Atena Godoy A noite estava tranquila, e eu finalmente conseguia aproveitar um tempo para mim. Sentada no sofá, com o laptop apoiado nos joelhos, eu finalizava alguns documentos pendentes enquanto saboreava um bom vinho. O silêncio era raro em casa, mas Ellah tinha ido para a cama cedo, exausta depois de um longo dia de escola e atividades. Eu tinha acabado de salvar o último arquivo quando ouvi a campainha. Franzi o cenho, surpresa. Quem poderia aparecer a essa hora? Coloquei o laptop de lado e fui até a porta. Assim que a abri, lá estava ele — Lukke, com aquele sorriso divertido e um brilho nos olhos que só ele tinha. — Entra, fica à vontade — eu disse, erguendo uma sobrancelha. Ele deu uma risada, passando por mim e se acomodando no sofá como se fosse a própria casa. — Depois de um mês e meio longe de tudo, só fazendo shows e ouvindo gritos, confesso que só queria paz. Descansar um pouco, sabe? Fechei a porta, deixando o ambiente ainda mais aconchegante e sem interrupções. No i
A presença de Lukke preenchia o quarto, e eu sentia cada célula do meu corpo desperta, em alerta. Havia algo inexplicável em sua proximidade, uma mistura de expectativa e conforto, que me fazia esquecer qualquer pensamento ou preocupação. Ele me olhava de forma profunda, como se tentasse ler além do que estava visível, e eu o olhava de volta, sem nenhuma defesa, vulnerável e aberta para ele.Ele se aproximou devagar, suas mãos deslizando ao longo dos meus braços, e eu sentia meu coração acelerar, batendo descompassado. Quando ele finalmente me puxou para si, eu já estava rendida, entregue. Seus lábios capturaram os meus, e o beijo começou calmo, cheio de uma intensidade que parecia aumentar a cada segundo, até que eu não sabia mais onde ele terminava e eu começava. Era como se estivéssemos conectados em um nível além do físico, algo que ia fundo, que me tocava na alma.Lukke era gentil e, ao mesmo tempo, cheio de uma habilidade que me fazia sentir como se ele soubesse exatamente o que
— Eu já mencionei antes que era fã da banda, certo? — retruquei, tentando soar casual, mas ele parecia estar se divertindo demais com a descoberta.— Sim, mas não sabia que era a ponto de marcar meu nome na pele — ele respondeu, claramente aproveitando o momento.Suspirei e resolvi ser honesta, afinal, não havia muito o que esconder naquele momento. — Minha irmã e eu éramos grandes fãs do Iron Vortex, e você era o nosso favorito. Decidimos fazer essas tatuagens quando a banda estava no auge. Era uma forma de lembrança dos shows, dos momentos que compartilhamos juntas como fãs, sabe?Lukke parecia absorver minhas palavras com atenção, o sorriso em seu rosto diminuindo enquanto ele notava a sinceridade em minha voz.— E... por que não apagou? — Ele perguntou, num tom mais suave.Olhei para o meu pulso e senti uma pontada de saudade. — Depois que minha irmã faleceu, essa tatuagem se tornou algo mais. Era o que me ligava a ela, um pedaço das nossas lembranças. Agora, mais do que uma lem
Na manhã seguinte, fomos acordados pelo som da porta sendo aberta de repente.— Titia! — Ellah entrou no quarto, arregalando os olhos ao ver Lucas ao meu lado. Ele sorriu para ela, visivelmente surpreso e um pouco constrangido.— Bom dia, pequena — ele disse, tentando suavizar o impacto.Ellah olhou de mim para ele, com os olhos brilhando de curiosidade.— Você dormiu aqui? — ela perguntou, alternando o olhar entre nós dois.Lucas riu e deu de ombros.— Parece que sim. Mas só porque eu queria tomar café com você e sua tia — ele disse, lançando um sorriso provocador para mim.Ellah riu, e eu aproveitei para dar uma leve cotovelada em Lucas.— Isso dói! — ele reclamou, rindo.— Era pra doer mesmo, seu idiota — respondi, revirando os olhos com um sorriso.Pedi a Ellah que nos esperasse lá fora. Lucas e eu nos vestimos rapidamente, e, quando estávamos prontos, saímos juntos para tomar café. Martina nos esperava na cozinha, e, ao ver Lucas, seus olhos brilharam como os de uma adolescente.
