HugoQuando chego ao restaurante em que combinamos, Evelyn já está à minha espera. No momento em que ela me ligou, notei muita angústia em sua voz, mas ela não entrou em muitos detalhes, apenas disse que confiava em mim e que precisávamos conversar, já que estava na cidade desejava aproveitar para se encontrar comigo.Seus cabelos ruivos estão presos em um rabo de cavalo elegante, ela usa pouca maquiagem, e noto algumas olheiras.— Oi — Cumprimento ainda sério. Ela também não tem cara de muitos amigos.Responde ao cumprimento e logo um garçom se aproxima, Evelyn parece aflita, e pede ao garçom que traga seu mesmo pedido para mim. Não me manifesto, afinal é nítido que ela deseja conversar o quanto antes.Felizmente o garçom sai rapidamente.— Confesso que não esperava que viesse — ela fala ainda arredia.— Quando eu falhei com você, Evelyn?— Você anda tão estranho, Hugo, desde que começou a sair com a...— ela pigarreia como se recusasse a falar o nome de Kesie.— Ela se chama Kesie —
HugoDeixei Kesie descansando, Elizabeth preparou um chá e tomou um comprimido.Passo no hotel e pego algumas roupas, sapatos, produtos de higiene e alguns documentos de trabalho, consegui alguns processos na última semana, meu escritório ainda não está pronto, mas consigo ver que meu negócio será um grande empreendimento.Passo na recepção e deixo tudo pago, então me lembro que preciso pressionar meu corretor para que consiga um bom apartamento para mim, não posso continuar nesse hotel. Mas ele já havia me dito sobre a dificuldade em encontrar algum apartamento dentro dos requisitos que fiz e ainda propôs a compra de uma casa, fiquei de analisar a proposta.Coloco tudo dentro do carro e sigo para o hotel onde minha mãe está hospedada. Passo na recepção e me apresento como filho de Berenice Castro, aguardo por um bom tempo a recepcionista entrar em contato.Ainda estou aguardando no balcão imaginando que minha mãe irá fazer aquele drama típico não querendo me receber. Então ouço a rec
Kesie Passa das onze e Hugo ainda não deu notícias, estou muito preocupada, ele saiu a tarde depois que adormeci para buscar suas coisas e ainda não voltou. Caminho de um lado para o outro angustiada, Elizabeth também está preocupada, mesmo assim tenta me tranquilizar.— Acalme-se, Kesie. Notícia ruim chega rápido.— Tem alguma coisa errada, eu sinto! — falo ainda andando pela sala na tentativa inútil de me acalmar.Pego meu telefone e disco seu número novamente, mas pela milésima vez ele não me atende.— Droga, eu estou com muito medo, Beth!Bruno surge na sala já vestido em seu pijama. Elizabeth vai ao encontro para colocá-lo na cama me deixando sozinha em minhas angústias.Acabo cochilando sentada no sofá, acordo ouvindo o som de alguém batendo na porta com força. Fico um tanto tensa, mas os seguranças estão lá embaixo então não acredito que seria algum desconhecido. Me levanto e olho em meu relógio e vejo que passa das duas, olho através do olho mágico e meu corpo se agita ao ve
KesieDesço para buscar a bebida que Elizabeth havia preparado para Hugo, a encontro sentada olhando para o nada com uma caneca em mãos. O taco ainda está sobre a mesa.À medida que desço, devagar, sinto o frio da madeira do corrimão sobre minha mão enquanto Elizabeth me analisa preocupada.— Kesie, como ele está, o que houve, por que Hugo chegou naquele estado?Dou a volta, pego duas canecas e me aproximo dela, pego a chaleira e sirvo uma das canecas, me sento ao lado de minha irmã e bebo um pequeno gole suspirando.— Beth, são tantas coisas...Céus! Hugo está sofrendo muito. Minha irmã coloca a mão sobre a minha em apoio.— E tudo tem a ver com Maicon?— O canalha fez uma revelação cruel demais, contou para Hugo que a mãe dele e Arthur Bacellar tem um caso.Elizabeth leva a mão na boca chocada.— A mãe dele? A mesma cheia de pose que fica te insultando? Então quer dizer que a vagabunda da história era ela?Balanço a cabeça em afirmação.— E tem mais, o caso deles é antigo, parece q
