KesieAcordar ao lado de Hugo está se tornando um vício, e parece que não sou somente eu quem estava gostando, Bruno está com sorriso de orelha a orelha por vê-lo aqui novamente, não o deixei ir embora pela segunda vez consecutiva. Talvez não estivéssemos conseguindo ir devagar.Ontem passamos um dia maravilhoso, e toda tensão que havia nele na noite anterior havia sumido. Espero que no momento certo ele fale, não desejo pressioná-lo.Elizabeth estava bem alegre por se livrar do fogão no domingo. Hugo estava preparando algum tipo de molho enquanto eu cortava os legumes. Ele coloca uma pequena porção em minha boca com a colher e logo reviro os olhos saboreando o tempero maravilhoso. Na sequência ele substitui a colher por seus lábios, sua boca preenche a minha com tudo, e somente nos soltamos porque a porta principal se abre e Elizabeth entra carregando algumas coisas do supermercado, Bruno está meio emburrado e passa apressado entre nós seguindo para a sala.— O que houve? — pergunto.
HugoMinha vida mudou completamente, e as coisas têm seguido uma direção que me leva a ela, Kesie. Ainda que eu desejasse ficar longe, as circunstâncias acabam nos unindo e apesar de todo furacão que estamos enfrentando, é bom tê-la por perto.Ainda não consegui contar sobre minha discussão com minha mãe, na sexta feira, o dia em que pedi demissão, provavelmente Arthur entrou em contato com ela, nossa discussão foi acalorada, pouco antes de eu sair para buscar Kesie no trabalho:" — Mamãe, eu tenho um bom motivo para pedir demissão.— Eu já sei de tudo, Hugo. Tem uma mulher fazendo sua cabeça. Bufo irritado com tanta intromissão em minha vida, primeiro Arthur e agora minha mãe.— Eu sei muito bem o que estou fazendo.— Filho, você se entrega demais nos relacionamentos, olha como terminou com Alycia.— Alycia não tinha caráter, não vou deixar meus princípios de lado apenas porque uma pessoa não soube valorizar o que tínhamos.— Quem é ela, Vitor? Pelo menos é de boa família?Então pe
KesieNo caminho para casa me sinto numa mistura de emoções, depois do nosso encontro com a mãe de Hugo. Ainda demoro para assimilar as coisas."Minha amiga."Ele disse a sua mãe ao me apresentar.Mas o que eu esperava?Talvez eu esteja apressando as coisas, afinal ainda não conversamos sobre o tipo de relacionamento que temos, Hugo havia pedido para irmos devagar. Mas o fato é que eu já sentia que havia algo mais sério. Amigos não sentem o que a gente sente um pelo outro, amigos não dormem na mesma cama como temos feito e amigos não faz sexo tão incrível quanto a gente faz.Fica impossível não me sentir frustrada. É nítido o quanto me iludi, Hugo não deseja assumir o que há entre nós.Chego em casa e peço uma comida chinesa pelo aplicativo que Bruno adora. Não tenho fome, o deixo a vontade completamente animado com seu novo amigo Spoke. Me lanço sobre a cama respirando fundo, me recusando a derramar uma lágrima sequer.Horas mais tarde Elizabeth bate a porta devagar.— Entre.Ela se
Hugo— Você é um idiota, Hugo! — xingo a mim mesmo dentro do meu carro batendo no volante várias vezes.Não sei o que aconteceu comigo, cheguei acusando Kesie de coisas sem sentido, era óbvio que era isso o que Maicon pretendia com aquele vídeo. No momento em que ela mais precisou do meu apoio eu a tratei feito uma qualquer, e antes disso ainda não tive ao menos coragem de assumir nosso relacionamento, nem pra mim, nem pra ela e nem pra minha mãe. Merda! Eu fiz tudo errado!Ainda estou parado na porta do prédio dela há quase uma hora, completamente perturbardo.Meu telefone toca.Respiro fundo, pois é minha mãe. Se eu não atender, ela não vai me deixar em paz.Ligação On— Oi, Vitor Hugo. Onde você está, precisamos conversar?— Mãe, eu não estou com paciência, diz logo o que deseja.— E isso são modos de tratar sua mãe, Vitor?Puta que pariu! Sinto tanta vontade de mandar minha mãe a merda, porém me contenho pelo respeito que tenho a ela, por ser minha mãe.— Se a senhora não falar
