Kae vinha na direção delas. Saphyre sorriu para ele. Deram as mãos e Kae a beijou com carinho.

- Olá lindas guerreiras. Vamos jantar?

- Olá Kae. Vamos sim.

- Sim. Sim. Vamos.

Sentaram nos lugares próximos de Àsgar e Filanthe, mas podiam ver todos dali, estavam sentados numa das grandes mesas que fizeram com troncos ao redor do pátio na clareira aberta. Pratos e travessas passavam de mão em mão e Ambhar visualizou Kasphio sentado na fileira seguinte à dela. Ele olhava em volta e ela caminhou até ele.

- Oi. - ela disse beijando o rosto dele. Ele sorriu largamente e a olhou encantado, como era de costume.

- Oi princesa. Demorou, e eu senti sua falta. Treinou bastante?

- Oi príncipe. Também senti sua falta, mas treinei tanto que perdi a noção das horas. O que fez de bom hoje depois que saí com as meninas?

- Nada demais, só fui até o meio da floresta daqui. Lugar lindíssimo. Colhemos frutas e cogumelos.

- Que bom. Viu Fay por aí?

- Sim, ela está no turno de vigia da noite. Ela trocou com Sírius.

- É mesmo? - Ela perguntou interessada. - Sabe porquê ele pediu para trocar?

- Não. Só pediu e ela aceitou.

- Hum, interessante. - Ela disse olhando Emeraldy.

- Qual o segredo?

- Acho que é sobre Em. Lembra que eu disse sobre um barulho estranho fora da barraca quando estava sozinha, pouco antes de você e Fay chegarem com nossas coisas?

- Sim. - disse Kasphio interessadissimo.

- Então, Emeraldy também ouviu, só que ela ouviu a noite toda, nem conseguiu dormir.

- Por isto que ela dormiu na praia hoje após pescarmos?

- Sim. Ela comentou com Sírius sobre os barulhos e tenho certeza que ele resolveu ficar vigiando, já que você sabe ele acha que ela precisa ser protegida.

- É o instinto dele, como leão sabe? Se ela é a companheira dele, ele vai dar a vida por ela.

Ambhar arregalou os olhos.

- Ela é companheira dele??

- Não sei. Mas pelo que li sobre a raça, aparenta ser sim. Eles não protegem uma fêmea a toa, a não ser que sejam de sua família. Ele não tem família.

- Mas é um rei.

- Bem, sim, mas ele não iria querer proteger ela o tempo todo. Tomaria pra si a responsabilidade, mas apenas se ela for sua prometida. Simplesmente não há nenhum livro sobre esse tipo de atitude de um leão que não tenha uma companheira. Se ela não sabe ainda disso, algum motivo tem. Não sei qual.

- E você poderia descobrir para mim? Porque ele se esquiva de mim e de Saphyre dando respostas absurdas ou hilarias para as perguntas que fazemos.

- Hummm, irei tentar. Já pensou em falar com Kae, Zarin, Zenit ou até mesmo Àsgar?

- Nãoo! Quer dizer Saphyre tentou Kae mas também não deu resultado. Agora, não acho que Emeraldy gostaria que isso se tornasse público.

- Ah sim. Tem razão. Que acha de Faleey? Ele é bem perspicaz e não tem muito contato conosco, fica de lá para cá estudando coisas e acompanhado de Kaly. - Kasphio parou para pensar. - Sim, penso que daria acerto. Vou falar com ele. Posso?

- Sim, mas peça que mantenha em segredo. Não quero que Em saiba.

- Fechado! Ele é um amigo e tanto, tenho certeza que será discreto.

À noite chegou estrelada e o perfume das flores e do mar permeava o ar.

Emeraldy entrou em sua cabana e se arrumou para ir ao rio tomar banho.

A noite havia passado tão rápido e estavam cansados pelos exercícios que fizeram. Seus pais haviam trocado a barraca para a do lado da dela, já que ela e Ambhar tinham comentado sobre os barulhos que ouviram.

- Filha, tem certeza que não quer ficar com alguém em alguma barraca maior? - perguntou o pai preocupado.

