Vivienne encontra o olhar do homem que a analisa minuciosamente, sentindo-se completamente exposta sob aquele exame silencioso. Ela se remexe na poltrona, tentando manter uma compostura que já não existe mais. Naquele momento, sob o olhar do médico, a realidade de toda sua situação finalmente a atinge. As lágrimas que ela pensou ter esgotado na noite anterior voltam sem controle, e um pranto profundo escapa de seus lábios, atraindo imediatamente a atenção de Dominic. Suas mãos tremem ao cobrir o rosto, numa tentativa inútil de esconder o desespero que sente.— Não, isso não pode ser real. — Vivienne murmura, entre soluços, a respiração entrecortada. Sentada na recepção do consultório, ela sente o chão firme sob seus pés, mas tudo ao seu redor parece desabar. A realidade, dura e incontornável, agora estava diante dela.Dominic, visivelmente perturbado com a cena, troca um olhar preocupado com seu tio antes de se aproximar dela com passos hesitantes. Mas antes que possa alcançá-la, Vivi
Vivienne fixa os olhos no médico, desesperada por uma confirmação, como se a revelação de Dominic fosse uma mentira cruel prestes a ser desfeita. Uma risada nervosa escapa de seus lábios, ecoando pelo ambiente como um reflexo involuntário, uma defesa patética contra uma realidade que só parece se tornar mais insuportável. — Sem chances. — Vivienne murmura, sacudindo a cabeça em negação, como se rejeitar a ideia pudesse fazê-la desaparecer. — Três? Eu mal aguento dois de vocês, quem dirá três. — A provocação é ácida, mas a leve hesitação em sua voz trai o medo que começa a se insinuar por trás do sarcasmo.— Não se preocupe com isso, você nunca irá conhecê-lo. — Dominic afirma, cada palavra saindo como veneno de seus lábios, sua postura rígida e os dedos fechados em punho, denunciando o quanto as palavras dela o atingiram. — Agora saia! — Ordena, sua voz autoritária vibrando com uma raiva contida. — Quero conversar com o doutor a sós. — Conclui, seu tom se elevando perigosamente, enqua
Dominic observa Vivienne se afastar, o corpo imóvel, enquanto o peso das palavras dela o esmaga. Seus olhos permanecem nela, seguindo seus passos incertos pela calçada, cada movimento dela vacilante, como se buscasse algo inalcançável na rua. Percebendo os olhares curiosos ao redor, ele finalmente se move. Sai da clínica com determinação silenciosa e, ao alcançá-la, segura seu braço com uma contenção precisa, virando-a suavemente para si.— Me solte. — Vivienne ordena, seu olhar desafiador encontrando o dele, enquanto luta para manter o controle sobre suas emoções. — Nossa conversa terminou. — Afirma, a exaustão emocional transparecendo em sua voz.— Reflita sobre seu comportamento. — Dominic sugere, liberando o braço dela e recuando suas mãos para os bolsos num gesto deliberado. — Sugiro que desça desse pedestal e encare a realidade com mais lucidez. — Continua, sua voz modulada ocultando a intensidade de sua irritação. — São procedimentos médicos necessários, senhorita Bettendorf, e
Desolada, Vivienne se encolhe no sofá, permitindo que as lágrimas deslizem livremente por seu rosto, o desejo de voltar no tempo e consertar toda essa desordem que sua vida se tornou, consumindo-a por dentro. Um toque em seu celular anuncia o recebimento de uma mensagem, suas mãos trêmulas pegam o aparelho caído no sofá e abrem rapidamente a notificação.“Querida filha, sinto muito a sua falta e gostaria que você voltasse para casa. É importante que você reflita sobre o que aconteceu, peça desculpas e retome suas responsabilidades. Lembre-se de que te amo incondicionalmente e estou aqui esperando por você. Volte logo, meu bem.”As palavras de sua mãe brilham na tela do celular, como um farol de esperança em meio ao caos. Cada letra carrega o peso de expectativas não atendidas e sonhos esquecidos. O amor maternal transborda em sua simplicidade, contrastando com a frieza cortante do pai momentos antes. Essa dualidade sempre presente, a mãe tentando construir pontes enquanto o pai ergue m
