O DR. FABIAN STRAUSBACKIE, brincava sempre com sua filha em meio ao seu mundo de invenções – e no mundo da filosofia – ao qual ele sempre contava todos os dias histórias fascinantes sobre todos os filósofos à Sofia – sua única filha.
Histórias sobre Sócrates, Tales de Mileto, Platão, Aristóteles, entre outros, que sempre a deixava muito instigada para que chegasse logo à noite e seu pai contasse a ela mais uma extraordinária história antes que ela dormisse – e pudesse sonhar mais e mais com todos aqueles personagens fascinantes.
UM DIA DESSES, SOFIA ESTAVA BRINCANDO alegremente em meio a um monte de invenções do seu pai.
–– Pai! – Disse ela com o olhar brilhando de pura curiosidade – Para que serve esse relógio?
–– Esse relógio, minha filha... – disse seu pai – é muito especial, ele ativa aquele barril, e faz você voltar no tempo.
–– Voltar no tempo papai? – A curiosidade dela se aguçou imediatamente – Assim eu poderia conhecer Sócrates?
–– Isso mesmo, filha – o doutor lhe deu um sorriso e acariciou seus cabelos cacheados como os cabelos de um anjo – você poderia conhecer Sócrates, e quem você quisesse, até mesmo a sua avó, a quem você não conheceu.
–– Poxa papai – ela deu um sorriso de felicidade – eu adoraria conhecer a vovó!
–– Ela também adoraria te conhecer, meu amor, agora deixa isso aí e vamos deitar, já está tarde para um anjinho como você ficar zanzando por aí – ele a pega no colo – hoje vou contar a história de um filósofo muito conhecido por todos.
–– Está bem papai, o senhor vai contar a história de quem hoje?
–– De um homem chamado Paulo...
–– Que legal papai! – Ela dá um grito de felicidade – Esse você nunca tinha contado...
–– É porque nunca gostei muito dele – ele faz uma cara um pouco desanimada – mas a história dele é muito legal... – ele ajeita a filha na cama – ele nasceu em Tarso, a princípio se chamava Saulo, e foi criado dentro dos costumes judaicos e romanos, como um verdadeiro homem de guerra – ele dá ênfase nessa frase – mas também foi ensinado dentro dos costumes religiosos do seu povo, aprendeu a lei judaica aos pés de Gamaliel – que foi um grande mestre também – no entanto, era uma época muito especial, estava uma grande baderna em Jerusalém, foi quando começou a primeira perseguição aos cristãos, e quem os liderava era Saulo...
–– Então Saulo era um vilão papai? – Perguntou Sofia estranhando o pai por lhe contar a sua primeira história sobre um vilão.
–– Não minha filha... – ele deu um sorriso afetuoso para a filha – Saulo apenas acreditava que aquilo que ele estava fazendo era o certo...
–– Humm! – Ela fez uma cara de quem estava entendendo.
–– Um dia ele conheceu um jovem chamado Estevão – continuou – e ele fazia parte desses cristãos, Estevão foi julgado e condenado, e... quando estavam apedrejando-o – Sofia faz uma careta horrorizada – ele não gritava e não chorava – os olhos dela brilharam pela emoção da história – ele apenas agradecia à Deus, como se estivesse falando com o próprio Deus...
–– Assim como a mamãe de Domingo quando vai à igreja papai?
–– Sim filha... assim como a mamãe... e isso comoveu muito o coração de Saulo, pois ele nunca tinha visto algo parecido com aquilo, alguém morrer e agradecer por isso, ele ficou muito comovido com Estevão, e decidiu fazer uma viagem para Damasco, ele ouviu falar que tinha alguns cristãos lá e que ele iria procurar por eles... foi quando uma luz o derrubou do cavalo e começou a falar com ele...
–– Uma luz papai? – Ela estava empolgada com a história – A luz fala?
