— Seu celular tá me atrapalhando a dormir. — Resmungou Íris, sem nem abrir os olhos, enquanto encostava a cabeça no peito de Lucas. Lucas pensou nos milhões que devia para ela e decidiu engolir o incômodo. Antes que a cabeça dela encostasse de fato nele, Lucas a empurrou de volta para a cama e foi direto para o banheiro. Íris caiu no colchão, sem muito impacto, mas perdeu o sono. Coçou os olhos, bocejou e, ainda meio sonolenta, foi atrás dele no banheiro. Ela abriu a boca, esperando que Lucas colocasse a escova de dentes em sua mão. Enquanto ela escovava os dentes, perguntou: — O que a gente vai comer hoje? — Vamos pedir comida. — Lucas foi rápido e, em poucos minutos, já tinha terminado de se arrumar. — Eu preciso sair agora. Íris virou-se para ele com um olhar incrédulo, parando de escovar os dentes. — Eu não quero! É o Rubem que tá te chamando? Se for, manda o Bruno ir no seu lugar. Eu não vou comer comida de delivery! Lucas sentiu a veia na testa pulsar. — É só u
— Para, chega! — Lucas interrompeu a fala de Mônica. — Irmã, você tá pensando besteira demais. — Então, quem era a garota que atendeu o celular? Vendo que Mônica não ia deixar o assunto morrer, Lucas massageou a testa, já se preparando para inventar uma desculpa: — Não era uma garota. Era um amigo meu. Ele só tem a voz fina... Parece mulher. Mônica ficou tão chocada com a resposta que pisou no freio bruscamente, parando o carro. Ela virou a cabeça para ele, incrédula: — Você... É gay? Lucas fechou a cara na hora e respondeu, quase gritando: — Claro que não! Mônica, no entanto, achou que ele estava tentando esconder. Para não pressioná-lo, tentou soar tranquila enquanto dizia: — Tá tudo bem, sabia? Hoje em dia isso é super comum. Mas, por enquanto, não fala nada pra mamãe. Conheça ele melhor antes, sem pressa. Durante o resto do caminho, o clima ficou um tanto desconfortável. Mônica acreditava que homossexuais geralmente enfrentavam muitas dificuldades de aceitação e
Lucas já tinha desistido de corrigir as suspeitas sobre sua orientação sexual. Ele sabia que, mesmo explicando cem vezes, Mônica não iria acreditar. — Essa casa foi comprada no financiamento. Você e a mamãe podem morar nela tranquilas. — Disse ele, tentando encerrar o assunto. Mônica ficou em silêncio por alguns segundos e depois deu um leve tapa no ombro dele: — Certo. Você se esforçou bastante. Lucas ficou desconfortável. Ele tinha a impressão de que aquele "se esforçou" da irmã soava mais como se ela estivesse falando de alguém que se sacrificava fisicamente para agradar o parceiro. Quando os dois saíram de lá à tarde, Malena fez questão de entregar as garrafas de vinho que havia preparado. Ela ainda falou muito, dando conselhos e recomendações, e os dois irmãos a ouviram pacientemente antes de irem embora. Depois de deixar Lucas no lugar combinado, Mônica dirigiu de volta para casa com a mente pesada e o humor abatido. Ela não conseguia aceitar a ideia de que seu irmão,
— Eles não são diferentes de ninguém. — Respondeu Rubem. Ele parecia ter entendido o ponto de Mônica e continuou. — Você quer saber se o fato de a orientação deles mudar tem algum tipo de sinal, certo? — Exatamente isso! — Mônica bateu na perna, empolgada. — Você é muito inteligente! — Não tem sinal nenhum. — Disse Rubem, seco. Mônica ficou sem reação por um instante. Rubem lançou um olhar na direção dela e começou a explicar calmamente: — Eles são como qualquer outra pessoa, não têm nenhuma diferença. Quando encontram alguém de quem gostam, o que importa é a conexão, a afinidade. Se eles gostam, não se importam com o gênero. — Ah, entendi... — Murmurou Mônica, com o olhar perdido. Não era à toa que ela nunca tinha percebido nada de estranho com Lucas, mesmo depois de tantos anos vivendo com ele. — Por que você tá perguntando isso? — Rubem questionou. Assim que ele perguntou, Mônica sentiu um nó na garganta, como se estivesse prestes a chorar. O rosto dela murchou imedi
