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Desde que Korian partiu para caçar as criaturas soltas na floresta que podem ser ameaçadoras para seu castelo e Reino, tenho estado presa no quarto e vivendo apenas por conta dos bonecos destruídos no qual uso meu poder para lutar. Penso que é a cabeça de Korian e seu pai que estou explodindo ou o corpo que estou partindo em mil pedaços. A frustração me toma em todas as vezes que vou catar a sujeira deixada pela magia e não encontro a real pessoa que queria que estivesse ali.
Ele saiu há 4 dias. Enquanto caminhava pelos jardins sendo cuidados, ele tinha me encontrado na sacada do quarto, sentada e apenas apreciando o vento frio em meu rosto. Eu o observava pelas grades, me sentindo mais uma vez um passarinho contido dentro de uma gaiola. De sua gaiola. Uma escrava em confinamento.
E ele havia me encarado de volta d
✥ · ✥ · ✥ Korian, três dias antes O último dia de caça rendeu uns bons animais, além dos monstros que conseguimos exterminar durante o caminho. A ameaça contra meu reino colocou em risco a vida de meu povo, coisa que não podia permitir. As fronteiras foram fechadas, barreiras recriadas. Eu apenas não entendia como as bestas conseguiam ultrapassar minhas proteções. A cápsula invisível ao redor de minha cidade deveria ser suficiente para não deixar nenhuma criatura externa entrar, de modo que os recentes ataques nas vilas me deixaram surpreso. Meu pai veio comigo para a caçada, mas nos perdemos quando demos de cara com um Savage vagando por nossas florestas. Eu havia sentido sua presença dias antes, e uma surpresa em minha cidade após ter sido identificado o monstro rondando nossas terras me teve
✥ · ✥ · ✥ Procure-o entre a tarde e a noite, a bruxa disse. Não faço ideia de quem ela talvez possa estar falando, mas mesmo assim consigo escapar dos guardas de Korian para ir até a vila, dois dias depois da reunião que tivemos na pequena sala macabra. Hoje seria suposto eu começar meus treinamentos, mas alguma emergência na floresta fez todos os guardas migrarem para lá, o que me fez pensar que talvez o problema seja um pouco mais grave. Também, não reclamei. Não estava no clima de apanhar a troco de nada. O sol já está baixando e dando lugar à noite. As pequenas estrelas brilhantes pontilham o céu escurecendo e um pedaço de azul escuro já se mostra. O último calor da tarde vai embora quando a noite aparece completamente, dando lugar ao vento frio. Mesmo com o casaco grosso me envolvendo, sinto os braços e pernas tremerem. Me lembro de meu corpo frágil em comparação aos outros ao
✥ · ✥ · ✥ Encontre-me na sala de jantar em meia hora. Vista seu casaco e não se atrase, humana. K. Minhas sobrancelhas sobem com o bilhete que estava em minha cama ao voltar de meu pequeno passeio até a biblioteca secreta. Meus dedos ainda coçam para trazer de vez aquele livro dourado para meu quarto, mas sempre que o toco, uma vozinha na minha cabeça sussurra perigo. Então o devolvo à estante velha até quase morrer de curiosidade mais uma vez e retornar até lá. E o livro que o estranho me deu na cidade abandonada ainda é um mistério. Me sentia altamente violada enquanto caminhava pelos corredores, sabendo que olhos invisíveis estavam sobre mim em todos os momentos; olhos de Korian. Ele mesmo me avisou que conhecia todos os movimentos em seu castelo, desde os prisioneiros ㅡ como eu ㅡ até os passos de cada um
✥ · ✥ · ✥ A conversa se estendeu por mais tempo do que eu esperava. Em certo tempo, os criados apareceram com as refeições e me lançavam olhares esquisitos quando saíam. Como se estivessem se sentindo traídos por eu, há algumas semanas, estar falando mal de Korian até para as plantas e agora estar confraternizando com ele e seu bando como se fôssemos bons amigos. Não os culpo; pensaria da mesma forma. A comida é boa e gordurosa. O aroma fresco da carne macia misturada com o cheiro suave das flores ao nosso redor são um contraste adocicado e apimentado ao mesmo tempo; uma mistura de sabores. O sol quente brilha mais agora no pico da manhã, criando sombras de folhas e arabescos na mesa por conta da estrutura de metal. Os refrescos postos em cima da mesa são a única coisa que me fazem aguentar a conversa irritante de Korian e Golen. Os dois iniciaram um papo nada agradável sobre a form
