Na portaria do prédio, quando solicitou o elevador de serviço, Paulina teve outra surpresa.— Sua sogra está te esperando a um bom tempo — comunicou o porteiro sorrindo.— Ah... é mesmo...?O choque a dominou. Ele falava de Mirela, não havia dúvida, mas, sua preocupação era se o porteiro dissera algo a Salvatore, como mencionar que logo a “nora dela” chegaria. Esperava que não.Embora serem descobertos por Mirela talvez fizesse Simon nominar o que tinham, não queria pressiona-lo e correr o risco de perde-lo. Precisava que ele se apaixonasse cegamente por ela antes de Mirela imaginar algo entre eles. Fora que, talvez, a matriarca Salvatore não a aprovasse e a julgasse uma aproveitadora. Odiaria perder o carinho dela.Seguiu o entregador no elevador de serviço, a ansiedade gotejando em suas costas, as mãos escorregadias, a dor no baixo-ventre aumentando. Abriu o apartamento, deixando o entregador passar primeiro, preparando-se para à reação da Salvatore quando a visse. Com alivio recebe
O tempo tempestuoso não deu trégua durante a semana toda e o sábado não foi exceção. O mesmo não poderia ser dito sobre Simon e Paulina. O calor não abandonava o apartamento do Salvatore, o motivo não era o sistema de aquecimento e sim a paixão que estalava quando estavam juntos.No entanto, era o companheirismo que mais afetava a Perez. Temera que Simon perdesse o interesse com o passar dos dias, mas isso não ocorreu. Estavam em sintonia em todos os sentidos, embora ele fosse reservado e ela própria ocultava um fato. Tinham momentos descontraídos em que se apoiavam e desejavam a opinião um do outro, como naquele, se vestindo no closet minutos após um banho caloroso.— O que acha? — Simon perguntou pronto para seu jantar de aniversário. — Estou digno de acompanha-la?Fechando a bota de cano curto, Paulina o admirou-o da cabeça aos pés. Digno? A camiseta manga longa azul escuro destacava seu peito atlético, calça jeans, parka verde oliva com forro de pele falsa no capuz e, completando
Como prometido pelo marido, Mirela limitou a comemoração a um jantar em família, somente o núcleo formado por ela e seus filhos, sem os parentes que Simon costumava comparar com sanguessugas. Dera aos filhos todo amor familiar que lhe faltou durante a adolescência, inexplicavelmente inflando seu caçula de autossuficiência.Seu filho mais novo jamais entendera sua necessidade de se cercar do máximo de familiares possível. Pelo menos conseguira estender o convite para suas duas filhas de coração: Paulina e Paola. Colocara o filho mais velho do seu lado, à direita da mesa, seguido pela esposa e seus filhos. Do lado do marido, à esquerda da mesa, ficaram Simon, seguido de Paulina e Paola.Em certo ponto, Mirela viu vantagem em uma festa pequena. Da cabeceira, que ocupava com o marido, era fácil analisar o comportamento de cada pessoa na longa mesa de jantar com tão poucos a ocupa-la, por mais singelo que fosse.Cada provocação, cada inclinar para falar algo em segredo, cada olhar e sorris
Quando Simon aceitou passar a noite na casa dos pais, Paulina imaginou que dormiria na ala dos empregados, no antigo quarto que ocupava antes de se mudar para o apartamento do Salvatore. No entanto, Mirela foi taxativa em levá-la para ocupar um quarto de hóspede.Só tinha a roupa do corpo, mas, por sorte, deixara muitas de suas vestes antigas na casinha ocupada por sua família. Sua irmã foi alegremente buscar uma muda para troca, enquanto Mirela levava ela e Simon até os quartos em que ficariam.Ao ser escoltada para dentro do quarto escolhido para ela, percebeu que era justo o que ficava ao lado do quarto que Simon usara durante seu crescimento e nas raras vezes em que dormia na mansão. Olhou para sua esquerda e encontrou o Salvatore parado no vão da porta do dele, observando-a.Mirela emanava empolgação por ter todos embaixo de suas asas, indiferente ao fato de que algumas pessoas não sentiam o mesmo.— Para a minha felicidade aumentar só se Simon encontrar uma moça como você — Mire
