Para proteger Analú, Marcus sabia que teria que tirá-la da Colômbia antes da chegada dos russos. Sergey Polonov era um homem perigoso, e capturá-lo exigiria total comprometimento de Marcus. Ele não poderia dividir sua atenção com nada além de sua missão, e isso incluía Analú. Ghost estava certo ao dizer que, se Polonov tivesse conhecimento do interesse de Marcus por ela, ele a usaria contra ele. Marcus precisava ter em mente, o tempo todo, que estava operando em território dominado pela máfia e logo estaria na mira tanto do cartel quanto de Nirkov. Portanto, era essencial que Analú estivesse longe do fogo cruzado. Marcus tinha esperança de que, caso ele e Ghost não conseguissem tirá-la, eles mesmos poderiam contar com a habilidade de Analú em fugir e ganhar vantagem sobre seus inimigos. Ele admirava a capacidade dela de aprender rápido, sua inteligência e sua coragem inabalável, características que ele conhecia bem e valorizava profundamente. Marcus sentia-se preocupado ao sair da c
Marcus guiou Analú pela trilha e, ao chegarem a uma grande pedra, estendeu um pequeno tapete antes de ajudá-la a se sentar. — Você também tem uma pedra de estimação? Adoro seu lugar secreto! — ela disse, olhando para o céu. As nuvens encobriam parte da lua rosada, dando um ar misterioso e sombrio. — Yep! Agora não é mais secreto, visto que eu te contei. — Ele brincou, sorrindo travesso. — Mas talvez eu tenha que te matar agora. — Guarde suas armas, grandão, e não se preocupe, sei guardar segredos. Além disso, — desta vez, foi ela a emitir sua versão mais doce e inocente de sorriso, um daqueles que envolve os olhos e cada músculo da face — o que te faz pensar que seria você e não eu quem vai tomá-lo de você e te expulsar daqui? — Ah, pequena, não precisa. Divido com você. Acredito que este lugar não terá mais sentido se você não estiver junto. — confessou, tocando a pele fina de seu rosto com a ponta dos dedos. Analú sorriu e aninhou a cabeça em seu ombro, e ele a abraçou com cari
Analú entrou em seu quarto e deixou a porta bater atrás de si. Sentia-se rejeitada e dominada pelo medo em relação ao seu futuro. Embora tentasse conter as lágrimas, elas escaparam, traçando um caminho silencioso por suas bochechas. Naquele instante, a consciência de sua solidão e desespero a envolveu como uma sombra densa. Seu coração batia aflito, pulsando uma angústia mais intensa do que o habitual. As palavras de Consuelo ecoavam em sua mente, acrescentando uma camada a mais de perturbação ao admitir ter a mesma intuição. — Idiota! Marcus, será que você não enxerga? Não vê o que está estampado em meus olhos? Droga de homem burro! — murmurou frustrada. Ela dormiu, mas seu sono foi conturbado. Viu imagens desconexas de sua mãe: no sonho, estavam no balanço de pneu que sua mãe havia feito para ela quando era pequena. Analú era elevada ao ar, empurrada por sua mãe. — “Estou tão feliz que você voltou, mamãe! Vamos ficar juntas para sempre agora?” “Vai ficar tudo bem, minha filha. S
Marcus observou a beleza nua de Analú relaxada em sua cama, apenas algumas poucas partes do seu corpo estavam cobertas por um fino lençol. O frio era intenso lá fora, enquanto a lareira aquecia o quarto. No entanto, Marcus podia jurar que o calor acolhedor da lareira não se comparava ao calor intenso que irradiava de seus corpos entrelaçados naquela noite. Após muitas e boas despedidas, Analú dormia exausta. — Minha doce e pequena luz, sinto tanto em ter que te deixar, mas preciso investigar. Tenho que encontrar um jeito de te tirar daqui em segurança — disse em um sussurro e depositou um beijo em sua testa e saiu deixando metade de si mesmo para trás. — Está prestando atenção? — Marcus chamou Consuelo, que o olhava com sorriso nos olhos como se pudesse ler a sua alma, ela sempre o assustava. — Consuelo, para de me olhar desse jeito e me escute! — Sim, menino, não precisa gritar, sou velha, mas não sou surda. — resmungou, batendo-lhe com o pano que carregava nas mãos. — Consuelo,