Dominic volta o olhar para o copo de uísque, sua mão se movendo em direção a ele com uma hesitação que não lhe é característica. O tremor evidente em seus dedos o irrita profundamente, uma demonstração de fraqueza que ele despreza, fazendo-o apertar o copo com força desnecessária antes de levá-lo aos lábios, esvaziando-o num único movimento. O cristal encontra o balcão com força excessiva, uma fina rachadura se formando na base, um reflexo físico de seu próprio controle se fragmentando. Finn observa, em silêncio, anos de amizade, permitindo-lhe reconhecer cada pequeno sinal de perturbação que o amigo tenta, sem sucesso, mascarar.— Interessante. — Dominic murmura, sinalizando ao bartender por outra dose. — Então, ele não a manteve tão reclusa quanto imaginei. — Acrescenta, seu olhar penetrante encontrando o de Finn, buscando respostas. — O que sabe sobre ela? Sobre o relacionamento deles? — Questiona, cada palavra saindo como uma exigência disfarçada.— A convenção em Genebra que você
Dominic para em frente à porta de seu apartamento, evitando deliberadamente o olhar analítico de seu avô que parece dissecá-lo. A última coisa que precisa agora é mais uma sessão de confrontos que apenas intensificarão seu estado já crítico. Retira hesitante a mão do bolso, os tremores acentuados denunciando não apenas sua dificuldade em acionar o painel digital da porta, mas também o quanto sua condição está alterada.— Por que você bebeu, Dominic? — Grant questiona, sua voz grave cortando o silêncio, enquanto seus olhos experientes catalogam cada sinal de deterioração no estado do neto que tanto se esforça para manter sob controle.— Porque eu precisei. — Dominic responde, com descaso, virando-se para encarar o avô e apoiando-se na porta numa tentativa de mascarar sua instabilidade crescente.— E compensou o resultado da sua embriaguez? — Rebate, a irritação pela irresponsabilidade do neto misturando-se com uma preocupação que ele não consegue disfarçar totalmente, não depois de tan
Dominic repousa a cabeça no encosto do sofá e fecha os olhos, enquanto o som insistente da campainha parece perfurar seus ouvidos já castigado. Logo os toques eletrônicos são substituídos por golpes na porta, mesclando-se com os protestos estridentes da mulher, uma sinfonia do caos que ele se recusa a processar.— Não irei embora, Dominic. — A voz da mulher invade o ambiente, fazendo-o massagear as têmporas. — Abra essa porta! — Exige, com uma suposta autoridade que arranca dele um sorriso cínico. — Você me conhece o suficiente para saber que posso passar a tarde toda aqui. — Continua, a ameaça em sua voz soando como uma tentativa amadora de intimidação.— Verdadeiramente fascinante como o inferno consegue ser mais atraente a cada minuto. — Dominic murmura, com um humor irônico, finalmente cedendo ao inevitável.Com passos intimidadores, ele caminha até a porta e abre-a num movimento brusco. Sua presença imponente causa o efeito esperado, fazendo a mulher recuar instintivamente. Seu o
Vivienne tenta dominar a surpresa que aquela pergunta provoca, seu corpo tenso, enquanto tenta decifrar as camadas de significado nas palavras dele. Permanece estática segurando a porta, sua respiração altera-se sutilmente com a proximidade perturbadora do corpo dele. O nervosismo percorre sua espinha, quando um suspiro traiçoeiro escapa de seus lábios, traindo seu desconforto, quando Dominic invade seu apartamento com aquela elegância intimidadora que parece sua marca registrada, como se convenções sociais como convites ou permissões fossem irrelevantes para alguém de sua estatura.— Por que ainda não desfez as malas? — Dominic pergunta, seu olhar analítico fixando-se nas bagagens ainda intocadas próximas à porta.— O que você faz aqui? — Vivienne repete, ignorando deliberadamente as perguntas dele, sua voz assumindo um tom desafiador que não combina com o modo como seu corpo reage à proximidade dele. — Quero respostas, senhorita Bettendorf. — Dispara, com uma frieza estudada, cada