–– Sim filha... – ele faz um gesto querendo impressionar a filha – aquela luz falava... e a luz perguntou para Saulo porque ele o estava perseguindo... e Saulo ficou espantado com aquilo, e de repente aquela luz o deixou cego – ele coloca a mão sobre os seus olhos – porque queria que Saulo fizesse uma reflexão com ele mesmo, se aquilo que ele estava fazendo era mesmo o certo... e ele voltou para a cidade onde conheceu um homem chamado Ananias...
–– Ananias? Que nome engraçado papai...
–– É sim, filha... eu também acho esse nome engraçado... – e continuou a narrativa – e esse Ananias orou por ele e Saulo voltou a enxergar, ele mudou o seu nome para Paulo, que significa "pequeno", e começou a pregar a palavra de Deus no mundo inteiro...
–– Mas ele era filósofo papai?
–– Sim, meu amor, um dos melhores, ele escreveu inúmeros livros muito legais, sem ele não teria existido o cristianismo...
–– Que legal, papai... eu ainda vou conhecer Paulo também!
–– Como você vai fazer isso meu amor? Paulo já morreu...
–– Vou usar seu relógio e voltar no tempo, pois eu quero falar com aquela luz também que falou com ele...
–– Mas aquela luz não fala com todos, meu anjinho, somente com alguns...
–– Se sou um anjinho papai... aquela luz também vai falar comigo...
O doutor dá uma risada singela se alegrando com a inteligência da sua filha de apenas seis anos de idade.
–– Tem razão, meu anjo – disse ele acariciando e ajeitando o cobertor sobre a filha – dorme agora, porque amanhã é seu primeiro dia na escola, e eu quero que você se divirta muito, boa noite, meu amor...
Ele a beija.
–– Boa noite papai...
O Dr. Strausbackie apaga a luz e dá uma última olhada para ver se Sophie estava realmente dormindo, sai do quarto e volta para o laboratório, ele apaga todas as luzes, desliga o seu computador e vai se deitar junto com a sua esposa Monalisa...
Sem que o doutor perceba, Sophie vai andando com as pontas dos pés até o laboratório de seu pai, pega o relógio e entra dentro do barril do tempo que seu pai construiu para que ele pudesse conhecer todos os filósofos que marcaram a sua infância e a enriqueceram de conhecimento.
Quando ela aperta o botão do relógio, o barril começa a girar e derruba tudo ao seu redor, fazendo um barulho infernal – acordando seus pais.
O Dr. Strausbackie foi correndo para ver o que tinha acontecido, ele viu a sua filha dentro do barril sorrindo e gritando alegremente:
–– Papai... papai... vou falar com a luz...
–– Não... – ele apontando para a filha – desliga isso...
Mas era tarde demais... o barril já tinha voltado ao passado, foi quando o Dr. Strausbackie falou desesperadamente:
–– Tenho que construir outra máquina do tempo imediatamente, não posso correr o risco de ter a minha filha vagando por ai sozinha...
–– O que aconteceu, amor? – a sua esposa pergunta ainda um pouco sonolenta – Porque isso daqui está tão bagunçado? O que caiu no chão para fazer todo aquele barulho?
–– Aconteceu uma desgraça, Monalisa... – o doutor estava desesperado sem saber por onde começar – nossa filha entrou na minha máquina do tempo e voltou ao passado...
Os olhos de Monalisa irradiavam fúria e desespero.
–– Seu louco! Falei-te mais de mil vezes para nunca deixá-la entrar aqui, mas você sempre disse que era seguro...
–– Eu sei... eu sei... – disse ele tentando colocar em ordem os seus pensamentos – vou consertar o erro imediatamente...
Nesse momento o mesmo barulho que os acordou minutos antes retornou, o barril do tempo voltou praticamente intacto...
De repente, sai de dentro uma mulher formosíssima, com um vestido de linho grego muito fino e diz:
–– Olá papai... olá mamãe...
–– Quem é você? – pergunta a mãe espantada...
