Atena GodoyO coração batia mais rápido do que o normal enquanto eu e Ellah caminhávamos até o estúdio onde a banda de Lukke estava ensaiando. Ellah praticamente saltitava ao meu lado, tão animada que era impossível não sentir a energia contagiante dela. Enquanto nos aproximávamos, vi Lukke já nos esperando na entrada, com aquele sorriso confiante que sempre me deixava desconcertada.— Prontas para verem um espetáculo antes do próprio show? — ele perguntou, piscando para nós duas.— Mais do que prontas! — Ellah respondeu, segurando minha mão e puxando-me para dentro.Assim que entramos, o som dos instrumentos sendo afinados e pequenos ajustes no volume criavam uma atmosfera elétrica. A sala era maior do que eu imaginava, com paredes cobertas por pôsteres e grafites coloridos, lembrando o estilo rock’n’roll. Guitarras, baixos e baterias espalhavam-se pelo espaço, como se cada canto tivesse uma história musical para contar.— Atena, Ellah, esses são os caras — Lukke nos apresentou com u
Depois de mais algumas músicas, a banda fez uma pausa, e todos relaxaram, rindo e conversando sobre o que tinham acabado de tocar. Stella aproveitou o momento para se aproximar de mim. Ela respirou fundo e lançou um olhar sincero, algo raro de ver.— Atena, eu queria pedir desculpas. Sei que fui dura com você. Estava tão focada em proteger o Lukke e em manter a ordem aqui que acabei me precipitando. — Ela fez uma pausa, e seus olhos mostravam uma honestidade que eu não esperava.Eu sorri, sentindo o peso da tensão entre nós se dissolver.— Ah, Stella, eu também devo desculpas. Sou impulsiva, falo o que vem à cabeça e nem sempre penso nas consequências. No fundo, entendo o que você estava tentando fazer. — Fiz uma pausa, observando o alívio no rosto dela. — Vamos deixar isso pra trás?— Combinado. — Ela sorriu, e antes que eu pudesse responder, ouvi a voz de Lukke atrás de nós.— Vejam só! As megeras finalmente fizeram as pazes! — ele disse, com uma expressão divertida, cruzando os bra
Lukke RockA praça era um pequeno refúgio escondido no meio da cidade, cercada por árvores antigas e bancos de pedra desgastados pelo tempo. Poucas pessoas conheciam aquele lugar, e eu duvidava que tivesse mudado muito desde a última vez que estive aqui. Enquanto caminhávamos, senti uma mistura estranha de nostalgia e tranquilidade ao ver Atena e Ellah ao meu lado, prontos para uma tarde que prometia ser simples, mas memorável.— Esse é o tal esconderijo? — Atena perguntou, me olhando com uma curiosidade divertida.— Esse mesmo — respondi, apontando para o pequeno playground com um sorriso. — Passei boa parte da minha infância aqui. Eu e os caras da banda sonhávamos que, algum dia, seríamos astros do rock. Esse era o nosso palco.Ela riu, e foi impossível não reparar como o som da risada dela se misturava ao som leve da brisa balançando as folhas.— E vocês conseguiram — Atena comentou, com aquele tom de reconhecimento que me fez sentir… bem, reconhecido.Soltei um suspiro, meio que r
Atena GodoyOlhar para Lukke e Ellah juntos me trazia um tipo de paz que eu não sentia há tempos. Eu me lembrava de como costumava ver Lukke nos palcos, rodeado de fãs, minha visão dele na época completamente diferente da de agora. Antes, ele era um astro inatingível, quase um personagem de conto de fadas. Eu o admirava como uma fã adolescente, idealizando cada movimento, cada palavra, mas, agora, tudo era tão diferente. Não era como uma fã obcecada, mas como alguém que realmente o conhecia – ou pelo menos tentava.Havia uma realidade em Lukke que ia muito além das capas de revistas e dos shows lotados. Ele era uma pessoa cheia de camadas, com um passado que, muitas vezes, parecia pesado demais para carregar. Essas camadas estavam lá, ocultas, como um mistério que ele guardava bem. Eu o observava com um misto de curiosidade e vontade de entender mais. Às vezes, eu sentia que ele tinha sido magoado por alguém muito importante em sua vida, e isso ainda deixava marcas, influenciando quem
