Após relatar o acontecido a seu parceiro, Marcus chamou por Consuelo, e desta vez, embora atendesse ao telefone, sua voz estava embargada pelo choro, tornando suas palavras quase incompreensíveis. — Se acalme, Consuelo. Quem a levou? Conte-me tudo o que viu! — Marcus foi direto, sua voz ganhando uma firmeza que cortava através do caos emocional, e surtiu efeito. A mulher respirou fundo, tentando controlar suas emoções, e conseguiu articular suas palavras com dificuldade. — Você prometeu cuidar da menina e não cumpriu. Eles a levaram, Marcus, levaram a menina! — Consuelo gritava, sua angústia ecoando através do telefone. Ela sabia que deveria tê-lo contatado ao menor sinal de perigo. — Dom Mariano esteve aqui com uns homens estranhos. Eles a pegaram e a levaram embora. — As palavras de Consuelo eram carregadas de terror, mas ela tentava manter-se firme para ajudá-lo. — Eram dois. Um mais velho e um da sua idade, mas com uma aparência... Era como el mismo ‘diablo’ en carne y hueso! —
Marcus tomou cuidado para não revelar sua presença, consciente de que sua identidade poderia estar comprometida. Estacionou seu carro em uma trilha escondida, longe da vista de qualquer um que passasse pela estrada, e atravessou um campo que levava à parte de trás do chalé onde Analú vivia. Poucos homens estavam encarregados da segurança na fazenda, e o motivo era claro: Analú não estava mais lá, e a atenção deles havia sido desviada para o local onde ela estava sendo mantida. Marcus encontrou seu esconderijo e selecionou algumas versões de seu armamento preferido, algo com o qual se identificava profundamente. Ele pegou algumas Karambits e as prendeu em sua perna, enquanto sua especial Kris foi posicionada ao alcance de sua mão direita, presa ao peito. Era habilidoso com armas semi-automáticas, capaz de acertar um alvo em movimento sem falhar; mas era na arte do Silat que Marcus se destacava: ele era verdadeiramente mortal, capaz de usar qualquer objeto como arma. Possuía um racioc
Um arrepio na nuca o alertou para uma presença sinistra, algo conhecido e letal. Era alguém que ele conhecia bem, em todos os sentidos.— Ravenna Gurkinova! — Ele pronunciou o nome dela com uma voz sensual e um falso sotaque italiano.— Matteo, ou devo chamá-lo de Agente Daniells? — ela respondeu, estalando a língua. A maneira como ela o fazia a tornava ainda mais sedutora do que já era.— Imagino que te dê mais prazer chamar-me de Matteo — ele ironizou, observando enquanto ela o rodeava. — Mas para você, eu sou a lei! — A maneira como ele pronunciava cada palavra era carregada de autoridade e desafio, deixando claro quem estava no controle da situação. Ravenna era uma mulher alta, com longos cabelos ruivos que brilhavam como o pôr do sol. Seu rosto fino conferia-lhe um semblante frio e calculista. Seus olhos azuis intensos, penetrantes e maldosos encaravam Marcus com uma fúria assassina.Ravenna Gurkinova havia sido treinada pelas forças especiais russas, uma oponente a quem Marcus f
— Oh, não! Você não sabia que sua namoradinha vai ser vendida em um leilão hoje? — Andreas disse com ar vitorioso — E pelo visto, você não foi convidado para a festa. Eles vão se deliciar com a sua garota, e você não estará lá para salvá-la, assim como não pôde salvar seu amigo. — Pensando bem, Andreas, vou te fazer sofrer desta vez, a menos que você me diga para onde a levaram, e talvez, quem sabe, eu seja rápido, o que me diz? — Marcus andou em direção a ele. — Não tão rápido, agente, você é um só e eu estou bem acompanhado. — O homem fez sinal com as mãos e seis homens, todos muito tatuados e com inúmeras cicatrizes, rodearam Marcus. — Huhuh! Gosto estranho para festas, Andreas, mas não vou te julgar por suas opções sexuais — Marcus tocou sua Kris segurando-a pelo cabo sem a tirar do seu lugar. Ele observou os homens que se aproximavam zombeteiros, ele focou no grandalhão loiro com uma cicatriz que ia da orelha até o canto da boca, que vomitava imprecações em russo enquanto gi
