— Eu conheço bem o Rubem. — Gustavo disse com indiferença. — Ele não é do tipo que defende alguém sem motivo. Então, é evidente que ele sente alguma coisa por você. Se você realmente quer guardar seus sentimentos só para si, assine isto.Ele tirou a tampa da caneta e a colocou ao lado do documento. — Eu preciso de uma garantia absoluta.Mônica sabia que, por mais desculpas que encontrasse, Gustavo não ouviria nenhuma delas.Rubem tinha algum sentimento por ela? Esse pensamento fez o coração de Mônica disparar. Ela se sentiu maluca por sequer cogitar isso.Gustavo deu duas batidas leves no documento com os dedos, sua voz permanecendo fria. — Srta. Mônica.— Ah? — Mônica levantou a cabeça e encontrou o olhar afiado dele. Era como se ele pudesse enxergar direto seus pensamentos mais profundos. Suas mãos, repousadas nos joelhos, começaram a tremer levemente.Gustavo percebeu até o menor de seus movimentos. — Srta. Mônica, se você assinar o documento, continuará sendo você mesma. Eu não
— Então eu vou indo. Qualquer coisa, me liga no celular. — Mônica disse antes de sair.Ela sabia que ainda tinha pendências na empresa e não pôde ficar mais tempo com Gabriel. Ao sair do restaurante, acabou esbarrando de leve em uma mulher. Se ela tivesse andado um pouco mais devagar e levantado o olhar, teria percebido que a mulher era ninguém menos que Maitê....As ações do Grupo Pimentel continuavam em queda livre. As notícias negativas não paravam de surgir, e o ambiente interno da empresa estava cada vez mais tenso. Muitos funcionários, ao descobrirem por meio de rumores que os acionistas estavam vendendo suas ações, acreditavam que a empresa estava à beira do colapso. Assim que encontravam outra oportunidade, entregavam suas cartas de demissão.O departamento de Recursos Humanos recebia, diariamente, dezenas de pedidos de desligamento. Kelly, a assistente de Mônica, se encarregava de levar as atualizações diretamente a ela.Mônica ouviu tudo com calma, sem demonstrar nenhuma rea
— Que tipo de médico diz uma coisa dessas? — Mônica franziu a testa, pegou o celular rapidamente e abriu o contato de um profissional. Ela virou a tela para Francisco e disse. — Entre em contato com este médico. Ele pode acompanhar as consultas do Sr. Rubem daqui para frente.Francisco deu uma olhada no celular e, em seguida, inclinou o corpo para frente, com um sorriso travesso no rosto. — Srta. Mônica, você parece estar bem preocupada com o Rubem, hein. Por quê?Na verdade, Rubem estava bem na casa dele. Ele realmente havia dispensado alguns empregados, mas apenas porque gostava de silêncio. Francisco, no entanto, estava entediado. Ele sempre teve a sensação de que Rubem tratava Mônica de um jeito diferente, e, por isso, decidiu provocá-la. Para ele, as coisas estavam ficando cada vez mais interessantes.Mônica apertou os lábios e respondeu com calma. — Sr. Francisco, não imagine coisas. O Sr. Rubem é meu chefe. É claro que me preocupo com o bem-estar dele, até porque, se ele estiv
Emma era pequena e delicada, com um jeitinho adorável e um leve perfume de laranja que a envolvia.Francisco respirou fundo, tentando captar aquele aroma cítrico. Era doce e ácido ao mesmo tempo, melhor do que qualquer perfume que ele já tivesse sentido.Quando Emma finalmente conseguiu enxergar melhor o rosto de Francisco, ela soltou um "ah" surpreso e comentou: — Então era você! Está vestido como um galo de briga. Bem diferente daquela vez no hospital. Francisco manteve o sorriso, apesar do comentário. — Não acho que seja para tanto, né? Esta jaqueta aqui custou oitenta mil reais. — Ah, então é bonita. — Emma respondeu, mas sua expressão denunciava o contrário. O olhar dela parecia dizer: "Mesmo custando oitenta mil, você ainda parece um galo de briga." Francisco, percebendo o desconforto, pigarreou e, discretamente, tirou a jaqueta colorida, deixando-a no encosto da cadeira. — Meu nome é Francisco. É um prazer conhecer você. — Eu sou a Emma. — Seu nome é lindo, assim c