Kesie Não consegui pregar o olho esta noite, afinal são tantos problemas que venho enfrentando. Mas refleti muito e sei que preciso ser forte, chorar e lamentar não vai resolver minha situação.Quando chego à mesa do café, Elizabeth me encara surpresa por me ver já pronta para ir trabalhar.— Kesie, você... Vai trabalhar?Bruno está uniformizado e me sento comendo uma fatia de bolo.— Claro, tenho muitas coisas pra resolver. Temos que conferir os contratos e resolver aquela questão da capa da Eleonor Morais. Preciso também de seguranças, não quero mais andar desprotegida, e nem vocês dois.Minha irmã me observa como se eu fosse de outro planeta. — Kesie, você está bem?— Sim, estou ótima.Bruno se levanta e vai até o cantinho onde Spoke está. Ele dá uma olhadinha pela janela e depois se vira para gente:— "Será que tem algum famoso por perto, está cheio de jornalistas lá embaixo?"Elizabeth se levanta e vai conferir, ela retorna preocupada.— Bruno tem razão, está cheio de repórtere
Kesie Depois que assumimos nosso relacionamento, voltei a receber aquelas ligações estranhas, números desconhecidos e quando atendo, a ligação fica muda, as vezes tenho a impressão de que ouço o som de uma respiração, como agora.Ligação On— É você Maicon? Seu canalha, me deixa em paz! — grito e desligo.Ligação OffEstou terminando de colocar os brincos, quando Elizabeth entra.— Uaaau, você está lindíssima! — ela me analisa e nota que estou tensa.— O que houve, por que está assim? Deveria estar muito feliz, afinal irá conhecer a família de Hugo nesse tal aniversário do tio dele.— Você quer dizer que eu vou reencontrar a mãe dele! — falo arqueando a sobrancelha mais tensa ainda com esse detalhe.Elizabeth faz uma careta.— Com o tempo ela se acostuma com vocês.— Ela é racista Elizabeth, e os racistas não mudam.Minha irmã me olha com sinceridade e diz tentando me deixar confiante:— Realmente isso é algo tenso. Então que ela f0da-se.Fico chocada com o palavreado de Elizabeth, m
HugoDepois que Kesie foi ao banheiro, volto para a mesa. Minha mãe que estava em uma conversa com Evelyn retorna e se senta falante como sempre:— Pobre Evelyn, meu filho, você soube que os Bacellarperderam todo negócio com os japoneses? Parece que estavam roubando e Maicon não desconfiou. Evelyn disse que Maicon está consternado, e Arthur muito irritado. A empresa está indo à falência.Por um instante me pergunto se não é o próprio Maicon quem roubou todo o negócio da família e conseguiu jogar a culpa da falência nos japoneses. Entretanto pouco me importa o que o imbecil faz da sua vida. — Então é por isso que ele a deixou vir sozinha, deve estar bastante irritado com o prejuízo.— Quem disse que ele não veio? Evelyn me falou que Maicon já estava a caminho, não vieram juntos pois ele não estava na cidade.Toda minha alegria da noite se vai a medida que minha mãe diz que o maldito ainda virá. E como se materializasse nossa conversa, o vejo surgir todo pomposo indo na direção do meu
KesieAcordar nos braços de Hugo é maravilhoso, por mim ele poderia dormir aqui todas as noites, mas ele insiste em não atrapalhar Beth, e teme a deixá-la sem privacidade. Já conversamos bastante sobre isso, não acho nescessário que ele fique em um hotel, já que junto de mim é tão perfeito, principalmente em dias negros como os de ontem, ter ele aqui é meu porto seguro. Me recordo da ameaça de Maicon, sinto cada parte de mim se arrepiar. Tenho tanto medo de que ele faça algo contra Hugo. O próprio canalha confessou que envenenou Spoke. Céus! Será que isso algum dia irá acabar? Ainda por cima tem toda a situação com a mãe de Hugo, aquela mulher não me suporta e eu sei que estavam brigando ontem por minha causa.Me levanto bem lentamente e saio na ponta dos pés para tomar um banho. Ligo o chuveiro e pego o sabão, quando estou passando em meu corpo, me lembro das mãos do canalha sobre mim me tocando, mesmo que eu me esforce as lágrimas já estão em meus olhos, a forma violenta como ele me