— Você não disse que resolveria o assunto e depois me procuraria? Por que está demorando tanto? — Rubem o interrompeu, e seu olhar ficou visivelmente mais sério. Francisco sentiu o corpo estremecer e gaguejou ao responder: — Ah... Ah, sim. Eu só estava... Estava em uma reunião com os gerentes. Percebendo que Francisco parecia estranho, Mônica levantou os olhos para o ar-condicionado central e comentou, intrigada: — A temperatura aqui nem está baixa. Sr. Francisco, por que você está tremendo ao falar? Francisco esfregou os braços, tentando disfarçar. — Acho que estou com frio. Talvez eu só seja mais sensível ao frio... Rubem observava a interação dos dois, e aquilo o incomodou um pouco. Ele interrompeu a conversa com um tom direto: — Já mandei mensagem para Kelly. Mônica, você vai de carro para a empresa. Mônica levantou a sobrancelha, surpresa. — Sr. Rubem, e o senhor? — Tenho algo para resolver. Depois, Francisco me leva para casa. — Tudo bem. — Mônica não insi
Eduardo não insistiu no assunto e serviu uma xícara de café para Rubem. — Esses dias, Virgínia e Marcos compraram muitas ações participativas do Grupo Pimentel no mercado informal. E pagaram caro. — Minha tia sempre teve o hábito de gastar sem pensar. — Rubem comentou com indiferença, segurando a xícara. — Com o filho precisando de dinheiro para manter as aparências e os contatos, ela praticamente não tem nada guardado. A maior parte do dinheiro vem do Marcos. Gustavo, com o olhar baixo e a voz grave, acrescentou: — Marcos é astuto. Se ele conseguir tomar o controle do Grupo Pimentel, não vai demorar para ele descartar Virgínia. Ela não passa de uma peça descartável para ele. — E isso não é ótimo? — Francisco riu. — Assim poupamos o trabalho. Mas Eduardo parecia mais preocupado. Ele franziu a testa e disse: — O que conseguimos deduzir, provavelmente Virgínia também já percebeu. Além disso, me pergunto de onde Marcos conseguiu tanto dinheiro. Ele já tem 15% das ações origi
Rubem lançou um olhar frio para Francisco e disse: — Mônica é minha funcionária. Se ela é desrespeitada, é como se fosse eu quem estivesse sendo atingido. Não é natural eu defendê-la? Por que você está tão interessado em fofocar? — Tirando o conselho administrativo, quem no Grupo Pimentel não é seu subordinado? — Francisco rebateu com um sorriso provocador. — Mas eu nunca vi você se envolver quando alguém foi desrespeitado. Rubem pegou um punhado de pipoca e enfiou na boca de Francisco. — Cala a boca. E trate de entrar em contato com Emanuel depois. Entendeu? Com a boca cheia de pipoca, Francisco não conseguiu responder. Ele apenas acenou com a cabeça em concordância. Eduardo balançou a cabeça, suspirando com um toque de decepção. — Clyde já trabalhou com Rubem várias vezes, mas dessa vez ele não conseguiu entender o que Rubem pretende fazer. Recusar uma oportunidade rara dessas é algo que não se vê todo dia. — Isso só prova que nosso plano é perfeito, sem nenhuma falha
Eduardo deu um leve sorriso antes de comentar: — Marcelo pode ser implacável nos negócios, mas em casa ele tem medo da Catarina. Até para trazer Maitê de volta, ele teve que falar um monte de coisas para agradá-la. Mesmo assim, Catarina não ficou satisfeita. Ela permitiu que Maitê morasse com eles, mas proibiu que ela tivesse qualquer participação na alta gestão do Grupo Bingham. Publicamente, ela a apresenta apenas como filha adotiva. Francisco fez um som de reprovação, balançando a cabeça. — Essa Maitê é mesmo azarada. Rubem, que tomava um gole de café enquanto ouvia os dois conversarem, começou a entender o rumo daquela conversa. Ele, então, comentou com naturalidade: — Depois que Maitê se casar comigo, ela não será mais azarada. — O quê? Rubem, você vai mesmo se casar com ela? — Francisco arregalou os olhos. — Você não disse que era só uma relação de negócios? — E é. — Rubem respondeu calmamente. — Mas já que ela não tem ninguém e eu também não, o casamento é a melhor
Depois que Gustavo foi embora, o silêncio tomou conta do salão por um bom tempo, até que Eduardo riu primeiro: — Em todos esses anos de convivência, essa é a segunda vez que vejo Gustavo perder o controle. E dessa vez foi muito evidente. — Quando foi a primeira? — Rubem perguntou. — No hospital. — Eduardo respondeu calmamente. — Foi quando Maitê foi te visitar e acabou encontrando Gustavo. Ele tentou esconder a expressão, mas Maitê se desestabilizou. Naquele momento, percebi que eles têm uma história. — Então era isso o que você não quis me contar no hospital? — Francisco finalmente entendeu. — Porra, custava ter me falado? Eu fiquei agoniado de curiosidade por dias! Eduardo soltou um riso frio. — Isso é problema seu por ser burro. Mas dessa vez você até que foi esperto, me ajudando a conduzir a conversa. — O que você quer dizer? — Francisco perguntou, confuso. Eduardo suspirou, massageando as têmporas. — Esquece, fui eu quem superestimou sua inteligência. Meu erro.