–– Cadê a nossa filha? – pergunta o doutor...
Sofia dá risada e o doutor reconheceu a risada da filha.
–– Não me reconhece mais, papai? Sou eu... Sofia... o seu anjinho, que minutos atrás você me colocou na cama e me contou a história de Paulo de Tarso, o qual eu me despedi cerca de três anos atrás...
O doutor estava inconsolável, tentava organizar os seus pensamentos, tentando imaginar se aquilo era um sonho, ou se realmente estava acontecendo.
–– Isso é impossível... Paulo é apenas uma lenda que inventaram para enganar as pessoas do ocidente sobre cristianismo...
–– Não papai... – a interrompeu – te garanto que ele é tão real quanto eu e você... e ainda mais extraordinário do que seu relato.
–– Mas o que aconteceu, filha? – perguntou Monalisa completamente aturdida com tudo que estava acontecendo – Conte-nos o que aconteceu...
–– Calma mamãe – ela sorriu – estou bem... isso eu lhe garanto... contarei tudo assim que comer algo...
–– Então vamos, filha... não me deixe ainda mais aflita...
OS TRÊS FORAM PARA A COZINHA, mas o doutor não queria acreditar que aquela mulher era a sua filha, alguns minutos atrás o seu anjinho tão inocente estava na cama e de repente ela estava quase tão adulta quanto ele e sua esposa...
Isso era impossível... – pensou ele.
Foi quando ela lhes disse:
–– Calma papai... sei o que deve estar pensando... que alguns minutos atrás eu estava no meu quarto dormindo e agora uma mulher já formada entra pelo mesmo barril que a sua filha saiu em busca de uma aventura...
–– É impressionante... – engoliu em seco a saliva – Sofia... agora você está lendo mentes também?
–– Não, papai... – ela deu uma gargalhada, o doutor percebeu o quanto ele gostava daquele som, que mesmo adulta, ela continuava agradável – apenas estou lendo isso no seu olhar, se tranquiliza um pouco, contarei tudo que me aconteceu após a minha viagem, o senhor mesmo me disse que eu estaria indo para a escola amanhã... – ela deu um sorriso e seus olhos brilhavam com o sarcasmo – e realmente fui pai... mas estudei com todos os filósofos que o senhor me contava histórias impressionantes desde que comecei a entender as coisas que falava...
–– Desculpe... – disse ele espantado – mas é impossível de acreditar nisso... me perdoe...
–– Esse sempre foi seu maior problema... talvez de todos os cientistas, que nunca acreditavam em nada – à não ser naquilo que constroem com as próprias mãos... – o que dizer sobre Galileu? Sobre Da Vinci... homens que quase morreram por serem como você papai...
ASSIM QUE CHEGUEI NA GRÉCIA... – pois a máquina estava programada para esse ser o seu primeiro destino (no ano de 490 a.C), parei em uma das encostas, sem saber onde estava, fui até uma praça e percebi que estava na Grécia.Acabei chegando a uma pequena praça, onde tinha um senhor muito simpático pregando seus ensinamentos, ele me puxou carinhosamente no colo.–– Como você se chama pequenina? – Perguntou ele.&nd
FOI COMO NUM PISCAR de olhos, a primeira viagem ainda tinha demorado uns cinco minutos, mas a segunda viagem foi extraordinariamente rápida papai.Cheguei em 583 a.C, como já falava grego muito bem, não demorei para encontrar Tales, sabia que era ele a segunda pessoa que você procuraria, sempre me falou muito dele, ele é realmente uma pessoa extraordinária, é o que chamamos de cientista no mais puro sentido, tinha o rosto engraçado, meio abobalhado, mas era muito inteligente, apesar de muito ingênuo, mas acho que era isso o que encantava nele, ele parecia uma pessoa de total confiança.
