Lukke RockA praça era um pequeno refúgio escondido no meio da cidade, cercada por árvores antigas e bancos de pedra desgastados pelo tempo. Poucas pessoas conheciam aquele lugar, e eu duvidava que tivesse mudado muito desde a última vez que estive aqui. Enquanto caminhávamos, senti uma mistura estranha de nostalgia e tranquilidade ao ver Atena e Ellah ao meu lado, prontos para uma tarde que prometia ser simples, mas memorável.— Esse é o tal esconderijo? — Atena perguntou, me olhando com uma curiosidade divertida.— Esse mesmo — respondi, apontando para o pequeno playground com um sorriso. — Passei boa parte da minha infância aqui. Eu e os caras da banda sonhávamos que, algum dia, seríamos astros do rock. Esse era o nosso palco.Ela riu, e foi impossível não reparar como o som da risada dela se misturava ao som leve da brisa balançando as folhas.— E vocês conseguiram — Atena comentou, com aquele tom de reconhecimento que me fez sentir… bem, reconhecido.Soltei um suspiro, meio que r
Atena GodoyOlhar para Lukke e Ellah juntos me trazia um tipo de paz que eu não sentia há tempos. Eu me lembrava de como costumava ver Lukke nos palcos, rodeado de fãs, minha visão dele na época completamente diferente da de agora. Antes, ele era um astro inatingível, quase um personagem de conto de fadas. Eu o admirava como uma fã adolescente, idealizando cada movimento, cada palavra, mas, agora, tudo era tão diferente. Não era como uma fã obcecada, mas como alguém que realmente o conhecia – ou pelo menos tentava.Havia uma realidade em Lukke que ia muito além das capas de revistas e dos shows lotados. Ele era uma pessoa cheia de camadas, com um passado que, muitas vezes, parecia pesado demais para carregar. Essas camadas estavam lá, ocultas, como um mistério que ele guardava bem. Eu o observava com um misto de curiosidade e vontade de entender mais. Às vezes, eu sentia que ele tinha sido magoado por alguém muito importante em sua vida, e isso ainda deixava marcas, influenciando quem
Atena Godoy Acordei com o toque insistente do celular. Olhei para a tela ainda com os olhos semicerrados, ajustando a visão, e vi o nome de meu pai brilhando. O relógio ao lado da cama marcava pouco mais das sete da manhã. Suspirei, sabendo o que ele diria. Atendi, tentando soar alegre, mesmo que meu coração estivesse longe disso.— Bom dia, meu anjo. Parabéns pelo seu dia! — ouvi a voz calorosa de papai do outro lado da linha, aquele tom sempre acolhedor, sempre positivo, que eu sabia que tentava me alcançar até nos momentos mais difíceis.— Obrigada, pai — murmurei, forçando um sorriso mesmo que ele não pudesse ver. Mas ele sabia. Podia sentir no meu tom.Ele deu uma pausa, como se pensasse nas palavras certas para dizer, mas, no fundo, eu já sabia onde ele queria chegar.— Esse ano vai ter alguma festa? — ele perguntou com uma hesitação cuidadosa.Olhei para o teto, inspirando fundo. Tinha sido assim todos os anos; Artemis e eu sempre fazíamos uma festa juntas, mesmo que eu tivess
Cheguei na empresa um pouco mais tarde do que de costume, e logo fui recebida por alguns funcionários com sorrisos gentis e parabéns. Fiz um aceno discreto, agradecendo sem muito entusiasmo. Meu objetivo era passar esse dia o mais silenciosamente possível, mergulhando no trabalho, sem que ninguém percebesse o peso que eu estava carregando. Eu só queria que o dia terminasse logo.Assim que entrei na minha sala, Murilo já estava lá, parado com um pequeno embrulho nas mãos. Ele sorriu timidamente e me entregou a lembrancinha.— Feliz aniversário, Atena — disse ele. — Glaucia e Arthur compramos essa lembrancinha esperamos que goste. Agradeci, tocada pela gentileza, assim que Murilo saiu, comecei a trabalhar freneticamente, organizando documentos, checando relatórios, respondendo e-mails, tentando me distrair do vazio que o dia de hoje me trazia. A rotina era meu porto seguro, a única coisa que me permitia ficar de pé.Estava completamente imersa nas tarefas quando Isaac entrou de repente