✥ · ✥ · ✥ Levanto da cama com um gemido, parando para observar as duas empregadas que me acordaram do sono. A mais próxima de mim, enquanto limpa o chão cuidadosamente, está vestida completamente de preto e usa apenas um avental branco por cima do macacão e touca na cabeça. A outra, sua companheira, veste o macacão e nada mais. Estreito os olhos para a pequena corrente fina e vermelha em torno do pescoço das duas mulheres e penso em perguntar, mas pelas suas expressões vazias e sem emoção, talvez não seja a melhor escolha a fazer. Sigo para o banheiro e tomo banho rapidamente, vendo as duas se moverem pelo quarto com uma rapidez imortal que me impressiona, tirando todos os grãos de poeira com sua magia. A mais velha ㅡ a do avental ㅡ me olha de relance afundada na banheira e desvia o olhar, mas vejo seus olhos verdes serem tomados pela desconfiança quando se vira. Minhas sobrancelhas franz
✥ · ✥ · ✥ Nossos passos ficaram gravados na pouca neve conforme eu e Korian nos movíamos em silêncio em direção ao gazebo de seu jardim. Ele havia me enviado uma nota pela manhã após eu ter invadido seu quarto na última noite para tentar arrastá-lo fora de sua cama para me contar o que diabos não conseguiu falar no jantar. Ele fora grosseiro e me empurrara para fora do quarto com um empurrão de sua magia, e até agora uma marca avermelhada com alguns pontos escuros marca a área do meu dorso. Ele havia encarado esse lugar com as sobrancelhas franzidas quando me encontrou hoje. No bilhete havia sido curto e grosso. Apenas disse que não poderia me encontrar pois teria tarefas a fazer com seu pelotão. No entanto, sabendo que suas evasivas apenas estavam me fazendo cada minuto mais preocupada, invadi seu quarto mais uma vez para encontrá-lo na mesma posição em que eu fico várias vezes: se
✥ · ✥ · ✥ A Criação dos Reinos de Taryan - Diário de Linter e Hyuma Na fundação de Taryan, quando as árvores ainda cresciam, os peixes ainda se reproduziam e todas as criaturas ainda eram consideradas totalmente inofensivas, surgiu uma rainha. Sua aura brilhante comovia as pessoas ao redor, seu poder e magia jamais podiam ser vencidos ou comparados a qualquer um outro. A natureza a obedecia, os elementos ela controlava, o clima estava em suas mãos, o sol e a lua brilhavam a seu comando. Todos os seres vivos a adoravam. Sua alegria e poder se davam somente quando Taryan estava em ordem. E seu nome era Althaea. Há mais de 10 milênios, Taryan vencia suas batalhas ao lado da rainha. Sangue era derramado, vidas eram perdidas, mas a terra era perdoada. Seus inimigos não eram mantidos em cativeiro; ficaram livres para seguirem suas vid
✥ · ✥ · ✥ As cavalgadas pela floresta é mais cansativa do que eu imaginei que seria. Desde que apareci no quarto de Korian, dois dias antes, para lhe exigir uma visita até minhas terras, ele tem me ignorado e propositalmente não dando o menor apoio às minhas decisões. Se sua capacidade lhe permite, ainda zombou de minha preocupação em alguns momentos. A fúria rodou por mim tão rápido que precisei conter o fogo antes de "sem querer" chamuscar sua cara. Não falo com ele durante a viagem, por mais que esteja no mesmo cavalo que eu. Korian tem bufado e reclamado o caminho inteiro, mas acredito que meu total desinteresse em sequer ouvir sua voz o calou. Finalmente. Em minha cabeça, não há nada mais importante do que encontrar Lena. E todos os outros. Por mais que a antiga exigência para ver meu irmão nas masmorras não tenha dado e