AméliaAmélia não conseguia parar de pensar no que aconteceu de manhã na entrevista com Ícaro. Tentou prosseguir com sua rotina, coisas como estudar para a sua tese da faculdade, arrumar a casa e também procurar outros anúncios de emprego na internet.No fim, acabou participando de mais duas entrevistas à tarde; ambas para trabalhar como garçonete em casas noturnas. Foi muito desagradável ver a cara daquelas pessoas das agências, quando se candidatava a uma vaga na sua área, elas a olhavam como se ela fosse inadequada e pretensiosa em querer um emprego assim.Seu currículo acaba sendo selecionado pelas experiências anteriores. Se sentia perdida, essa era a primeira vez que enfrentava algo parecido com o que houve com Ícaro. Estava confusa e com muito medo.Ela perdeu completamente a noção quando ele a beijou hoje, era como se Ícaro adentrasse todas as suas barreiras emocionais e físicas em apenas um toque. Seu coração galopava feito um louco, só de se lembrar de seus olhos penetrante
O lençol da sua cama tinha o cheiro de amaciante de roupas, ela aspirou aquele cheiro que tanto gostava quando se jogou sobre ele.Tinha trocado a roupa de cama cedo e amava aquela utopia de cheiro de roupa lavada; Sam se sentou de frente para ela preenchendo seu quarto com aquela presença vibrante que ela tinha naturalmente.Sam era fruto de uma aventura amorosa de sua mãe com um simples capataz da fazenda da família. Para abafar o escândalo da traição, a mãe dela entregou a filha recém nascida ao pai e eles foram mandados para longe da vida perfeita de sua progenitora. Só descobriram a existência uma da outra, quando Samantha já tinha onze anos, e ficou muito doente. Ela tinha um tipo de sangue raro, e precisou da mãe para a doação.As famílias estavam reunidas para alguma comemoração, houve uma cena que assustou demais as duas meninas, mas no final, foi Amélia quem se aproximou da menina doente que mal conseguia ficar de pé, e a amparou preocupada.Depois disso, ela sempre fugi
Na manhã seguinte se sentia um trapo humano, a forte dor de cabeça pela falta de descanso não seria motivo para se levantar tarde.Esticou a coluna bocejando, estudou os projetos beneficentes da Acrópole a noite toda, agora já tinha noção do que eles esperavam para uma premiação como aquela.Teria que ralar muito para ganhar.Escovou os dentes com pressa, colocou um jeans surrado e uma blusa de alças finas preta. Precisava sair logo, para não se atrasar para a reunião com o orientador na faculdade.A tarde deveria comparecer na Holding, para a entrega de documentos e assinar seu contrato de trabalho. Estava marcado para às três da tarde, então teria um tempinho no almoço para se arrumar.Passou um café forte e tomava uma xícara bem generosa quando viu uma Samantha de pijama amassada e cabelo armado, com cara de dor adentrando a cozinha.Com um gesto dramático de suas mãos compridas, pediu café assim que se jogou sobre uma cadeira.-Bom dia Sam, chegou tarde ontem hein. Conheceu algum
O tempo passou rápido, desde a contratação. Hoje se completam duas semanas desde que ela começou a trabalhar naquele império da arquitetura moderna.Amélia estava maravilhada com a grandiosidade da Acrópole e seus projetos, estruturas e a forma como eles valorizavam o talento individual de cada funcionário.A única coisa que a incomodava, era que não podia se relacionar com maior profundidade com o pessoal da criação, que era seu maior interesse. Isso porque foi designada para ficar no andar da presidência.Não fazia ideia do motivo que tinham para colocar uma estagiária em um andar que praticamente ficava deserto. Os membros da diretoria apareciam espaçadamente, e nunca estavam todos juntos. A sala que lhe deram tinha cerca de dois metros por um e meio. E ficava praticamente escondida entre a sala da presidência e os corredores de três salas que pertenciam ao diretor de criação, Alberto Darius e a um diretor financeiro que se chamava Rafael Ávila.Até agora não houve nenhum problem
