O espaço era tão pequeno que os dois estavam praticamente colados, com as respirações se misturando. Mônica ainda estava atordoada, o coração batendo descompassado, enquanto Rubem já havia ligado o chuveiro para deixar claro que havia alguém ali dentro. A água que saía do chuveiro fixo no teto a encharcou completamente. Mônica passou a mão pelo rosto, afastando a água dos olhos, e lançou um olhar furioso para o homem à sua frente. Sussurrou, irritada: — Não dava pra não ligar o chuveiro? Por que você não ficou lá fora? E se alguém achar que tem algo estranho aqui? Ela parecia ter tomado outro banho. A toalha que envolvia seu corpo estava molhada e pesada, quase não conseguia mais segurá-la no lugar. — Sem ligar o chuveiro e sem fechar a cortina, quer que alguém venha dar uma olhada? — Rubem respondeu, segurando com firmeza o braço dela, mas mantendo uma distância mínima entre os dois, evitando que ficassem completamente colados. Ele já havia notado sua presença assim que en
O chefe da vila segurou a mão de Mônica com firmeza, os olhos cheios de gratidão. — Muito obrigado. Foi você quem nos deu uma nova vida. Se precisar de qualquer coisa, qualquer ajuda, por favor, me avise. — O senhor não precisa me agradecer. Agradeça ao meu chefe. — Mônica apontou para Rubem, que estava ao lado, e sorriu. — Foi ele quem planejou tudo. Eu só cumpri as ordens. Ela fez uma pausa e continuou: — O senhor e a Aisha podem ficar tranquilos e viver aqui com as crianças. Quando os médicos estiverem disponíveis, não esqueça de levar os pequenos para fazer os exames. Todos os custos ficarão por conta do meu chefe. O chefe da vila assentiu várias vezes, emocionado. Depois, foi até Rubem e apertou sua mão com força, a expressão cheia de gratidão. Rubem, com seu jeito reservado, apenas esboçou um leve sorriso e, em seguida, acompanhou Mônica até o carro que os levaria ao aeroporto. No caminho, Mônica olhava pela janela, vendo a paisagem passar rapidamente. Era difícil acr
Depois de mais de dez horas de voo, o avião pousou no aeroporto de Cidade N. Mônica empurrava sua bagagem ao lado de Rubem enquanto caminhavam para fora. Assim que chegaram à saída, uma figura feminina aproximou-se rapidamente. — Sr. Rubem, Srta. Mônica. — A mulher aparentava ter cerca de vinte e quatro ou vinte e cinco anos. Vestia um tailleur cinza-escuro, com os cabelos impecavelmente presos em um coque, exalando uma aura de profissionalismo afiado. Ela se dirigiu a Rubem com firmeza: — Sr. Rubem, sou Kelly Silva, do departamento de secretariado. Durante a ausência do Tomás, ficarei responsável pela sua agenda. Enquanto falava, Kelly já puxava a mala das mãos de Rubem com eficiência. Rubem apenas murmurou um breve “hm” em resposta e seguiu em direção ao Bentley estacionado na calçada. — Sr. Rubem, eu já vou indo. — Mônica disse, notando que ele estava ocupado. Desde que desembarcaram, Rubem já havia atendido várias ligações e parecia imerso em trabalho. Era evidente qu
— Claro, eu cumpro o que prometo. — Os lábios finos e ligeiramente avermelhados de Rubem se curvaram em um leve sorriso. — Srta. Mônica, entre nós está tudo resolvido. Os três pedidos que você fez continuam de pé. — Então fico aliviada. — Sem mais dívidas de favores, Mônica sentiu um peso sair de seus ombros. Depois de se despedir, ela empurrou sua mala e entrou no prédio, completamente alheia ao fato de que, do carro, um par de olhos ainda a seguia atentamente. Somente quando Kelly voltou ao veículo, Rubem desviou o olhar. Na tela de dez polegadas do tablet, havia um e-mail enviado por Tomás meia hora antes, além de uma série de notícias econômicas do País Y. Tudo apontava para um único nome: Douglas. Quando Rubem não conseguiu encontrar informações sobre o passado de Douglas, ele soube que o homem não era alguém comum. Mas o que realmente lhe parecia curioso era o fato de Douglas estar tão obcecado por sua suposta ex-namorada, Mônica. Afinal, o mundo estava cheio de mulhere
