Bella tocou na maçaneta enquanto a mala repousava ao seu lado, como um último suspiro de uma decisão que já não tinha volta. Encostado na parede do quarto, ele observava cada movimento dela.— Espere, Bella — pediu e deu dois passos largos, encurtando a distância entre eles. Seu peito subia e descia em um ritmo descompassado. — Por favor.Ela parou, mas não saiu do lugar. Sua mão apertava a alça da mala, e os lábios trêmulos não emitiam som. Bryan se aproximou mais, como se seu próprio corpo fosse incapaz de obedecer ao pedido silencioso de distância.— Preciso ir — sussurrou, sem encarar diretamente o rosto dele. Seus olhos vagavam pelo chão.— Não posso deixar você sair assim. — Bryan segurou-a pelo braço com suavidade para impedi-la de continuar. Ela ergueu os olhos, chocando-se com a intensidade do olhar do homem que a impedia de sair. Antes que Bella pudesse articular qualquer resposta, ele a puxou para si com um ímpeto avassalador. Seus lábios encontraram os dela, exigentes,
O sol do meio-dia brilhava na Ilha Maiorca, Espanha, com suas falésias escarpadas e praias de areia dourada que contrastavam com o azul cristalino do mar Mediterrâneo. Kevin Harrison, passou o lenço pelas gotas de suor em sua testa enquanto sentia o calor implacável ao desembarcar.O vento quente agitava seu cabelo, pontuado por fios grisalhos, enquanto ele caminhava em direção à residência de luxo onde o filho morava.Sempre elegante, Justine esperava-o na entrada. Seu vestido azul realçava a postura impecável, mas o semblante denunciava a preocupação que a atormentava. Sem se deter muito, Kevin apenas lhe deu um beijo casto e entrou.— Onde ele está?— No escritório… — a voz feminina respondeu. — Por favor, tenha paciência… ele continua revoltado com a família Gambino. — Justine acompanhava o marido que se dirigia diretamente ao escritório onde Bryan o aguardava.A porta se fechou atrás de Kevin. Os olhos azuis se concentraram nas costas do rapaz com um terno azul-marinho profundo
— Entre e procure por ela se quiser… — Kevin deu um passo para o lado.— Esse homem não vai entrar na minha casa. — Bryan se impôs em toda sua altura, bloqueando a passagem com o corpo.— Sai do caminho, porra! — Do outro lado, o senhor Harrison apertou os dentes ao vociferar para o filho.Antes que algo pior acontecesse, Justine tocou a mão direita do Bryan.— Por favor, meu filho… Pense na vó Laura e na sua irmã… — As palavras dela vacilaram enquanto os olhos cor de âmbar brilhavam com as lágrimas prestes a cair.Mesmo a contragosto, Bryan cedeu. Sem pronunciar mais nenhuma palavra, virou-se bruscamente, caminhando para dentro. A madeira do assoalho rangeu sob o peso de seus passos firmes, enquanto a porta foi aberta com brusquidão, permitindo que Lorenzo e seus capangas invadirem o espaço. Eles empurraram a porta com força ao fechá-la.Kevin imediatamente abraçou Justine, apertando-a contra si em um gesto de proteção. — Vai ficar tudo bem, amore mio. — O senhor Harrison sussurrava
O estouro do Champanhe Dom Perignon Brut fez com que duas mulheres gargalhassem. Romeo estava exultante enquanto comemorava o sucesso da missão. Ele carregava aquela garrafa consigo desde que sua mãe entregou. Segundo ela, Enrico tinha deixado para abrir numa ocasião especial e, para Romeo, o sucesso de sua vingança era o momento ideal. Finalmente, tinha se livrado de um dos membros da família Harrison Giordano, mas ainda faltavam mais dois. — Justine e Bryan serão os próximos. — Ele ergueu a taça no ar enquanto assistia ao noticiário que comunicava a morte da Juíza Caroline Wisbech. — Depois, vou acabar com aquela traidora. — Sussurrou para si. — Volte para cá, Romeo. — Uma das garotas, que estava na hidromassagem, chamou por ele num tom manhoso. — Já vou! — Romeo bebeu todo o champanhe e foi pegar a garrafa e mais duas taças. O celular vibrou sobre a mesa, mas ele não fez questão de atender o pai de Bella. Animado, ele foi se divertir com as duas lindas mulheres para relaxar._
