Kesie Passa das onze e Hugo ainda não deu notícias, estou muito preocupada, ele saiu a tarde depois que adormeci para buscar suas coisas e ainda não voltou. Caminho de um lado para o outro angustiada, Elizabeth também está preocupada, mesmo assim tenta me tranquilizar.— Acalme-se, Kesie. Notícia ruim chega rápido.— Tem alguma coisa errada, eu sinto! — falo ainda andando pela sala na tentativa inútil de me acalmar.Pego meu telefone e disco seu número novamente, mas pela milésima vez ele não me atende.— Droga, eu estou com muito medo, Beth!Bruno surge na sala já vestido em seu pijama. Elizabeth vai ao encontro para colocá-lo na cama me deixando sozinha em minhas angústias.Acabo cochilando sentada no sofá, acordo ouvindo o som de alguém batendo na porta com força. Fico um tanto tensa, mas os seguranças estão lá embaixo então não acredito que seria algum desconhecido. Me levanto e olho em meu relógio e vejo que passa das duas, olho através do olho mágico e meu corpo se agita ao ve
KesieDesço para buscar a bebida que Elizabeth havia preparado para Hugo, a encontro sentada olhando para o nada com uma caneca em mãos. O taco ainda está sobre a mesa.À medida que desço, devagar, sinto o frio da madeira do corrimão sobre minha mão enquanto Elizabeth me analisa preocupada.— Kesie, como ele está, o que houve, por que Hugo chegou naquele estado?Dou a volta, pego duas canecas e me aproximo dela, pego a chaleira e sirvo uma das canecas, me sento ao lado de minha irmã e bebo um pequeno gole suspirando.— Beth, são tantas coisas...Céus! Hugo está sofrendo muito. Minha irmã coloca a mão sobre a minha em apoio.— E tudo tem a ver com Maicon?— O canalha fez uma revelação cruel demais, contou para Hugo que a mãe dele e Arthur Bacellar tem um caso.Elizabeth leva a mão na boca chocada.— A mãe dele? A mesma cheia de pose que fica te insultando? Então quer dizer que a vagabunda da história era ela?Balanço a cabeça em afirmação.— E tem mais, o caso deles é antigo, parece q
HugoNão está sendo fácil focar no trabalho. Todos os últimos acontecimentos invadem minha mente centenas de vezes por minuto. Tento me concentrar mas está sendo impossível.Sento, levanto, caminho, leio os documentos, ligo para alguns contatos... Sento novamente... Minha cabeça gira e sinto um aperto no peito, talvez isso nunca passe.Lembranças invadem minha mente:" — Filho, mulheres são complicadas. Olhe sua mãe, ela tem tudo o que qualquer mulher deseja, no entanto veja o quanto ela parece infeliz.Meu pai diz sorridente me dando tapinhas nas costas. Ele parece não se importar com o mal humor de minha mãe, dona Berenice se sente entediada e reclama de tudo, se incomoda com os empregados o tempo todo, foi necessário dispensar dois motoristas e o jardineiro, ela havia insistido em reformar a casa, tudo estava impecável, ainda assim minha mãe encontrava motivos para fazer queixas. Desta vez repete várias vezes que papai trabalha muito e nunca encontra tempo para ela. Como se ela ta
KesieEstou me sentindo muito insegura. Hugo insistiu que deveria vir, ele teme algo, porém não me falou quais eram suas inseguranças.Será que sua mãe seria capaz de fazer algo contra mim? Não é possível, estou tentando não imaginar tal possibilidade.Ele dirige em alta velocidade, e noto as veias de seu pescoço saltarem, Hugo está tenso e eu também. Quando para em um semáforo seus olhos encontram os meus e acho que ele nota todo meu pavor. Sinto a mão forte dele tocar meu joelho exposto pelo vestido de forma carinhosa. Apenas consigo esboçar um leve sorriso, mas o franzir da minha sobrancelha demonstra que não estou nada tranquila. O semáforo fica verde, Hugo acelera na mesma intensidade que meu coração bate.Chegamos ao endereço, se trata de uma rua pouco movimentada, o número do prédio se refere a um estacionamento.Hugo parece ainda mais desconfiado.Ele entra lentamente e bufa.— Tem alguma coisa errada. Por que minha mãe a traria aqui?Remexo-me de forma desconfortável no banco
