Ela falou enquanto se virava para pegar um copo de água, sem perceber que, ao mencionar a relação entre Rubem e Mônica, uma fúria intensa passou rapidamente pelo rosto de Douglas, desaparecendo quase no mesmo instante.— Ah, lembrei. — Kelly olhou para Douglas com curiosidade. — Ouvi dizer que você teve um caso com a Mônica no passado. O que achou dela?— Foi algo breve, nada relevante. — Douglas sorriu de leve. — Com o histórico dela, nem mesmo seria aceita como empregada na Mansão Keslier. Por que eu me interessaria por alguém assim?— É mesmo? — Kelly lançou um olhar discreto para ele, mas manteve o tom casual. — Pois eu acho que ela é bem esperta. Pense bem, Rubem, com o tipo de posição que ocupa, por que seria tão acessível com ela? Aposto que quer usá-la para alguma coisa.— O vice-presidente do Grupo Pimentel, o João, tem um poder enorme, quase absoluto. — Kelly continuou, pensativa. — Mas Rubem não toma nenhuma atitude. Diz que o João é um veterano da empresa e parece deixá-lo
Quando Mônica acordou, sentiu a cabeça pesada e uma leve cólica no baixo ventre. Parecia que sua menstruação tinha chegado. Ela massageou as têmporas, trocou de roupa e foi ao banheiro se lavar.Ao sair do quarto, ouviu barulhos vindos da cozinha. Parecia que Emma estava aprontando algo.— Olha só, hein! Já tá até fazendo café da manhã. — Vendo os sanduíches e o copo de leite na mesa, Mônica deduziu que era obra de Emma e elogiou com um sorriso enquanto se sentava.Emma saiu da cozinha carregando uma travessa com panquecas de ovos e exibiu um sorriso satisfeito.— Claro, né! Tudo bem que eu não sei cozinhar direito, mas sanduíche eu faço tranquilo. E prova essa panqueca! Comprei os ingredientes ontem no mercado.— Você foi ao mercado ontem? — Mônica parou de mastigar por um instante e perguntou. — E depois foi me buscar no Cantinho da Alegria?— Quem te trouxe de volta foi o Sr. Rubem.Nesse momento, Mônica começou a se lembrar de algumas coisas da noite anterior. Parecia que ela tinha
— Tenho, mas não seria melhor vender esse carro? — Sugeriu Mônica. — Apesar de ter sido sorteado no meu perfil, foi você quem compartilhou o post. No fim das contas, o prêmio é seu.Emma balançou a mão, despreocupada.— Ah, que nada! O importante é que ganhamos. Não vamos vender, não. Você tem carteira de motorista, então podemos começar a ir de carro pro trabalho. Metrô todo dia cansa demais.Diante da decisão firme de Emma, Mônica apenas riu e assentiu.…Quando chegaram na empresa, Mônica mal entrou no escritório e já deu de cara com Patrícia. A outra recuou dois passos ao vê-la e, assim que percebeu de quem se tratava, fechou a cara, demonstrando claramente sua irritação.— Bom dia, Patrícia. — Cumprimentou Mônica, com um sorriso educado.Patrícia soltou um resmungo pelo nariz, desviando e passando por ela sem sequer responder. Mônica não se incomodou. Seguiu para sua mesa, mas a cena que encontrou a deixou ainda mais contrariada. Mesmo depois de ter trocado de lugar, Douglas pare
— Que estranho, uma simples tradutora ter sido chamada para esta sala de reuniões. — A mulher ao lado de Patrícia comentou, a voz baixa, mas carregada de sarcasmo. — Agora é isso? Qualquer um entra aqui?Mônica ergueu os olhos, sem pressa, e encarou a mulher. Confirmou: era Rebeca Pimentel, prima de Rubem.Mônica também não estava nada satisfeita. Já tinha deixado claro para Rubem que, mesmo que ele trouxesse alguém da filial de Nova York, ela não queria se envolver com aquele problema. Mas, no fim, aqui estava ela, sendo chamada para uma reunião de chefia.— Gerente Rebeca, quanto tempo. — Mônica sorriu ao cumprimentá-la, com aquele tom que misturava leveza e provocação. Não suportava gente que falava com ironia, como se fosse dona do mundo. — Pois é, o departamento de tradução agora tem duas representantes aqui. Eu, sinceramente, achei que não tinha competência para estar em um lugar como este, mas, sabe como é, recebi um e-mail pessoal do chefe. E, sendo uma simples funcionária, não