Desesperado por encontrar Analú antes que ela fosse tirada do país, Marcus desejou ter asas naquele momento para poder pilotar o helicóptero ele mesmo. Com a informação de Mario sobre a movimentação na marina, Marcus tinha um destino claro em mente. Ele estava ciente de que não seria fácil tirá-la de lá em segurança; precisava estar alerta, pois seria como entrar em um oceano cheio de tubarões, desprovido de qualquer proteção. Enquanto isso, Ghost estava a caminho, apesar de algumas novas pistas terem atrasado sua chegada. Marcus confiava plenamente em seu amigo e sabia que poderia contar com ele quando o momento chegasse. Ele seguia a pista de que havia outro trabalhando com Juanito e Sergey. Embora conhecesse todos os capangas oficiais de Pedra Santa, Marcus sabia que esse indivíduo tinha olhos e ouvidos em todas as partes. Não se tratava apenas de traficantes; ele também tinha políticos influentes em sua folha de pagamento. Muitos deles ocupavam altos escalões nos governos de vár
O instinto de Marcus alertava que não seria prudente adentrar sem cobertura, especialmente com dois grandes chefes de máfias temidas a caminho, trazendo consigo uma forte segurança e inteligência voltadas para o crime. Marcus estaria vulnerável. No entanto, sem tempo para a prudência, eles navegaram paralelamente a outras pequenas embarcações pesqueiras, aproveitando a escuridão da noite para se camuflarem. Ao alcançar uma distância segura da embarcação, Marcus mergulhou seguindo a corrente da âncora. Subir por ali seria fácil; ele conhecia o barco, já havia estado nele a serviço do cartel. Portanto, não seria complicado entrar. Marcus só desejava acreditar que sair também seria. Fazia parte do treinamento de Marcus e Ghost conhecer todas as entradas e as possíveis rotas de fuga em todos os ambientes onde entravam. Naquele barco, um enorme salão na proa era o ponto de observação, onde homens permaneciam alertas, mãos nos coldres e olhos treinados vasculhando todas as direções. Mar
— Por que será que não estou surpreso? — indagou o agente, cuspindo com desdém. — Bem, talvez seja porque você é tão previsível quanto o sol nascente. E isso me faz pensar que você é ainda mais estúpido do que eu imaginava. — Nunca me surpreendo, está no meu “DNA”, puxei da mamãe, sabe? — zombou debochado enquanto era empurrado em direção ao convés. — Inocência minha acreditar que eu encontraria uma pérola em uma pocilga. Analú agarrou a mão de Marcus e ele apertou a dela com carinho, dizendo que tudo ficaria bem, e embora Analú não pudesse acreditar, ela sorriu em resposta. — Politseyskiy prizrak?* — alguém disse em russo impecável. — Sergey Polonov, de volta dos mortos! — Marcus respondeu com ironia. — há quanto tempo! A presença do homem diante deles era impossível de ser ignorada. Sergey olhava para Marcus com uma expressão vitoriosa. Era um homem de boa aparência, com olhos penetrantes e dominadores, emanando uma aura extremamente assustadora. O russo trajava um elegante ter
Forçando-se a se manter lúcido, Marcus tentava contabilizar os ferimentos. — Dois tiros; um no ombro e um, no peito? Confere! Quatro ferimentos à faca? Confere! Corrente, pancadas, ser arremessado contra paredes? Confere! — Porra, só isso e já está desmaiando, meu velho? Precisa diminuir o passo, hora de acordar Marcus, amigão, sua garota está em perigo. — repetia para si mesmo na tentativa de manter-se lúcido. Marcus lutou contra a escuridão que envolvia seus sentidos, sua mente lutando para emergir da névoa de dor que o envolvia. Tentou abrir os olhos, mas eles se recusavam a obedecer, não apenas por estarem inchados e machucados, mas também por uma sensação de exaustão que o puxava para baixo. Quando finalmente conseguiu erguer a cabeça, percebeu a extensão da situação. Foi então que a voz potente de Mario cortou o ar, trazendo-o de volta à realidade com um chute violento em seu pé ferido. Marcus se viu cercado por cinco homens armados, sua mente trabalhando freneticamente para en