As vozes contrárias fizeram Conrado franzir o cenho. Ele bateu os dedos com força na mesa algumas vezes, aguardando até que a sala voltasse ao silêncio. Só então falou:— Qual o problema de ser gerente? O que importa é a competência dela. Não vou quebrar as regras do Grupo Pimentel. Nenhum membro da família Pimentel será presidente interino. Quanto ao João e ao Breno, vocês já estão atolados de trabalho. Não vou jogar mais esse peso em cima de vocês.João e Breno forçaram um sorriso, mas não ousaram contestar. Na verdade, por dentro, ambos desejavam que esse "peso" caísse em seus ombros.— Irmão, essa sua decisão é um risco enorme para a empresa! — Virgínia exclamou, a voz tremendo de incredulidade. — E se o grupo não aguentar e desmoronar?Antes que Conrado pudesse responder, a porta se abriu. Kelly entrou carregando uma pilha de documentos.— Boa tarde a todos. Sou Kelly, do departamento de secretariado, e secretaria do Sr. Rubem. — Ela cumprimentou os presentes com um leve aceno e c
— Entendi o que você quis dizer. — Conrado assentiu, captando muitas informações nas palavras indignadas de Rebeca. — Então foi o Leopoldo quem traiu durante o casamento e acabou sendo alvo da vingança da esposa, certo?— É isso mesmo, mas...— Então o erro foi todo do Leopoldo. Mônica é a vítima. — Conrado interrompeu, voltando-se para o sobrinho. — Leopoldo, me diga você mesmo: ela estava errada em se vingar de você?Desde que tinha entrado na sala junto com Marcos e Reginaldo, Leopoldo não havia dito uma palavra, apenas escutava tudo em silêncio. Agora, com Rebeca trazendo o assunto para ele e Conrado pressionando, ele não teve escolha senão responder.Leopoldo lançou um breve olhar para Mônica antes de responder, a voz baixa, mas firme:— Não, ela não errou. Eu perdi a cabeça e fiz algo imperdoável. Estive casado com a Mônica por mais de um ano e conheço bem o caráter dela. Apesar de ter formação em tradução, ela aprende rápido qualquer coisa que se propõe a fazer. É eficiente no t
Ninguém nunca havia confiado nela daquela forma. Além de Rubem, Conrado era o segundo.Mônica não hesitou mais. Assentiu com firmeza, o olhar decidido, e declarou, com cada palavra carregada de convicção:— Pode deixar. Eu vou cumprir meu papel como presidente interina e levar o Grupo Pimentel para fora dessa crise!Conrado mostrou-se satisfeito. Pediu a Kelly que preparasse a carta de nomeação, assinou o documento com sua própria caneta, e ordenou que o arquivo eletrônico fosse enviado a todos os setores do Grupo Pimentel.Com a assinatura do presidente do conselho na nomeação, ninguém ousaria questionar a decisão.A discussão sobre o cargo de “presidente interina”, que havia dominado a reunião por quase três horas, finalmente chegava ao fim. Os acionistas e os executivos começaram a deixar a sala, e Conrado, visivelmente cansado, também se retirou.Mônica acompanhou pessoalmente os acionistas até a saída. Quando retornava, acabou cruzando com Leopoldo, que já ia embora. Ela entrou no
Virgínia tinha uma expressão complicada no rosto, mas logo sorriu de leve:— Irmão, você também não tem moral para me criticar. Por mais gananciosa que eu seja, nunca cheguei ao ponto de vender informações confidenciais do Grupo Pimentel para abrir uma empresa com parceiros escondidos. Na época, você pode até não ter sido o responsável direto pela Radiante Natural, mas o gerente de desenvolvimento dos dermocosméticos era sua amante, não era? Assim que a linha foi finalizada, você vendeu o projeto para uma empresa estrangeira, embolsou dezenas de milhões, e quase fez o Grupo Pimentel ser processado por violação de direitos autorais. Por sorte, a Radiante Natural não chegou a lançar os produtos, ou o prejuízo teria sido bem maior.— Chega, né? Ficar jogando os erros na cara um do outro não leva a nada! — Marcos resmungou, balançando a mão com impaciência. — Se eu não tivesse encontrado um jeito de ganhar dinheiro, com aquela mixaria de dividendos do Grupo Pimentel, eu já estaria passando