Phineas fez uma leve reverência para todos na sala: — Conto com a colaboração de vocês a partir de agora. — Sr. Rubem, isso não é apropriado, não acha? — Rebeca finalmente se recuperou do choque e quebrou o silêncio. — A filial Horizonte Oriental é tão diferente do Grupo Pimentel... O senhor traz alguém diretamente de lá sem sequer fazer uma avaliação? — Justamente por conhecer bem a competência dele é que o trouxe direto da Horizonte Oriental. — Rubem respondeu com um sorriso leve, mas o olhar era frio e insondável. — Assim como João reconheceu a sua capacidade. Rebeca entendeu o recado imediatamente. Seu rosto ficou ligeiramente pálido. — Além da questão do novo ministro do departamento de tradução, há outra coisa que preciso informar a todos. — Rubem anunciou, lançando um olhar pela mesa. Por um breve momento, pareceu que seu olhar parou em Mônica antes de continuar. — Atualmente, o Grupo Pimentel conta com apenas um departamento de secretariado, mas o volume de trabalho
O Regulators era praticamente a segunda mão de Rubem, um cargo que representava poder absoluto dentro do Grupo Pimentel. Quem estivesse ali teria acesso irrestrito à empresa e seria a extensão da autoridade dele. E agora, esse lugar era de Mônica? Que absurdo era aquele?Rubem, com a calma de sempre, perguntou: — Você tem alguma objeção à minha decisão? — Chefe Rubem, Mônica não tem caráter! Ela não merece esse cargo! — Patrícia, completamente tomada pela indignação, nem tentou disfarçar. Tirou um pendrive da bolsa e o conectou ao notebook. Em poucos segundos, as imagens começaram a ser projetadas na tela. Era um vídeo de Mônica na noite anterior, em uma sala reservada, jogando cartas com Ronaldo e outros homens. A gravação era nítida, e o rosto de Mônica aparecia claramente. No vídeo, a voz dela era ouvida com clareza: — Sr. Ronaldo, já apostei tudo, inclusive a mim mesma. O que você vai colocar na mesa? Só dinheiro não parece suficiente, não acha? — Sr. Marcelo, que tal v
Patrícia desabou na cadeira, os olhos arregalados, o rosto completamente pálido. Como aquilo era possível? Ela sempre se certificava de ser discreta, cuidadosa, meticulosa... Então, como aquelas imagens foram parar nas mãos de Mônica? De onde ela conseguiu esses vídeos?— Você tem coragem, hein? Se meter nos assuntos das filiais de outras regiões? — Rebeca virou a cabeça e olhou sombriamente para Patrícia. Ela não esperava que essa mulher fosse tão descuidada e estúpida a ponto de ser pega.— Eu... Eu... — Patrícia gaguejou, completamente perdida, incapaz de formular uma frase coerente. — Eu sei que errei, mas... Mas... A voz dela tremia. Tentava desesperadamente encontrar algo para dizer que pudesse amenizar a situação, talvez até salvar seu emprego. Contudo, antes que pudesse continuar, Rebeca, com os olhos estreitos de raiva, ergueu a mão e desferiu um tapa forte no rosto de Patrícia. — Cale a boca! Depois de fazer uma coisa dessas, você ainda tem coragem de abrir a boca? Patr
Bem na hora em que as portas do elevador se abriram, Mônica, que estava encostada nelas, perdeu o equilíbrio e caiu para trás.Rubem estendeu a mão e segurou-a.Os dedos dele estavam frios, mas ele a puxou de volta para dentro do elevador com firmeza, garantindo que ela ficasse de pé. Foi rápido. Em menos de dez segundos, ele já havia retirado a mão de forma educada.Mônica ainda estava atordoada.Rubem apertou o botão do andar e, com a voz calma, disse:— Mônica, considere isso como um favor ao Vitor. Você disse que não acredita que ele morreu por acidente, então lute por justiça por ele.Naquele instante, Mônica soube que seu instinto estava certo. Vitor era cuidadoso demais para morrer de um infarto só porque passou algumas noites sem dormir. Havia algo estranho por trás disso.— Sr. Rubem, o senhor sabe de alguma coisa, não sabe? — Perguntou ela, virando-se para encará-lo.— Saber não significa que eu possa resolver. — Respondeu ele, com um olhar profundo e frio. — A situação do Gr