Ao invés de recusar, Bella decidiu acompanhá-lo. Ambos foram ao Hard Rock Café, um local com música ao vivo onde ela conseguiu comer um pouco junto ao seu novo amigo. — Por que veio para cá? — Alex passou a mão pelo rosto recém-barbeado, exibindo a proeminência no queixo. — Queria conhecer os museus da França, faço pós-graduação em Belas-Artes. — Sorriu quando falou a verdade. — E você? — Ela pegou o copo do suco ao indagar. — Tive que me afastar de uma pessoa… — O sorriso desapareceu do rosto com a mandíbula mais larga. “Então, ele está aqui pelo mesmo motivo.” Bella sussurrou em seus pensamentos enquanto saboreava o suco. — Você ainda gosta dessa pessoa? — Bella foi direta ao questioná-lo. — Acho melhor mudarmos o assunto… — ele deu uma mordida no hambúrguer e olhou a chuva fina que batia contra a vidraça. O segundo dia na França pareceu-lhe um recomeço perfeito para a garota que fugia de sua família. Bella continuou comendo e falando sobre a sua paixão por artes. Naquele m
Os olhos de Bella descortinavam as ruas do Centro de Lyon, quando o motorista parou o táxi em frente ao hospital Saint-Mary. — É aqui, mademoiselle. Bella jogou a revista dentro da bolsa e deu o dinheiro da corrida para o motorista. — Merci beaucoup! — Bella agradeceu e então desceu. O olhar dela voou para cima enquanto reparava na imponência do edifício à sua frente. Não tinha noção de como encontraria o novo amigo. Abaixou os olhos para o cartão em sua mão e, ao suspirar, tomou coragem e atravessou a porta automática. Na recepção do hospital, ela se aproximou e sorriu para a atendente de cabelos loiros, que usava um uniforme impecável. — Excusez-moi, pouvez-vous m’aider, s'il vous plaît? — Educadamente, Bella pediu ajuda para a recepcionista do hospital. — Oui, mademoiselle… — a moça simpática parecia bastante disposta a ajudar. Sem saber como continuar a conversa, Bella mostrou o cartão com o nome do Doutor Alex… A funcionária deu uma rápida olhada e então tirou o telefone d
Alguns dias se passaram desde o enterro de Carol.Em certa manhã, Kevin estava no quarto de uma de suas luxuosas casas em Milão. No quarto, ele encarava o espelho com a expressão de quem vê um intruso em sua própria pele, pois o reflexo lhe mostrou um rosto com olheiras profundas, a barba por fazer, e uma exaustão que parecia ter se impregnado em cada linha de sua face. Sua mão tremia levemente enquanto ajustava o colarinho da camisa, uma tentativa fracassada de compor uma aparência minimamente digna. — Vamos, Kevin. Pelo menos finja que é humano hoje — murmurou para si, sua voz carregada de sarcasmo e desdém.Inesperadamente, os passos ecoaram pelo corredor e, então, Justine abriu a porta do quarto e o encarou com o olhar comprimido.— Kevin, você está pronto? — A voz dela estava cheia de uma exasperação contida. — Vamos nos atrasar para o desfile da Giovanna. Ele não respondeu de imediato. Passou as mãos pelos cabelos e virou devagar para o lado oposto. — Não vou. — Focando os o
A noite em Lyon era fria, e Bryan avançava pelas ruas de paralelepípedos com pressa, sentindo seu coração pulsar forte no peito. Após dias de buscas incansáveis, conseguiu acesso às imagens das câmeras do hotel onde ela havia se hospedado. Sentado diante da tela, acompanhou cada segundo das imagens até que, enfim, viu a Bella passando pelo saguão do hotel com uma pequena mala. Os seus olhos varriam o entorno com a precisão de quem não podia perder um único detalhe até que ele a viu entrando em um táxi e, sem perder tempo, apanhou o celular e tocou em um de seus contatos na tela brilhante. — Localizem esse motorista — ordenou, sem desviar os olhos do vídeo. — Sim, senhor! — Respondeu o funcionário meticuloso e eficiente. O rastreamento da placa do carro foi rápido e eficaz. Meia hora depois, Bryan já estava diante do taxista. — Você viu essa mulher? — Virou a tela do celular para mostrar a foto de Bella. — Não posso dar informações sobre passageiros. — Relutante, o homem de meia-