— Eu prometo arrumar uma mulher ainda mais bonita para o seu irmão! — Francisco disse com um sorriso maroto.Mônica rebateu imediatamente: — Por que você não arruma uma para você mesmo? — Porque eu sou uma pessoa fiel. Me apaixonei pela Emma à primeira vista, foi amor instantâneo. Ela é a mulher dos meus sonhos! Mônica o encarou de cima a baixo, com um sorriso sarcástico. — Quantas vezes você já disse isso para outras mulheres? Sessenta? — Que isso, Mônica! Acha mesmo que eu sou esse tipo de homem? — Francisco resmungou, enquanto abria a porta do carro e empurrava Mônica para o banco do motorista. — Vamos, querida! O carro está nas suas mãos agora! Mônica revirou os olhos, já irritada. — Para com isso, está me dando náuseas! Sem vergonha nenhuma, Francisco continuava com aquele jeito descontraído, e Mônica desistiu de discutir. Ela acabou assumindo o volante, enquanto ele se acomodava alegremente no banco de trás e começava a puxar conversa com Emma, tentando descobrir tu
— Que gente mais detestável! Falar mal do próprio chefe pelas costas... — Francisco exclamou indignado, mas, fora do campo de visão de Mônica, lançou um olhar discreto para as duas empregadas. — Vocês ainda não estão arrumando as coisas para ir embora? As duas, sem coragem de retrucar, saíram apressadas, quase tropeçando, para empacotar suas coisas. Mônica começou a organizar o balcão e lançou um olhar de desprezo para Francisco. — Sr. Francisco, você deveria parar de escolher as pessoas só pela aparência. Beleza externa não significa nada se a pessoa não tem caráter. — Ei, não fui eu que escolhi! Foi o Eduardo! — Francisco respondeu rapidamente, jogando toda a culpa no amigo. Mônica riu com desdém, sem acreditar nele. — Eu conheço o Sr. Eduardo. Ele jamais faria algo tão idiota. — Isso é confiança cega! — Francisco retrucou, fingindo indignação, mas logo mudou de foco. Ele se aproximou de Emma com uma expressão de falsa tristeza. — Emma, você viu isso? A Mônica está me t
Vendo que não tinha como escapar, Mônica não teve escolha a não ser se virar para encará-lo. Seu sorriso saiu um pouco forçado.— Sr. Rubem, quer comer uma maçã?— Quero.Mônica não esperava uma resposta tão direta, e, sem ter como recuar, pegou uma faca para descascar a fruta. A situação estava insuportavelmente constrangedora. Se soubesse que ficar com Rubem seria tão desconfortável, ela jamais teria concordado em ir até ali com Francisco. A cozinha ficou silenciosa por um tempo, até Rubem romper o clima tenso: — Mônica, você está me evitando por causa do que aconteceu da última vez?Nas últimas semanas, a falta de contato entre os dois havia deixado Rubem incomodado. Ele sentia falta das conversas que tinham, mas, por causa de sua condição, não podia simplesmente ir até a empresa para vê-la. Ao ouvir a pergunta, Mônica imediatamente se lembrou daquele beijo no banheiro. Seu constrangimento só aumentou. — Não é isso. É que a empresa está cheia de coisas para resolver, e, al
— Você deveria sair de vez em quando. Ficar trancado em casa o tempo todo não faz bem. Mônica começou a falar, e quando ela começava, parecia não ter fim. Parecia uma mãe preocupada, mas Rubem não achava irritante. Ele comia a maçã calmamente enquanto ouvia, sentindo um estranho conforto ao ouvir a voz dela. Ele ainda preferia que ela fosse assim, sem evitá-lo. Quando Mônica finalmente terminou sua sequência de conselhos, Rubem falou com naturalidade: — Se você está tão preocupada, por que não se muda para cá? — O quê? — Eu gosto da sua comida. — Não, não! Eu tenho muita coisa para fazer! — Mônica respondeu rapidamente, percebendo o que ele queria dizer. — Eu prometo contratar um chef que cozinha melhor do que qualquer estrela Michelin. Rubem sabia que ela ainda estava evitando sua presença. Ele franziu as sobrancelhas, visivelmente incomodado. — Eu não exijo nada sofisticado. Só me importo com o sabor. Mônica não conseguiu segurar a risada. — Fala que não é exigen