Atena Godoy Acordei com o toque insistente do celular. Olhei para a tela ainda com os olhos semicerrados, ajustando a visão, e vi o nome de meu pai brilhando. O relógio ao lado da cama marcava pouco mais das sete da manhã. Suspirei, sabendo o que ele diria. Atendi, tentando soar alegre, mesmo que meu coração estivesse longe disso.— Bom dia, meu anjo. Parabéns pelo seu dia! — ouvi a voz calorosa de papai do outro lado da linha, aquele tom sempre acolhedor, sempre positivo, que eu sabia que tentava me alcançar até nos momentos mais difíceis.— Obrigada, pai — murmurei, forçando um sorriso mesmo que ele não pudesse ver. Mas ele sabia. Podia sentir no meu tom.Ele deu uma pausa, como se pensasse nas palavras certas para dizer, mas, no fundo, eu já sabia onde ele queria chegar.— Esse ano vai ter alguma festa? — ele perguntou com uma hesitação cuidadosa.Olhei para o teto, inspirando fundo. Tinha sido assim todos os anos; Artemis e eu sempre fazíamos uma festa juntas, mesmo que eu tivess
Cheguei na empresa um pouco mais tarde do que de costume, e logo fui recebida por alguns funcionários com sorrisos gentis e parabéns. Fiz um aceno discreto, agradecendo sem muito entusiasmo. Meu objetivo era passar esse dia o mais silenciosamente possível, mergulhando no trabalho, sem que ninguém percebesse o peso que eu estava carregando. Eu só queria que o dia terminasse logo.Assim que entrei na minha sala, Murilo já estava lá, parado com um pequeno embrulho nas mãos. Ele sorriu timidamente e me entregou a lembrancinha.— Feliz aniversário, Atena — disse ele. — Glaucia e Arthur compramos essa lembrancinha esperamos que goste. Agradeci, tocada pela gentileza, assim que Murilo saiu, comecei a trabalhar freneticamente, organizando documentos, checando relatórios, respondendo e-mails, tentando me distrair do vazio que o dia de hoje me trazia. A rotina era meu porto seguro, a única coisa que me permitia ficar de pé.Estava completamente imersa nas tarefas quando Isaac entrou de repente
Estávamos conversando sobre qualquer coisa, e eu nem percebi que já estava escurecendo. Levantei e olhei para Lucas, que parecia relaxado. Como esse cara não tem medo de ser reconhecido sendo quem é?— Ruivinha, eu vou com você? — Ele se espreguiçou e me olhou com um sorriso despreocupado.— Tá bom, é só me seguir.— Eu vou no seu carro, ruiva. — Lucas sorriu, divertido.— Vai deixar seu carro no meio da rua?— Não, depois a Stella ou o Arthur vem buscar pra mim. Eles já estão acostumados. Vamos.— Cara! Você dá trabalho, eu não aguentaria ser sua assistente nem por um dia. — Ele soltou uma gargalhada e passou o braço em volta do meu pescoço.— Você é tão megera quanto a Stella, mas eu gosto de você exatamente por isso. — Ele me surpreendeu com um beijo no rosto. — Agora vamos, quero pedir pra Martty preparar um lanchinho pra mim.— Hey, só eu posso chamá-la assim! E outra, ela é minha funcionária, não sua.— Relaxa, baby!Entramos no meu carro, e durante o trajeto, Lucas cantava anim
Lukke Rock Eu me sentia um estranho na festa familiar e cheia de amigos de Atena, mas ao mesmo tempo, algo em mim parecia aquecido. Era diferente das noites de agitação em que eu estava acostumado a estar cercado por pessoas, câmeras, e sons ensurdecedores. Aqui, tudo era espontâneo. As risadas, os abraços, as brincadeiras soltas no ar. As pessoas ali eram família de verdade. E ver Atena no meio deles, meio envergonhada, meio sem saber onde se enfiar, só deixava tudo ainda mais… interessante. Ela era a aniversariante, a estrela da noite, mas parecia uma criança desconfortável com toda a atenção em cima dela.Observei meus próprios pensamentos escapando para o passado, para os dias em que minha banda era tudo o que eu tinha. Nós éramos uma família, talvez até mais próximos do que muitos laços de sangue. Eu me lembrei de Blaze, do quanto éramos inseparáveis. Ele era meu melhor amigo, meu irmão, alguém que entendia cada detalhe da minha vida e ainda assim estava sempre lá, me segurando