Estávamos conversando sobre qualquer coisa, e eu nem percebi que já estava escurecendo. Levantei e olhei para Lucas, que parecia relaxado. Como esse cara não tem medo de ser reconhecido sendo quem é?— Ruivinha, eu vou com você? — Ele se espreguiçou e me olhou com um sorriso despreocupado.— Tá bom, é só me seguir.— Eu vou no seu carro, ruiva. — Lucas sorriu, divertido.— Vai deixar seu carro no meio da rua?— Não, depois a Stella ou o Arthur vem buscar pra mim. Eles já estão acostumados. Vamos.— Cara! Você dá trabalho, eu não aguentaria ser sua assistente nem por um dia. — Ele soltou uma gargalhada e passou o braço em volta do meu pescoço.— Você é tão megera quanto a Stella, mas eu gosto de você exatamente por isso. — Ele me surpreendeu com um beijo no rosto. — Agora vamos, quero pedir pra Martty preparar um lanchinho pra mim.— Hey, só eu posso chamá-la assim! E outra, ela é minha funcionária, não sua.— Relaxa, baby!Entramos no meu carro, e durante o trajeto, Lucas cantava anim
Lukke Rock Eu me sentia um estranho na festa familiar e cheia de amigos de Atena, mas ao mesmo tempo, algo em mim parecia aquecido. Era diferente das noites de agitação em que eu estava acostumado a estar cercado por pessoas, câmeras, e sons ensurdecedores. Aqui, tudo era espontâneo. As risadas, os abraços, as brincadeiras soltas no ar. As pessoas ali eram família de verdade. E ver Atena no meio deles, meio envergonhada, meio sem saber onde se enfiar, só deixava tudo ainda mais… interessante. Ela era a aniversariante, a estrela da noite, mas parecia uma criança desconfortável com toda a atenção em cima dela.Observei meus próprios pensamentos escapando para o passado, para os dias em que minha banda era tudo o que eu tinha. Nós éramos uma família, talvez até mais próximos do que muitos laços de sangue. Eu me lembrei de Blaze, do quanto éramos inseparáveis. Ele era meu melhor amigo, meu irmão, alguém que entendia cada detalhe da minha vida e ainda assim estava sempre lá, me segurando
Atena GodoyA festa estava quase no fim. As pessoas começavam a se despedir, algumas conversando em pequenos grupos, enquanto eu, perdida em pensamentos, ainda sentia minhas bochechas queimarem de vergonha por ter sido pega pelo meu pai enquanto beijava Lukke. Era uma sensação estranha; mesmo sendo uma mulher independente e dona das minhas escolhas há anos, ainda era difícil me desvencilhar do papel de filha diante dele.Observei Lukke se afastar com aquele sorriso despreocupado, enquanto o calor do nosso beijo ainda persistia, misturado com o nervosismo e a emoção que ele me fazia sentir.— Atena? — A voz do meu pai me trouxe de volta à realidade.Virei para ele, sem saber o que esperar. Papai estava com os braços cruzados e uma expressão séria, mas o brilho em seus olhos sugeria um toque de humor.— O que foi aquilo, mocinha?A pergunta me pegou de surpresa e, embora soubesse que meu pai raramente julgava, não pude evitar o impulso de pedir desculpas.— Pai… desculpa. Eu… foi só um
Estava finalizando os últimos detalhes da minha apresentação para a reunião quando o telefone vibrou com uma nova mensagem. Olhei para a tela e lá estava o nome dele. Lukke. Meu coração deu uma leve batida a mais, mas mantive a expressão séria e abri a mensagem. "Ei, ruivinha, só para avisar... Vou viajar com os caras da banda por uns dias."Fiquei olhando para a mensagem, imaginando-o já em clima de partida, talvez com uma mala desorganizada. "E aí, está preparado para voltar para a estrada com eles?"A resposta dele não demorou a chegar."Preparado? Não mesmo, mas tem uma entrevista agendada e a gente vai encarar."Soltei uma risada baixa e decidi manter o tom leve, desejando boa viagem a ele. "Boa viagem. Que vocês aproveitem o máximo.""Espera aí... Só isso Ruiva? Nenhuma recomendação? Nem um 'não faça merda'? Achei que você ia me dar um discurso de 'não exagere nas festas' ou algo assim."Revirei os olhos, sorrindo."Desculpa decepcionar, mas não sou sua mãe, nem sua babá...