Virgínia sorriu:— Irmão, nem pense em tentar ficar com tudo sozinho. Vamos dividir, como sempre.— Hahaha, como eu poderia esquecer da minha querida irmãzinha?…Os funcionários do Grupo Pimentel ficaram em polvorosa ao receber o e-mail oficial anunciando Mônica como presidente interina. A comoção foi tão grande quanto a reunião na sala dos executivos.Um simples gerente sendo alçado ao cargo de presidente interina? Qualquer um começaria a criar teorias conspiratórias. Alguns funcionários mais audaciosos chegaram a tirar fotos do comunicado e publicaram online, o que fez as ações do Grupo Pimentel despencarem rapidamente.Mas, na verdade, era exatamente esse o cenário que Mônica queria.Em vez de deixar que a mídia e os acionistas se concentrassem na questão “Rubem vai acordar ou não?”, ela preferia que toda a atenção fosse direcionada para sua nomeação. Assim, ela teria mais controle sobre a narrativa.Enquanto isso, a equipe jurídica do Grupo Pimentel trabalhava para manejar os desd
Comparado ao explosivo Francisco, Eduardo permaneceu completamente calmo, observando o punho dele prestes a acertar seu rosto.Mas, no fim, o soco não atingiu Eduardo. Gustavo o interceptou.Com um aperto firme, Gustavo quase quebrou a mão de Francisco, que gritou de dor enquanto tentava se soltar. Sem demonstrar qualquer emoção, Gustavo o lançou para o lado e olhou de relance para Eduardo, como se estivesse ordenando que ele falasse.— Fale.— Sempre direto ao ponto, Gustavo. Diferente do Francisco, que não consegue fazer nada direito. — Eduardo lançou um olhar de desprezo para Francisco antes de continuar, com um tom lento e provocador. — Vocês até podem ser bons em joguinhos de poder, mas quando se trata de medicina, aí não tem como competir comigo. Eu e Rubem fizemos vinte testes, calculamos com precisão o impacto da velocidade na colisão, o ângulo do capotamento e o peso exato dos objetos. Vocês acham mesmo que eu deixaria Rubem se machucar de verdade? Quando eu disse que as perna
Francisco não parava de falar, tagarelando sem parar, e Eduardo, que estava prestes a abrir a boca, percebeu algo: Gustavo franziu ligeiramente a testa e apertou a mandíbula. Parecia que alguma palavra tinha atingido um ponto sensível.Os irmãos passavam tanto tempo juntos em Nova York que Eduardo conhecia Gustavo como a palma da mão. Mesmo que alguém apontasse uma arma para a cabeça de Gustavo, ele não demonstraria nenhuma reação.Mas, uma semana atrás, na noite em que foram ao hospital visitar Rubem, Gustavo teve uma mudança evidente de expressão. Foi algo rápido, durou apenas alguns segundos, mas Eduardo percebeu.Seria por causa de... Alguém? A mente de Eduardo trabalhou rápido, e ao conectar o comportamento de Gustavo naquela noite com a forma como ele lidou com Íris, além dos comentários recentes de Francisco, um sorriso apareceu em seus lábios.— Entre Mônica e Maitê, eu prefiro a Maitê. Ela é tão educada e gentil. — Eduardo comentou com um tom casual.— Eduardo, cuidado com o q
Francisco tentou resistir, mas Eduardo continuou sorrindo, seu tom carregado de ameaça:— Tem certeza de que não vai embora? Pense bem. Morrer subitamente num hospital seria um final bem desagradável.Um calafrio percorreu o corpo de Francisco. Droga! Ele não tinha feito nada para provocar Eduardo, então por que estava sendo tratado assim?Para garantir sua sobrevivência, ele abaixou a cabeça e seguiu Eduardo para fora do quarto. Logo, só restaram Gustavo, Mônica e Maitê na sala.Mônica não conhecia Gustavo muito bem. Ele exalava uma energia fria e distante, que tornava difícil se aproximar. Mas, já que ele estava ali, ignorá-lo seria falta de educação. Assim, ela sorriu educadamente e disse:— Sr. Gustavo.Gustavo nem sequer olhou para ela. Pegou o paletó que estava pendurado na cadeira e saiu do quarto em passos largos, sem dizer uma única palavra.Mônica suspirou internamente. Rubem, pelo menos, era educado. Sempre respondia quando alguém falava com ele.Maitê, que havia observado G