- Tenho certeza. Eu quero ter minha privacidade de volta. Passei meses sendo vigiada por um psicopata. Agora eu tenho condições de me proteger. Eu insisto que vocês confiem em mim.

- Tudo bem filha. Confiamos em você. - Falou a mãe.

Sírius parado bem próximo deles, apenas a olhou daquele jeito dele, de quem enxergava a essência dela.

Pegando os objetos necessários para o banho, ela caminhou para dentro da floresta. Havia uma linda cachoeira que caía em frente à uma caverna, dentro dela, havia uma piscina natural na pedra escavada pela forte queda de água.

Os homens a encontraram no dia anterior e combinaram que as fêmeas tomariam o banho antes deles, para não tirarem a privacidade de ninguém. As fêmeas tomaram seus banhos entre oite e nove horas e os machos entre nove e meia e dez e meia. Aí os casais haviam ido, e depois que todos já estavam recolhidos em suas cabanas, Emeraldy avisou a guarda que iria aproveitar o banho sozinha. Como a caverna só tinha uma única entrada, a garota dragão, Cindy, que disse que olharia por ela. Havia acabado de pegar o turno de Faleey e ele estava seguro de que já não havia ninguém lá. Emeraldy agradeceu e entrou no lago com agilidade, mergulhando na água fresca. Depois de passar o dia todo com areia no corpo, ela estava desesperada para se sentir cheirosa e refrescada. Nadou por debaixo da água lentamente, usando suas habilidades de elfa para entrar na caverna sem precisar sair para respirar. Quando viu que estava dentro, emergiu e boiou tranquilamente, de olhos fechados. Abriu os olhos por sentir nas pálpebras algo como que um brilho, tremeluzindo e se deparou com um teto reluzente. Conforme a cascata se despejava e balançava as águas, a luz da lua se refletia pela sua superfície, fazendo o teto se iluminar com suas milhares de pedras brilhantes. Era um jogo de luz único e ela estava feliz por poder visualizar aquilo.

Se esfregou com o sabão natural que usava normalmente. Sentindo o perfume e o brilho de hidratação que ele proporcionava em sua pele, Emeraldy se sentiu cada vez mais relaxada. Massageou os músculos que estavam tensos do mergulho, do treino e pelo constante estado de vigilância. Colocou o sabão nos cabelos e esfregou, fazendo espuma, enxaguando até que os fios ficaram limpos e brilhantes. Vestiu uma túnica que já estava úmida e mergulhou para sair.

Quando ergueu a cabeça, escutou algo rastejando novamente e se preparou para se defender, olhando em todos os lados, as mãos com as chamas brancas abertas acima da água, fazendo com que subisse vapor em volta do corpo dela. Foi caminhando e andando até estar com o corpo todo para fora do lago. Os pés firmemente presos em cima da pedra. Seu fogo estava tão intenso que sua túnica e cabelos foram se secando.

O barulho cessou e Emeraldy olhou em volta. O lago formava um círculo próximo da encosta pedregosa da montanha onde sua cachoeira escorria do topo e a água caía da beira do lago em um leito de rio que corria até o mar. Ela reparou em algumas partes molhadas em pedras que deveriam estar secas, já que estavam longe da queda d'água.

Andou com cuidado, seus pés tocando o chão tão cautelosamente que não se ouvia nada a não ser o farfalhar das folhas das árvores e dos pequenos animais que viviam na floresta. Olhando em um arbusto, para onde o rastro de água se perdia e encontrou apenas um pequeno animalzinho mastigando uma espécie de peixe azul. Suspirou aliviada e Virou-se para voltar por onde veio e viu diante de si uma daquelas sereias peixe, de seus sonho, que pulou em cima dela, a derrubando de costas em uns arbustos espinhosos. A força do baque do corpo da sereia peixe foi tão forte que Emeraldy ficou temporariamente sem ar. Enquanto ela recuperava o ar e começou a empurrar a sereia, ela foi arrancada de cima de Emeraldy e jogada na parede de pedras da encosta do lago. Ouviu um silvo agudo e um rugido. Emeraldy se levantou, se desenganchando dos arbustos espinhosos que se prenderam em sua túnica e carne, praticamente arrancando a força os espinhos de suas costas. Viu Sírius apenas com um calção curto atacando a sereia.