Emma arregalou os olhos, surpresa: — Você tem um irmão? Quantos anos ele tem? — É alguns anos mais novo que eu, ainda está na faculdade... E é bem bonito. — Mônica respondeu com um sorriso. — Acho que já está na hora de ele arrumar uma namorada. Vocês podem se adicionar no Line, quem sabe vocês se conheçam melhor. Ela já tinha ouvido Lucas comentar que na faculdade dele a maioria eram homens e que quase não havia mulheres por lá. Mônica, como irmã mais velha, tinha suas preocupações. Não que tivesse preconceito, mas temia que ele acabasse sendo influenciado e mudasse de ideia sobre o que queria para a vida amorosa. Pensando bem, um namoro poderia ajudá-lo a se abrir mais e amadurecer. Afinal, conhecer alguém novo não significava casamento, certo? — Seu irmão deve ser parecido com você, né? — Emma deu um empurrãozinho leve em Mônica, rindo. Ela era assumidamente apaixonada por beleza, e só de ouvir que ele era bonito já estava disposta a ignorar a diferença de idade. Durante o
— Tá bom, cala a boca. — Mônica não aguentou mais e pegou um pedaço de frango, enfiando-o na boca de Emma. — Que diferença faz se a empresa tá bagunçada ou não? O importante é que você tá recebendo seu salário. Se continuar tagarelando como um alto-falante, amanhã eu não faço jantar. Com medo de ter que comer comida delivery no dia seguinte, Emma fechou a boca. Antes que o silêncio pudesse durar muito, o celular de Mônica, que estava na mesa de centro, começou a tocar. Ela foi até a sala e viu que era um número desconhecido. Será que era o Leopoldo de novo? Mônica deslizou o dedo na tela para atender: — Quem fala? — Srta. Mônica, aqui é Kelly, a secretária do Sr. Rubem. — Do outro lado, a voz educada de Kelly soou. — Estou na entrada do seu prédio. Você pode descer um instante? — Claro. Enquanto descia no elevador, Mônica não conseguia parar de pensar. Kelly não tinha acabado de deixá-la em casa algumas horas antes? Por que tinha voltado? Será que aconteceu algo urgente?
Mais tarde, Mônica e Emma juntaram forças para levar o castelo até o quarto de Mônica. Mônica tentou desviar sua atenção de qualquer olhar para aquele castelo brilhante, mas, ao sair do banho, não resistiu e seus olhos voltaram a grudá-lo. E, pior, deu vontade de tocá-lo. “É só um castelo de diamantes. Não é como se eu nunca tivesse visto algo valioso antes... Qual é o motivo de tanta empolgação?” Ainda assim... Deitada na cama, Mônica se virou, encarando o castelo de diamantes. Mesmo com a luz tímida entrando pela janela, a peça reluzia como estrelas, tão brilhante e deslumbrante que parecia quase mágica. …Depois de duas semanas de viagem, Mônica conseguiu se adaptar rapidamente ao fuso horário. Acordou cedo e preparou o café da manhã e o almoço. Depois de comerem, ela e Emma pegaram o metrô juntas para o trabalho. — Tô morta de sono! — Emma reclamou, bocejando sem parar. Tinha ficado até tarde vendo série na noite anterior e agora não largava o celular. De repente, os o
Mônica manteve a calma enquanto finalizava com eficiência as duas pastas urgentes que tinha recebido. Já passava das onze e meia. Lucas provavelmente já tinha terminado as aulas, então ela pegou o celular e mandou uma mensagem no Line: [Lucas, já pode usar o celular? Preciso que você me ajude com uma coisa.] A faculdade de Lucas era rígida e ele quase nunca conseguia usar o celular. Toda vez que ela mandava algo, tinha que esperar bastante por uma resposta. Mas, dessa vez, ela só foi até o micro-ondas esquentar a comida e, quando voltou, já havia recebido uma resposta. [Posso, a professora nos deu a tarde livre.] Muito compreensiva essa professora, pensou Mônica. O que ela não sabia é que Lucas também tinha estado na Turquia e voltado antes dela. Ele já havia largado o trabalho de segurança particular e nem tinha retornado à faculdade. Ela digitou o nome do restaurante e do hotel, o período das datas e o nome de Patrícia, pedindo para Lucas tentar acessar o sistema do hotel