tempo para se arrepender amargamente.Durante a semana que se seguiu, na parte da manhã eles continuavam seguindo a mesma rotina. Tomavam o café da manhã e iam à academia. Ele a continuava a trata-la com carinho na frente das outras pessoas, esforçando-se para não toca-la ou beija-la. À noite a diferença era maior. Jantavam, conversavam, porém seguiam em direções opostas na hora de dormir e em nenhum momento ele tentou fazê-la mudar de ideia.Tinha vontade de dizer que não precisava mais de tempo, até fizera inúmeras tentativas de dar sua resposta, mas Simon a interrompia e dizia que precisavam esperar a semana se completar.Mesmo assim, durante as duas visitas de Mirela nenhum dos dois disse que o casamento não ocorreria. Simon até se mostrava interessado nos detalhes da cerimônia, sua atitude enchendo Paulina de esperança.Quando a sexta-feira chegou, teve uma nova oportunidade de dar sua resposta. Dias antes, Simon fora convidado para um jantar benefic
Não foi a pergunta que fez Simon encerrar o beijo, e sim a voz irritante de quem perguntara. Torceu para ser fruto de sua imaginação, um reconhecimento desagradável criado por sua mente. No entanto ao olhar para o casal parado ao lado da mesa que ocupava, todo seu corpo gelou e seu olhar recaiu sobre a Perez, cujos orbes claros estavam fixos no ventre dilatado da mulher de cabelo acobreado.Observou com descrença um funcionário do evento indicar as três cadeiras que restavam na mesa, que só naquele momento reparara a existência. Ficou tentado a questionar, mas antes que o fizesse Gabriel se antecipou levantando para puxar o assento para Cherry.Com seu ridículo paletó branco com detalhes pretos, Nathaniel olhou abobalhado o gesto do Saadi, sentando ao lado da mãe do filho dele claramente sem graça.— Cherry, não sabia que viria ao mesmo evento que eu — Isabele falou alheia ao clima tenso na mesa.— Nathaniel me convidou hoje — a gestante respondeu, voltando-se para a Perez com empolga
Paulina demorou a reparar no homem que se aproximou de Nathaniel e ao fazê-lo estranhou encontrar a pessoa que julgara ser difícil rever, ainda mais em um ambiente totalmente diferente das outras vezes.Tony ostentava o mesmo sorriso esquisito de dias antes, todo de preto como um dos funcionários do evento e acompanhado pela cachorra de pelagem branca, os olhos azuis percorrendo devagar o rosto de cada ocupante da mesa.— Boa noite senhor e senhoras! — Ele os cumprimentou com falsa gentileza. — É um prazer tê-los aqui essa noite.— Você... Nós já nos vimos antes — disse Nathaniel estreitando os olhos.— Tivemos uma conversa interessante num bar, após seu encontro com ela. — disse Tony Marshall voltando-se para Paulina, tornando-a o centro das atenções. — Reataram o noivado? — Antes que Paulina ou Nathaniel pudessem responder, Tony pousou o olhar em Cherry, soltando um teatral: — Você também está aqui? Todos se entenderam, afinal? — Voltou a olhar benevolente para Paulina: — Não se eng
SEXTA. 29 DE JULHO DE 2016SimonChamada de voz perdida às 19:20Paulina, onde você está? Precisamos conversar. 19:26Me dê a chance de explicar. 19:30Chamada de voz perdida às 19:33Telefonei para todos os lugares em que poderia encontra-la e ninguém sabe seu paradeiro. Estou preocupado. 19:49Só me responda se está bem. 19:56~*S2*~A água quente e agradável descia pela pele de Paulina.O vapor dentro do box criava a sensação de uma redoma protegendo, aquecendo e encobertando o corpo trêmulo e dominado pelo choro. Mas já era hora de sair, não poderia ficar no banho para sempre. Desligou o chuveiro, estendendo a mão para as peças dobradas sobre a bancada da pia, capturando a toalha emprestada.Procurou um lugar em que não seria condenada ou fosse motivo de chacota, e — graças aos céus — foi bem recebida. Porém, não importava para onde corresse, sua mente fazia aquele papel sem piedade. Foi tão burra em confiar e acreditar em Simon! Ele devia rir muito de sua ingenuid
O dia nem bem amanhecia e Simon já estava dirigindo pelas ruas da cidade. Não havia pregado o olho aquela noite, esperando que Paulina finalmente aparecesse no apartamento para conversarem. O que obviamente não aconteceu.Conforme as horas foram passando, seu corpo e sua mente se tornaram cada vez mais ansiosos e aflitos, criando mil possibilidades do que havia acontecido com a Perez. Embora tivesse ligado para todos os que conhecia e a resposta sobre o paradeiro de Paulina fosse unânime, seu subconsciente o instigava a pensar o contrário.Iria diretamente à cada um deles! E o primeiro lugar seria a casa de seus pais.Estacionou o carro de qualquer maneira na garagem aberta e andou à passos largos para a casa dos fundos, onde a família Perez morava. De relance, ele pôde ver sua mãe regando seu roseiral, porém seu foco estava em rever Paulina em primeiro lugar.Chegando à entrada da pequena casa branca, começou a bater insistentemente até ver o rosto emburrado de Paola.— Está querendo