A aceleração compulsiva ressoava por todo o corpo, mais uma vez estava presa na profundidade dos olhos dele. Não fazia ideia de quando ele entrou na sua sala e nem como fez isso em total silêncio.Ele deve ser algum tipo de ilusionista ou sei lá o que. Uma atração invisível e inimaginável não permitia que seus olhos se desviassem dela. Um desejo desconhecido de tocar seu rosto e sentir seu corpo forte só mais uma vez. Amélia afundava naquele mar de prata derretido, à deriva da razão, estava enlouquecendo. A pressão daquelas sensações que se apoderaram dela na presença dele, ligou o alerta de perigo.Cruzou os braços sobre o peito em uma atitude inútil de defesa dos próprios desejos. Se sentia patética por ser atraída por Ícaro Darius.- Gostou da Acrópole? - ele disse caminhando lentamente em direção a ela.“ Essa sala é pequena demais para ele e para mim!” Pensou ao ver que só com alguns passos ele poderia tocá-la.O maldito terno cinza claro, se moldava perfeitamente aos músculos d
Sem dar a menor atenção a sua fraca súplica, ele a calou com seus lábios exigentes, pressionando os dela e buscando e se apoderando de sua boca e de todas as suas vontades. Amélia nem percebeu que abria os lábios para ele, correspondendo a sua língua experiente, se arrepiava inteira, aquecida em uma profusão de sensações nunca sentidas. Era como se o tempo parasse e restasse somente eles. Ícaro a prendia com seu magnetismo, ela queria se perder naquele precipício de luxúria tentador à sua frente, queria tudo o que ele oferecia e todos os desejos mais profundos de seu interior secretos até mesmo para ela. A intensidade daquele beijo consumia a pouca razão que lhe restou, estava a ponto de se perder quando sentiu o toque dos dedos dele descerem pelas cicatrizes maiores em suas costas.Como fumaça, todo o encanto desapareceu e ela o empurrou com toda força que conseguiu reunir.- O que foi agora?! – Ícaro olhou para ela.Um misto de frustração, desejo e raiva em sua expressão marcan
Tudo o que queria era estar nos braços dele. Nesse momento jamais poderia dizer NÃO. Envolvida totalmente na ânsia de suas vontades, só conseguiu balançar a cabeça em concordância.Sentiu Ícaro sorrir com o rosto enterrado no pescoço dela.- Mantenho um apartamento aqui na cobertura. - ele beijou sua boca novamente, olhando nos olhos dela.Seu coração batia tão forte que ela teve medo de que ele parasse a qualquer momento. O toque dele, era como uma droga em seu sistema. Transformando suas resoluções e barreiras em pó.Novamente ela acenou, concordando, se deixando conduzir para fora de sua sala.Aparentemente, o andar todo estava a meia luz. Todos já haviam encerrado o expediente e ido embora. Apesar do silêncio entre ambos, os olhares continuavam constantes. Amélia ficou ao lado dele tentando voltar a raciocinar com clareza. Ícaro provocava um torpor semelhante ao que o desconhecido daquela noite fatídica do seu passado. Pensando de forma prática, seria bom acabar logo com aquilo e
Amélia estremeceu quando sentiu que ele a tomou em seus braços, agarrando suas curvas imperfeitas com desejo, impondo sua vontade. Ícaro beijou sua boca, levando as mãos dela ao botão de sua calça. - Termine o que você começou, Amélia. – o toque dele deslizou por suas costas, percorrendo as queimaduras, provocando um estado de tensão e medo. - Você é tão gostosa! – a mão dele segurou seu pescoço com força inclinando sua cabeça para trás. – Quero te provar inteira, pequena.Esse gesto a desarmou de seus medos, seus olhos marejados encontraram os dele. Não havia julgamento e nem perguntas na expressão do homem que carregava seu corpo marcado até a alma, para a cama. Sua íris transmitia confiança, um porto seguro para toda a sua escuridão.Ícaro manteve seu abraço quente até sentir que ela já não tremia mais, que estava certa em prosseguir com o que estava fazendo. - Me faça esquecer... – pediu mantendo aquele contato.- Amélia...- aquela voz tão profunda quando falava o seu nome, er