Paulina não precisou de muito tempo para se arrepender amargamente.Durante a semana que se seguiu, na parte da manhã eles continuavam seguindo a mesma rotina. Tomavam o café da manhã e iam à academia. Ele a continuava a trata-la com carinho na frente das outras pessoas, esforçando-se para não toca-la ou beija-la. À noite a diferença era maior. Jantavam, conversavam, porém seguiam em direções opostas na hora de dormir e em nenhum momento ele tentou fazê-la mudar de ideia.Tinha vontade de dizer que não precisava mais de tempo, até fizera inúmeras tentativas de dar sua resposta, mas Simon a interrompia e dizia que precisavam esperar a semana se completar.Mesmo assim, durante as duas visitas de Mirela nenhum dos dois disse que o casamento não ocorreria. Simon até se mostrava interessado nos detalhes da cerimônia, sua atitude enchendo Paulina de esperança.Quando a sexta-feira chegou, teve uma nova oportunidade de dar sua resposta. Dias antes, Simon fora convidado para um jantar benefic
Não foi a pergunta que fez Simon encerrar o beijo, e sim a voz irritante de quem perguntara. Torceu para ser fruto de sua imaginação, um reconhecimento desagradável criado por sua mente. No entanto ao olhar para o casal parado ao lado da mesa que ocupava, todo seu corpo gelou e seu olhar recaiu sobre a Perez, cujos orbes claros estavam fixos no ventre dilatado da mulher de cabelo acobreado.Observou com descrença um funcionário do evento indicar as três cadeiras que restavam na mesa, que só naquele momento reparara a existência. Ficou tentado a questionar, mas antes que o fizesse Gabriel se antecipou levantando para puxar o assento para Cherry.Com seu ridículo paletó branco com detalhes pretos, Nathaniel olhou abobalhado o gesto do Saadi, sentando ao lado da mãe do filho dele claramente sem graça.— Cherry, não sabia que viria ao mesmo evento que eu — Isabele falou alheia ao clima tenso na mesa.— Nathaniel me convidou hoje — a gestante respondeu, voltando-se para a Perez com empolga
Paulina demorou a reparar no homem que se aproximou de Nathaniel e ao fazê-lo estranhou encontrar a pessoa que julgara ser difícil rever, ainda mais em um ambiente totalmente diferente das outras vezes.Tony ostentava o mesmo sorriso esquisito de dias antes, todo de preto como um dos funcionários do evento e acompanhado pela cachorra de pelagem branca, os olhos azuis percorrendo devagar o rosto de cada ocupante da mesa.— Boa noite senhor e senhoras! — Ele os cumprimentou com falsa gentileza. — É um prazer tê-los aqui essa noite.— Você... Nós já nos vimos antes — disse Nathaniel estreitando os olhos.— Tivemos uma conversa interessante num bar, após seu encontro com ela. — disse Tony Marshall voltando-se para Paulina, tornando-a o centro das atenções. — Reataram o noivado? — Antes que Paulina ou Nathaniel pudessem responder, Tony pousou o olhar em Cherry, soltando um teatral: — Você também está aqui? Todos se entenderam, afinal? — Voltou a olhar benevolente para Paulina: — Não se eng
SEXTA. 29 DE JULHO DE 2016SimonChamada de voz perdida às 19:20Paulina, onde você está? Precisamos conversar. 19:26Me dê a chance de explicar. 19:30Chamada de voz perdida às 19:33Telefonei para todos os lugares em que poderia encontra-la e ninguém sabe seu paradeiro. Estou preocupado. 19:49Só me responda se está bem. 19:56~*S2*~A água quente e agradável descia pela pele de Paulina.O vapor dentro do box criava a sensação de uma redoma protegendo, aquecendo e encobertando o corpo trêmulo e dominado pelo choro. Mas já era hora de sair, não poderia ficar no banho para sempre. Desligou o chuveiro, estendendo a mão para as peças dobradas sobre a bancada da pia, capturando a toalha emprestada.Procurou um lugar em que não seria condenada ou fosse motivo de chacota, e — graças aos céus — foi bem recebida. Porém, não importava para onde corresse, sua mente fazia aquele papel sem piedade. Foi tão burra em confiar e acreditar em Simon! Ele devia rir muito de sua ingenuid
