Dominic volta o olhar para o copo de uísque, sua mão se movendo em direção a ele com uma hesitação que não lhe é característica. O tremor evidente em seus dedos o irrita profundamente, uma demonstração de fraqueza que ele despreza, fazendo-o apertar o copo com força desnecessária antes de levá-lo aos lábios, esvaziando-o num único movimento. O cristal encontra o balcão com força excessiva, uma fina rachadura se formando na base, um reflexo físico de seu próprio controle se fragmentando. Finn observa, em silêncio, anos de amizade, permitindo-lhe reconhecer cada pequeno sinal de perturbação que o amigo tenta, sem sucesso, mascarar.— Interessante. — Dominic murmura, sinalizando ao bartender por outra dose. — Então, ele não a manteve tão reclusa quanto imaginei. — Acrescenta, seu olhar penetrante encontrando o de Finn, buscando respostas. — O que sabe sobre ela? Sobre o relacionamento deles? — Questiona, cada palavra saindo como uma exigência disfarçada.— A convenção em Genebra que você
Dominic para em frente à porta de seu apartamento, evitando deliberadamente o olhar analítico de seu avô que parece dissecá-lo. A última coisa que precisa agora é mais uma sessão de confrontos que apenas intensificarão seu estado já crítico. Retira hesitante a mão do bolso, os tremores acentuados denunciando não apenas sua dificuldade em acionar o painel digital da porta, mas também o quanto sua condição está alterada.— Por que você bebeu, Dominic? — Grant questiona, sua voz grave cortando o silêncio, enquanto seus olhos experientes catalogam cada sinal de deterioração no estado do neto que tanto se esforça para manter sob controle.— Porque eu precisei. — Dominic responde, com descaso, virando-se para encarar o avô e apoiando-se na porta numa tentativa de mascarar sua instabilidade crescente.— E compensou o resultado da sua embriaguez? — Rebate, a irritação pela irresponsabilidade do neto misturando-se com uma preocupação que ele não consegue disfarçar totalmente, não depois de tan
Dominic repousa a cabeça no encosto do sofá e fecha os olhos, enquanto o som insistente da campainha parece perfurar seus ouvidos já castigado. Logo os toques eletrônicos são substituídos por golpes na porta, mesclando-se com os protestos estridentes da mulher, uma sinfonia do caos que ele se recusa a processar.— Não irei embora, Dominic. — A voz da mulher invade o ambiente, fazendo-o massagear as têmporas. — Abra essa porta! — Exige, com uma suposta autoridade que arranca dele um sorriso cínico. — Você me conhece o suficiente para saber que posso passar a tarde toda aqui. — Continua, a ameaça em sua voz soando como uma tentativa amadora de intimidação.— Verdadeiramente fascinante como o inferno consegue ser mais atraente a cada minuto. — Dominic murmura, com um humor irônico, finalmente cedendo ao inevitável.Com passos intimidadores, ele caminha até a porta e abre-a num movimento brusco. Sua presença imponente causa o efeito esperado, fazendo a mulher recuar instintivamente. Seu o
Vivienne tenta dominar a surpresa que aquela pergunta provoca, seu corpo tenso, enquanto tenta decifrar as camadas de significado nas palavras dele. Permanece estática segurando a porta, sua respiração altera-se sutilmente com a proximidade perturbadora do corpo dele. O nervosismo percorre sua espinha, quando um suspiro traiçoeiro escapa de seus lábios, traindo seu desconforto, quando Dominic invade seu apartamento com aquela elegância intimidadora que parece sua marca registrada, como se convenções sociais como convites ou permissões fossem irrelevantes para alguém de sua estatura.— Por que ainda não desfez as malas? — Dominic pergunta, seu olhar analítico fixando-se nas bagagens ainda intocadas próximas à porta.— O que você faz aqui? — Vivienne repete, ignorando deliberadamente as perguntas dele, sua voz assumindo um tom desafiador que não combina com o modo como seu corpo reage à proximidade dele. — Quero respostas, senhorita Bettendorf. — Dispara, com uma frieza estudada, cada