HugoNão está sendo fácil focar no trabalho. Todos os últimos acontecimentos invadem minha mente centenas de vezes por minuto. Tento me concentrar mas está sendo impossível.Sento, levanto, caminho, leio os documentos, ligo para alguns contatos... Sento novamente... Minha cabeça gira e sinto um aperto no peito, talvez isso nunca passe.Lembranças invadem minha mente:" — Filho, mulheres são complicadas. Olhe sua mãe, ela tem tudo o que qualquer mulher deseja, no entanto veja o quanto ela parece infeliz.Meu pai diz sorridente me dando tapinhas nas costas. Ele parece não se importar com o mal humor de minha mãe, dona Berenice se sente entediada e reclama de tudo, se incomoda com os empregados o tempo todo, foi necessário dispensar dois motoristas e o jardineiro, ela havia insistido em reformar a casa, tudo estava impecável, ainda assim minha mãe encontrava motivos para fazer queixas. Desta vez repete várias vezes que papai trabalha muito e nunca encontra tempo para ela. Como se ela ta
KesieEstou me sentindo muito insegura. Hugo insistiu que deveria vir, ele teme algo, porém não me falou quais eram suas inseguranças.Será que sua mãe seria capaz de fazer algo contra mim? Não é possível, estou tentando não imaginar tal possibilidade.Ele dirige em alta velocidade, e noto as veias de seu pescoço saltarem, Hugo está tenso e eu também. Quando para em um semáforo seus olhos encontram os meus e acho que ele nota todo meu pavor. Sinto a mão forte dele tocar meu joelho exposto pelo vestido de forma carinhosa. Apenas consigo esboçar um leve sorriso, mas o franzir da minha sobrancelha demonstra que não estou nada tranquila. O semáforo fica verde, Hugo acelera na mesma intensidade que meu coração bate.Chegamos ao endereço, se trata de uma rua pouco movimentada, o número do prédio se refere a um estacionamento.Hugo parece ainda mais desconfiado.Ele entra lentamente e bufa.— Tem alguma coisa errada. Por que minha mãe a traria aqui?Remexo-me de forma desconfortável no banco
KesieAbro os olhos e demoro para entender o que está acontecendo, vejo luzes dos carros de polícia e ambulância ao redor, acho que estão me levando em uma maca.— Kesie, Kesie… Graças a Deus você acordou — A voz de Elizabeth invade meus ouvidos em tom de desespero.Estou me sentindo bem, apenas uma dor de cabeça insuportável. E de repente todos os acontecimentos me invadem feito uma avalanche: A mãe de Hugo parada no estacionamento me aguardando, sua expressão de susto quando vê Hugo junto a mim, Maicon surge num carro cheio de comparsas e altamente armados, ele mantém Hugo na mira de sua arma, então... O vejo de joelhos e o som do disparo da arma que Maicon segurava...Céus um desespero me invade.Elizabeth está sobre mim em lágrimas, mas a única reação que tenho é de chorar imaginando Hugo sendo morto pelas mãos de Maicon. Começo a chamar seu nome repetidas vezes como se fosse o suficiente para mudar tudo o que possa ter acontecido, sinto uma dor impossível de descrever, e quando p
Seis meses depois...KesieA venda do meu segundo livro está sendo um sucesso, e é claro que após a prisão de Maicon e toda exposição que tive, contribuíram para isso.Graças a Hugo e muita terapia estou tentando superar tudo o que aconteceu. As coisas entre a gente estão cada vez mais sérias, ele ainda não fechou a compra de nenhum apartamento, seu corretor de imóveis nos apresentou uma casa incrível em um bairro próximo e muito bem localizado, Hugo chegou a cogitar a possibilidade de comprar para morarmos juntos e ainda insiste que levaríamos Elizabeth e Bruno. Mas às vezes temo que esteja cedo demais para pensarmos nisso, apesar de nos amarmos, e nosso relacionamento estar indo bem, não sinto que ambos estamos preparados para elevar o nosso relacionamento ao nível de um possível casamento.Estamos quase no fim do expediente. Elizabeth parece um pouco distraída, lhe observo sorridente olhando para a tela do celular. Já imagino o que seja, eu tenho notado que ela e Giovanni, o amigo