— Clyde é arrogante demais, desrespeitoso. — Rubem disse com indiferença. — Todo mundo sabe que agora você é a presidente do Grupo Pimentel. Ele romper o contrato com você é o mesmo que me desrespeitar. Um parceiro assim não vale a pena. Ele disse isso de forma fria e racional, mas Mônica sabia que Rubem estava tomando essa decisão por causa do que ela havia enfrentado. Saber disso fez suas bochechas ficarem levemente coradas, e o coração começou a bater mais rápido. — Mas o Emanuel só pensa em lucro. Transformá-lo em acionista do Grupo Pimentel pode ser prejudicial para a empresa. — Mônica argumentou. — Ele só quer ganhar mais dinheiro. Dê o que ele pede. — Rubem respondeu, fazendo uma pausa antes de soltar uma risada baixa. — O que foi? Você acha que eu vou sair perdendo numa negociação com ele? A voz de Rubem parecia próxima, como se o som de sua respiração estivesse soprando direto no ouvido de Mônica, deixando suas orelhas quentes. — Não, claro que não. Eu só estava perg
— Sua mãe é muito rigorosa. — Mônica franziu a testa. — Crianças da sua idade precisam se divertir. Dá tempo de sobra para aprender essas coisas quando ficarem mais velhas.— Minha mãe diz que essa é a melhor idade para aprender, porque a gente memoriza rápido. — Gabriel balançou a cabeça. — Eu não acho cansativo. Só espero ser melhor que meu pai no futuro e poder vê-lo mais vezes.— Seu pai trabalha muito? — Mônica perguntou.— Uhum. Meu pai quase não tem férias. — Gabriel levantou o queixo, animado. — Mas minha mãe disse que ele vai voltar para o Ano Novo. Hoje vamos passar o Natal juntos!— Que bom. — Mônica sorriu e, com carinho, passou a mão na cabeça dele. Ela sabia como era difícil a vida de um militar, com tão poucos dias de folga.Mônica não estava acostumada a lidar com crianças, mas conversar com aquele garotinho era surpreendentemente fácil. Ele era educado, inteligente e sabia de muitas coisas. Enquanto comiam, os dois seguiram conversando.— Com licença. Vou atender uma l
Gabriel respondeu com um simples “uhum” e continuou quieto.O garçom trouxe água com gelo, e Mônica rapidamente empurrou o copo na direção de Gustavo. Ela perguntou, tentando soar tranquila. — Sr. Gustavo, o que o senhor precisa comigo?— Você gosta do Rubem. — Ele disse de forma direta e certeira.As palavras tão objetivas fizeram Mônica congelar por um instante. Quando ela finalmente voltou a si, não conseguiu esconder o desconforto. — Sr. Gustavo, o senhor está enganado. Eu só vejo o Sr. Rubem como meu chefe.— Srta. Mônica, não precisa fingir. O olhar não mente. — Gustavo manteve o tom frio. — Nunca vi uma mulher arriscar a própria vida para proteger um homem que é apenas o chefe dela.Mônica sentiu como se seus segredos mais profundos tivessem sido expostos. O rosto dela esquentou de vergonha, e o coração bateu mais rápido. Será que ela tinha deixado seus sentimentos tão evidentes assim?Gustavo permaneceu com a expressão inalterada. — Srta. Mônica, você sabe que Rubem está noi