Conversar com Amélia no último fim de semana foi reconfortante e desafiador. Por diversas vezes quase revelou a identidade de Alberto. A reprovação de sua prima tinha motivos, se observado pela visão dela, era um relacionamento tóxico. Mas Mel não sabia de praticamente nada sobre eles. Ela não conhecia a profundidade de seus sentimentos, nem mesmo os sonhos que construiu com esse homem. Alberto insistia em ir até sua casa, mas ela se recusava a recebê-lo. Bloqueou as ligações e mensagens, não queria olhar para ele e ver aquela imagem odiosa novamente. Pensando bem, ela era culpada por isso. Tudo entre eles mudou depois daquela sessão de dominação sádica. Sam se sentia fraca e irrelevante para o homem que tinha ao seu lado. Depois daquilo, ele se tornou reticente e às vezes frio, mas abandonou o relacionamento que tinham. O sexo se tornou convencional, e Sam desenvolveu a ideia obsessiva de preencher esse vazio no peito com um bebe. Certamente, esse também era mais um motiv
Amélia A raiva fervilhava dentro dela só de olhar o estado apático de Samanta. Soube na última conversa que tiveram, que o namorado escrota estava traindo sua prima. O que para ela, não era surpreendente. Esse homem era um lixo, que só fazia mal a Sam. Totalmente diferente de Ícaro, que cuidava dela em todos os sentidos. - Sam, você precisa dar um basta nessa situação. Nada de bom pode surgir do envolvimento com esse babaca. – Amélia segurou as mãos dela por cima da mesa. O restaurante estava pouco movimentado depois das duas da tarde, e assim, se sentiu mais tranquila para falar abertamente com ela. - Eu sei que preciso terminar. Mas ainda não consigo olhar para ele. – os olhos dela marejaram, Sam bebeu a taça de vinho de uma vez. O hábito de se afogar no álcool a cada frustração e desilusão, preocupava Amélia. Esse problema vinha desde que Sam perdeu Pietro. Nem mesmo os sentimentos sinceros de Guilherme, foram o suficiente para resgatá-la daquela trilha de auto des
A conversa com Samanta naquela tarde a dois dias, ficou martelando na cabeça de Amélia. Não queria pensar em sentimentos, não quando tinha certeza de que eles só servem para manipular as mulheres. Ícaro era um ser humano fora da curva, mas não deixava de ser homem. Saber da possibilidade dessa descoberta a deixou confusa e preocupada. Às vezes, quando estavam juntos transando ou fazendo qualquer coisa em casa como parceiros, ela se perdia no medo desproporcional que sentia com relação a isso. A perspicácia dele era afiada, logo notou que havia algo incomodando Amélia. Ela jogou a viagem dele como motivo. Ícaro estava evitando falar sobre a viagem aos Estados Unidos por algum motivo desconhecido. Portanto, essa desculpa foi bem eficaz. Ao término de uma sessão maravilhosa, ele disse que viajariam juntos. Amélia, que estava tentando se manter distante dos próprios sentimentos e enfiar a cabeça na terra, ficou em pânico. Pediu para ficar, com várias alegações de trabalho e s
Ao abrir a caixa, o choque e a dor tomou conta dela. Amélia não conseguia conter as lágrimas, pressionando os lábios para silenciar qualquer som. Dentro do embrulho havia um bolo, com o formato de uma cabeça de porca. A voz de Fernando ecoou dentro da cabeça dela. “Você sempre será uma porquinha. Meu bichinho de estimação!” “Onde você pensa que vai, porquinha?!” “Ande de quatro, como a porca que você é!” Não se lembrava de como chegou a sua sala naquele dia. Levou um tempo para que conseguisse parar de chorar. Para piorar, naquela tarde houve uma reunião emergencial com o departamento de criação. Algumas mudanças foram solicitadas para o projeto Bahamas e a equipe estava em um beco sem saída com essas novas exigências dos sócios. Alberto coordenava a equipe. Furioso com a incapacidade de encontrarem uma solução, ele lançou olhares glaciais na direção de todos. Amélia não escapou ilesa. Houve críticas ferozes à demanda crescente da aprovação orçamentária que passava por s