E ele por cima dela, a segurava com um dos braços na parte do pescoço, quando ela sorriu e começou a abrir a boca olhando nos olhos dele e balançando a cabeça para um lado e para o outro como uma cobra naja. Emeraldy olhava atônita, enquanto Sírius foi se acalmando instantaneamente, como se estivesse sendo hipnotizado, soltando a sereia peixe, que sorria ainda mais sinistros, os olhos arregalados e o corpo ondulado sedutoramente em baixo do dele. Sírius estava encantado pela sereia peixe. Emeraldy não pensou duas vezes, criou uma pequena bola de fogo, que transformou em adaga e controladamente a jogou no pescoço da sereia peixe, separando a cabeça dela de seu corpo. O corpo deslizou até o fundo do lago enquanto fumegava e a cabeça rolou de forma macabra , com o sorriso horrível congelado em sua face, pelas pedras até o chão de terra.

Sírius continuou imóvel onde estava. Emeraldy soltou o ar que havia segurado com medo de errar a mira por um centímetro e atingir Sírius. Andou até ele e o tocou no ombro preocupada com sua imobilidade. Ele se virou a atacando tão rápido quanto a sereia peixe havia feito, seu peito nu se colando ao dela, as narinas erguidas puxando o ar em busca do seu cheiro, como ela pensou que ele havia feito outro dia. Os olhos dele brilhavam na escuridão e seus braços a prendiam fortemente ao corpo dele.

Ele estava excitado, Emeraldy percebeu e ela viu a língua dele sair de sua boca e lamber o pescoço dela. Seu corpo se arrepiou e ele ronronou em sua orelha, puxando ela para mais perto dele deslizando o corpo dela no dele e encaixando sua vulva na ereção que ele ostentava. Sua túnica subiu e ela nem ligou. Estava presa no desejo que ele a fazia sentir enquanto seus sentidos se dividiam entre a língua e boca dele deslizando por seu pescoço e colo, e o quadril que remexia em círculos, deslizando a carne quente dele na maciez da dela. As mãos deslizando em seu corpo, se a ferraram a sua nuca e nádega esquerda a mantendo firme contra ele. Ela não conseguia pensar em mais nada que não fosse o que estava sentindo, até que Sírius desabou no chão, levando ela junto com ele e lá permaneceu imóvel.

Emeraldy se assustou muito com a palidez dele. Os olhos abertos estavam brancos.

- Sírius! - Ela o chacoalhou. - Acorde! Você me escuta? - Ela se desesperou. Levantou e foi até o lago, pegou água e jogou no rosto dele. Percebeu que ele estava ficando frio. - Deuses! ALGUÉM!! ME AJUDEM!

Ela escutou passos de muitas pessoas chegando até ela. Ásgar foi o primeiro a aparecer e Kaeidh, o segundo, acompanhado de Saphyre, Ambhar e Mona, todas com as mãos levantadas, suas chamas brilhando intensamente. Alguns dragões da guarda armados e muitos outros. Quando viram que ela estava ajoelhada em cima de Sírius, eles só chegaram perto.

- O que houve? Perguntaram Àsgar e Kaeidh ao mesmo tempo.

- Fui atacada por uma sereia peixe.

- O quê!? - Ambhar falou.

- Onde está? - Perguntou Saphyre olhando em todas as direções. Emeraldy apontou a cabeça com o pescoço chamuscado, caído ao lado da margem do lago.

- Deuses, elas existem! - disse Kasphio

- Onde está o corpo? O que houve com Sírius!?

- Eu não sei, ele a atacou e parecia hipnotizado e quando eu a acertei, ele ficou imóvel, toquei ele e ele pulou em mim me atacando... O corpo está no lago.

- Ele te machucou!? - disse sua mãe procurando algum machucado nela.

- Não, na verdade ele me beijou até que cambaleou e caiu assim.

- Sírius, você está nos ouvindo? Se sim faça algum movimento. - Kae falou ao lado dele. Ele piscou . - Ele consegue piscar! Pisque uma vez para sim e duas vezes para não, você entende?