Com a consciência voltando aos poucos, mais uma vez Paulina confrontou a força do desejo que a arremessava direto para os braços do Salvatore. Tão forte e sedenta que ela continuava com o roupão amarrotado pelo rompante ávido. Tão alucinante que chutara a cautela para o canto, agarrando-se a volúpia esquecida de tudo, de que os pais dele estavam só alguns quartos de distância.— Você é louco — Paulina murmurou recuperando o fôlego. — E se alguém te viu entrar?— No momento, essa é a menor das minhas preocupações — Simon respondeu apertando Paulina em seus braços.— Simon... Se Mirela desconfiar de algo entre nós, mesmo que seja um acordo...— Não pense nisso — Simon exigiu depositando um beijo lascivo no ombro dela.— Não consigo — desabafou tentando se desvencilhar dos beijos do Salvatore. — Sabe o que Mirela me perguntou hoje?— Hum... — resmungou sem interesse distribuindo os beijos pelo colo leitoso da amante.— Ela quis saber se eu conhecia alguma moça decente que aceitaria casar
Paulina demorara a dormir, se revirando em sua mente, pensando nos prós e contra de lutar por um amor que não seria correspondido, sem chegar a uma conclusão satisfatória.Mesmo com a mente emaranhada tomou uma decisão, assim que retornassem ao apartamento comunicaria sua demissão. Guilherme estava certo, aquela relação não tinha futuro. Por mais doloroso que fosse o melhor era se afastar e seguir seu caminho.Aprendera com Nathaniel que não havia forma de forçar alguém a corresponder seus sentimentos. Sofreria muito no dia em que Simon se interessasse por outra pessoa e a rejeitasse. Era melhor sair do emprego com pelo menos a dignidade intacta.Com o passar das horas, acompanhando o ressonar rítmico de Simon, suas pálpebras pesaram e o corpo capitulou ao cansaço físico e emocional. Um barulho incômodo quis tira-la do descanso que alcançou com muito custo. O ignorou aconchegando-se ao calor e segurança dos braços ao seu redor. Insistente, o som aumentou, Paulina se virou ficando de f
Paulina empurrou Simon e com os dedos tensos arrumou o roupão, fechando-o ainda mais. Depois do que passara com Paola, novamente fora burra em um pequeno espaço de tempo, concentrando-se em Simon em vez de notar que deixara a porta aberta.Extremamente perturbada e envergonhada, juntou o resto de dignidade, a mente trabalhando a mil sem fazer uma conexão coerente e a face extremamente vermelha, e olhou para a matriarca Salvatore, que movia os olhos de um para o outro com um pequeno sorriso.— Mi-Mirela... não é o que es-está pe-ensando... — gaguejou nervosamente sem certeza de como se explicar. — Não é... E-eu... O Simon... — persistiu buscando controlar o nervosismo e dizer algo pelo menos aceitável sem sucesso.— O que a Lina quer dizer é que estamos juntos.Paulina encarou Simon embasbacada, depois olhou para Mirela cujo olhar desconfiado estava cravado no filho.— Juntos?— Sim. — Sem inibição Simon abraçou a cintura de uma surpresa Perez e depositou um beijo no alto de sua cabeça
Caminhavam lado a lado até o carro de Simon, ele mexendo no celular e Paulina no mesmo silêncio pesado adotado ao se “comunicada” de seu noivado.Esperara um momento em que estariam longe de todos os parentes, da alegria delirante da mãe dele e do desprazer indisfarçável de seu pai. Pensou que teria uma oportunidade quando entraram no carro Simon colocou o celular de lado, mas, antes que Paulina cobrasse uma explicação sobre o que acontecera após Mirela flagra-los, uma nova notificação fez o Salvatore estender a mão para o aparelho.O viu franzir o cenho e soltar um resmungo, os dedos digitando rapidamente antes de voltar a coloca-lo de lado e dar a partida. Percebeu que algo o desagradara, causando movimentos bruscos e o semblante carregado enquanto retirava o carro da garagem da mansão. Não querendo causar um incidente na estrada, decidiu esperar quando estivessem em um local seguro.Era bom nenhum dos dois ser muito de falar, a música que Simon colocou preencheu o ambiente durante