Dominic e Vivienne parecem presos naquele instante, onde a pequena tela exibe seus filhos. É um momento mágico, surreal, carregado de um amor tão profundo que faz seus corações se aquietarem, preenchidos por uma sensação de plenitude absoluta.Dominic segura o rosto dela com as duas mãos, o toque gentil, os polegares deslizando suavemente por sua pele, como se quisesse gravar aquele instante na memória. Então, sem pressa, ele se inclina e deposita um beijo suave em seus lábios, transmitindo todo o amor e admiração que sente.Ao se afastarem, seus olhares se encontram e o dele brilha com algo que aquece o coração de Vivienne, gratidão. Pura, intensa, silenciosa. Como se, sem palavras, agradecesse pelo momento, pelo amor e pela família que agora pertencia a ele. Vivienne sorri, sentindo as lágrimas marejarem seus olhos. E Dominic apenas a encara com aquele olhar doce e apaixonado, deixando claro que, naquele instante, ele não poderia ser mais feliz. — Eu nunca pensei que poderia me sen
Ao saírem da clínica, Dominic dirige tranquilamente, mantendo uma mão firme no volante, enquanto a outra repousa sobre a perna de Vivienne, um gesto automático de carinho e proteção.Vivienne observa a cidade passando pela janela, mas sua mente continua presa ao que acabaram de vivenciar. O som dos batimentos dos bebês ainda ecoa em sua mente, assim como a imagem dos três se movendo na tela, pequenos e perfeitos. Seu peito se aquece, e um sorriso delicado se forma em seus lábios, enquanto desliza a mão suavemente sobre a barriga.Dominic, atento como sempre, desvia rapidamente o olhar para ela e captura sua expressão serena. Ele conhece aquele sorriso, aquele brilho no olhar que ela nem percebe estar estampado em seu rosto.— No que está pensando? — Dominic pergunta, sua voz baixa, mas cheia de curiosidade.— Que tudo parece mais real agora. — Vivienne responde, a voz suave, quase como um pensamento em voz alta. — Como se eu já pudesse sentir cada um deles nos meus braços.— Foi incrí
Florence exibe um sorriso afetuoso, carregado de uma preocupação materna e saudade, ou pelo menos é o que Vivienne pensa nos primeiros segundos. Mas, assim que os olhos da mãe pousam em sua barriga, o sorriso se desfaz instantaneamente. Seus lábios se contraem, a suavidade anterior desaparecendo, dando lugar a uma expressão de puro desprezo. Um brilho raivoso pisca em seu olhar, tornando-se mais intenso a cada segundo.Antes que Vivienne possa reagir, Florence levanta a mão, tomada pela fúria, e o movimento é tão rápido quanto inesperado. Mas antes que o golpe possa atingi-la, um aperto firme, segura seu pulso no ar.O aperto de Dominic é firme, como se seu instinto de proteção tivesse assumido o controle antes que sua mente processasse o que estava acontecendo. Seus olhos estão escuros, perigosos, e a tensão em seu maxilar deixa claro que ele está segurando muito mais do que apenas a mão de Florence, ele está segurando a si mesmo para não perder o controle.— Parece que você perdeu c
Por um instante, Florence vacila. Seus olhos pousam sobre as alianças, e o choque cintila em seu olhar antes que consiga mascará-lo. As palavras de Vivienne ecoam em sua mente como marteladas, destruindo, uma a uma, as fundações de seus planos meticulosamente traçados. Casada. O peso da palavra ressoa em sua cabeça, deixando um gosto amargo em sua boca.Como Vivienne ousou? Como teve a audácia de tomar essa decisão sem os consultar? Sem pedir permissão?A ideia de que sua filha, que sempre esteve sob seu controle, agiu por conta própria, tomou posse de sua vida e fez uma escolha irreversível, é algo que ela simplesmente não pode aceitar. Seu maxilar se contrai sutilmente, suas unhas se cravam em suas próprias palmas. O sorriso ensaiado continua em seu rosto, mas seus olhos dizem outra coisa.— Meu amor. — Vivienne começa, sua voz suave, mas carregada de intenção. Ela se vira para Dominic, os olhos implorando por compreensão. — Pode nos deixar sozinhas?— De jeito nenhum. — Dominic res