Lukke Rock Estava tomando café com Atena e Ellah e, por incrível que pareça, estava gostando daquilo. Parecíamos uma família de verdade, e um sorriso involuntário se formou em meus lábios. Conversávamos descontraidamente quando meu celular tocou, e vi o nome de Stella piscando na tela.— Lucas, onde diabos você está? — Stella perguntou, e seu tom cauteloso me deixou alarmado.— Stella, o que houve? — perguntei, ansioso.Ela demorou um pouco para responder.— Não queria te contar assim, mas... Rafaela está de volta. Ela me ligou ontem dizendo que foi até sua casa e não o encontrou. Fico feliz que esteja longe dela agora, mas, Lucas, mesmo ela sendo sua prima, mantenha distância. Nada de bom vem dela. Sei que ela foi sua primeira paixonite, mas você lembra de tudo que passou por causa dela.Fiquei sem reação. Depois de tantos anos afastada, e depois de tudo o que aprontou comigo, agora ela voltou e está me procurando? O que diabos Rafaela quer de mim? E como o diabo nunca vem sozinho,
Mais tarde dirigi até o hotel onde Rafaela estava hospedada. Assim que cheguei ao quarto dela, senti o clima pesado. Rafaela estava com seu olhar provocador de sempre, mas a conversa tomou um rumo amargo. Tentamos dialogar, mas, como sempre, Rafaela não conseguia deixar de manipular as coisas para o seu lado. Ela insinuou que eu estava deixando a "família" de lado e que minha carreira só teria sido possível com a ajuda dela no passado.Cada palavra dela me deixava mais irritado, e, ao final da conversa, percebi que nada havia mudado. Saí do hotel de cabeça quente, repassando tudo o que ela havia dito e sentindo uma mistura de raiva e frustração.Na manhã seguinte, fui acordado com uma ligação urgente de Stella.— Lucas, que merda foi essa? Liga a TV agora! — Ela estava furiosa e eu não tinha entendido nada. Peguei o controle remoto e, ao ligar a TV, meu rosto estampava a tela em uma manchete chamativa. A matéria dizia que o “Príncipe do Rock Nacional” havia sido visto saindo de um ho
Atena GodoyA calma que mantive durante nossa conversa era só uma fachada. Por dentro, eu estava fervendo, e por mais que tentasse convencer a mim mesma que aquilo não tinha importância, o incômodo persistia. A notícia ridícula sobre o suposto affair de Lukke com sei lá quem me pegou de surpresa, e, enquanto ele se explicava, me senti numa situação desconfortável. Afinal, nós não tínhamos compromisso algum, então eu não tinha o direito de cobrar nada dele. Mesmo assim, a ideia de vê-lo envolvido em um escândalo amoroso mexeu comigo mais do que eu gostaria de admitir.Martina estava me observando da cozinha, e quando voltei para a mesa, ela balançou a cabeça, reprovando minha atitude.— Atena, que feio. Você foi muito mal-educada com o rapaz — comentou, enquanto eu pegava uma xícara de café, tentando manter a compostura.Suspirei, sentindo a culpa pesar um pouco, mas logo empurrei o sentimento para o fundo da minha mente.— É melhor assim, Martina. Ele já tem problemas demais sem preci
Isaac QueirozQuando conheci Atena, eu tinha uns quinze anos. Era novo na cidade, tentando me adaptar, meio perdido. Ela surgiu de repente, como um furacão, com aquele jeito decidido e uma energia difícil de ignorar. Logo percebi que Atena e sua irmã gêmea, Artemis, eram opostas em quase tudo. Atena era inquieta, cheia de ideias mirabolantes e carregava uma autoconfiança que me intimidava, mas que também me atraía. Artemis, por outro lado, era mais calma, mas acompanhava a irmã em todas as loucuras.Uma coisa que as duas compartilhavam era uma paixão quase fanática por uma banda chamada Iron Vortex. Atena falava deles como se fossem a coisa mais importante do universo. Lembro-me de uma vez em que ela me arrastou para um show da banda sem nem me perguntar se eu queria ir. No final, acabei rindo e curtindo ao vê-las cantar com tanta paixão, cada palavra, como se estivessem em um transe.É engraçado pensar que, tantos anos depois, Ellah, a sobrinha de Atena, acabou sendo filha de um dos