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Aliança improvável

O amanhecer estava distante, mas o acampamento já fervilhava com atividade. A vitória contra a Ordem da Noite Eterna nos dera uma breve sensação de alívio, mas a ameaça ainda pairava sobre nós como uma sombra indelével. As palavras de Evelina ecoavam em minha mente: havia mais a ser feito, segredos mais profundos a serem desenterrados.

Enquanto observava os primeiros raios de sol tímidos no horizonte, a decisão de buscar uma aliança improvável tomava forma em minha mente. Evelina e eu precisávamos investigar mais a fundo as raízes da Ordem, e para isso, precisaríamos da ajuda de alguém com conhecimento profundo de magia antiga e arcaica. Um nome me veio à mente: Lorcan.

Lorcan era um mago renegado, conhecido tanto por seu vasto conhecimento quanto por sua moral dúbia. Durante anos, ele fora um aliado inconstante, oferecendo sua ajuda somente quando lhe convinha. No entanto, ele possuía informações que poderiam ser cruciais para nossa causa. Sabíamos onde encontrá-lo – em uma fortaleza isolada nas montanhas ao norte.

Convoquei Evelina e os membros-chave da elite para uma reunião rápida. A sala de reuniões, ainda repleta de mapas e pergaminhos da nossa última missão, parecia mais apertada do que nunca com a tensão crescente.

“Precisamos de Lorcan,” comecei, direto ao ponto. “Seu conhecimento sobre magia antiga pode ser a chave para entender os planos restantes da Ordem da Noite Eterna. Mas precisamos estar preparados para qualquer coisa. Lorcan não é de confiança.”

Kaden, sempre o primeiro a levantar objeções, franziu a testa. “E se ele nos trair? Estamos colocando muita coisa em risco.”

“É um risco que precisamos correr,” respondeu Evelina, seu olhar firme. “A Ordem não foi completamente destruída. Se há alguma chance de entender e neutralizar sua verdadeira ameaça, precisamos de todas as informações possíveis.”

Ethan e Aria concordaram, ainda que hesitantes. “Teremos que estar prontos para lidar com qualquer traição,” disse Ethan. “Mas concordo que precisamos de Lorcan.”

“Então está decidido,” finalizei, sentindo o peso da responsabilidade. “Partiremos ao amanhecer. Preparem-se.”

A jornada até a fortaleza de Lorcan foi longa e extenuante. As trilhas montanhosas eram traiçoeiras, especialmente sob o clima inclemente que parecia ter decidido testar nossa determinação. Evelina e eu liderávamos o grupo, nossos cavalos avançando com cuidado pelas trilhas íngremes.

Conversávamos pouco, ambos perdidos em pensamentos sobre o que estava por vir. Era uma situação delicada, e a menor falha poderia significar desastre. Lorcan era conhecido por seus truques e manipulações; uma aliança com ele exigiria diplomacia e vigilância constantes.

Finalmente, após dias de viagem, avistamos a fortaleza. Era uma construção imponente, esculpida diretamente na rocha da montanha, com torres elevadas que desafiavam o céu. Guardas patrulhavam as muralhas, mas não havia hostilidade imediata em seus olhares. A reputação de Lorcan era conhecida, e ele não atraía inimigos sem motivo.

Fomos recebidos por um assistente de Lorcan, que nos conduziu através de corredores sinuosos e escadarias íngremes até uma sala ampla e luxuosamente decorada. Tapetes ricamente bordados cobriam o chão, e artefatos mágicos de inestimável valor estavam exibidos em prateleiras ao redor. No centro, sentado em um trono de madeira esculpida, estava Lorcan.

“Alaric, Evelina,” saudou-nos com um sorriso enigmático. “Que surpresa agradável. A que devo a honra?”

“Precisamos da sua ajuda, Lorcan,” comecei, mantendo a voz firme e direta. “A Ordem da Noite Eterna ainda representa uma ameaça. Precisamos do seu conhecimento sobre magia antiga para entender e neutralizar essa ameaça.”

