Enquanto saio da masmorra com Carina nos braços, os guardas nos encaram com o rosto contorcido Meu cheiro está nela, sabem que não devem desejá-la. Amparo-a pela cintura no início, mas decido carregá-la assim que atravessamos o corredor principal. Ela está frágil, os braços envolvem meu pescoço como se temesse ser arrancada de mim a qualquer momento. A raiva ainda queima, junto a um sentimento de impotência que me destrói. Saí por pouco tempo e tudo se converteu num desastre, o palácio não é um lugar seguro para uma garota sem a proteção de uma família importante, ainda que tenha o favor de alguém como eu. Passamos pelo centro de punições, paro diante da encarregada, que nos encara sem muito interesse. Sou obrigado a soltar Carina para que a senhora verifique as marcas, mas depois a pego novamente.— Carina foi castigada. A partir de agora, qualquer punição dela passará por mim primeiro. Entendido?A mulher assente rapidamente, está com medo. Não perco mais tempo ali, o calor da
A água quente e a proximidade de Carina na banheira aliviaram parte da tensão que sentia. Não, o que fizemos na masmorra o fez, mas pensar nisso me faz querê-la de novo, e a visão da bunda rosada só me deixa mais consciente disso. Agora, com nossos corpos secos e a sensação da sua pele ainda queimando a ponta dos meus dedos, levo-a para a cama, disposto a arrancar qualquer informação útil da conversa que supostamente teve com meu pai.Ele é astuto, astuto demais.Meu pai não é do tipo que faz algo pensando em benefícios a curto prazo, não importa a situação.Afasto os pensamentos e foco no que interessa, deixá-la confortável. Deito Carina de bruços na cama macia, seus cabelos úmidos molham o travesseiro. Ela suspira, o som suave reverbera pela sala e atinge meus sentidos, quero o cheiro dela em toda a parte de novo. Levanto e seu olhar me segue.Carina não se move nem diz nada enquanto espalho uma pomada calmante na área atingida, relaxa e sorri, permitindo-se ser cuidada sem nenh
POV: NathanielDesperto antes do sol nascer, com a proximidade do inverno, o dia demorava mais para clarear, e não haveria tempo para inspecionar todos os soldados e me aprontar a tempo se esperasse. Carina ainda dorme profundamente ao meu lado, seu corpo relaxado e seu rosto tranquilo me fazem querer voltar para a cama e observar o momento exato em que suas pálpebras irão se abrir, presenteando-me com os adoráveis olhos violeta. Gostaria de ficar mais tempo aqui, mas não quero perder a chance de conseguir informações.Levanto-me com cuidado, tentando não perturbá-la. Se não fosse meu tamanho, seria mais fácil passar despercebido, pois assim que saio da cama o colchão se move para o lado com a ausência do meu peso. Olho para ela uma última vez só para ter certeza que não despertou.No armário, pego a poção que mudará a cor dos meus olhos para um verde escuro e o frasco e cabelos para preto. Ambas as mudanças são essenciais para me misturar nas ruas sem ser reconhecido, mas não bebo ai
POV: CarinaO quarto está em total silêncio, está assim desde que Nathaniel começou a sair cedo e voltar muito tarde. O som da porta se fechando não me atormenta como antes, mas a corrente sim. Escutei e senti o metal sendo fechado em minha pele e entendi a mensagem, apesar de detestar seguir a orientação velada. Não tenho apoiadores, o conselho ganhou força demais, e seja lá o que o alfa supremo está planejando, exige paciência. Não é a solidão em si que me incomoda, e sim o ócio. Não há livros para ler, pelo menos nenhum que eu queira, e olhar pela janela não é tão divertido sem minha harpa. Se eu pedir uma tenho certeza que Nate providenciará, mas não tenho ânimo para tocar, já não tinha antes. Estou sendo cuidadosa, muito. Tiro a corrente sempre que fico sozinha, e a coloco de volta ao mísero som de passos. Serve para treinar meus reflexos, e pelo menos aqui posso correr pelo quarto e fazer exercícios pois recebo comida suficiente para não ficar sempre no limite. Hoje é o di
