Crawford House, 1849
Após três longos anos residindo no campo, Killian e a irmã criaram uma rotina confortável, onde apenas o conde viajava para Londres afim de tratar de assuntos políticos na câmara dos Lordes, e voltava assim que suas obrigações chegavam ao fim. Hellen permanecia em Crawford House em tempo integral, nas horas vagas aprendia por conta própria a tocar violoncelo na companhia da Srta. Reed, sua preceptora. Emilly Reed era sua melhor amiga, sua confidente e aquela que a ensinava a controlar seus impulsos. Killian fazia sua parte e tratava a irmã com carinho e lhe dava toda a proteção que ela poderia precisar, contudo, haviam determinados assuntos que apenas a Srta. Reed entendia. Como por exemplo, as regras de Hellen, que começaram logo após sua vinda para o campo. Ela não poderia conversar sobre aquele assunto com Killian, de jeito nenh
Hellen ficou assustada ao ver a mulher desmaiar em pleno salão de baile, ela rodopiava em um segundo e no outro estava caída aos pés de Killian banhado em ponche. Teria achado graça da cena se não estivesse nervosa pelos olhares que Lorde Desmonds lhe oferecia. Não entendeu qual fora o motivo para Killian confiar sua segurança ao barão, mas ela confiava no julgamento do irmão, então se deixou levar pelo homem que a guiava por uma das portas francesas que levavam aos jardins.— Não se preocupe, seu irmão nos encontrará assim que terminar de socorrer a dama desacordada. Mas, diga-me, Lady Seymour. Por que decidiu debutar este ano? Uma beldade como você podia ter debutado desde os dezesseis. — Chestter disse en
Roma, 1851Dois anos em Ravena; um ano em Berlin; um ano em Paris; um ano em Roma. Essa fora a jornada de Ravenna até agora. Manter-se longe da Inglaterra era um bálsamo para sua alma — se é que ela ainda possuía uma— e para sua mente.Vinte e seis anos.Ela completava mais uma primavera nesta noite. Estava cansada de completar primaveras, todavia, parecia impossível que permitissem a ela finalizar este ciclo. Ela vivia o tempo roubado de outra pessoa, alguém que merecia respirar, enquanto ela merecia nada mais do que vermes rasgando sua pele. Que ironia do destino, permitir que pessoas desalmadas andassem por este mundo enquanto os bons partiam para o além.Seu pai mantinha os olhos sobre ela, mesmo em outro país. Desde seu regresso da Escócia, ele a vigiava de perto para garantir que estava tudo bem. At&eac
Londres, 1851— Lorde Seymour, o prazo de dois anos está chegando ao fim, Hellen participou da temporada passada e participará desta. O que fará quando ela retornar decidida a firmar seu compromisso com meu primo?— Senhorita Reed, tenho certeza que este ano teremos sorte e Hellen encontrará um bom partido entre a nobreza. — Killian suspirou. Temia pelo futuro da irmã se decidisse seguir em frente e casar com o rapaz brasileiro.— Por que não aceita que os jovens estão destinados? O senhor mesmo presenciou durante este período, que meu primo fez tudo o que exigiu para provar que merecia a mão de Lady Seymour. Rivera humilhou-se para satisfazer suas exigências. O que mais pretende fazer para separá-los? — Emilly sentia-se frustrada pelo destino de Hellen, e por seu patrão não aceit
Cansada de dançar, Ravenna decidira se afastar antes que mais pedidos surgissem. O salão estava muito cheio. Por um segundo, ela pensou ter visto Anthony Manner acompanhado de uma mulher baixa e ruiva. Seu coração disparou e suas mãos começaram a tremer.Estava alucinando, certo? Anthony não estava ali.Ravenna olhou de novo para a mesma direção e lá estava ele, o homem que ajudara a destruir sua vida. Seu cúmplice no maior tormento que Ravenna trouxera para si. Ela não poderia vacilar, não naquele momento. Precisava se recompor e agir como fizera desde o início.Indiferente.Decidida a encontrar um lugar para respirar e colocar as emoções sob controle, Ravenna partiu para a biblioteca na ala leste, entrou e fechou a porta atrás de si. Assim que soltou a primeira baforada de ar, notou a presenç
Desde o último baile, Ravenna dedicou mais tempo acausa Seymourdo que imaginava, não se encontrou tanto com Lorde Seymour — e ela deu graças aos céus por isso, ainda não estava preparada para lidar comKillianAfetado Seymour,e não sabia como digerir os sentimentos que a presença dele causava nela — em contrapartida, Lady Osborne aprendeu bastante sobre ele através de Hellen. Que Deus a perdoasse, mas aquela menina gostava por demais de contar sobre seu irmão e aquilo deixava Ravenna prestes a enlouquecer.Lorde Killian era ambidestro;Lorde Killian detestava cebolas e chá;Lorde Killian não gostava de cavalgar;Lorde Killian adorava números...A lista era tão grande que Ravenna sentia como se estivesse entrevistando a ga
Após algumas semanas e uns tantos encontros com a família Seymour, o nome de Ravenna passou a ser diretamente associado a eles. Hellen era vista como amiga íntima da dama e seu irmão como um possível pretendente. De fato, Ravenna era uma solteirona invicta e isso era visto como um desperdício para muitos, mas o fato não impedia que fosse considerada uma excelente aposta para aquela temporada, a qual ela não participaria se não fosse por Hellen. Sua recusa em participar da temporada afim de buscar um marido para si, junto das decisões passadas de Ravenna, levaram James a chegar ao limite. A filha sabia que aquele momento chegaria, ela se preparou para ele durante cinco longos anos.— Sabe que precisamos conversar e que não adiarei este momento outra vez. — James entregou uma taça de vinho à filha e sentou ao lado dela enquanto observam os filhos de Meredith e Jaden correndo p
O tempo destinado ao casal se esgotara muito rápido na percepção de Hellen e Euclides, para as duas que aguardavam do lado de fora, era uma eternidade. Como prometido, Hellen saiu da estufa no horário combinado, o difícil seria esconder do irmão toda a euforia e felicidade que a jovem carregava no rosto, isso e a aliança de noivado que ela agora possuía.— Sabe que precisará esconder essa aliança, não é? Seu irmão me matará e eu voltarei para assombrar vocês dois!— Querida, tome, coloque sua aliança nesta correntinha, assim pode prendê-la em seu espartilho sem perdê-la. — Marissa entregou a jovem uma pequena pulseira de prata, Hellen agradeceu e logo prendeu o anel ao seu espartilho com a ajuda das duas mulheres.— Eu não sei como farei para esconder minha felicidade! Rave, tia Marissa, muito obrigada! Eu quer
A galeria de artes de Petrus Yamakov ficava aberta apenas durante a alta temporada, no restante do ano o homem viajava para outros países em busca de inspiração e novas obras.Ravenna estava maravilhada com as obras que russo havia concluído e mostrava para o quarteto. Ficou curiosa para saber como Killian conhecera um homem como aquele. O russo de cabelos loiros quase brancos, barba que lhe cobria quase todo o rosto, e grandes olhos azuis, era despojado e soltava impropérios a cada explicação sobre uma obra. Ravenna não ligava para a atitude do pintor, mas notava que a preceptora de Hellen estava a ponto de corrigir o homem com uma vara e colocá-lo de castigo no canto da sala.— O que está achando? — Killian sussurrou em seu ouvido.— As obras são muito bonitas, obrigada por me convidar. — Ravenna lhe ofereceu um sorriso