ACABEI CHEGANDO APENAS alguns anos mais tarde, nessa mesma escola de Mileto à qual eu tinha deixado, encontrei Anaximandro já idoso, perguntei a ele sobre Pitágoras, ele riu falando que eu não gostaria de conhecê-lo, que se eu fosse realmente aquela Sophie que ele conhecera anos atrás, eu detestaria conhecer Pitágoras, e realmente, ele estava certo.De todas as minhas viagens, conhecer Pitágoras foi a mais chata das aventuras, apesar de ter aprendido matemática com ele, pois era um gênio matemático, ele só pensava em matemática e em sua religião, a mais sem sentido que já vi em toda a minha vida...
VOLTEI ENTÃO PARA A GRÉCIA, para falar com meu meio-irmão Platão, mas ele já estava adulto e muito conhecido em todo o mundo como o sucessor das ideias de Sócrates. Era muito bom revê-lo depois de anos sem partilharmos da presença um do outro, ele estava muito bem, me contou de tudo que aprendera no Egito e de tudo que passou com os dois Dionísios, por causa de seus ensinamentos.Também contei de todas as minhas aventuras com Tales e com Pitágoras, ambos entramos em acordo que algumas de suas ideias eram realmente chatas e demos muito risada, que às vezes não basta ser um gênio, tem que se ter carisma também, aproveitar a vida, e isso S&oacut
ACABEI VOLTANDO PARA MILETO, reconheci logo por causa da escola, eles não tinham mudado nada.Quando fui conversar com o professor, era Anaxímenes, um jovem extraordinário e muito legal, aberto a diálogos, foi muito bom conversar com ele.Anaxímenes começou a me explicar as teorias do seu professor Anaximandro, sem ele saber que eu já o tinha conhecido anos atrás junto com Tales. Ele me falou que seu mestre falava que oArquê, é tudo aquilo que é arcano, antigo, e oApeiron, é o infinito, e que tudo no mundo
FUI PARA A MACEDÔNIA, no palácio do rei Felipe, um homem enorme e muito bonito, reconheci Aristóteles logo de imediato, cumprimentei-o, e ele também me reconheceu, perguntou o que eu estava fazendo ali, pois ele pensava que tinha se livrado de mim, já que Platão gostava mais de ficar comigo do que com ele.Falei para ele parar de ciúmes, já que eu e Platão tínhamos sido criados por um mesmo pai intelectual, e que a nossa relação era diferente da relação que eles tinham um com o outro, mas não posso negar, mesmo ele sendo tão chato, gostava de Aristóteles, e sem dúvidas, ele foi mais inteligente que seu mestre Platã
LOGO EM SEGUIDA ME VI EM ROMA, percebi por causa do Coliseu que era algo fantástico, não estava destruído como estava quando eu fui ao meu aniversário de cinco anos, estava lindo, perfeitamente construído, repleto de estátuas ao redor, era uma cidade maravilhosa.Sabia muito pouco de latim, voltei mais alguns anos no tempo até que encontrei Cícero, pois ele falava grego muito bem, e me ensinou a falar latim perfeitamente, ele era muito gentil, adorava assistir aos espetáculos que tinham ali, eu repudiava aquilo, fui apenas uma vez por insistência dele, mas quando vi aquele matadouro, cheguei até ter ânsia, pois nunca tinha visto um espetáculo de horrores c
NA VERDADE, NEM FUI para muito longe na máquina do tempo, continuei em Roma mesmo, apenas alguns anos à frente, onde encontrei sem querer um casal se beijando e que assim que me viram ficaram extremamente perplexos, era Sêneca e Julia Livilla, a irmã de Calígula, aquele pobre desgraçado e pervertido. Os dois logo no começo juraram que eram marido e mulher e que só estavam ali, pois queriam ficar a sós, mas eu achei que eles estavam se justificando demais, por serem marido e mulher, ainda mais a uma desconhecida.Fiz amizade facilmente com Sêneca, já Julia, se fez minha maior inimiga, já que, assim que seu irmão me viu, logo já ficou todo assanhado p