— Como você pode ficar com uma mulher tão horrível? Por que ainda não terminou com ela? Por que não fala nada? A casa que eu comprei pra você, você vai deixar aquela vadia morar nela também? — Íris gritou, furiosa. Lucas abaixou os olhos para encará-la. As palavras dela saíam como uma metralhadora, uma atrás da outra, sem pausa. Ela era tão pequena, mas parecia ter uma capacidade pulmonar absurda. O pior de tudo era o volume da voz. — Eu não tenho namorada. — Disse ele, massageando o ouvido, que já estava doendo. — Tem sim! — Íris rebateu, irritada. — Eu não sou cega. Você só não quer terminar com ela! — Eu já disse que não tenho. — Mentira! Eu vi com meus próprios olhos! Lucas começou a perder a paciência. O falatório incessante dela fazia sua cabeça doer. Sem pensar muito, ele segurou a nuca de Íris, interrompendo suas palavras com um beijo, empurrando de volta tudo o que ela queria dizer. O silêncio, finalmente, reinava. Lucas percebeu que ela devia ter comido muitos d
Dessa vez, Íris colou os lábios aos dele, de maneira desajeitada, mas cheia de urgência, como se quisesse demonstrar o quanto gostava dele. Lucas, que antes estava rígido, deixou as mãos escorregarem para a cintura dela. Sob o tecido fino do vestido, ele sentiu a maciez da pele delicada. Sua respiração ficou pesada, e ele a puxou para mais perto, pressionando-a contra o peito. Ela tinha algo que fazia qualquer um se perder. Os dois se entregaram a um beijo intenso ali mesmo, na cozinha. Íris, com dedos ágeis, começou a desabotoar a camisa dele. Seus lábios desceram pelo pescoço, tocando o pomo de adão que subia e descia enquanto ele respirava ofegante. Cada toque parecia acender uma chama que ele mal conseguia controlar. Foi então que, de repente, o som estridente de um celular vindo da sala quebrou o momento. Lucas recobrou um pouco da consciência e, ao perceber a camisa aberta, ficou alarmado. Ele rapidamente a fechou e tentou afastar Íris, falando com pressa: — Eu vou aten
Parecia um vídeo de monitoramento. Considerando o tamanho da mansão e o fato de Rubem morar sozinho, Mônica achou normal ele ter câmeras instaladas. Sem pensar muito, ela clicou em um dos vídeos. O vídeo mostrava o dia em que Kelly trouxe os diretores para uma reunião na mansão. O grupo subiu as escadas e não desceu mais. Rubem também havia entrado no elevador com a cadeira de rodas e subido. Mônica achou o vídeo desinteressante e começou a avançar o playback. Parou apenas à noite, quando viu a si mesma desmaiando na cozinha. No vídeo, Rubem apareceu, empurrando a cadeira de rodas. Ele tocou no rosto dela para tentar acordá-la e, em seguida, fez uma ligação. Depois que o médico foi embora, Rubem apareceu com um remédio. Ele tentou dar para ela, mas parecia que Mônica não conseguia engolir. Então, ele tomou o remédio e, em seguida, pressionou os lábios contra os dela para fazê-la ingerir. Mônica assistia ao vídeo e sentia o rosto esquentar cada vez mais. “Meu Deus, isso é impo
Assim que Mônica desligou o telefone, Rubem apareceu empurrando a cadeira de rodas. Ele parou na frente dela, os olhos fixos em sua barriga ainda chapada, e perguntou, com uma expressão séria: — Amor, por que você tá grávida há tanto tempo e sua barriga não cresce? Mônica ficou sem palavras. Como ele podia saber de tudo, menos que a história da falsa gravidez na Turquia era só uma desculpa? — Sr. Rubem, pode olhar o quanto quiser, ela não vai crescer. — Respondeu Mônica, soltando um suspiro profundo. Pela terceira vez, ela tentou explicar a verdade para ele, mas, antes que pudesse continuar, Rubem inclinou a cabeça para frente e encostou o rosto na barriga dela. — O bebê já deve estar com braços e pernas, né? Deixa eu ouvir. — Ele falou como se fosse a coisa mais natural do mundo, fechando os olhos e pressionando a orelha contra o ventre de Mônica, como se estivesse escutando algo muito importante. Mônica levou a mão à testa, exasperada. Rubem bêbado era algo que ela nunca ap