Agora, sem a presença esmagadora e ameaçadora de Dominic, Florence sente a atmosfera da sala mudar. O controle desliza de volta para suas mãos. Ela inspira lentamente, ajustando-se à nova dinâmica, erguendo o queixo, recuperando a postura imponente e o olhar afiado e calculista.Vivienne pode ter se casado, pode ter se afastado, pode até se iludir, achando que é independente. Mas, no fundo, continua sendo a mesma garota que sempre se curvou diante da força esmagadora da mãe. Nunca passou de uma marionete nas mãos de quem sabe puxar os fios certos. E a atitude dele apenas escancarou a verdade, ela pode ter trocado de dono, mas continua maleável. E ela sabe exatamente como a dobrar.Sem sequer pedir permissão, ela avança para dentro do apartamento, os saltos ecoando no chão com a mesma firmeza de sua presença. Move-se como se fosse dona daquele espaço, cada passo um lembrete silencioso de quem realmente está no comando. Então, sem pressa, sem sequer olhar para trás, fecha a porta. Selan
No quarto, Dominic ouve o grito rasgado de dor de Vivienne, e algo dentro dele se parte. A necessidade de ir até ela, de envolvê-la nos braços, de protegê-la de tudo que a fere, se agita como uma fera dentro de seu peito. Mas ele se contém.Cerra os olhos com força, os punhos tremem ao lado do corpo, até que a frustração explode. Em um único movimento, soca a parede ao lado da porta, sentindo o impacto reverberar por cada fibra do seu ser. Como se, de alguma forma, pudesse tomar para si a dor dela. Como se pudesse carregá-la em seu lugar. Ele odeia estar ali, trancado e impotente.Entende que ela precisa enfrentar esse momento, precisa confrontar seu passado, mas isso não torna as coisas mais fáceis. Não diminui a dor sufocante de não estar ao lado dela. De não ser o escudo entre Vivienne e os demônios que a assombram. É insuportável. Difícil. E, acima de tudo, doloroso.— Droga, droga, droga. — Resmunga, passando as mãos pelos cabelos, caminhando de um lado para o outro no quarto, te
Vivienne se afasta bruscamente, rompendo o toque como se tivesse sido atingida por uma corrente elétrica. O choque percorre sua espinha em um arrepio gélido, cada fio de seu corpo reagindo ao veneno oculto nas palavras de Florence, à severidade impiedosa daquele olhar que sempre a fez se sentir pequena. Por um instante, o passado tenta arrastá-la de volta, o medo sufocante, a sensação de impotência, o peso de nunca ser suficiente.— Não toque nos meus bebês! — Vivienne vocifera, a voz saindo áspera, quase um grito, enquanto suas mãos se fecham sobre a barriga em um instinto primitivo de proteção.Florence arregala os olhos, os lábios entreabertos em choque, a incredulidade se transformando rapidamente em algo muito pior. Algo que fermenta, que consome, que devora cada traço de sua expressão com pura fúria.O sangue dela ferve. Uma fúria cega, irracional, se espalha por seu corpo como um veneno corrosivo, envenenando qualquer traço de racionalidade. Seu rosto se contorce, os olhos se t
Instantaneamente, Dominic congela, todo o ódio fervente, toda a raiva cega que pulsa em suas veias parece evaporar no instante em que ouve sua voz. É como se o mundo ao seu redor perdesse o som, como se o furacão dentro dele fosse brutalmente silenciado.— Não faça isso, Dom. — Vivienne implora, a voz fraca, mas carregada de urgência. — Não destrua a sua vida por alguém que nunca valeu nada. — Continua, seus dedos trêmulos deslizam pelas costas dele, buscando trazê-lo de volta para ela. — Ela não merece um segundo da nossa paz, não merece a nossa felicidade.Dominic enrijece sob o toque, a respiração pesada, o corpo inteiro vibrando com a fúria que, gradualmente, se dissipa. O calor dela, a presença dela, o simples fato de que ela está ali, real, viva, sua, é suficiente para fazê-lo ceder. Ela suspira, aliviada, no instante em que a mão dele finalmente se afasta do pescoço de Florence. Então, em um único movimento, Dominic se vira e a envolve em um abraço apertado. Seu corpo treme, os