O dia nem bem amanhecia e Simon já estava dirigindo pelas ruas da cidade. Não havia pregado o olho aquela noite, esperando que Paulina finalmente aparecesse no apartamento para conversarem. O que obviamente não aconteceu.Conforme as horas foram passando, seu corpo e sua mente se tornaram cada vez mais ansiosos e aflitos, criando mil possibilidades do que havia acontecido com a Perez. Embora tivesse ligado para todos os que conhecia e a resposta sobre o paradeiro de Paulina fosse unânime, seu subconsciente o instigava a pensar o contrário.Iria diretamente à cada um deles! E o primeiro lugar seria a casa de seus pais.Estacionou o carro de qualquer maneira na garagem aberta e andou à passos largos para a casa dos fundos, onde a família Perez morava. De relance, ele pôde ver sua mãe regando seu roseiral, porém seu foco estava em rever Paulina em primeiro lugar.Chegando à entrada da pequena casa branca, começou a bater insistentemente até ver o rosto emburrado de Paola.— Está querendo
TábataUm Simon de olho roxo veio desesperado atrás de você, e ele não acreditou que não está conosco. Guilherme o expulsou. Agora EU estou preocupada. Dê notícias, apareça aqui em casa. 10:41PaulinaEstou bem. Só preciso de uma ajuda. 10:42TábataPode pedir! 10:43~*~A primeira coisa que notaram foi o novo corte de cabelo. Paulina percebeu que Tábata e Guilherme ficaram chocados, mas — para seu alívio — nenhum deles externou os pensamentos.Agora que a raiva apaziguara, uma ponta de arrependimento sempre batia quando levava as mãos ao cabelo e encontrava o trajeto interrompido pelos fios absurdamente menor. Empurrando o desconforto para longe, apresentou os amigos, antes de levar o primo até o quarto que ocupava para deixar a mala com suas roupas.— Simon queria saber em que lugar você estava — disse Tábata ao retornarem para a sala. Paulina ficou alarmada, mas Guilherme rapidamente a tranquilizou.— Ele insistiu, mas não dissemos. — Diante do rumo do assunto, foi inevitáve
MirelaChamada de voz perdida às 17:21Filha, por favor, ligue-me ou diga como encontra-la. Preciso falar com você pessoalmente. 18:38SimonChamada de voz perdida às 23:57~DOMINGO. 31 DE JULHO DE 2016SimonSinto sua falta. 00:45~*~Massageou a têmpora, a dor pungente o levando de volta para a discussão na casa dos Perez. Paulo tinha uma boa direita. Tudo que precisava após brigar com Paulina era o ódio declarado do pai dela. E depois ainda discutira com Guilherme, quando ele apareceu em sua casa para pegar algumas roupas de Paulina. Dessa vez, o choro do bebê o impediu de tomar outro soco.Tombou a cabeça no encosto do sofá se censurando ao mesmo tempo em que não se arrependia de nada que havia dito. De qualquer forma, Paulo e Guilherme nunca foram seus aliados e, depois de ter praticamente dito que o sogro era um péssimo pai, mencionando a dor e o trauma que causara ao não ficar ao lado da filha na agressão sexual, duvidava que conseguisse qualquer apoio no futuro.E Guilherm
— O que diabos ele está fazendo aqui? — perguntou avançando em direção ao loiro.— Calma amigo! — Gabriel exigiu se colocando entre eles. — Fica frio aí...— Sei que sou a última pessoa que você quer ver... — Nathaniel começou a dizer.— Acertou, miserável! — cuspiu furioso.Nathaniel podia não ter feito o evento para separa-lo de Paulina, mas contribuíra ao não dizer os fatos como realmente ocorreram. Isso tinha feito com que se sentisse culpado, pois, do mesmo jeito que ele queria ser feliz com Cherry, desejava do fundo do coração que a ex. noiva fosse verdadeiramente feliz com quem escolhesse.— Vim pedir desculpas, Simon.— Enfia suas desculpas no...— Essa briga infantil e unilateral passou dos limites! — Gabriel interrompeu irritado com o comportamento do amigo. — Primeiro nos ouça, depois esperneie, Salvatore.— Não tenho nada a falar com esse idiota e estou pouco ligando para qualquer trabalho futuro para a Essenz!— Mas deve querer saber como Pierre armou toda aquela situação