KesieAbro os olhos e demoro para entender o que está acontecendo, vejo luzes dos carros de polícia e ambulância ao redor, acho que estão me levando em uma maca.— Kesie, Kesie… Graças a Deus você acordou — A voz de Elizabeth invade meus ouvidos em tom de desespero.Estou me sentindo bem, apenas uma dor de cabeça insuportável. E de repente todos os acontecimentos me invadem feito uma avalanche: A mãe de Hugo parada no estacionamento me aguardando, sua expressão de susto quando vê Hugo junto a mim, Maicon surge num carro cheio de comparsas e altamente armados, ele mantém Hugo na mira de sua arma, então... O vejo de joelhos e o som do disparo da arma que Maicon segurava...Céus um desespero me invade.Elizabeth está sobre mim em lágrimas, mas a única reação que tenho é de chorar imaginando Hugo sendo morto pelas mãos de Maicon. Começo a chamar seu nome repetidas vezes como se fosse o suficiente para mudar tudo o que possa ter acontecido, sinto uma dor impossível de descrever, e quando p
Seis meses depois...KesieA venda do meu segundo livro está sendo um sucesso, e é claro que após a prisão de Maicon e toda exposição que tive, contribuíram para isso.Graças a Hugo e muita terapia estou tentando superar tudo o que aconteceu. As coisas entre a gente estão cada vez mais sérias, ele ainda não fechou a compra de nenhum apartamento, seu corretor de imóveis nos apresentou uma casa incrível em um bairro próximo e muito bem localizado, Hugo chegou a cogitar a possibilidade de comprar para morarmos juntos e ainda insiste que levaríamos Elizabeth e Bruno. Mas às vezes temo que esteja cedo demais para pensarmos nisso, apesar de nos amarmos, e nosso relacionamento estar indo bem, não sinto que ambos estamos preparados para elevar o nosso relacionamento ao nível de um possível casamento.Estamos quase no fim do expediente. Elizabeth parece um pouco distraída, lhe observo sorridente olhando para a tela do celular. Já imagino o que seja, eu tenho notado que ela e Giovanni, o amigo
KesieElizabeth está hospitalizada, foi medicada, e os médicos disseram que sofreu agressões físicas e um cortes de estilhaços. Felizmente está fora de risco, senti um enorme alívio quando recebemos a notícia de que ela estava bem. Estamos aguardando ela acordar, Hugo e Giovanni estão conosco, ele não arredou os pés nem por um instante, o coitado está apavorado, noto que realmente gosta de minha irmã. A polícia está investigando tudo. Já comuniquei o acontecimento a senhora Miller, ela ficou chocada como todos nós, e está cuidando de Bruno.Quando o dia amanhece estou deitada nos ombros de Hugo. Ele sai para buscar um café e ainda fico observando Elizabeth através do vidro, está deitada no quarto inconsciente. Minha irmã está cheia de hematomas, é cruel ver ela assim, mas felizmente está viva. Fico pensando o que teria acontecido, e tentando dizer pra mim mesma que aquilo não tinha relação com Maicon.Ouço a voz de Giovanni me tirar dos pensamentos.— Os médicos disseram que ela está
HugoPasso pelos procedimentos de segurança da penitenciária ansioso para meu encontro com o canalha do Maicon. Desde a última audiência na qual ele foi condenado eu não o vi mais. Graças aos contatos de meu tio Carlos, que foi eleito para governador, foi fácil conseguir este encontro. O senhor Humberto não colocou nenhuma dificuldade em permitir minha entrada. Aguardo ansioso dentro de uma sala fria, com paredes cinzas e portas de metais, dois policiais fortemente armados estão ao lado de fora e mais dois ao lado de dentro. O maldito não poderá me fazer nenhum mal. Quando a porta se abre, o vejo entrar com seu semblante arrogante de sempre, esses meses aqui dentro e mais alguns dias na solitária pelo visto não o fizeram mudar em nada. Ao me ver ele parece insatisfeito.— Eu não quero falar com esse imbecil! — fala em tom irritado tentando se virar para voltar.O agente que o trouxe segura firme em seu antebraço e aperta lhe avisando que ele não tem escolha. Mesmo indignado, ele se se