Amélia mirou seu reflexo desgrenhado no vidro do elevador. Tentou se arrumar mais, para evitar ser alvo dos ataques daquelas mulheres pelo menos hoje. Mas aparentemente, era incapaz de manter uma aparência apresentável. Tudo foi estragado depois de sair do carro com o guarda-chuva pequeno, que não a protegeu em nada das gotas grossas de chuva. Estava ansiosa para acabar logo com aquela reunião e voltar para sua sala, longe dos olhares discriminatórios, mas agora estava horrível, certamente seria um alvo novamente. Queria se enfiar em um buraco e se esconder dos olhares desaprovadores e não ter que lidar com ninguém hoje. As portas do elevador estavam se fechando, uma mão enorme a segurou. - Eu pego o próximo, obrigada. – imaginava que fosse um dos diretores, não queria ficar perto de ninguém nesse estado. Queria tempo para ficar apresentável, no banheiro da sua sala. No entanto, a pessoa não retirou a mão. Não era nenhum membro do conselho. Alberto Darius direcionou uma ol
Já passavam das três da tarde, quando consultou o relógio. Perdeu completamente a noção do tempo enquanto se aprofundava no trabalho sobre sua mesa. Mas estava muito satisfeita com a evolução e suas novas ideias, pensava em descer para comer algo quando Ticiano bateu levemente na porta e colocou a cabeça para dentro com um sorriso amistoso. - Percebi que não saiu da sua sala hoje, queria saber como está e se já almoçou. - Confesso que perdi a noção do tempo, meu amigo – deu um risinho amarelo, imaginava que ele avaliava seu rosto desfeito com a maquiagem mal feita. – Eu ainda não almocei, pensava em ir agora. Me acompanha? Ele entrou com seu terno perfeitamente alinhado carregando uma sacola e se sentou de frente a mesa sorrindo. - Acho que vai gostar disso. – ele começou a dispor potes descartáveis de comida sobre a mesa, que exalavam um cheiro maravilhoso. – Como não a vi sair, imaginei que estava sem comer. Quando fui buscar meu almoço, pensei na gente comer juntos. - Es
Alberto - Que irritante! Como Ícaro pode manter um funcionário tão insubordinado? – Camila comentou, caminhando elegantemente ao seu lado, até que chegaram à ampla sala dele. Decorada com padrões abstratos em tons terrosos e sóbrios, aquele ambiente refletia muito do que era a personalidade de Alberto Darius. - Não faça comentários tão críticos. – se sentou no sofá de couro caramelo. Logo ela se aproximou, se acomodando na frente dele, na mesa de madeira escura. Camila observou seu rosto com um sorriso malicioso, jogando seus cachos para trás. - Sabe, por um instante, fiquei animada. – o bico de seu Louboutin começou a subir pela perna dele, até que Alberto agarrou seu tornozelo. O salto dela pressionou a coxa dele. Ele apertou a mão que a segurava, a força empregada fez os músculos e nervos estalarem. Camila passou a língua pelos lábios pintados de um tom de nude clássico. Ela se deliciava com a dor que estava sentindo. - Já disse para não fazer isso. - O que posso
Amélia Seu celular vibrava insistentemente, deu uma olhada na tela; era Ícaro quem estava ligando. Resolveu chegar em casa primeiro para conversar tranquilamente. O telefone parou depois da quinta chamada não atendida e o percurso passou a ser completamente silencioso. Não conseguia tirar da cabeça aquela visita inesperada de Alberto Darius e daquela mulher. O jeito como ela falou o nome de Ícaro foi tão íntimo e pessoal. A inquietação permaneceu depois que eles saíram. A imaginação formava imagens de Ícaro e Camila Camargo juntos. Tinha certeza que os dois eram próximos de alguma forma. Mas o quanto essa verdade e quanto era só especulação? Eles ficariam belíssimos juntos, pensou enquanto estacionava na rua da faculdade. Pegou suas coisas no carro pensando na forma como aquela mulher poderia encantar qualquer homem. O par perfeito para ele com certeza era uma mulher como Camila, ela podia ser um fetiche, mas de alguma forma atrapalhava o envolvimento dos dois. Talvez,