AIYANA
A água do rio corria fria sob meus pés quando finalmente nos ajoelhamos à margem. A floresta ao redor parecia prender o fôlego, como se soubesse que ainda era cedo para baixar a guarda.
Com cuidado, sentei minha avó em uma pedra coberta de musgo. Ela arfava baixo, o rosto tenso, mas ainda lúcido. Abaixei-me diante dela e mergulhei um pano na correnteza gelada, limpando o sangue seco ao redor do ferimento no ombro.
—Vai arder um pouco, vó. —avisei.
Ela assentiu, firme, como sempre foi. Eu me lembrava de quando ela me ensinava a identificar ervas, a ler o céu antes das chuvas, a ouvir o mato antes que a alcateia notasse qualquer coisa. Agora, era a minha vez de cuidar.
Tirei um punhado das folhas que colhi no caminho do bolso da calça e comecei a selecionar as certas para a mistura curativa.
—Você sempre foi boa com as mãos. —ela murmurou, observando meus dedos trabalharem.
—Tive uma boa professora. —respondi, com um meio sorriso.
Após enfaixar o ombro dela, me aproximei de Birgui