O atentado ocorrido em um hotel de Nova Iorque anos antes, era um espinho na carne do FBI, um fato indigesto para os agentes envolvidos no caso, uma vergonha para o governo norte-americano, mas sobretudo para Marcus e Ghost, por falharem em pegar Polonov, e pessoas inocentes morreram em decorrência desse erro. Marcus colocou a Kris no lugar e pegou uma nova e pequena faca, do tamanho da palma de sua mão, a lâmina curva como a garra de um felino, possuía um orifício circular por onde Marcus passou o dedo indicador deixando a faca quase invisível em seu punho. — Essa pequena, mas mortal arma é a Karambit, acredita-se que ela foi inspirada nas garras do Tigre de Sumatra. — Marcus falava com orgulho e conhecimento — O que eu mais gosto nela é que meu oponente nem percebe que ela está aqui. E se eu te disser que esta pequena adaga é mais mortal do que a outra e que com apenas três movimentos posso te dar a morte mais dolorosa e lenta do que você possa imaginar? — perguntou chegando perto
Marcus estava profundamente satisfeito com as novas descobertas que havia feito. As informações extraídas do italiano colocavam Sergey exatamente onde Marcus queria, fornecendo um avanço significativo em sua investigação. As peças se encaixavam, revelando conexões importantes, especialmente em relação à ligação de Sergey com o clã Nirkov. Essas descobertas não apenas confirmavam suas suspeitas, mas também ligavam o russo a outros elementos que iam contra os interesses tanto de Nikolay quanto de Pedra Santa. O nome de Polonov agora aparecia entre diferentes frentes de investigação. Para Marcus, era suficiente para armar uma enorme ratoeira. Os federais estavam na cola da organização de Nirkov há vários anos. O russo já havia tomado impérios dos irlandeses e de outras facções ligadas à máfia russa que atuavam em Orlando e Nova Iorque. No momento em que se ouviu falar de uma possível negociação entre Pedra Santa e Nikolay Nirkov, Marcus percebeu que no novo “modus operandi” — dividir pa
Após relatar o acontecido a seu parceiro, Marcus chamou por Consuelo, e desta vez, embora atendesse ao telefone, sua voz estava embargada pelo choro, tornando suas palavras quase incompreensíveis. — Se acalme, Consuelo. Quem a levou? Conte-me tudo o que viu! — Marcus foi direto, sua voz ganhando uma firmeza que cortava através do caos emocional, e surtiu efeito. A mulher respirou fundo, tentando controlar suas emoções, e conseguiu articular suas palavras com dificuldade. — Você prometeu cuidar da menina e não cumpriu. Eles a levaram, Marcus, levaram a menina! — Consuelo gritava, sua angústia ecoando através do telefone. Ela sabia que deveria tê-lo contatado ao menor sinal de perigo. — Dom Mariano esteve aqui com uns homens estranhos. Eles a pegaram e a levaram embora. — As palavras de Consuelo eram carregadas de terror, mas ela tentava manter-se firme para ajudá-lo. — Eram dois. Um mais velho e um da sua idade, mas com uma aparência... Era como el mismo ‘diablo’ en carne y hueso! —
Marcus tomou cuidado para não revelar sua presença, consciente de que sua identidade poderia estar comprometida. Estacionou seu carro em uma trilha escondida, longe da vista de qualquer um que passasse pela estrada, e atravessou um campo que levava à parte de trás do chalé onde Analú vivia. Poucos homens estavam encarregados da segurança na fazenda, e o motivo era claro: Analú não estava mais lá, e a atenção deles havia sido desviada para o local onde ela estava sendo mantida. Marcus encontrou seu esconderijo e selecionou algumas versões de seu armamento preferido, algo com o qual se identificava profundamente. Ele pegou algumas Karambits e as prendeu em sua perna, enquanto sua especial Kris foi posicionada ao alcance de sua mão direita, presa ao peito. Era habilidoso com armas semi-automáticas, capaz de acertar um alvo em movimento sem falhar; mas era na arte do Silat que Marcus se destacava: ele era verdadeiramente mortal, capaz de usar qualquer objeto como arma. Possuía um racioc