Lorcan levantou-se lentamente, caminhando até nós com uma graça predatória. “Ah, a Ordem,” murmurou, seus olhos brilhando com um interesse perigoso. “Uma organização fascinante, de fato. Mas por que eu deveria ajudar vocês?”

Evelina deu um passo à frente. “Porque é do seu interesse tanto quanto do nosso,” disse, seu tom frio. “Se a Ordem conseguir o que quer, ninguém estará seguro. Nem mesmo você.”

Lorcan parou, analisando-a com um olhar penetrante. “Você sempre teve um jeito com palavras, Evelina. Muito bem, estou disposto a ouvir. Mas saibam que minha ajuda tem um preço.”

“Estamos dispostos a negociar,” respondi, consciente de que qualquer aliança com Lorcan viria com compromissos.

Ele sorriu novamente, um sorriso cheio de segundas intenções. “Então vamos conversar.”

A negociação com Lorcan foi longa e exaustiva. Ele exigiu garantias, pagamentos e favores futuros, mas finalmente concordou em nos ajudar. O conhecimento que ele possuía era vasto e profundamente enraizado em tradições antigas e esquecidas.

“Primeiro, precisamos entender a natureza da magia que a Ordem está tentando dominar,” explicou Lorcan, enquanto nos conduzia a uma biblioteca oculta. “Eles estão buscando um poder que transcende a magia comum. Algo primordial.”

As paredes da biblioteca eram cobertas de livros e pergaminhos antigos. Lorcan puxou um volume particularmente empoeirado e começou a folheá-lo. “Aqui,” disse ele, apontando para um trecho. “A Ordem está tentando acessar a Fonte Primordial, uma reserva de poder puro e ilimitado. Se conseguirem, serão invencíveis.”

“Como podemos impedir isso?” perguntei, sentindo a gravidade da situação pesar ainda mais.

“Há um ritual,” respondeu Lorcan, “um ritual que pode selar a Fonte Primordial. Mas é extremamente perigoso e requer um sacrifício.”

O silêncio caiu sobre nós. Sacrifício. A palavra ecoava com um peso sombrio.

“Que tipo de sacrifício?” perguntou Evelina, a voz baixa.

Lorcan encontrou seu olhar. “Um sacrifício de vida. Alguém deve oferecer sua vida para fechar a conexão com a Fonte Primordial.”

“Não há outra maneira?” insistiu Kaden, a incredulidade misturada com raiva em sua voz.

“Não há outra maneira,” afirmou Lorcan. “E é um sacrifício que deve ser feito voluntariamente.”

O silêncio retornou, mais pesado que antes. A ideia de sacrificar alguém era intolerável, mas a alternativa – permitir que a Ordem da Noite Eterna se tornasse invencível – era impensável.

“Precisamos de tempo para pensar,” disse, finalmente. “Obrigado, Lorcan. Você nos deu muito em que pensar.”

“Claro,” ele respondeu, com um olhar calculador. “Tomem todo o tempo que precisarem. Mas lembrem-se, o tempo está do lado da Ordem, não de vocês.”

Ao deixarmos a fortaleza de Lorcan, o peso da decisão que nos aguardava pairava sobre nós como uma nuvem negra. A jornada de volta ao acampamento foi silenciosa, cada um de nós perdido em pensamentos sobre o sacrifício que poderia ser necessário.

Ao chegarmos, reuni todos os membros da elite para uma reunião urgente. Precisávamos discutir o que havíamos aprendido e tomar uma decisão.

“Lorcan confirmou nossos piores temores,” comecei, a voz carregada de gravidade. “A Ordem está tentando acessar a Fonte Primordial, um poder ilimitado. Há um ritual que pode selar essa fonte, mas exige um sacrifício de vida.”

O choque foi visível nos rostos de todos. “Não pode ser verdade,” murmurou Aria, incrédula. “Deve haver outra maneira.”

“Não há,” respondeu Evelina, sua voz calma mas firme. “Precisamos enfrentar a realidade. Esta é a única forma de impedir a Ordem.”