A pergunta de Dominic a desarma, e naquele instante, o domínio e a arrogância habituais dele cedem lugar a uma preocupação inesperada, que a deixa sem palavras. Atordoada, Vivienne pousa as mãos sobre o peito dele, sentindo o toque sutil do tecido fino da camisa e a firmeza de seus músculos sob seus dedos. Contra a própria vontade, suas mãos deslizam suavemente, cada movimento ampliando o desejo que começa a dominar seus pensamentos. Ela balança a cabeça, tentando afastar esses pensamentos inoportunos, e esboça um gesto para o afastar, mas ele permanece imóvel.— Não sei como te convencer, senhor Muller. — Vivienne sussurra, o olhar fixo em suas próprias mãos sobre o peito dele, hesitando em encará-lo.— Com a verdade, senhorita Bettendorf. — Dominic responde, sua voz baixa e envolvente, o toque quente de suas mãos, envolvem as dela num gesto deliberado. Seu toque a atrai, e ela se vê incapaz de desviar o olhar. — Está ocultando sua identidade para se proteger? — Repete a pergunta, su
Vivienne sacode a cabeça, a incredulidade diante da audácia de Dominic em simplesmente dispensar sua visita, mistura-se com um impulso quase irresistível de agredi-lo fisicamente. Seu movimento em direção à porta é interrompido pela figura imponente dele, que se posiciona estrategicamente como um obstáculo intransponível.— Saia da minha frente, senhor Muller. — Vivienne ordena, sua irritação manifestando-se.— Senhorita Bettendorf, permita-me relembrar que você não possui autoridade para me dar ordens. — Dominic responde, com uma firmeza provocativa, que parece calculada para irritá-la. — Concluiremos nossa conversa, depois a senhorita poderá retornar às suas atividades sociais aparentemente inadiáveis. — Declara, cada palavra carregando desinteresse.— Na minha casa, eu dou ord...— Vivi, está tudo bem? — A voz preocupada através da porta interrompe sua indignação.— Um minuto, amiga. — Responde, elevando estrategicamente o tom. — Em minha residência, eu estabeleço as regras, e se o
Vivienne recupera o controle de seu corpo, que parece ter momentaneamente se rendido à presença dele. Caminha com determinação forçada até a porta e a fecha, soltando um suspiro que carrega tanto alívio quanto frustração. A capacidade de Dominic de estressá-la na mesma proporção que desperta desejos incontroláveis a perturba profundamente. Vira-se para a amiga e move-se em sua direção, envolvendo-a num abraço que busca mais conforto do que expressa boas-vindas.— Bem-vinda de volta, amiga. — Vivienne declara, depositando um beijo suave em sua bochecha. — Como foi sua temporada no Brasil? — Pergunta, afastando-se apenas para encontrar aquele olhar de curiosidade investigativa que conhece tão bem.— O que exatamente aconteceu aqui, Vivienne? — Joana Lima questiona, ignorando completamente a pergunta sobre sua terra natal, seu tom deixa claro que os fragmentos de conversa captados através da porta exigem explicações imediatas. — Você está grávida? — A pergunta sai quase em um grito estra
Vivienne se pergunta quem poderia ser o visitante, um arrepio de apreensão percorrendo seu corpo. A ideia de que possa ser seu pai faz seu estômago revirar, será que uma única ligação teria sido suficiente para trazê-lo até ali? Ela se obriga a focar nas frigideiras à sua frente, como se o ato de cozinhar pudesse servir de escudo contra a tempestade de inseguranças que ameaça dominá-la.— Pede para voltar em outro dia, amiga. — Vivienne responde, elevando propositalmente o tom, enquanto tenta controlar o tremor em suas mãos.— Bem, o senhor a ouviu, quer deixar recado? — Joana questiona, com uma polidez obviamente forçada, sua postura protetora evidente.— Há pouco espaço no meu calendário para isso. — O homem responde num tom que carrega décadas de autoridade inquestionável, sua entrada abrupta quase derruba Joana.— O que o senhor está fazendo? — Questiona, indignada, fechando a porta apenas para ser completamente ignorada, como se sua presença fosse irrelevante.— Senhorita Bettend