Ele piscou uma vez.

- Ele entende! - falou Emeraldy. - Você foi ferido?

Ele piscou uma vez.

- Ele disse sim, aqui está muito escuro, não consigo ver muito, vamos levá-lo imediatamente para a cabana dele, precisamos investigar e descobrir o que fazer. - Àsgar falou. - Entrem no lago e tragam o corpo e a cabeça da sereia. Precisamos analisá-lo. - disse aos guardas. Kae, me ajude a levantá-lo e carregá-lo. Pessoal, vasculhem tudo em volta. Tomem cuidado. Ela tem algo que fez Sírius ficar assim. - Levaram Sírius imediatamente para sua cabana, Emeraldy ficou ao lado dele o tempo todo. Zenit, Zarin, Fayne, Samy e Fion foram comandando os dragões e os outros também foram se dispersando pela floresta e em torno para averiguar se havia ali mais alguma coisa que podia atacá-los. Tarwin foi avisado e correu mergulhar e descobrir se havia algum rastro de algum ser com o cheiro parecido com o corpo da sereia peixe. Seus tritões e sereias também se dispersaram pelo mar para todos os lados possíveis. Emeraldy insistiu que ficaria com Sírius até que ele ficasse bem e Faleey se lembrou que haviam visto sobre o que estava escrito no livro que eles haviam lido na ocasião da chuva sonifera.

- Kas, você se lembra do que estava descrito? - perguntou Faleey.

- Claro. Tenho memória fotográfica. Ela canta para o macho, para seduzi-lo e enquanto o seduz ela injeta um veneno nele que faz com que ele fique imóvel, assim ela pode levá-lo para o fundo do mar e matá-lo para comê-lo ou para copular e depois matá-lo e comê-lo. O veneno quando cai na corrente sanguínea, faz com que ele sinta desejo por ela e após a letargia. Ela o usa sexualmente e depois o mata. É isso. - Disse Kas.- Temos que achar o local que ela injetou e retirar o veneno.

- Como? - Perguntou Ambhar

- Para retirar o veneno, suga-se a ferida e depois, se cospe o veneno. E tem que ser uma fêmea, pois o veneno só funciona em machos. Fêmeas são imunes. - disse Kas.

- E quem irá fazer isto? - perguntou Faleey

- Eu. Eu farei. - disse Emeraldy.

- Não há perigo mesmo Kasphio? - perguntou Mona.

- Não. Pode confiar.

- Ok, eu... o farei. Por favor, nos deixem a sós.

- Tudo bem.

Saíram da cabana de Sírius e ela ficou sozinha com ele.

- Obrigada por me proteger lá.. Eu sei que é algo que você não pode controlar. Eu vou procurar a ferida ok?

Ele piscou uma vez. Ela passou a mão no torso dele, virou o corpo dele para um lado e depois para o outro. Esticando a pele devagar para tentar achar o buraco de entrada do veneno. Passou a mão pelo pescoço e encontrou ali próximo a orelha a abertura de quase dois centímetros.

- Eu achei, eu só vou sugar isto, tudo bem?

Ele piscou um vez. Ela apertou sua mão. Ela se ajeitou ao lado dele, deitada de forma que conseguisse alcançar com a boca o seu pescoço. Ele se mantinha ereto e ela sabia que todos haviam percebido. Ela colocou os lábios em cima da ferida de corte limpo e sugou delicadamente, quando algo encheu sua boca, ela virou e cospiu no chão, fechou os olhos para não ver a aparência do veneno. Voltou a boca ao pescoço dele e sugou novamente e novamente sua boca encheu, ela foi fazendo isso, até que sentiu que ele havia começado a se mexer e ouvir seus gemidos. Até que não saiu mais nada dele. Ela ficou exausta, levantou a cabeça para olhar para ele e o pegou fitando ela, com aqueles olhos enigmáticos e sensuais. Sua respiração estava acelerada e a dela também. Ela havia deitado quase que em cima dele, meio de lado, para que pudesse acessar a ferida. Ele a abraçava agora e ela o abraçava de volta.