“Então quem?” perguntou Ethan, a voz pesada. “Quem fará o sacrifício?”

Olhei ao redor, vendo o conflito nos olhos de cada um. A ideia de perder qualquer um de nós era insuportável, mas não havia escolha. “Essa é uma decisão que ninguém pode tomar levemente,” disse. “Mas precisamos de voluntários.”

Um silêncio profundo caiu sobre a sala. Cada um de nós sabia o que estava em jogo, mas a decisão era quase impossível de se tomar. Evelina deu um passo à frente, o olhar determinado.

“Eu vou,” disse, a voz firme.

“Não,” interrompi, a palavra saindo antes que pudesse me controlar. “Não posso permitir isso.”

“Alaric,” ela disse, o olhar suave mas inabalável. “Você sabe que é a única escolha. Meu conhecimento sobre a Ordem e a magia antiga me torna a mais adequada para o ritual. E é um sacrifício que estou disposta a fazer.”

“Não,” repetiu Kaden, a voz rouca de emoção. “Tem que haver outra maneira.”

“Não há,” disse Evelina, olhando para cada um de nós. “E sei que vocês todos fariam o mesmo se pudessem. Mas esta é minha escolha. E estou em paz com ela.”

As lágrimas ameaçavam transbordar, mas eu as segurei. “Então, vamos fazer isso juntos,” disse, a voz firme apesar da dor. “Vamos garantir que seu sacrifício não seja em vão.”

Os preparativos para o ritual começaram imediatamente. Cada detalhe tinha que ser perfeito, cada passo seguido com precisão. Lorcan nos forneceu as instruções, mas seria Evelina a conduzir o ritual.

Na noite antes do ritual, nos reunimos ao redor de uma fogueira, a chama lançando sombras dançantes ao nosso redor. Havia um silêncio solene entre nós, uma aceitação dolorosa do que estava por vir.

“Eu quero que vocês saibam,” disse Evelina, a voz suave mas firme, “que cada um de vocês é importante para mim. E estou fazendo isso porque acredito em nossa causa. Acredito em nós.”

“Não vamos esquecer,” disse Ethan, a voz embargada. “Você estará conosco, sempre.”

Na manhã seguinte, sob um céu cinzento e ameaçador, nos dirigimos ao local do ritual. Evelina estava serena, uma calma que irradiava uma força interior. A cada passo, a gravidade do momento se aprofundava.

Quando finalmente chegamos ao local, Evelina se posicionou no centro do círculo mágico que havíamos preparado. “Está na hora,” disse, a voz firme. “Vamos começar.”

O ritual começou com cânticos antigos, palavras que ecoavam com um poder primordial. Evelina liderava, sua voz clara e forte. À medida que o ritual progredia, sentíamos uma energia crescente ao nosso redor, uma força que desafiava a compreensão.

No clímax do ritual, Evelina olhou para nós, um sorriso triste mas resoluto em seu rosto. “Lembrem-se de mim,” disse, as palavras carregadas de emoção. “E continuem lutando.”

E então, em um momento de luz brilhante e energia avassaladora, ela se foi. O sacrifício foi feito, a conexão com a Fonte Primordial selada.

A dor da perda era esmagadora, mas havia também um senso de propósito renovado. Evelina havia dado tudo por nossa causa, e agora era nossa responsabilidade honrar seu sacrifício.

Enquanto nos afastávamos do local do ritual, o peso da responsabilidade caía sobre nós. A luta estava longe de terminar, mas estávamos mais determinados do que nunca. Evelina havia mostrado o caminho, e seguiríamos sua liderança até o fim.

E assim, com corações pesados mas resolutos, continuamos nossa jornada. A aliança improvável com Lorcan nos dera a chave para impedir a Ordem, mas agora dependia de nós garantir que o sacrifício de Evelina não fosse em vão. A batalha continuava, e estávamos prontos para enfrentar qualquer desafio que viesse.

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