POV: CarinaFui treinada para administrar o harém, uma das primeiras regras para gerir o palácio e escapar de truques sujos é vistoriar o quarto duas vezes ao dia para garantir que nada foi colocado nos aposentos indevidamente. Começo pelo armário, onde as roupas de Nathaniel são organizadas à perfeição mas logo mudo o alvo, talvez eles não fossem tão longe a ponto de tocar em algo do príncipe herdeiro. Se me acham tão estúpida como imagino, colocaram nas minhas coisas ou nas áreas comuns. Deslizo minhas mãos pelas prateleiras, verificando bolsos e dobras dos casacos e capaz penduradas, mas não encontro nada suspeito.Passo então para a escrivaninha. Abro cada gaveta com cuidado, revistando documentos lacrados para ver se algo foi posto nos envelopes, cartas e objetos pessoais. Os papéis são todos correspondências oficiais, sem nada que chame a atenção. Fecho as gavetas, sentindo uma leve frustração. Até agora, nada.Talvez só esteja sendo paranoica e a garota é uma nobre que não
POV: NATHANIELLevei dias para encontrar algo útil e meramente ilegal, mas a proposta veio. — Pensou no que disse, Eliot? Usa o nome e identificação falsa que dei, eu finjo pensar um pouco na proposta mas depois concordo, tentando parecer hesitante. — É seguro? Os túneis estão bloqueados. Os antigos canais foram soterrados, eles passam por baixo dos muros mas não há mais acesso à cidade em si, teriam que cavar muito para conseguir fazer seu caminho. — Só vamos guardar bebida, pagamos impostos o suficiente, o rei não ficará menos rico por causa de alguns trocados. Tomo uma nota mental do que ele disse e volto para o castelo.Não estamos mobilizando tantos homens para procurar sonegadores de impostos. A ida até a sala do trono é tranquila, o que encontro lá também.Meu pai está acariciando repetidamente um trapo que um dia foi um lenço bordado.Era da mamãe, ela sempre atava um pedaço da manga do vestido na espada dele antes de ir para a guerra. — Eu disse que a garota sabia se d
POV: CarinaAcordo com a porta do quarto abrindo.Um feixe de luz entra no ambiente e vai parar direto no meu rosto. Ele não senta na cama, e sim numa das inúmeras poltronas dispostas no quarto. — Boa noite para você também.Resmungo, sentando-me na cama em seguida. Ele é o primeiro a se mover e acende algumas velas antes de caminhar até a cama. O colchão afunda com o peso dele, mas não há toques. — Ficou maluca? Anuncia num timbre mais ríspido do que o de costume, mas menos ferino do que meus pais usariam. — Você não me contou que tinha uma noiva.Acuso.Lycander quem disse, e não me orgulho da onda de ciúmes que senti ao descobrir isso.O conselho a considerava digna de tê-lo, mas não me consideravam apta para o cargo de princesa herdeira. — Eu não tenho, e em breve também não terei você se continuar levando isso adiante.Finalmente há um toque.A familiaridade do calor da palma dele afagando a lateral do meu rosto me desarma. Por instinto inclino a face para apoiar-me ali, e
Assim que acordo vejo ao lado da cabeceira um bilhete com caligrafia elegante, os dizeres se resumem a um ‘está por conta própria se escolher continuar.’ e é tudo o que eu quero.Vejo meu nome escrito no quadro de criados do castelo à disposição, e como esperado Samara requisita minha presença.A garota não perderia a chance de transformar minha vida num inferno. Meu estômago se revira, mas mantenho a compostura.Mais nobres começarão a chegar em breve, a época de jurar lealdade ap Alfa está se aproximando. Ao entrar nos aposentos de Samara, noto que é bem diferente do quarto de Nate, os dois são luxuosos, mas o dela é mais opulento. Cortinas de veludo roxo adornam as janelas, e móveis de madeira escura polida brilham sob a luz suave que atravessa as janelas imensas. Samara está sentada em uma cadeira alta, com uma expressão altiva no rosto.A garota é bonita, muito, e não posso parar de imaginar se nem uma única vez Nate se sentiu balançado por ela. — Ajoelhe-se.Sinto um arre